Um Completo Desconhecido (A Complete Unknown)

2/28/2025 01:22:00 AM |

É muito interessante ver no cinema uma biografia de uma pessoa que ainda está viva, e que possivelmente opinou em detalhes para que o rumo do que fosse entregue na tela não destoasse tanto de sua história, e como costumo falar, adoro ver biografias na tela de pessoas que conheço pouco ou quase nada, pois você acaba entrando na onda completa de tudo o que estão te mostrando independente de que o diretor ou o roteirista tenha inventado muita coisa para que a trama funcionasse como cinema, o que aparentemente não é o caso aqui, afinal pesquisando sobre "Um Completo Desconhecido", a única coisa que foi exigida pelo verdadeiro Bob Dylan é que mudassem o nome de sua namorada da juventude na tela em respeito ao carinho que tinha por ela, e assim fizeram, o que não atrapalha em absolutamente nada, pois tudo na tela foi bem carinhoso e funcional. Dito isso, um medo que estava da produção é que Timothée Chalamet ficasse muito "dopado" com o estilão do personagem, e que a dublagem da voz icônica do cantor não combinasse com o ator, mas pelo contrário, o ator fez diversos cursos e traquejos, e pasmei ainda mais, que ele cantou as canções em estúdio para que o filme ficasse com sua voz e não mixagens, ou seja, vemos na tela algo com um tom levemente diferente do que ouvimos em alguns discos, mas que combinou demais, e assim o resultado foi muito além do que era esperado.

Situado na influente cena musical de Nova York do início dos anos 60, Dylan, o jovem músico de Minnesota, tem apenas 19 anos e caminha rumo à sua ascensão na música. Passando de cantor folk, para as salas de concerto e ao topo das paradas, culminando em sua performance inovadora de rock and roll elétrico no Festival Folclórico de Newport em 1965, definindo um dos momentos mais transformadores da música do século XX.

Diria que o diretor e roteirista James Mangold que já entregou cenas bem intensas na tela com outros filmes violentos foi até sutil demais com o que fez aqui com seu trabalho, pois mesmo tendo todo um traquejo paz e amor do protagonista, ele não pôs em cena nenhuma droga ou bebida fora de muitos cigarros tradicionais e um ato com uma garrafa de bebida, de resto é apenas um jovem que praticamente não dorme compondo músicas e que brilhantemente se jogava para onde desejava, e não para onde o obrigavam a ir, e com isso conseguiu o sucesso. Ou seja, o diretor foi sintético e emocional para que o tom musical funcionasse bem demais, e que os atores conseguissem representar ao máximo os seus momentos na tela, agradando com estilo e desenvoltura, sem precisar apelar ou sair da base, e assim o filme tem técnica, mostra bem os anos 60, e entrega quase um festival folk na telona, aonde vemos grandes nomes do estilo com canções icônicas e que valem o tempo de tela.

Quanto das atuações, muitos vão reclamar do estilo meio largado que Timothée Chalamet fez para seu Bob Dylan, mas caiu tão bem na tela, sendo algo singelo e ao mesmo tempo imponente, com traquejos de voz bem dominados, e principalmente ao saber que o ator gravou todas as canções realmente para que o filme ficasse com sua voz e não duplas dublagens, aí esquece e deem para ele logo as premiações, pois mostrou que sabe fazer bem quando é bem dirigido, e isso já faz tempo. Edward Norton está tão solto, feliz e emocional com seu Pete Seeger que transmite carisma em todas as suas cenas, ao ponto de que você fica até bravo com o protagonista nas cenas finais por meio que não ajudar quem lhe deu a oportunidade de iniciar no meio, e essa entrega do ator foi muito funcional para que o filme fluísse bem, ou seja, agradou do começo ao fim. Quem botou o vozeirão também para jogo foi Monica Barbaro que trouxe estilo para que sua Joan Baez ficasse marcante na tela, cantando sozinha ou junto do protagonista conseguiu chamar muitos atos para si, sem ofuscar as boas entregas dele, e assim agradou bastante. E claro ainda tivemos Elle Fanning perfeita com sua Sylvie integrando atos românticos e emotivos com o protagonista, mostrando claro o grande amor da juventude do astro que acabou meio que deixada de lado quando sua carreira decolou. Ainda tivemos muitos outros grandes atores na tela, fazendo personagens marcantes do folk americano, valendo os destaques para Boyd Holbrok como Johnny Cash e Big Bill Morganfield como Jesse Moffette, mais pelas lendas que foram mostradas na tela.

Visualmente o longa entrega uma precisão cirúrgica dos anos 60 na tela, com muitos carros da época, os gigantes festivais sejam abertos ou em teatros, os bares que dividiam shows de folk e blues, com figurinos bem encaixados, cabelos e maquiagens clássicos, e claro uma personificação bem trabalhada do jovem Bob que conseguiu ser desenvolvida com classe e boa dinâmica para que não ficasse nada pesado na tela, além de termos um hospital meio que caindo aos pedaços aonde a lenda do folk Wood Guthrie estava hospitalizado e os apartamentos e TVs da época mostrando o desespero dos americanos na Guerra Fria, e claro o conflito da segregação aonde os personagens brigavam muito com seus ativismos, ou seja, tudo muito bem direto e funcional.

Por ser um longa musical já iria compartilhar com vocês a trilha sonora do filme, e já adianto que está incrível como já disse inteira cantada pelos atores do longa, e claro são músicas de Bob Dylan e outros cantores folk, não sendo daqueles filmes que os personagens cantam as falas, então podem ver tranquilamente, e claro deixar a trilha para ser ouvida em casa curtindo um bom som com o link que deixo aqui.

Enfim, é um filme que envolve demais, que tem estilo, que faz você viajar com as canções tão bem colocadas na tela, e claro conhecer um pouco do cantor, de modo que talvez por ser fechado em uma época e depois contar muito mais nos escritos finais tenha perdido um pouco o brilho completo para uma nota máxima, mas ainda assim é um tremendo filmaço que vale a pena ser conferido na telona, tanto que está concorrendo a 8 Oscars (Filme, Diretor, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Som e Figurino). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Quatro Paredes (Black Box Diaries)

2/25/2025 11:59:00 PM |

Costumo dizer que o jornalista já nasce sabendo que vai fazer um documentário sobre algo na sua vida, pois fico pensando o que leva ele a filmar todo o processo de um caso seu, claro que no caso do concorrente ao Oscar, "Quatro Paredes", a jovem usou tudo para justificar a briga judicial, mas já vi tantos outros documentários que você fica olhando para a tela e fala: "impossível a pessoa pensar que isso seria útil para um filme daqui anos!". Dito isso, a frase inicial do longa diz muita coisa, pois ele certamente trará gatilhos imensos para quem já sofreu qualquer tipo de abuso, e de vítima acabou virando quase culpado frente a mídia toda, e digo mais, se a diretora/protagonista do documentário não fosse jornalista, certamente ela teria sofrido muito mais repressão do que mostra no longa, pois alguns grandes não entraram em conflito com a moça por saber que talvez isso viria a aparecer algum dia, como no caso o delegado que foge em determinado momento. Ou seja, é daqueles filmes que você inicialmente parece que não vai se conectar, mas a jovem soube usar muito o material filmado no desenvolvimento da sua busca por justiça, que acaba ficando interessante de ver, mas tem um grande detalhe na briga com os demais documentários concorrentes (ou melhor dos três que eu conferi), esse é o mais jornalístico deles, e isso pesa contra numa análise de filmes como é o caso do Oscar, pois para ele ficar mais com cara de filme mesmo, ela teria de ter pego alguns depoimentos e/ou usado coisas das mulheres do #MeToo que ela chega a citar em determinado momento.

Um escândalo, uma conspiração e uma tentativa de ocultar os fatos. A noite que mudou a vida da jornalista japonesa Shito Ito se transformou num caso emblemático no país. O longa acompanha a jornada corajosa de Shito Ito para reunir provas contra seu estuprador. Em 2017, a repórter foi a público revelar o fato de ter sido abusada sexualmente pelo jornalista e biógrafo do então primeiro-ministro Shinzo Abe. Após revelar sua dor para o mundo, Shito Ito é arrastada para o centro da política e dos holofotes midiáticos do país, sendo hostilizada por diferentes detratores. Documentando em tempo real a investigação de Ito e os obstáculos que enfrenta diante das raízes patriarcais da sociedade japonesa e do sistema judiciário do país. Com gravações de áudios reveladoras, vídeo-diários do cotidiano de Ito e imagens da averiguação no tribunal, o documentário coloca em evidência a espiral de violência, ameaças e ódio que se tornou a vida da jornalista.

Um ponto muito favorável da diretora Shito Ito é que por ser jornalista e claro por ser o seu próprio caso, ela soube editar muito bem a grandiosa quantidade de 8 anos de filmagens para que no longa de 102 minutos tudo ficasse bem dinâmico e claro favorável aos seus melhores ângulos e momentos, de modo que a trama fosse comovente, cheia de entregas fortes e com impacto, e assim sendo o resultado chegasse aonde vem chegando com muitos prêmios e indicações. Porém o grande impacto mesmo do longa é ver o quanto o Japão gigantesco e cheio de políticas forte é tão atrasado nas leis de abusos, pois volto a frisar o que coloquei no começo do texto, se ela não fosse uma jornalista influente e corajosa, certamente essa história teria tomado outros rumos, e é bem isso o que ela quis mostrar com seu filme, pois não iria se expor dessa forma tão facilmente, e assim sendo o longa acaba tendo duas grandes propostas, a sua de ego e cura mostrando como superou tudo o que aconteceu, e de ensinamento e tristeza pelas leis de seu país, ou seja, foi aonde deveria e chamou muita atenção em cada uma das gravações que fez (inclusive da sua própria família sendo contra ela seguir com a acusação!).

