Ruby Marinho - Monstro Adolescente (Ruby Gillman, Teenage Kraken)

6/30/2023 09:29:00 PM |

Ando falando já tem um tempo que o nível de criatividade anda bem em baixa ultimamente nos roteiros, mas o que vi hoje com "Ruby Marinho - Monstro Adolescente" foi uma bela de uma junção de ideias de dois longas da Pixar ("Red - Crescer é uma Fera" e "Luca"), colocando os hormônios de uma Kraken gigante adolescente tentando conviver junto de outros jovens indo ao famoso baile de formatura, porém tendo de lutar contra uma sereia bem ao estilo da "A Pequena Sereia" original, e brincando com o domínio dos mares. Claro que o estilo DreamWorks de ser é algo bem mais divertido e cheio de boas sacadas, mas dava para a trama ser mais original e pegar melhor o público, de tal forma que o filme fica naquele meio do caminho que não cativa as crianças, mesmo sendo bobinho, nem os adultos por não utilizar sacadas mais inteligentes, e assim sendo o subtítulo diz tudo ao virar um monstro adolescente, que não é ruim de ver, mas que não vai muito além de um passatempo.

A doce e desajeitada Ruby Marinho, de 16 anos está desesperada para se encaixar na Oceanside High, mas na maioria das vezes ela se sente invisível. Ela está impedida de sair para a praia porque sua supermãe superprotetora a proíbe de entrar na água. Mas quando ela quebra a regra, Ruby descobre que ela é descendente direta das rainhas guerreiras Kraken e está destinada a herdar o trono de sua avó comandante, a Rainha Guerreira dos Sete Mares. O Kraken jurou proteger os oceanos do mundo contra as sereias vaidosas e famintas por poder que lutam com o Kraken há eras. Há um grande e imediato problema com isso: a nova garota bonita e popular da escola, Chelsea por acaso é uma sereia. Em última análise, Ruby precisará abraçar quem ela é e se esforçar para proteger aqueles que ela mais ama.

Diria que os diretores Kirko DeMicco ("Os Croods", "A Jornada de Vivo") e a estreante  Faryn Pearl até souberam escolher uma paleta de cores bem interessante de ser vista na tela, ousaram mexer com algumas sacadas divertidas da vida adolescente, porém dava para ir mais além, e o filme pedia isso, pois a DreamWorks gosta de brincar com seus personagens, mas o que acabou acontecendo foi apenas a base de uma apresentação um pouco mais alongada, que se resolve muito rapidamente na formatação de um objetivo fácil, e uma enganação tradicional, que não pega nenhum público de cara, e nem leva a querermos ver uma possível continuação. Ou seja, acaba sendo uma trama até que bem divertidinha, mas que não vai ser algo que iremos lembrar daqui alguns dias, fora o que falei no começo, que tem muitas semelhanças com outros dois filmes já bem conhecidos, só que sem o sentimental deles.

Sobre os personagens e suas dublagens, nesse quesito posso falar com propriedade que foi algo bem legal de ver, pois todas as vozes escolhidas encaixaram muito bem com os personagens, e Agatha Paulista com sua Ruby Marinho foi bem marcante com os tradicionais dramas adolescentes como as mudanças de humor e corpo, o desespero em conquistar o crush, e tudo mais, que diverte bem e chama atenção. Giovana Lancellotti brincou bastante com sua sereia, sendo charmosa e claro conquistando a confiança bem fácil da protagonista. Patrícia Scalvi com sua Rainha e Adriana Pissardi com sua Agatha brincaram bem com as sacadas de vó versus mãe, e mostraram muita imponência nos atos finais. E ainda tivemos boas conexões com Luiz Carlos de Moraes com seu Gordon, o marinheiro desesperado por caçar as Kraken, Rodrigo Araújo com seu Tio Bagre e Mauro Ramos com seu Arthur, o pai da protagonista, e até o crush vivido por Gabriel Santana ficou bem colocado.

Visualmente a trama teve muitas cores, com uma cidade interessante, e até muitos elementos que poderiam ter sido melhores usados, mas que não focaram em nada, sendo apenas um visual bonito na tela, bem desenhado e com poucas texturas.

