Amazon Prime Video - Éden (Eden)

10/22/2025 01:44:00 AM |

Costumo dizer que existem alguns diretores que sabem criar o caos no absurdo e também plantar flores nas rochas com bem pouco, pois facilmente alguns roteiros caindo em mãos erradas acabam virando tramas que facilmente você nem precisaria de nenhum sonífero para dormir em instantes, ao ponto que você fica esperando tudo acontecer, ou seja, sabem brilhar com o que lhe é dado. Claro que em um filme de Ron Howard não vemos apenas o básico, afinal lhe é dado um elenco de peso, um compositor que vai impactar na trilha, e aí tudo acaba dando muito certo, de tal forma que fui conferir "Éden", que estreia na próxima sexta na Amazon Prime Video por ler a sinopse e achar tudo muito fora do eixo, aí vejo que a história tem um embasamento real, ou seja, um absurdo desse virar filme, mas tenho a certeza absoluta que uma pessoa que não dorme fácil como é o meu caso, se visse esse mesmo roteiro dirigido por qualquer outro diretor, iria apagar tranquilamente, mas aqui tudo me convencia, e cada vez mais eu queria que ele fosse além nas confusões, e ele vai, mostrando que o problema do mundo é o ser humano, pois aonde ele é jogado, o caos se instaura, e egos sempre vão inflar mesmo que não tenha motivo, e assim o filme flui. Claro que não é uma das obras primas do diretor, e também não é um filme fácil de se montar, afinal tem muita simbologia e psicologia para analisar, mas ao menos não é confuso para o espectador, e assim o resultado agrada quem se esforçar ao menos um pouco para encontrar o caos aonde ele menos existe.

Desvende a chocante história real de um grupo de forasteiros desiludidos (Jude Law, Ana de Armas, Vanessa Kirby, Daniel Brühl e Sydney Sweeney) que abandonam a sociedade moderna em busca de um novo começo. Estabelecendo-se em uma ilha remota e desabitada, seu sonho utópico rapidamente se desfaz à medida que descobrem que a maior ameaça não é o clima brutal ou a vida selvagem mortal, mas sim uns aos outros. O que se segue é uma arrepiante descida ao caos, onde as tensões aumentam, o desespero toma conta e uma disputa de poder distorcida leva à traição, à violência e à morte de metade da colônia.

Já falei no começo que o estilo do diretor e roteirista Ron Howard é de criar muito, mas em seus últimos filmes tem sido limitado por escolher trabalhar com tramas reais, mas nem por isso ele deixou de ser inventivo e interessante de dinâmicas, principalmente por ousar deixar com que o público ficasse tentando torcer ou entender o que os protagonistas farão para quebrar seus elos, e a história aqui é algo que realmente beira a maluquice, mas que foi real, pois no final vemos as filmagens que uma equipe fez quando visitou a ilha, e tudo era bem marcante nos olhares e dinâmicas, ou seja, o diretor soube ser sintético com as ideias, mas receptivo no ambiente para que o caos dominasse sem ser explosivo, e assim o resultado fluiu e foi marcante ao mesmo tempo. Ou seja, vemos o estilo do diretor presente, e que brincando com tudo o que tinha pode ir além para marcar na tela.

Quanto das atuações é até difícil falar de um elenco que se jogou por completo, e por mais incrível que pareça, finalmente vi Sydney Sweeney se mostrar a grandiosa atriz que muitos vinham apostando, pois sua Margret é densa, fechada, com uma expressividade até superior à sua idade, e que nas duas cenas que mais precisou se mostrar (gravidez e interrogatório) colocou uma banca acima de tudo e mostrou uma personalidade fora dos padrões. Ana de Armas fez sua Baronesa com nuances sexys e totalmente incisiva na mente masculina, conseguindo convencer a todos ao seu redor, se achando a última mulher viva no mundo, e sabendo conquistar e inverter situações com uma facilidade artística sem tamanho, ou seja, brincou com tudo e foi muito bem em cena. Outro que entregou bastante, e completamente fora do que costuma fazer é Daniel Brühl com seu Heinz, pois geralmente ele trabalha seus personagens com traquejos mais fechados e dinâmicas mais fortes, mas aqui ficou um pouco apagado e com uma personalidade meio que desesperada por fazer e aparecer, e isso acabou não ficando com a força necessária para os devidos momentos, tirando claro alguns atos espalhados aonde foi bem. Agora a dupla formada por Jude Law e Vanessa Kirby tinha tudo para que seus Ritter e Dore fossem incríveis em cena, mas seguraram demais para os atos finais, parecendo que não estavam com tanta vontade de ir além, mas convenceram com seus jeitões e marcaram presença ao menos. Quanto aos demais, diria que todos trabalharam bem, apareceram e foram intensos no que precisavam fazer, tendo leves destaques para Felix Kammerer com seu Lorenz fazendo atos desesperados e Toby Wallace se jogando numa luta completamente nu com seu Phillipson, mas nada de muito impressionante para impactar na trama.

Visualmente, embora o longa se passe em Galápagos, foi completamente filmado na Austrália, mas souberam encontrar boas locações para mostrar o clima hostil do ambiente, conseguiram montar cabanas e tendas bem rústicas com todas as dificuldades, muita comida enlatada, animais espalhados, barcos, roupas sempre sujas e muitos detalhes nos elementos cênicos parecendo até uma adaptação literária, e claro que conseguiram retratar bem a equipe de filmagem que visitou a ilha durante o período de exploração mostrado, que ao final vemos durante os créditos as imagens reais das pessoas ali bem mais magras do que vemos no filme, afinal tinham pouca comida e trabalhavam muito.

Enfim, é um longa que funciona muito bem dentro da proposta, que como disse no começo se você parar e analisar tudo o que acontece vai achar até maluquice demais, mas entrando nas nuances do coletivo e do isolamento, todo o caos criado funciona muito bem, e o resultado acaba impressionando e agradando bastante, então vale a dica mais do que apenas uma sessão de passatempo bem trabalhada. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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