Enfim, é daqueles longas que entregam mais do que apenas vemos na tela, pois serve como reflexão do sistema de leis, serve para vermos o quanto uma carreira pode decolar para os dois lados dependendo de como for visto o resultado final, e principalmente mostra como uma mulher corajosa consegue ir além se não se fechar no mundinho que alguns a colocam em determinados atos, pois a trama engaja e tem estilo, mas também mostra muito o terror que fica a mente de uma pessoa abusada que ninguém quer lhe ouvir, então fica a dica para a conferida, que mesmo tendo esse teor jornalístico que falei não cansa, e assim vale o que é mostrado na tela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Atômica Lab pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Fé Para o Impossível

2/25/2025 12:44:00 AM |

Já falei várias vezes que o gênero religioso se quiser dominar as telas de um país basta não forçar a barra para o seu lado, mas sim usar e abusar de fé, pois em qualquer uma das religiões do mundo a fé fala mais alto sempre, e se bem trabalhada funciona na tela como a melhor dinâmica emotiva de um drama gigantesco. E com toda sinceridade não lembrava nada do ocorrido em 2012 quando uma pastora foi agredida a pancadas por um morador de rua, e todas as dinâmicas que foram noticiadas por diversos jornais do país, de forma que mesmo sabendo que o longa "Fé Para o Impossível" é totalmente baseado nos acontecimentos, assisti ele como uma boa ficção, pois mesmo sendo comovente e envolvente, tem muitas coisas inaceitáveis na tela, como por exemplo em um CTI entrar a família inteira, uma enfermeira resolver cantar um hino no meio da família, e claro o excesso de otimismo do personagem principal, que chega a forçar os filhos para não chorarem, ou seja, dava para colocar toda a emoção sem precisar de tanto apelo, porém é o estilo, então posso dizer que ao menos foi sincero com a entrega na tela, embora não tão verossímil.

O longa retrata um fato na vida de Renee Murdoch, uma pastora norte-americana, que vive no Rio de Janeiro e foi brutalmente atacada por um morador de rua que a atingiu com um pedaço de madeira na cabeça em uma corrida em setembro de 2012, no bairro da Barra da Tijuca. Internada em estado gravíssimo e com baixas perspectivas de cura sob o diagnóstico de traumatismo craniano, Renee contou com a ajuda de seu marido, Philip, e com o apoio de sua família que compartilharam a luta da pastora com o mundo a fim de reunir o máximo de pessoas para uma poderosa corrente de oração pela sua recuperação, tal ato que foi concedido pelo divino.

Diria que o diretor Ernani Nunes até trabalhou bem a essência da trama, afinal usando como base o roteiro feito em cima do livro dos verdadeiros Philip e Renee Murdoch não poderia inventar muita coisa para a tela, e que claro seguindo bem a dinâmica milagrosa dos pastores ele não iria querer dar outro vértice para a trama. E a grande sacada do diretor foi fechar as portas para que seu longa tivesse personagens e histórias secundárias, de modo que os avós foram quase que cortados por inteiro da trama, os demais membros do hospital e da igreja também, ficando bem focado somente na família, pois lembro que no trailer tinha alguns atos até a mais que acabaram não indo para o corte final, e isso ficou ótimo, pois as crianças seguraram a barra demais, e o protagonista também teve muito para passar, e claro a médica neurologista que usou tudo dentro do conceito. Ou seja, é aquele filme redondo para funcionar, aonde algumas coisas incomodarão mais quem for olhando técnica (como é o meu caso), mas que quem for disposto a se emocionar vai cair uns cisquinhos no olho.

Quanto das atuações posso afirmar que Dan Stulbach incorporou o otimismo máximo de Philip Murdoch, pois tirando o sotaque na voz, o ator trabalhou muitos trejeitos que vemos nos vídeos reais do pastor, e soube ser comovente no tom passado das conversas com os filhos, que por vezes queremos bater nele, mas que soube se entregar e chamar muito para si. Os dois filhos mais velhos vividos por Júlia Gomes e Theo Medon deram muito o tom que a maioria dos jovens sentem quando confrontados com o estilo de dinâmica que o longa trabalhou, vindo ódio, descrença, medo, mas também tristeza e emoção, passando bem todos os sentidos na tela, e agradando com estilo. Agora quem pesquisou bem para entregar uma boa médica foi Juliana Alves, que fez cenas bem imponentes, soube mostrar técnica e trejeitos, e assim acabou chamando muita atenção com o que fez, sendo marcante. Vanessa Giácomo ficou a maior parte do tempo deitada, mas a equipe de maquiagem fez boas marcas nela, e a atriz teve também alguns atos explosivos bem chamativos, porém poderia ter entregue uma corrida melhor, pois em quase 1 minuto de tela nem chegou a ficar longe dos rapazes com a prancha atrás, e assim ficou algo bem falso de ver.

Visualmente o longa teve a maioria das cenas dentro de um hospital, mas como falei no começo abusaram um pouco nas cenas da CTI aonde sabemos bem que mais ou menos liberam para um parente, quanto mais para entrar a família inteira, logo depois de uma cirurgia e uma transferência, fora outros detalhes inconsistentes, na praia a mulher correu como se tivesse em uma esteira, e a igreja até ficou bem representada na tela, sendo simples e direta, tendo também a casa dos protagonistas bem decorada e representativa ao ponto de funcionar. 

Enfim, é um longa que tem algumas falhas grandes, mas que também tem muita emoção e envolvimento na tela, funcionando principalmente para o público alvo religioso, mas que quem curte o estilo drama sentimental vai acabar curtindo tudo também, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Último Alvo (Absolution)

2/24/2025 01:41:00 AM |

Gosto muito do estilo de ação que Liam Neeson costumava entregar, aonde na maioria das vezes os vilões apanhavam tanto dele que as almas nem sabiam o rumo que deveriam ir depois que saíam do corpo deles, mas de um tempo para cá a idade começou a pesar e ele tem optado por papeis menos explosivos, o que é uma pena, pois ele sabe entregar muito. Dito isso, seu novo longa "Último Alvo", que estreia na próxima quinta 27/02 nos cinemas nacionais, até tem uma boa pegada ao misturar mais drama do que pancadaria, e claro o protagonista fazendo suas cenas intensas para tentar salvar as pessoas que gosta ou precisam. No longa o exagero etário e de doenças também acaba sendo discutido, e acaba sendo algo meio pesado nesse sentido, mas de certa forma o filme tem um bom encaixe, e mesmo sendo meio triste ver a memória do personagem falhando no meio de suas andanças, o resultado acaba sendo satisfatório de ver, claro que bem longe de algo imponente que tanto gostávamos de ver fazendo.

O longa nos conta que Murtagh é um ex-gângster que, após descobrir uma doença terminal, decide tentar reconstruir sua vida longe do crime. Mas essa decisão tem um preço alto: antigos aliados e novos inimigos não estão prontos para deixá-lo ir sem um último acerto de contas. Em uma corrida contra o tempo, ele precisará enfrentar seu passado violento enquanto luta para proteger o que ainda resta de seu futuro.

O diretor norueguês Hans Petter Moland já tinha trabalhado com o ator em "Vingança a Sangue Frio" cinco anos atrás, e não foi muito feliz a entrega na tela, pois tudo acabou virando uma bagunça completa, porém aqui ele melhorou bem seu estilo e conseguiu desenvolver algo mais centrado, porém diria que ele pesou muito mais a dramaticidade do que a ação, e isso talvez não agrade tanto os fãs do ator, mas como bem sabemos o ator já está bem velho, não tendo mais tanta disposição para tramas de pancadaria, e aqui talvez o diretor quisesse mostrar uma forma de "aposentadoria" dele dos longas mais imponentes. Ou seja, o filme tem uma certa intensidade cênica, mas o diretor optou por algo mais leve e dramático, que tem seu peso na tela, porém dava para explorar um pouco mais essa passagem como nos atos mais duros da trama.

Quanto das atuações, Liam Neeson já havia dito que gostaria de fazer menos filmes de ação para que não precisasse tanto de dublês, e que trabalharia mais um ar dramático do que de pancadaria, porém essa transição no meio do caminho não é algo bacana de ver ele fazendo, principalmente como aqui no caso de seu Murtagh, que chega a ser triste de ver ele perdendo a memória e fazendo situações agressivas sem um rumo melhor, ou seja, ficou parecendo que estava lutando contra sua própria vontade, e isso pesou no resultado do filme. Yolonda Ross trabalhou bem a mulher que vai viver com o protagonista, e acredito que até o diretor teve problemas na memória e apenas a nomeou como Mulher nos créditos, ou seja, toda a intensidade dos olhares da atriz se resumiram a nem ser bem nomeada na tela. Ainda tivemos Ron Pearlman e Daniel Diemer como pai e filho comandantes das operações criminosas da cidade, mas sem grandes traquejos que fizessem eles terem algo para chamar atenção na tela, e Frankie Shaw junto de Terrence Pulliam como a filha e o neto do protagonista que valeriam ter um pouco mais de desenvolvimento na tela para ganhar mais ambientação, mas não era essa a ideia do diretor.