Enfim, é uma boa animação, que agrada como passatempo, mas que não vai muito além do que uma tarde agradável, então vá e não pense muito e depois esqueça o que viu. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um hoje, então abraços e até logo mais.


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Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones And The Dial Of Destiny)

6/30/2023 01:14:00 AM |

Costumo dizer que se seguir a base não tem como dar errado em continuações, de tal forma que mesmo com os devidos exageros, "Indiana Jones e a Relíquia do Destino", continua sendo um filmão (literalmente com seus 154 minutos!), entregando boas cenas de ação, de perseguições insanas, de mistérios e claro muita aventura arqueológica, então se você ouviu reclamações sobre lacração feminina e tudo mais, grande balela, pois Helena ainda é praticamente a mocinha da trama, que embora se embrenhe no meio de tudo, de alguns socos, pontapés e tiros, ainda o filme é do vovô Indiana, que com seus 81 anos se entregou por completo para cenas bem trabalhadas, e que não desaponta com a entrega do personagem. Claro que o filme tem alguns atos que forçam um pouco a base, mas como assisti tanto aos demais filmes que passavam pelo menos umas 2x por ano na TV aberta quando garoto, acabei me divertindo bastante com o resultado, ri das loucuras colocadas, e diria que poderiam ter feito um vilão mais malvado, afinal o ator sabe bem fazer vilões, e era só pedir para incorporar mais um nazista maluco e imponente que faria bem também. Ou seja, vá esperando ver o que gosta da franquia e não sairá decepcionado da sessão, pois a base é a mesma, e o resultado funciona na tela.

O longa se desenrola no ano de 1969, imerso no contexto da Corrida Espacial e da intensa Guerra Fria, nosso arqueólogo e aventureiro americano favorito está à beira da aposentadoria, brigando para se encaixar em um mundo que parece ter evoluído além dele. No entanto, quando um antigo rival ressurge, trazendo consigo a sombra de um mal conhecido, Indiana Jones é forçado a calçar seu icônico chapéu e empunhar seu fiel chicote, mais uma vez. Com habilidades afiadas, bravura incansável e um espírito indomável, ele enfrentará perigos mortais, desvendará mistérios milenares e superará obstáculos aparentemente intransponíveis em uma busca que desafiará seu próprio legado, mostrando ao mundo que sua chama aventureira nunca se apaga.

Esse é o primeiro filme sem Steven Spielberg na direção, mas seguindo como produtor executivo junto de George Lucas, aprovaram o filme que o diretor e roteirista James Mangold ("Logan", "Wolverine Imortal", "Os Indomáveis") entregou, pois ele não quis reinventar a roda como costumamos dizer, pegando as ideias boas da trama e mantendo a sacada em cima de algo bem colocado, começando a trama com algo ocorrido após o terceiro filme (será que não gostaram mesmo do longa de 2008?), indo para 1944, com a fuga dos nazistas com muitas peças culturais em um trem, e logo depois já vamos para 1969 aonde toda a trama se desenvolve bem em busca de uma peça que pode mudar tudo no mundo, ou seja, deram uma repaginada no estilo, mas mantendo sempre tudo como acontece, corridas, roubos, fugas, e tudo mais, de tal forma que o diretor nem quis brincar muito com tudo, apenas deu os devidos tempos para que tudo ficasse bem redondinho, e entregou com estilo, resultando em algo que não diria fechar a saga realmente, mas também não deixando aberto como o longa de 2008 deixou para uma continuação. A única coisa que realmente sabemos é que com 81 anos já deu para o Indiana tradicional, então é melhor fechar por cima, do que desandar depois, e de certa forma o diretor soube fechar de uma forma bonita tudo na tela.

Sobre as atuações, é fato que Harrison Ford está bem velho e usou bastante dublês nas cenas com mais ação, principalmente no começo aonde deram uma rejuvenescida no seu rosto para seguir a linha jovem de seu Indiana Jones, mas quanto aos seus trejeitos e entonações conseguiu entregar tudo com muita desenvoltura pela quinta vez no papel, brincou com boas sacadas e não se entregou fácil, de forma que convence bem ainda no estilão do personagem. Pelo trailer diria que fiquei com medo de Phoebe Waller-Bridge ser a protagonista da trama com sua Helena, mas a jovem ficou bem encaixada como coadjuvante na trama, teve atos bem desenvolvidos, e boas desenvolturas, servindo bem de apoio para o protagonista, mas sem tirar seu brilho, e conectando tudo para que os atos funcionassem sem ela querer ser uma exploradora realmente, mas tendo esse sangue vindo de seu pai. O jovem Ethann Isidore teve boas sacadas com seu Teddy, mas sendo ainda mais conectado com Helena do que com Indiana, de tal modo que ele entrega atos bem rápidos e de boas sacadas como um bom ladrão nesse meio, mas talvez uma pitada a mais de humor chamaria mais atenção para ele. Mads Mikkelsen já virou nosso malvado favorito faz algum tempo, pois tem pego tantos personagens com essas características que seu Jürgen Voller foi até light de maldades, e como todo bom nazista, queremos ver morto e enterrado, e não dando certo, então sua insistência em conseguir o artefato, e claro seu motivo de uso com ele, é marcante, e fez trejeitos bem imponentes para isso, mas deixando a sujeira maior para os capangas. Quanto aos demais, a maioria dos capangas do vilão distribui socos e tiros com trejeitos sempre bem fechados, mas sem grandes destaques, e claro sem dúvida vale a menção honrosa para Toby Jones com seu Basil nas cenas iniciais bem trabalhado e cheio de emoções, John Rhys-Davies repetindo seu papel do primeiro filme, Salah, e até Antonio Banderas deu uma boa desenvoltura para as poucas cenas de seu Renaldo, mas nada que fosse muito surpreendente.

Visualmente a trama teve bons atos representando a fuga dos nazistas em um trem, com cenas de ação bem marcadas em cima com muito movimento, e dentro claro vários tesouros e muitos soldados, tudo bem representado, depois vemos o apartamento do protagonista mostrando suas tristezas com a separação da esposa, vemos a última aula dele como professor, uma breve homenagem de aposentadoria e novamente começa toda a ação com a protagonista correndo pelo telhado e nosso herói dando seu jeitinho de fugir da cena do crime também, tudo muito cheio de detalhes e desenvolturas, aí vamos para Tânger no Marrocos, com cenas de perseguições em carros antigos e um tuktuk ninja com tanta desenvoltura e velocidade, de modo a fazer inveja na produção de "Velozes e Furiosos", vamos para cenas no mar, com uma boa representação de mergulhos da época com mangueiras longas, e finalmente chegamos na Sicília em busca do artefato, para aí na junção termos mais boas cenas em um avião e a ida para uma época do passado bem interessante pela guerra representada, ou seja, um trabalho primoroso da equipe de arte, com muito requinte e boas representações cênicas tanto de elementos quanto de ambientes, que acaba chamando muita atenção do começo ao fim, como sempre a franquia entregou.

No conceito musical gosto do estilo de John Williams, e a trilha clássica que pode tocar aonde for que vamos remeter à Indiana Jones, e nem preciso colocar aqui algum link, pois é impossível quem não a conheça, porém a música repete o filme inteiro em várias velocidades e desenvolturas, e isso cansa um pouco, mas é uma marca do filme, então o jeito é entrar no clima.

Enfim, nunca fui um fã monstruoso da franquia, mas reconheço a qualidade da trama feita aqui, que felizmente é bem melhor do que a de 2008, então assim podemos considerar como um fechamento de ciclo, pois certamente daqui alguns anos devem colocar um novo ator e ver no que dá, mas com certeza não será a garota como muitos imaginavam. Assim sendo recomendo para todos ver a desenvoltura de Ford, se divertir com as boas cenas de ação e entrar no clima da franquia, e claro que muitos irão reclamar de tudo, mas diria que tem bem mais acertos na tela do que erros, e isso é o que ocorre com boas franquias de ação/aventura. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Globoplay - Lansky - Uma História da Máfia (Lansky)