Visualmente o longa tem alguns bons atos em um apartamento bem vazio do protagonista, com o básico do básico, mas as cenas com efeito da água subindo em seus sonhos e ele estando a pescar com seu pai foram bem interessantes, mesmo que metaforicamente, tivemos a casa periférica da filha e do neto, e também a da mulher que ele vai passar alguns momentos, além de muitas cenas nas ruas com o carrão dele e claro o prostíbulo dos mexicanos bem organizado e totalmente disfarçado na tela, ou seja, muitos ambientes, bebidas, e símbolos para representar o conflito de memória do protagonista que vai num hospital tão chique de vidro que até parece algo fora do longa.

Enfim, é um longa com uma proposta interessante, mas que não foi tão bem desenvolvida na tela, de modo que serve como um bom passatempo, mas que poderiam ter trabalhado mais para um lado ou outro (drama versus ação policial), pois o meio do caminho é algo que nunca vai agradar quem for conferir uma trama. Sendo assim fica a dica para quem gosta desse estilo conferir o longa semana que vem, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Imagem Filmes e da Sinny Assessoria por mais uma ótima cabine, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

A Máquina do Tempo (LOLA)

2/23/2025 06:55:00 PM |

Costumo dizer que filmes que mexem com o espaço e o tempo são incríveis e complexos na mesma proporção, aonde ou você aceita toda a loucura ou acaba ficando com sono ao divagar sobre o que está sendo mostrado. Dito isso, o longa "A Máquina do Tempo", que estreia nos cinemas no próximo dia 13/03 consegue brincar com a ideia de uma filmagem encontrada em uma casa em 2021 que mostrava como duas irmãs mudaram os rumos da 2ª Guerra Mundial salvando várias pessoas com as notícias que davam sobre os planos da Alemanha que viam através de uma máquina que criaram para ver áudios e imagens dos rádios e TVs nos dias que quisessem, mas como tudo que se mexe no passado atrapalha algo no futuro, essa quebra acabou dando muito errado, e o filme que elas documentaram tudo pode mudar mais coisas ainda. Ou seja, é daqueles filmes que você vê um certo brilhantismo nas ideias, tem claro a sacada de ser algo meio vanguardista por terem filmado com câmeras da época da guerra mesmo para conseguir saturar e parecer realmente uma filmagem das irmãs, mas como disse no começo, ou você aceita, a loucura toda, ou apenas no final você vai se chocar com a ideia completa, afinal o filme foi feito justamente para isso, então a sacada funcionou.

O longa nos situa na Inglaterra, em 1941, aonde as irmãs Thomasina e Martha criaram uma máquina que pode interceptar transmissões do futuro. Esse aparelho encantador permite que elas explorem seu punk interior uma geração antes de o movimento começar a existir. Mas, com a escalada da Segunda Guerra Mundial, as irmãs decidem usar a máquina como uma arma de inteligência, com consequências que alteram o mundo.

Diria que o diretor e roteirista Andrew Legge foi bem conciso na ideia que desejava mostrar em sua estreia com longas metragens, de modo que fez algo não muito alongado, mas que coubesse toda a dinâmica da proposta de futuro e passado se misturarem na tela e mudar coisas com uma proporção gigantesca. Ou seja, ele quis brincar com o tempo, e mais do que isso quis fazer um famoso found-footage (ou filme que é encontrado para leigos) mas não apenas pintando de preto e branco as imagens e/ou colocando grãos de saturação, mas sim filmando com uma câmera do pós-guerra, ou seja, fico até com dó do editor no final de tudo, pois certamente devem ter chego cinco toneladas de pequenos rolos para ele editar, colorir e trabalhar, mas visualmente o resultado impressiona pela técnica e pelo resultado final, que encaixa bem a história toda no tempo, e principalmente funciona com a ideia de final bem alocada, mostrando que o diretor tem futuro com suas loucuras.

Um fator bem marcante aqui, é que a história e a execução dela é muito maior do que as atuações, tanto que se tivessem colocado qualquer ator desconhecido do meio não mudaria absolutamente nada na tela, mas Emma Appleton com sua Thomasina e Stefanie Martini com sua Martha foram bem dinâmicas, fizeram bons trejeitos nos atos mais marcantes, e principalmente desenvolveram um carisma acima da época, brincaram com canções que ainda não existiam e conseguiram passar uma crença correta no que estavam fazendo que é o básico em filmes desse estilo, ou seja, agradaram com o que fizeram. Quanto aos demais, vale apenas um leve destaque para Rory Fleck Byrne com seu Sebastian Holloway pela interação bem conectada com as garotas, e Aaron Monaghan com seu Henry Cobcroft, mas sem grandes chamarizes também.

Visualmente, vou pesar um pouco o diretor, pois ao escolher trabalhar com uma câmera muito antiga, tudo o que fizeram de cenografia foi em vão, pois não aparece quase que detalhe algum na tela, ficando aparecendo apenas a máquina criada pelas garotas, e elas ao redor, tendo muitas imagens de arquivos bem pesquisadas para aparecer na telinha da máquina, e alguns acontecimentos de guerra em alguns atos mais abertos, mas sem muito o que destacar, ou seja, o orçamento inteiro foi para a revelação e coloração do filme antigo, aonde deu uma textura bacana, mas dava para fazer isso melhor com computação para valorizar mais o ambiente.

Enfim, é um bom filme, com uma sacada interessante que funciona muito bem dentro da proposta, mas que torçam para que ele entre em boas salas dos cinemas, pois o filme é bem escuro, e se a projeção não tiver um bom brilho é capaz de não conseguir ver muitos detalhes, mas crendo na ideia completa o resultado vai agradar bastante, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo os amigos da Pandora Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Desafie a Escuridão (Brave The Dark)

2/23/2025 02:13:00 AM |

Alguns filmes você olha para o pôster e pensa algo que não tem nada a ver com o que você irá ver na telona, pois antes de saber que "Desafie a Escuridão" era uma trama da Angel Filmes, imaginava que veria algo meio policial, com um drama pessoal entre os protagonistas da foto, buscas em milharais e tudo com uma tensão lá em cima, mas depois que descobri esse fato já fiquei esperando algo cheio de religiosidade, de lições de moral, de certos e errados, e tudo mais que a companhia sempre nos presenteia, porém fui enganado pelos dois pontos de vista, pois o que me foi entregue foi uma trama totalmente sessão da tarde, de um jovem problemático pelo que aconteceu com ele no passado, que ao cometer um crime, um professor de teatro resolve assumir a guarda do jovem para tentar fazer com que ele tenha uma vida melhor, se forme e não seja preso. Ou seja, é daqueles bem básicos, que entregam algo que dá para assistir tranquilo, que não terá grandes incômodos, nem muito o que pensar, que servem de passatempo, tendo tudo numa linha bem colocada que até agrada, mas que poderiam ter ido mais além para ao menos surpreender no final, porém como é baseado em uma história real não tiveram como.

O longa nos conta que assombrado por traumas de infância, Nathan Williams vive preso em um ciclo de escuridão e autodestruição. Após ser preso, ele encontra uma inesperada mão estendida e disposta a ajudá-lo: seu professor de teatro, Sr. Deen, que paga sua fiança e o acolhe. Determinado a resgatar Nathan de seus próprios demônios, o Sr. Deen descobre segredos devastadores que ameaçam consumir o jovem por completo. O que começa como um ato de bondade transforma-se em uma batalha desesperada para salvar Nathan de seu passado e de si mesmo. Enquanto Nathan afunda cada vez mais no desespero, o Sr. Deen precisa enfrentar seus próprios limites, questionando até onde está disposto a ir para proteger alguém à beira de perder tudo.

É até estranho pensar que um roteiro tão simples demorou 11 anos para conseguir o devido apoio para sair do papel e ser filmado pelo diretor e roteirista Damian Harris, e mais dois anos para ser lançado oficialmente depois de ter sido apresentado em Cannes em 2023, mas é a vida de quem vive para o cinema, e felizmente ele não precisou aceitar exageros tradicionais da companhia para que seu filme fosse bem alocado na tela, pois certamente cairia para alguns vértices não tão bons. Claro que ele forçou um pouco a barra com o estilo de entrega de ambos os protagonistas, mas certamente já vimos muitas pessoas perturbadas por traumas passados em suas vidas, e as dinâmicas ao menos convencem na tela. Talvez se o longa tivesse um vértice menos comum, o resultado fluiria e chamaria mais atenção, pois já vimos muitos filmes com essa mesma história, mas é sempre bom ver boas pessoas que tentam melhorar a vida de outras, então a moral do longa sempre é bem renovada, e o diretor soube fazer a cartilha perfeita na tela.

Quanto das atuações, a base principal ficou a cargo de Nicholas Hamilton que trabalhou bem um estilo meio que badboy com seu Nathan, criou trejeitos por vezes sofridos e outros mais agitados, e até tendo momentos desligados por completo quase como se viajasse para o passado e congelasse, e sua entrega até chega a ser convincente em alguns atos, mas faltou um pouco mais de estilo para sair do comum. Já Jared Harris acabou exagerando um pouco demais no seu Sr. Deen, pois até conhecemos algumas pessoas muito boas que lutam para salvar algumas outras pessoas problemáticas, mas aqui o homem foi quase um santo ao crer em tudo o que via no jovem, e foi doce demais com toda a entrega, de modo que até pode ser que o verdadeiro Stan tenha sido assim, mas forçaram um pouco na homenagem. Quanto aos demais, não temos tanto o que destacar nas devidas entregas cênicas, parecendo que não quiseram desenvolver ninguém além dos protagonistas, e isso é um grandioso risco que resolveram correr.

Visualmente a trama é bem tradicional, com um colégio aonde vemos mais as aulas de teatro, a casa do Sr. Deen bem antiga e também bem casual, o carro aonde o jovem morava, as plantações beirando as estradas, e claro o passado do jovem com sua mãe em uma casa também bem simples e do campo, não tendo grandes elos e elementos para ir além na tela.

Enfim, como disse é o tradicional filme simples que assistimos sem esperar muito e que acaba sendo leve e bem feito, aonde talvez pudessem ter ido mais além, mas que sairia da essência que o diretor desejava mostrar da vida real do rapaz e do seu professor, então acaba sendo uma dica bem casual para uma tarde descontraída na TV, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Sem Chão (No Other Land)

2/22/2025 08:24:00 PM |

Costumo dizer que em um conflito você precisa ver a opinião dos dois lados, mas como entender quando um israelense e um palestino resolvem filmar a destruição das aldeias dos moradores da Cisjordânia por anos pelo exército de Israel com base apenas para criar espaço de treinamento militar com ajuda de colonos que se dizem donos das terras? Fica essa a pergunta para aqueles que tanto defendem a eliminação da Palestina e enaltecem Israel nos conflitos e matanças que andam e andaram fazendo por lá, que claro também existem retaliações e grupos rebeldes do outro lado, mas quem conferir o longa "Sem Chão" feito por repito dois jovens de ambos os lados vai sentir o impacto visual da destruição até 2023 que foi quando acabaram as filmagens. Diria que o longa oscila bastante com as conversas dos dois rapazes principais, mas todos os atos no meio do conflito, nos protestos e até correndo do exército já que alguns declaravam que iriam pegar eles longe das câmeras funcionam demais de forma representativa e simbólica também na tela, sendo intenso e marcante pela essência completa mostrando essas pessoas perdendo suas casas, com praticamente tudo dentro enquanto as escavadeiras vão botando tudo abaixo. O longa estreia nos cinemas brasileiros no dia 06/03, mas quem sabe já terá levado o Oscar no dia 02, pois força ele teve em tudo o que mostra na tela.

O longa mostra a aliança inusitada e cheia de contradições entre Basel Adra, um jovem militante palestino, e Yuval Abraham, um jornalista israelense. O documentário filma as ruínas e a terra arrasada que se tornou Masafer Yatta, um conjunto de vilas palestinas localizadas na Cisjordânia ocupada. Desde muito cedo, durante a infância, Basel testemunha e luta contra a destruição das casas e escolas locais e as desocupações violentas de sua comunidade pelo governo e pelo exército de Israel. Ao conhecer Yuval, ganha um aliado do lado inimigo, formando uma amizade de correspondências políticas e filosóficas. Sua relação, entretanto, permanece complexa, uma vez que, enquanto Basel vive sob as agressões e a prisão da ocupação militar israelense, Yuval vive livre e sem restrições.

Posso dizer que o trio de diretores Yuval Abraham, Basel Adra e Hamdan Ballal não tiveram bem um roteiro de filmagens, mas sim foram vivendo tudo o que ia acontecendo durante os cinco anos que passaram a captar imagens das desocupações pelo exército, e também as discussões entre eles sobre política e claro suas vidas, juntando também material de filmagens antigas de quando o jovem Basel era apenas um garoto e seu pai um ativista que deu entrevistas para outros documentaristas, viu Tony Blair passar pela vila e tudo mais. De modo que a trama tem uma pegada ao mesmo tempo que sentimental por vermos as casas das famílias sendo destruídas, também com um contexto bem maior político, afinal eram filmagens dos dois lados, mas somente atacavam o palestino, ou seja, conseguiram captar bem essa dinâmica e claro a brutalidade dos soldados para com os moradores, que vindo com ordens de despejo assinadas não podiam fazer muita coisa a mais pelo que eram contratados, mas fica nítido que o ataque era pessoal.

Ou seja, não costumo comentar muito documentários, pois é algo de sentimento mesmo e ver na ótica passada na tela o que os diretores tentam nos mostrar, de forma que aqui como técnica mesmo usaram câmeras simples, celulares e tudo mais que fosse disponível, correram muito tendo imagens até bagunçadas, algumas quebras de eixo, mas nada que incomode, afinal conseguiram documentar realmente o período e passar sua ideia politizada na tela.

Sendo assim, deixo a recomendação para que todos que puderem confiram o longa a partir do dia 06/03 nos cinemas nacionais, tirem suas conclusões ou mudem suas percepções sobre o conflito entre Israel e Palestina, e fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Atômica Lab e da Synapse Distribuidora pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até breve.

PS: Não dei nota máxima apenas por achar que faltou um pouco mais de colocar o público presente na trama, deixando um pouco aberto a síntese da trama, mas ainda assim é um tremendo filmaço, e veremos como irão sair na premiação!


Leia Mais

O Brutalista (The Brutalist)

2/22/2025 02:44:00 AM |

Confesso que estava com um medo imenso de cansar/dormir assistindo ao longa "O Brutalista", de me irritar com a duração de 215 minutos, e mais ainda de achar desnecessário ter um intervalo de 15 minutos na metade do longa, mas fiquei acordadíssimo sem cansar um pingo, cortaria fácil uns 20-30 minutos, mas não teria o mesmo efeito, e adorei o intervalo pra ir ao banheiro e comprar um docinho pro segundo tempo, ou seja, tudo ao contrário do que pensava, e nada melhor do que isso para um filme desse porte. E já adianto duas coisas, uma que mesmo parecendo muito a biografia de alguém, o longa é totalmente fictício, e a segunda é que veja na maior sala possível, pois possivelmente em casa você irá ver como uma série picando ele em duzentos pedaços, e certamente não impactará da mesma forma, pois mesmo o intervalo que veio com as cópias para os cinemas é temático, funciona visualmente com o que fica na tela, e leva o público para o rumo que o filme desejava. Dito tudo isso, o filme tem pegadas amplas e bem conectadas tanto com o mundo da arquitetura, quanto fala muito com o mundo atual e a pegada dos imigrantes como são vistos fora de seus países, o que sofrem, e que mesmo sendo importantíssimos em seus países, por vezes acabam sendo comparados a engraxates e virando pedintes quando chegam em outro país, e muitas vezes acabam se deplorando, morrendo e não se aceitando mais como deveriam, ou seja, uma essência funcional brilhante que surpreende na tela com tudo o que ocorre, e que mesmo reclamando da falta de síntese dos diretores atuais para criar obras gigantes, vale cada minuto de tela.

O longa se passa em 1947, quando o arquiteto visionário húngaro László Toth e sua esposa Erzsébet fogem da Europa devastada pela guerra em busca de um novo começo na América. Em sua jornada para reconstruir seu legado e testemunhar o surgimento da América moderna, eles se deparam com uma oportunidade que pode mudar suas vidas para sempre. O industrial rico e carismático Harrison Van Buren oferece a László um sonho americano em bandeja de prata: a chance de projetar um grandioso monumento modernista que moldará a paisagem do país que agora chamam de lar. Este projeto ambicioso representa o auge da carreira de László, prometendo levar ele e Erzsébet a novas alturas de sucesso e reconhecimento. No entanto, o caminho para a realização de seus sonhos é repleto de desafios e reveses inesperados, que os levarão a enfrentar tanto triunfos quanto tragédias ao longo de quase três décadas.

Grandioso e corajoso, certamente esses serão os adjetivos que Brady Corbet irá ouvir durante um bom tempo sobre o que ele e Mona Fastvold escreveram para que ele dirigisse, pois o que vemos na tela é algo imponente que muitos jamais tentariam se arriscar, afinal qualquer outro diretor colocaria o filme como uma mini-série de uns 5 capítulos, venderia para uma grande emissora e sairia rindo, mas ao ousar em transformar em um longa de mais de 3 horas para um drama, algo que casualmente só longas de ação e fantasia conseguem funcionar nos cinemas, foi de uma loucura sem tamanhos para um diretor novíssimo (apenas 37 anos!). Ou seja, você sente a mão do diretor, você reflete sobre a ideia no tempo em que se passa, e mais do que isso, enxerga o mundo atual ali na tela, de forma que volto a frisar, dava para cortar muita coisa da tela, o que resultaria talvez nuns 30 minutos a menos ou mais se o cara resolver restringir muita coisa, mas não impactaria da mesma forma, e esse que é o brilho do momento. Então muitos irão ver o filme pela loucura em si, outros fugirão de ver, mas inegavelmente já iremos esperar mais coisas vindo dele, e aí sim ele mostrará a ousadia ou não.