6/29/2023 12:22:00 AM |

O mais bacana de biografias ou histórias sobre pessoas e suas desenvolturas é que dependendo de quem escreve você pode ter uma impressão completamente diferente do "homenageado", e por vezes essas dinâmicas acabam recaindo em estilos diferentes encaixados por ideias bons ou ruins, e com "Lansky - Uma História da Máfia", que pode ser conferido na plataforma da Globoplay/Telecine, vemos como foi a história de um dos maiores mafiosos dos EUA, enquanto ele mesmo contava sua história para um escritor de livros, ou seja, veremos ele como um bom homem, que ajudou Israel pós-guerra, que ajudou amigos, mas que também mandou matar muitos que entraram em seu caminho, isso tudo enquanto é acompanhado pelo FBI atrás de seus milhões escondidos. Ou seja, é uma trama que você pode se envolver torcendo a favor ou contra o protagonista, mas que de uma forma gostosa e interessante acaba trabalhando parte da história de como hoje os cassinos rendem muito para o governo do país com seus bilhões em impostos, e que quem começou isso foi um garotinho visionário que quando chegou no país viu que a casa sempre pode ganhar enquanto todos estão achando que estão ganhando.

A sinopse nos conta que David Stone, um escritor renomado, mas sem sorte, precisa desesperadamente de uma pausa. Sua sorte muda quando ele recebe uma ligação surpresa de Meyer Lansky, o padrinho judeu do crime organizado. O gângster aposentado conta uma história estonteante, revelando a verdade não contada sobre sua vida como o notório chefe da Murder Inc. e do National Crime Syndicate. Durante décadas, as autoridades tentaram localizar a suposta fortuna de Lansky, centenas de milhões se foram. Esta é a última chance de capturar o velho gângster antes que ele morra; mas Lansky, como sempre, está um passo à frente do FBI, enviando-os em uma perseguição selvagem, evitando e superando-os a cada passo.

Diria que o diretor e roteirista Eytan Rockaway foi bem direto na proposta que desejava seguir, pois como disse no começo quando pegam para fazer uma biografia por mais que a pessoa não seja muito boa, acabam dando as devidas qualidades para que a pessoa seja enaltecida, e aqui ele mostrou que o livro sendo uma biografia encomendada pelo gângster, teve toda a entonação de quanto dinheiro deu para os judeus após a guerra para a construção de Israel (e que anos depois foi negado pela primeira ministra sua permanência no país!), mostrou como fez tanto os EUA quanto Cuba lucrar muito com impostos em cima dos jogos de cassino, e claro mostrou que mesmo tendo grandes amizades no núcleo dos mafiosos mais famosos dos EUA, não conseguiu salvar seu melhor amigo que vivia roubando, mas como diz o ditado "amigos, amigos, negócios à parte", então sabiamente o diretor brincou com toda a loucura do FBI em cima do dinheiro escondido do mafioso, e como usou o escritor para tentar influenciar um pouco de tudo, sendo uma trama que certamente teve muita pesquisa, e que com isso acaba sendo interessante dentro de um contexto histórico, que claro tem seu ar ficcional bem colocado, mas que envolve pelas boas atuações, e funciona muito como cinema também, porém dava para ele ter ido um pouco além no lado negro do personagem, mas aí sairia do lado homenageativo.

Sobre as atuações, Sam Worthington entregou muita personalidade para que seu David tivesse um estilo de escritor, e também passasse desenvolturas no olhar de julgamento do mafioso junto com toda a comparação com sua própria vida, ou seja, teve um ar sentimental bem colocado que acaba chamando atenção e funcionou bastante, sem ir muito além, mas também não ficando forçado na tela. Harvey Keitel trabalhou o gangster durante os dias que conta sua história para o escritor, e seu carisma é marcante para trazer o público para o seu lado na lanchonete e ir ouvindo cada detalhe, se conectando com muitos símbolos e envolvimento, tendo ainda bons trejeitos e atitudes para ainda manter seu estilo mesmo que aposentado, ou seja, agradou bastante, principalmente nos últimos atos. Já John Magaro trabalhou todos os momentos vividos realmente pelo gangster, e entregou muita intensidade nos olhares, foi imponente nas atitudes do personagem e acabou chamando muita atenção de forma a dominar praticamente todo o ambiente para si. Tivemos muitos outros bons personagens passando pela vida do protagonista, mas vale o destaque para David Cade com seu Ben "Bugsy" Siegel, por ser o executor das ordens do personagem principal, aonde Lansky administrava e Bugsy matava, de tal forma que o ator teve boas desenvolturas e conseguiu chamar muita atenção.