Quanto das atuações, Adrien Brody com menos da metade da primeira parte já dá seu nome ao personagem László Toth, entregando uma atuação tão cheia de expressões, tão cheia de facetas e dinâmicas marcantes, que já pode facilmente aumentar as prateleiras de sua casa para tantos prêmios, pois ganhou vários com "O Pianista", já está levando vários outros com o que fez aqui e já deve ter até preparado o discurso do Oscar, pois inegavelmente é dele com toda a personalidade que conseguiu construir durante todo o filme, não sendo aquele que ganha algum prêmio por determinado momento, mas sim pelo todo que é incrível. Outro que deu um tremendo show na tela é Guy Pearce com seu Harrison Van Buren, ao ponto do personagem ser daqueles antagonistas que chegamos a ter raiva com o que faz num primeiro momento, depois a raiva vira um ranço, e depois do que ocorre na Itália você só pensa em como o protagonista poderia matar ele lentamente, ou seja, conseguiu um trabalho tão cheio de traquejos e intensidades que acaba sendo marcante com o que faz, e ainda vai além. O papel de Felicity Jones só surge realmente na segunda parte, mas sua Erzsébet tem atos bem diretos e impactantes, e seu fechamento é primoroso, ao ponto que a atriz nas mãos de muitos diretores acabaria praticamente cortada a meia dúzia de cenas no máximo, mas aqui teve tudo e mais um pouco para se destacar e conseguiu. Ainda tivemos muitos outros bons atores e personagens na tela, mas a base ficou com o trio e foi muito bem, valendo um leve destaque para Joe Alwyn com seu Harry, mas mais pelo personagem em si do que pela atuação.

Não consigo imaginar o visual do longa sendo construído 100% real, mas pareceu muito ser tudo real ao invés de maquetes e jogos de câmeras, mas independente disso a equipe de arte conseguiu criar a época na tela com figurinos, elementos cênicos e impregnar na tela cada momento com símbolos em perfeitos detalhes, de modo que o orçamento certamente estourou mais do que a construção do longa, e vale observar cada mínimo elo na tela, pois impacta, mostra bem o mundo complexo da arquitetura, e ainda joga com o espectador, pois dava para ser mais minimalista, e não quiseram. E quanto da fotografia belíssima, temos tons mais fechados e densos para simbolizar bem o olhar da riqueza e dos demais para com os imigrantes, vemos nuances de luzes representativas de tempo e de sintonia, e cada ângulo por mais maluco que pareça faz sentido na tela, que como disse no começo vale ser visto na maior tela possível.

Outro ponto gigantesco e incrível é a trilha sonora de Daniel Blumberg, que também é novíssimo no meio, mas conseguiu compor algo com uma presença tão grandiosa que segura o público na tensão máxima que o longa pede, e que colocando sons dinâmicos no meio de tudo impacta e marca com sua assinatura. Não sei se o que toca no intervalo também foi feito por ele, mas ficou com uma presença tão bem encaixada que pareceu ter sido feito para o momento.

Enfim, é um longa que está levando muitas premiações e está indicado a 10 categorias no Oscar (Filme, Direção, Roteiro Original, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Trilha Sonora, Fotografia, Edição e Design de Produção), e que como frisei em alguns pontos daria para tirar um pouco da nota dele, mas como iniciei o texto tudo o que estava preparado para reclamar me encantou, e assim sendo vou dar a nota máxima para o filme, recomendando que quem goste de um bom drama veja, do contrário pode ser que não se apaixone tanto, mas ainda assim vale a conferida para ver um bom filme na telona. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas amanhã volto com muitos outros textos, então abraços e até logo mais.



Leia Mais

Kayara - A Princesa Inca

2/21/2025 12:42:00 AM |

Já ouviram aquele ditado: "Parecia tão bom, mas...", pois é bem o sentimento que tive hoje conferindo a animação espanhola "Kayara - A Princesa Inca", pois o longa tem uma pegada histórica interessante, desenvolve alguns personagens de forma bacana, porém algum tipo de briga rolou entre direção e edição, pois uma tonelada de personagens aparecem e desaparecem, coisas acontecem e de repente já está tudo diferente, e no final, no ato principal, a trama acaba seca, sem fluir, sem se desenvolver, e sobem os créditos, parecendo totalmente algum tipo de edição fora do padrão, o que é muito ruim de acontecer, pois você fica esperando talvez a jovem ganhar realmente o título de princesa ao ficar junto do imperador, mas nem acabar direito a briga final acaba, e assim saí da sessão bem desapontado (depois claro de esperar todos os créditos subir, pois vai que tem algo pra salvar em um pós-crédito, mas nem isso!). Ou seja, é daqueles que talvez as crianças fiquem vendo para rir do bichinho que acompanha a protagonista, até se entretenha com as boas cores e formas da tela, mas quem for esperando algo a mais vai se desapontar.

A sinopse nos conta que os mensageiros incas (Chasquis), eram rápidos, fortes e apenas homens... até Kayara. Uma jovem linda e atlética de 16 anos, Kayara está destinada a ser a primeira mulher a entrar na liga exclusiva dos Chasquis. Quando se depara com sua primeira oportunidade de competir na Corrida dos Mensageiros na frente do Imperador Inca, ela se veste como um homem. Quando sua verdadeira identidade é revelada e ela está prestes a ser punida, o jovem príncipe, Paullu, a aplaude. Ela tem sucesso em todas as missões para ser uma Chasqui e descobre as histórias antigas de sua terra e seu povo.

O problema da edição ficou bem claro ao dar uma pesquisada sobre os diretores e roteiristas que são estreantes na função, ao menos em longas, e o mais engraçado é que parecia que eu já tinha visto esse filme em algum outro lugar pela semelhança de personagens, mas agora vi que alguns dos roteiristas são os mesmos de "Ainbo - A Guerreira da Amazônia", ou seja, copiaram muita coisa do outro filme. Mas vamos focar somente nesse, e aí é que entra o problema, pois não diria que faltou noção de técnica, nem mesmo desenvolvimento de personagens, mas sim que chegaram neles e falaram que precisariam reduzir seu filme de duas horas ou mais para 90 minutos cravados, e assim saíram cortando sem nem pensar em nada, o que acabou ficando coisas soltas e sem fechamentos, principalmente o fechamento mesmo do longa, ou seja, espero que algum dia soltem o material original completo, pois até que a história é graciosa e bem colocada, merecendo ser mostrada por completo.

Já que falei de desenvolvimento de personagens, que é algo que ficou bem feito, de modo que a garotinha Kayara é audaciosa, tem um bom estilo e desenvoltura, foi bem dublada e envolve o público com suas facetas nem tão bobinhas, e assim agrada com o que faz em cena, claro já muito esperado pelo estilo girl power tradicional, mas faltou ir mais além para chamar ainda mais atenção no final. O imperador Paullu até foi bem colocado como um bom amigo da garota, mas faltou um pouco de atitude em muitos atos, e o que acontece com ele foi anunciado bem antes na tela, meio que sacado de ver acontecer. O conselheiro do imperador Villa Oma até entrega sua maldade com trejeitos fortes, mas diria que cortaram cenas demais do personagem, de modo que do nada coisas acontecem, e isso acaba pesando na tela. O mesmo aconteceu com o pai da garotinha, que achei até que tivesse morrido por praticamente desaparecer da tela em uma boa parte da trama, mas em compensação o porquinho da índia (aliás na época dos incas já se falava em Índia? E tinham porquinhos?) aparece o longa inteiro e acaba sendo até importante em vários momentos, ou seja, abusaram da fofura do bichinho.

Visualmente o longa é muito bonito, com paisagens bem desenhadas, mostrando um pouco da cultura inca de ter sua linguagem através de nós, mostrando uma certa hierarquia entre as pessoas e competições bem encaixadas, além claro de colocar também suas diversas regiões no mapa, com montanhas, plantações, florestas e tudo mais, com traços não tão puxados para o lado 3D, mas com formas bem encaixadas que acabam agradando na tela.

Enfim, é uma animação bem feita de técnicas e visualmente bonita, com personagens bem colocados e com uma boa dose cômica, que facilmente poderia ter ido muito mais além, mas que falhou consideravelmente na edição e o resultado final acabou mais decepcionando que agradando, não sendo algo que valha recomendar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


Leia Mais

Amazon Prime Video - De Sombra e Silêncio (Němá Tajemství)

2/20/2025 12:29:00 AM |

Ao pegar o nome original do filme da Amazon Prime Video, "De Sombra e Silêncio", fiquei intrigado para conseguir copiar esses acentos meio que diferentes da linguagem tcheca e aí sim o nome fez todo o sentido com tudo o que acontece, e para não dar spoiler do final do longa não vou colocar aqui no texto, mas quem quiser é só jogar no Google Tradutor e já era, mas isso não é o que importa, pois nessa sina de caçar literalmente algo que valesse a pena dar play nos streamings, já que não quero perder nem o meu tempo, nem o de vocês que seguem minhas indicações, hoje surgiu esse longa do nada nas indicações da plataforma para mim, e ao olhar no IMDB tinha menos de 200 avaliações, o que lhe dava uma média de quase 8, ou seja, já me deixou mais interessado em dar play, e sinceramente não lembro qual foi o último filme tcheco que conferi para poder avaliar o estilo de cinema deles, mas baseado no que vi, diria que é bem interessante, com uma proposta pegada, porém levemente repetitiva, pois claro que vemos no longa os investigadores instigando as três mulheres para saber suas versões e tentar entender o assassinato, ao mesmo tempo que vamos vendo como tudo aconteceu, e eles não, então em certo momento incomoda um pouco, mas o desfecho é bem marcado, e o resultado impressiona, pois mostra que o simples nem sempre é tão fácil de ser simples.

A sinopse nos conta que após um trágico acidente, um renomado veterinário perde a habilidade de falar e depois é encontrado morto. A investigação revela uma rede de segredos sinistros, o que leva a uma reviravolta inesperada no caso.

Diria que o diretor e roteirista Tomas Masin foi muito coeso no formato escolhido para sua trama ser inteira picotada, algo que casualmente me incomoda muito quando feita de forma errônea, porém aqui ela se desenvolve tão fácil na tela, e tem todas as justificativas bem encaixadas para que ao final todo o quebra-cabeça desmontado faça muito sentido, e claro que com muito envolvimento ele não deixou que a repetição incomodasse o público, mas ao fazer isso o desconforto vem em certos atos logo depois que pegamos qual é a verdadeira ideia. Ou seja, ele tornou a trama mais amistosa e envolvente dessa forma, pois certamente poderia ser uma trama mais seca e marcante também, mas não impactaria tanto, e assim diria que o erro acabou sendo um grande acerto.

Quanto das atuações, Jana Plodková trabalhou bem sua Erika, estando bem ligada e explosiva nos atos de corrida para se soltar, misteriosa e até densa demais nos depoimentos, e claro vivendo bem cuidando do marido doente, mas tendo um sentido extra em suas dinâmicas. A mãe do rapaz Dana, que Milena Steinmasslová trabalhou teve uma entrega cheia de personalidade, que por vezes até chega a incomodar, mas que o filme pedia essa essência e ela soube agradar com o que tinha. E Magdaléna Borová fez de sua Jana uma personagem que acabamos desconfiando muito de sua envolvente entrega, e isso talvez pudesse ter sido disfarçado melhor no longa, mas a coesão da trama fez bem sentido. Já Marián Mitas trabalhou seu Martin de uma forma que em alguns atos até pensei que ele realmente sofreu um acidente e ficou daquela forma, pois tanto a maquiagem quanto o trabalho corporal e expressivo do rapaz foi de um nível incrível que só vemos que ele não estava destruído daquela forma pelas cenas do pré-acidente que mostra sua vida, e dessa forma mesmo sem dizer quase nada agradou muito. Quanto dos investigadores vividos por Igor Chmela e Jan Révai diria que poderiam ter ido mais além nas dinâmicas de tela, mas não incomodaram, e todos os médicos e enfermeiros foram básicos com o que tinham para entregar.

Visualmente o longa teve muitos atos dentro de uma pequena sala de interrogatórios bem tradicional, alguns momentos no haras de Jana bem colocados num primeiro momento sem mostrar tanto, mas depois ampliando para tudo o que rolava ali, muitas cenas nos quartos do hospital, e claro toda a dificuldade de alguém acidentado como o jovem em viver no seu apartamento junto da esposa, tendo muitos bons elementos cênicos para encontrar as pistas do longa, e assim a equipe de arte ajudou bastante o público que gosta de ir desvendando tudo bem antes do fim.

Enfim, fui esperando um bom filme pelas notas do site, e acabei gostando até mais do que achava de uma trama digamos irregular, aonde ao mesmo tempo que cansa pela repetição, funciona pela essência quebrada de irmos montando o quebra-cabeça, e assim sendo fica como uma boa dica dentro da plataforma para quem não anda encontrando nada que valha a pena dar play. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Amazon Prime Video - O Caso Goldman (Le Procès Goldman) (The Goldman Case)

2/18/2025 12:29:00 AM |

Gosto demais de filmes envolvendo julgamentos, principalmente de casos que não sei como é o desenrolar real, que aí vendo os testemunhos, e os teatros da acusação e da defesa, acabamos meio como juiz e/ou júri para decidir o que vai rolar com o réu antes da declaração real, e o longa "O Caso Goldman", que pode ser alugado bem baratinho dentro da Amazon Prime Video, tem essa perspectiva de um caso complexo dos anos 70 aonde um revolucionário que tinha cometido vários roubos foi acusado de assassinato e tenta se defender usando alguns artifícios da lei, mas que você a todo momento fica na dúvida se foi ele ou não apenas pelo que vê nos depoimentos. Ou seja, é um filme intenso e denso que quem curte o estilo até vai entrar no clima, mas talvez algumas dinâmicas tentando mostrar o caso fora do tribunal agradaria mais para que o longa fluísse melhor, não sendo ruim, mas faltando aquele algo a mais para chamar mais atenção.

A sinopse é bem simples ao nos situar em 1975, na França, quando ocorre o julgamento de Pierre Goldman, judeu e ativista da extrema esquerda, acusado de cometer uma série de assaltos e ser o responsável pelo assassinato de duas mulheres.

Diria que o estilo do diretor e roteirista Cédric Kahn é meio fora da caixinha, afinal já vi outros filmes dele e sei que gosta de polemizar com pontuações mais diretas na tela, porém aqui faltou para ele um pouco mais de atitude e desenvoltura, pois ele segurou tudo para no texto inicial e final, e deixou que o julgamento fosse auto-explicativo, o que para quem não for da área acabará ficando meio que jogado demais. Ou seja, o estilo do julgamento ficou bem intenso, e acredito que lá pros anos 70 não foi tudo tão explosivo como mostrado na tela, mas como ficção o resultado funcionou e ficou interessante pela perspectiva entregue pelo diretor, ao colocar o réu quase como um quarto advogado, e isso chama bem a atenção.

Quanto das atuações, Arieh Worthalter soube trabalhar seu Pierre Goldman com muita expressividade, não ficando quieto quase que em nenhum momento no banco dos réus, entregando atos explosivos e bem marcantes, ao ponto de conseguir ter uma opinião forte e chamativa, ou seja, se entregou por completo. O juiz vivido por Stéphan Guérrin-Tillié até teve bons traquejos na tela, mas se deixou levar demais pelo réu, ao ponto que ficou submisso no meio de toda a confusão, sem conseguir manter a ordem, algo bem incomum de ver em um tribunal real, então faltou expressividade para o ator chamar mais para si. Os advogados de defesa também ficaram bem em segundo plano, tendo claro alguns atos bem chamativos, com a famosa teatralidade comum de se ver em tribunais, aonde Arthur Harari até conseguiu botar uma certa presença para intimidar as testemunhas, mas talvez pudesse ter ido mais além na tela. Do outro lado, o promotor de acusação que Nicolas Briançon fez foi bem cheio de artimanhas e sacadas, sendo mais sucinto nos ataques, mas foi presente de olhares e gestuais que marcassem seus momentos.

Visualmente o longa é mais básico que uma peça teatral, sendo um tribunal bem tradicional, com a famosa mesa na frente aonde fica os juízes, o júri tudo junto, e de cada lado acusação e defesa, essa tendo atrás um pequeno recinto para o réu, e na frente o público que vai assistir e o púlpito para as testemunhas, tendo no começo muitos fotógrafos por ser um caso bem chamativo, e nada mais, além de figurinos claro clássicos dos anos 70, ou seja, o básico do básico que se gastaram muito vão ter de provar o orçamento.

Enfim, é um filme que parecia ser bem melhor, aonde talvez o texto pudesse ir mais além, as atuações trabalhassem algo mais realista, e como disse uma reconstrução do crime na tela conseguiria dar uma visão mais ampla para o público, mas não era essa a intenção, então ficamos apenas com esse básico para quem curte longas de julgamento como recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

AppleTV+ - Entre Montanhas (The Gorge)

2/16/2025 11:14:00 PM |

Uma das melhores coisas que a AppleTV+ faz é não entregar nas sinopses e trailers de seus filmes o que iremos ver realmente, ou qual a proposta da trama, pois acabamos sendo pegos de surpresa com as situações e as dinâmicas que vemos na tela, e que por mais casual que sejam os finais, o resultado acaba sendo empolgante e muito chamativo. Só é uma pena que lançam pouquíssimos filmes, senão seria a plataforma que mais veria longas, mas é a vida, tudo que é bom dura pouco, e o lançamento desse mês é "Entre Montanhas", que entrega um bom suspense, um bom romance e até mesmo um bom filme de ação, ou seja, o pacote completo em um único filme, que tem intensidade na medida, não recai para clichês tradicionais, e ainda faz você dar uns bons pulos com algumas situações que ocorrem. Diria que o filme foi tão bem desenvolvido pelos poucos personagens que mesmo tendo alguns atos estranhos, o resultado acaba chamando atenção no final e até daria para se pensar em ter uma continuação, mas como é algo bem fechado, não vai rolar.