Visualmente a equipe de arte trabalhou bem os anos 80 com os protagonistas desenvolvendo a história em lanchonetes e restaurantes, com as escutas clássicas do FBI e todo o lado de um escritor mandando ver na máquina de escrever, sendo bem charmoso o estilo, e tivemos muito do desenvolvimento do personagem nos anos 40-60, mostrando seu crescimento no mundo da máfia, todas as reuniões do crime, e a desenvoltura das máquinas de cassino, todo o lance do filho deficiente com equipamentos caríssimos para tentar ter uma vida melhor, e claro todo o figurino chamativo dos gângsteres com ternos alinhadíssimos até para esfolar alguém, ou seja, tudo bem simbólico e cheio de referências a outros filmes, mostrando um trabalho bem rico de detalhes.

Enfim, é um filme bem trabalhado de conceitos, com uma história que segura bem o espectador, e que funciona tanto pelo lado histórico já que temos personagens reais, mas que de uma forma criativa bem contada acaba sendo interessante de assistir como filme realmente, então vale a recomendação para quem gosta de um drama biográfico bem feito. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Canção ao Longe

6/27/2023 10:11:00 PM |

Tenho muitos amigos críticos que não gostam de dividir filmes comerciais e filmes de festivais, falando que ambos podem ser vistos das duas formas que muitos preferem chamar de arte como um elo só, mas é nítido isso quando vemos uma trama mais fechada, reflexiva e que muitas vezes permeia apenas o pensar do(a) protagonista, levando o público a usar o subjetivo da tela para algo menos comum, que recai para o lado de filmes de festivais, contrariando filmes aonde o público vai apenas para se entreter, que não precisa pensar em nada, que vai usar o tempo de tela para realmente sair do seu mundo real e vivenciar algo que nunca imaginaria acontecer. E eu comecei o texto do longa "Canção ao Longe", que estreia no próximo dia 06/07, falando sobre isso, por simplesmente não conseguir enxergar uma pessoa indo ao cinema pagando um ingresso caro apenas para refletir o se encontrar, o eu pessoal falando mais alto na tela, e dinâmicas que por vezes nos levam apenas para o nicho da personagem, que por mais que seja bonita a trama, não vai florear a vida de ninguém, mas sim apenas uma emoção passageira em saber que uma jovem se vê presa à família, e para tentar se encontrar precisa sair dali meio como demolir uma parte sua que não se enxerga mais. Ou seja, é daqueles filmes belíssimos que vemos e nos perguntamos se o diretor(a) quis passar algo ou quis apenas contar uma história, e essa sensação que ao meu ver distingue algo que alguém vai querer ver um filme ou não, e antes de mais nada, antes mesmo de ser crítico, eu sou produtor, e produzir algo introspectivo é lindo para a equipe, mas não para o público que irá ver, pois volto a falar de algo que brigo sempre que recebo um roteiro em mãos, alguém irá pagar para ver isso ou apenas vou ter de ficar correndo para arrumar patrocinadores para ver isso na tela apenas por fazer. Mas voltando para o filme, diria que é algo bonito o querer sair da concha, e a ideia da protagonista é muito bem passada na tela, então pode ser que alguns se identifiquem, e essa busca de um olhar para aonde sua vida está indo pode servir de reflexão ao conferir o longa.

O longa acompanha a busca de Jimena por sua identidade e por seu lugar no mundo. A jovem deseja mudar-se da casa que compartilha com a mãe e a avó e onde se sente deslocada. Ela também precisa romper com seu pai, com quem mantém uma troca de cartas à distância. Nesse movimento, Jimena lida com sua origem, seu corpo, suas escolhas e se depara com o silêncio de suas relações familiares. Através do seu olhar, o filme levanta questões sobre classe, família, tradição, raça e gênero.