No longa acompanhamos Drasa e Levi numa missão misteriosa que os obriga a se hospedar em lados opostos de uma fenda rochosa funda e estreita. Durante um ano, confinados em torres de guarda, os dois precisam defender e tomar conta desse buraco nebuloso, onde reside uma criatura que ameaça a humanidade. Altamente treinados, os dois vigiam o inimigo, enquanto passam a se comunicar à distância, estabelecendo uma conexão inusitada, mesmo sendo estritamente proibido. Quando, porém, as coisas saem do controle, Drasa e Levi acabam descendo o desfiladeiro e entrando em contato direto com o mal obscuro. Os agentes precisam, então, reunir suas melhores estratégias e trabalhar em equipe para saírem dessa fossa e controlar o que se esconde entre as névoas e a escuridão.

Um dos diretores sempre gosta de nos surpreender sem dúvida é Scott Derrickson que desde sua estreia com "O Exorcismo de Emily Rose" só foi melhorando, fazendo grandes tramas de terror e suspense, tendo inclusivo o filme considerado pela ciência como o mais assustador em suas mãos, "A Entidade", e que aqui pode pegar uma história aparentemente sem pé nem cabeça do roteirista Zach Dean e transformar em algo muito além do que pensávamos sobre a porta do Inferno, ou seja, a base de seu longa tinha tudo para parecer apenas bobinho, com um romance à distância por tiros e conversas por escritas em quadros possíveis de ver com binóculos, mas que quando tudo parecia intenso, era apenas o começo do caos, e no fundo do poço (ou melhor do desfiladeiro) é que o quebra-pau pega fogo, e as descobertas foram bem trabalhadas com câmeras dinâmicas, um ambiente sinistro e claro uma história que o diretor desenvolveu pouco, mas que funciona para a escolha cênica final. Ou seja, é daqueles filmes que você quase não vê a mão do diretor te pressionando para acreditar no que acontece, mas que no fundo tudo leva a um resultado inesperado e bem marcante, mesmo sabendo o que vai rolar no final.

Um fator que gosto muito em alguns filmes é trabalhar a base toda com poucos atores, pois o diretor acaba tendo uma liberdade maior para desenvolver eles, e sem dúvida a ótima escolha de Anya Taylor-Joy com uma pegada mais seca e direta, com seus olhares cheios de nuances e sabendo o que entregar em cada cena de sua Drasa foi algo muito bem encontrado pelo diretor, ao ponto que talvez se ela puxasse um pouco mais o sotaque para ficar mais com cara de alguém do Leste europeu agradaria mais, mas não era tanto essa a intenção. Da mesma forma Miles Teller tem um ótimo agente, pois tem escolhido cada papel melhor que o outro, e aqui seu Levi tem uma pegada muito mais adulta realmente para o ator, mudando bem seu estilo mais brincalhão para algo mais centrado e até chamativo para algo mais denso, e assim conseguiu agradar com bons trejeitos e entregas da forma que o longa realmente necessitava. Sigourney Weaver pode até cair em papéis menores, mas sempre dá seu charme e entrega, de modo que sua Bartholomew tem presença e imposição no melhor estilo que a atriz sabe fazer.

Visualmente o longa tem inicialmente cenas mais fechadas para mostrar os feitios de tiro da protagonista em uma missão, vemos um pouco de uma sala de recrutamento militar, e depois já vamos para um voo imponente aonde o protagonista chega na sua torre, aonde recebe as instruções do último vigilante, tendo muitas armas de todos os tipos, livros, ambientes escuros e elementos cênicos aos montes para o que o protagonista quisesse fazer ali, da mesma forma do outro lado a jovem tem discos, um caderno para escrever, e também um recheio de armas de todo calibre possível, vemos sua festa de aniversário, criação de árvores de natal e tudo mais, até um belo jantar, e claro os monstros saindo do meio da fumaça e levando muito tiro, para aí chegarem no fundo e ver coisas de um passado negro e muito mais, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante para entregar algo chamativo e de época num contexto futurista bem encaixado.

Enfim, é um filme que estava bem curioso por tudo (ou melhor por nada) que havia sido mostrado em alguns materiais, e acabou superando minhas expectativas, sendo daqueles que tem aquele gostinho romântico levinho bem encaixado, que cria um suspense intenso, e que nas cenas de ação/terror acaba fazendo dar alguns bons pulos assistindo, e sendo assim vale a recomendação para todos conferirem na plataforma (aproveite os dias grátis que sempre dão para novos cadastros já que lá é apenas 1 filme por mês). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


Leia Mais

Bridget Jones: Louca Pelo Garoto (Bridget Jones: Mad About The Boy)

2/16/2025 02:34:00 AM |

Se tem uma série de filmes que demora para com suas continuações é Bridget Jones, pois já se passaram 24 anos desde o primeiro filme, e pasmem, 9 anos desde o último longa, que ainda continuará sendo o melhor dos quatro filmes, e já adianto isso na primeira linha do texto, pois diferente de "O Bebê de Bridget Jones" que tudo era muito fluído, leve, gostoso, cheio de dinâmicas e graciosidades, aqui em "Bridget Jones: Louca Pelo Garoto" temos desde sessões quase fúnebres, passando por situações existencialistas, até termos explosões e pegadas cômicas dinâmicas, ou seja, uma verdadeira montanha-russa de emoções, aonde ficou parecendo mais uma "homenagem" de encerramento do que um filme realmente pensado para existir dentro dos planos. Claro que não estou falando que seja uma trama ruim, muito pelo contrário, aonde vemos coisas que pregam bem uma maturidade maior da personagem, e claro da protagonista também, mas talvez não sendo tão oscilante chamaria mais atenção e envolveria melhor, pois no mesmo minuto que estamos rindo felizes de algo, logo a depressão bate e quase afunda, e isso não é tão bacana de ver em uma trama, mas ainda assim o resultado final funciona, e é isso o que importa, afinal tivemos um fechamento bem marcado e que acaba agradando na tela.

No longa acompanhamos a vida de mãe solteira e viúva de Bridget depois que seu marido Mark faleceu. Quatro anos se passaram e Bridget passa os dias cuidando de seus dois filhos Billy, de 9 anos, e Mabel, de 4 anos. Vivendo nesse limbo entre o luto e a vontade de seguir em frente, Bridget pensa em voltar a namorar, encorajada por seus amigos fiéis, sua ginecologista Dra. Rawlings e até mesmo seu antigo amor, e agora amigo, Daniel Cleaver. De volta na pista, Bridget entra nos aplicativos de namoro e precisa conciliar seu trabalho, vida amorosa e obrigações domésticas e maternas, enquanto também enfrenta a legião de mães perfeitas da escola, lida com a saudade que Billy sente do pai e vive situações constrangedores (e potencialmente atraentes) com o professor de ciências das crianças Mr. Wallaker.

Por incrível que pareça, o livro da escritora e roteirista Helen Field no qual o longa é baseado é o terceiro livro que vem antes do quarto livro que foi o do bebê, que é o terceiro filme, ou seja, certamente muita coisa foi adaptada para montada virar os dois filmes, e depois da diretora do original, Sharon Maguire, ter voltado para o terceiro filme, aqui tivemos o primeiro longa da série dirigido por um homem, no caso Michael Morris que soube entregar uma mão firme para seu trabalho, porém uma edição quebrada demais, que como disse no começo merecia algo mais amplo de sentimentos numa linearidade para que fosse mais além, e não um sobe e desce desenfreado. Claro que o estilo de Morris é bem mais seriado, e com isso vemos no filme diversos momentos soltos que talvez nas mãos de outro diretor mais de filmes realmente chamaria mais atenção, não sendo uma falha exclusivamente sua, afinal sabemos que diretores pegam roteiros e seguem, mas dava para abrilhantar mais para que o filme ficasse ainda mais gostoso de ver.

Quanto das atuações, Renée Zellweger começou fazendo a personagem Bridget Jones quando já tinha 32 anos, mas parecendo uma adolescente ainda, e agora com 56 ainda trabalha o papel com uma graciosidade única daquelas que você vê sua afeição, seu sentimento e presença, estando disposta a mais loucuras do que situações diretas, e preparando trejeitos para todo tipo de cena, afinal o diretor a colocou nas mais complexas ciladas possíveis para a trama, ou seja, ainda é uma atriz que sabe dominar o ambiente em si, e acaba agradando bastante com o esforço que o longa lhe exigiu. O jovem Leo Woodall entregou boas cenas junto da protagonista com seu Roxster, sendo bem galanteador e chamativo, mas também bem bobinho e sem a maturidade que a personagem pedia de alguém para ela, de forma que o papel pedia isso, mas talvez pudesse ter passado ao menos uma presença maior, pois a todo momento eu estava esperando que ele viesse com uma decepção maior, o que acabou não acontecendo. Chiwetel Ejiofor já indicava desde a primeira cena com seu Mr. Wallaker que acabaria tendo o final que teve na trama, de modo que como sempre traz boas dinâmicas e emoções para seus personagens, foi sutil e envolvente para que fôssemos gostando dele aos poucos, e acabou acertando com o que fez. Talvez tenha faltado usar mais Hugh Grant com seu Daniel, Colin Firth com seu Mark, e até Emma Thompson com sua Dra. Rawlings, mas como o longa pedia outros rumos que não tanto o passado, fizeram bem as cenas que foram colocados. 

Visualmente o longa tem uma entrega menos movimentada que os demais longas da série, focando mais na casa de Bridget, o programa que vai trabalhar, a escola das crianças, um acampamento e alguns passeios por bares, sendo bem o clássico filme de orçamento não muito luxuoso, mas que funciona para simbolizar as dinâmicas, e sendo assim tem seu gracejo na tela.

Enfim, é um filme gostoso de ver, que permeia boas discussões reflexivas sobre a vida após os 50, sobre família, sobre ter alguém para passar o tempo junto e muito mais, que talvez com poucos ajustes na edição para algo sem tantas subidas e descidas de ânimo agradasse bem mais, mas ainda assim emociona e envolve, então vale bastante para os fãs da personagem, e assim fica a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Flow

2/15/2025 05:01:00 PM |

É tão bacana quando vemos um filme que sem dizer uma palavra sequer consegue nos envolver e sentir tudo o que é passado na tela, ao ponto que mesmo a animação não sendo cheio de texturas como estamos acostumados a ver nos últimos anos, o resultado acaba superando todas as expectativas e emociona na medida certa para que você torça pelo personagem principal. E sem dúvida um filme que consegue tudo isso que falei e tem ganhado premiações por todo os lugares que passa é "Flow", uma animação da Letônia que ao mesmo tempo que é simples de visual, passa uma sensibilidade tão complexa na tela, tão cheia de elementos e vivências, que a cada situação que vemos os personagens passar na tela conseguimos ir além e sentir a presença deles, ou seja, é tudo tão bonito que quando acaba apenas fazemos aquele olhar de queríamos mais, e assim sendo vale cada recomendação e cada prêmio que tem levado mundo afora, e que estreando na próxima quinta 20/02 deve emocionar tanto os pequenos quanto os adultos que forem conferir.

A sinopse nos conta que o gato é um animal solitário, mas quando seu lar é destruído por uma grande inundação, ele encontra refúgio em um barco habitado por diversas espécies, tendo que se juntar a elas apesar das diferenças.

Diria que o diretor e roteirista Gints Zilbalodis soube passar tanto sentimento na tela que vemos quase que uma pintura em movimento sendo desenvolvida durante os 85 minutos de seu filme, pois a entrega dos personagens na tela não fica apenas como algo duro, mas também não fica como algo realista, e isso ao mesmo tempo que parece estranho, encanta, e a sensação de tudo o que o gatinho vai passando com seu olhar no meio dos demais animais é algo que sabemos bem que um gato faria, tirando claro o tempo exagerado embaixo da água, que temos de levar como liberdade poética e de todos os animais saberem controlar um barco com perfeição, mas o restante é basicamente o sentimento da natureza agindo, e da necessidade de conexão entre todos ali para um bem maior. E isso tudo você enxerga na tela vendo o resultado de um bom texto e também de uma direção primorosa, pois com exatamente as mesmas situações poderíamos observar inúmeros filmes diferentes, e a opção de ser singelo por parte dele certamente foi a melhor trabalhada.

Quanto aos personagens o que posso dizer é que vemos um gato exatamente como todos os gatos que conhecemos curiosos e desconfiados, um cachorro que ao mesmo tempo que está brincando também é espalhafatoso, uma capivara que parece estar sempre dormindo, mas está atenta a tudo, um lêmure guardando tudo o que vê pelo caminho, e uma garça que ao defender o gatinho acaba sendo banida do bando. Tudo muito simples de desenhos, mas perfeito de movimentos e também de sons, afinal a equipe gravou os sons dos animais reais, com exceção da capivara que acabou não combinando com o personagem e acabaram colocando o som de um camelo.

Visualmente a trama trabalhou muitos ambientes devastados pela inundação, a beleza dos cardumes de peixes passando por todos os lados, e tudo sendo bem simbólico na tela para mostrar desde barcos, árvores e elementos de cidades e montanhas, ao ponto que da mesma forma que os animais, também parecem pinturas na tela, mas com perspectivas e desenvolturas bem encaixadas.

Enfim, é um filme que certamente vai emocionar e envolver todos que forem conferir, e que com muita simplicidade está conquistando as diversas premiações merecidamente, então vá aos cinemas a partir do dia 20/02, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Marés Filmes pela cabine de imprensa, então abraços e até logo mais.

PS: Só não dei a nota máxima pelas liberdades artísticas que falei no começo, mas ainda assim é um filmaço!!


Leia Mais

Sing Sing

2/15/2025 01:16:00 AM |

Muitas vezes alguns longas trazem ares marcantes dentro de uma proposta, e se o diretor souber desenvolver os personagens para que saiam do básico e emocionem, o resultado costuma fluir tão bem que algo singelo se transforma em algo brilhante. E a base do longa "Sing Sing" brinca com essa história real de um preso que injustamente encarcerado entra para o programa de reabilitação pelas artes da cadeia enquanto tenta provar sua inocência nos tribunais, dando voz e noção para outros presos conseguirem também esses benefícios lá dentro, e o que marca o longa é que o diretor não quis colocar diversos atores conhecidos na tela, tendo apenas três atores famosos, e todo o restante como os verdadeiros presos que passaram pelo sistema teatral da cadeia e alguns que ainda até estão por lá, tendo muito mais presença e envolvimento, e mais do que isso, remunerando todos por igual, ou seja, reabilitando realmente pessoas que já cumpriram suas sentenças. Claro que a base principal por cair nas mãos de um grande ator deu uma fluidez bem imponente para a trama, mas o resultado sensível foi tão bem arquitetado que acabamos nos envolvendo com tudo na tela, e a síntese acaba funcionando do começo ao fim.

No longa acompanhamos Divine G, um homem preso injustamente que encontra um novo propósito ao se unir a um grupo de teatro na prisão. Ao lado de outros detentos, ele embarca em um projeto artístico que vai além das grades, descobrindo na arte uma poderosa ferramenta de transformação e resiliência. A chegada de um novo integrante, cauteloso e desconfiado, desafia o grupo a superar suas próprias barreiras emocionais e a explorar a comédia como meio de expressão. Juntos, os homens decidem encenar sua primeira peça cômica, e o processo criativo se torna um caminho para reconciliação consigo mesmos e com suas histórias.

O diretor e roteirista Greg Kwedar descobriu o programa de atores da prisão por mero acaso ao ajudar um amigo em um curta-metragem dentro de um centro prisional e ficando bem interessado soube escolher bem as dinâmicas e conversas com os atores do projeto para o que poderia ampliar a ideia, e sabiamente conseguiu moldar tudo para que o filme tivesse um conteúdo extra tela, usando claro os testes dos atores para a peça e por consequência para o filme, e fazendo com que a história do rapaz fosse aquele algo diferenciado, afinal estar preso inocentemente por anos é algo que pesa na cabeça de uma pessoa, e o diretor soube brincar com o longa de um modo bem sutil, pois dava para até ter ousado mais, criado maiores conflitos, mas ao optar pela leveza conseguiu ser simbólico e emocional na medida certa, o que acabou chamando muita atenção mundial.

Quanto das atuações, gosto muito do estilo de Colman Domingo atuar, mas aqui ele brilhou incorporando Divine G, aonde trabalhou leveza e sinceridade no olhar, na forma de conduzir a voz e até mesmo se expressando como um ator dentro de sua atuação, fora tudo o que pode ensinar para os jovens atores não profissionais com quem trabalhou em cena, dando conselhos que não ficaram apenas nos bastidores, mas em cena com a profundidade, com personificação, ao ponto de que mostrou muito mais do que apenas um simples papel, acertando em cheio em uma de suas melhores interpretações, tanto que vem sendo indicado aos montes em várias premiações, e ganhando algumas também. Quanto aos demais, diria que todos se entregaram bem aos seus papeis reais e desenvolveram na tela quase que a preparação para a real peça, mas se conectando com o protagonista e também com Paul Raci que faz o diretor da programa Brent, mas evidentemente o destaque fica para Clarence Maclin com seu Divine Eye e Sean San Jose com seu Mike Mike trabalhando dinâmicas e se envolvendo bem mais com o personagem principal, que aliás, o verdadeiro Divine G aparece pedindo autógrafo para o protagonista na tela, ou seja, tudo foi muito bem conectado na tela.

Visualmente o longa também é bem simples, se passando na maior parte numa grande sala de ensaios, tendo também o palco e alguns atos no refeitório da prisão e nas minúsculas celas individuais, além de alguns atos no pátio, mas tudo de maneira bem subjetiva para não precisar complicar a trama, deixando que o texto em si falasse bem sozinho, ou seja, vemos claro todas as devidas alegorias, mas a grande base é o foco da peça sendo montada nos ensaios, e claro o simbolismo que tudo traz em seguir o processo da vida, da prisão, da técnica de atuar e tudo mais.

Enfim, é um filme que muitos podem até não se conectar, mas que vale pela mensagem, vale pela ideia de mostrar como é esse processo de ressocialização dos presos através da arte, e claro vale pelas ótimas atuações, fazendo com que o simples fosse muito mais além na tela, então fica a dica, e embora o nome seja "Sing Sing" não é musical, sendo o nome do presídio apenas, então podem ir tranquilamente. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

Leia Mais