Diria que a diretora e roteirista Clarissa Campolina também expressou no seu longa um desejo próprio, afinal aqui é o seu primeiro filme solo, e se vê pronta para uma mudança de ares e estilos, de tal forma que vemos essa essência na tela, vemos o ar de uma mulher que não se vê mais como parte daquele ambiente em si que vive, e isso é intenso de uma forma que faz refletir, ou seja, a trama tem uma boa base, não é algo cansativo de ver, só talvez pudesse já que está com mudança de ares explorar algo a mais, ter mais desenvolturas e desenvolvimentos, seja na nova família, seja no novo apartamento, e não apenas o mostrar, mas sim o agir, que aí sim veríamos sua mão com mais intensidade e o resultado talvez fosse para mais além. 

Sobre as atuações, o longa tem alguns personagens soltos na trama e a protagonista, de forma que todos se envolvem para a dinâmica funcionar ao redor dela, então é claro que os olhares caem todos para Mônica Maria e o que faz com sua Jimena, sendo emocional, mas bem centrada em seus objetivos, trabalhando muitos olhares vagos e reflexivos para passar sua mensagem, por várias vezes vemos o uso da narração para passar o seu pensamento e o que escreveu nas cartas para seu pai, e isso é algo que funciona, mas que também serve de muleta como costumamos chamar o uso de algo de segurança para o desenvolvimento do ator, ou seja, ela consegue fazer com que nossos olhos não saiam dela, e isso mostra a personalidade de uma boa atriz, o que é bem acertado na trama. Outra voz de narração muito usada é a de Jhon Narváez como o pai da garota que trabalhou bem o sentimental no tom da voz, e foi bem direto, ao ponto que funcionou bem dentro da proposta, mas talvez usar o ator mesmo em alguns atos daria um algo a mais para o filme. Dentre os demais, vale leves destaques para Margô Assis como a mãe da protagonista e Carlos Francisco como o motorista da família, mas mais como apoio mesmo para as cenas do que como expressividades mesmo.

Visualmente o longa é interessante, mostrando uma casa de família rica, porém bem antiga, mas sem grandes detalhes para não pesar o orçamento, vemos a jovem procurando apartamentos menores, mas com algo mais sua cara, indo num sebo para procurar ver mais coisas sobre o pai que ficou sabendo, mostra a obra que está trabalhando e em apresentações musicais, todas bem colocadas, mas sem dúvida seu sonho é o ato mais simbólico da trama, que é o de derrubar paredes, ruir toda a estrutura antiga para conseguir abrir espaço para o novo, e assim a direção de arte flerta com o mesmo pensamento e acaba sendo um grande acerto.

Enfim, é um filme bem feito, que certamente ganhou muitos aplausos nos festivais que passou, mas que para funcionar bem numa sessão comercial precisaria ir um pouco mais além, então recomendo ele mais como uma sessão reflexiva sobre mudanças de vida, sessões com debates e claro muitos festivais ainda para ele, pois aí sim o acerto mostra que a diretora está começando um novo mundo, e assim fez valer o que passou na tela. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Globoplay - Até o Limite (On The Line)

6/26/2023 11:43:00 PM |

Costumo dizer que amo ser surpreendido com um filme, seja ele no meio ou no final, por mais simples que a história seja, e confesso que hoje fiquei extremamente feliz com o que aconteceu em "Até o Limite", que pode ser conferido na plataforma da Globoplay/Telecine, pois julguei bem mal a trama, achando que fosse uma adaptação do sucesso indiano "Chamada Explosiva", que gostei também bastante, mas não essa é uma história completamente diferente e que ousa trabalhar também a vida de um radialista da madrugada que conversa com seu público cativo sobre os mais diversos assuntos, até o dia que um ouvinte ameaça sua família no ar, e a coisa fica bem tensa no desenrolar da noite. Ou seja, poderia falar muito mais do que acontece, mas qualquer coisa dita vira um spoiler imenso e pode acabar completamente com a graça das reviravoltas que ocorrem, e assim sendo, a única coisa que eu peço é que quem for conferir leia ou veja o mínimo possível sobre a trama, pois não saber nada acaba deixando você desesperado do começo ao fim, e revoltado com algumas situações, e isso sim é fazer cinema, pois o mais simples acaba virando caótico e isso sim causa tensão e explosão.

Felizmente nem a sinopse nem o trailer abaixo entregam spoilers e nos conta apenas que um apresentador atende uma ligação, onde um desconhecido ameaça matar toda a família do showman no ar. Para salvar entes queridos, o radialista terá que jogar um jogo de sobrevivência e a única forma de vencer é descobrir a identidade do criminoso.

Diria que o diretor e roteirista Romuald Boulanger soube fazer uma trama simples, porém muito bem elaborada, misturando elementos de caçada policial com tensão de importunação, aonde vemos os personagens praticamente surtando com as ações entregues e que mesmo fazendo com que os protagonistas andassem pelo prédio inteiro, cada detalhe foi pensado para entregar novas nuances a cada momento da trama, ou seja, mesmo não sendo feito em plano sequência, a trama se desenvolve numa madrugada só, com a câmera acompanhando o protagonista por todo o espaço da rádio, tendo sacadas precisas para que tudo fosse muito bem capturado, e principalmente ele soube passar para os atores as devidas expressões que precisava para cada ato, pois um erro e toda a reviravolta seria jogada fora. Ou seja, é o famoso filme que mesmo não tendo cenas de ação impactantes não pode ter erros nas gravações, e principalmente na montagem, pois desanda por completo, e nesse sentido ele deu show no que fez, mesmo frisando novamente, que é um filme simples, daqueles que você não vai se surpreender com algo moral, nem vai ter reflexões mil, mas sim a surpresa com tudo o que ocorre na tela, e isso sim é muito válido. 

Sobre as atuações, Mel Gibson entrega muito com seu Elvis, sendo imponente, pretencioso e cheio de atitude em todos os momentos, fazendo com que o público sequer tire os olhos de seu personagem, e trabalhando tão bem todas as sacadas faz com que o filme flua bem do começo ao fim, e claro tenha alta intensidade, ou seja, deu show. William Moseley também trabalhou muito bem a dinâmica de seu Dylan, de forma que o jovem acompanhou o protagonista em todos os atos, e de uma forma bem desesperada se entregou para que o filme fluísse com ele, e o melhor, sem ofuscar o protagonista, ou seja, fez o papel de coadjuvante com perfeição. Paul Spera brilhou muito na intensidade vocal durante quase todo o filme com seu Gary apenas falando com o protagonista, dando ares de maluco, criando tons intensos e sinistros, e nos atos que esteve presencialmente no final do filme ainda continuou trabalhando tudo isso com trejeitos no rosto e no corpo, de forma que brilhou muito também, sendo preciso como antagonista da trama. Quanto aos demais, cada um participou de uma forma, mas é bom nem falar tanto, senão daqui a pouco entrego algo que não deveria, mas diria que todos foram muito bem no que precisavam, e isso já é ajudar demais em uma produção.

Visualmente a trama é bem marcante com vários andares de uma rádio, tendo o estúdio como boa parte dos atos, tendo microfones, controles e tudo mais que já vimos em vários filmes e claro em rádios online, temos a portaria aonde se desenrolam algumas cenas, um terraço aonde se desenvolve alguns atos bem tensos, e claro todos os demais corredores e salas aonde o protagonista sai a procura do maluco, sendo algo cheio de intensidade, bombas e tudo mais, que chamam muita atenção do começo ao fim, e paro por aqui de detalhes, afinal tudo como já disse acaba sendo spoiler, então confira o filme, e veja que a equipe de arte trabalhou muito bem cada detalhe para irmos montando a ideia final.

Enfim, como disse no começo do texto, eu esperava ver outra coisa, ou melhor uma refilmagem americana de uma trama indiana que já era muito boa, mas fui surpreendido com um outro filme que me deixou muito tenso, e completamente feliz com o fechamento, embora após a segunda reviravolta já soubesse como o longa iria terminar, e assim sendo o resultado só pecou nesse quesito para não ganhar nota máxima, mas ainda assim é um tremendo filmaço que vale demais a recomendação de play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Disney+ - O Melhor do Mundo (World's Best)

6/25/2023 11:07:00 PM |

Algumas vezes dou play em uns filmes pela história que parece interessante e quando vejo a fria que entrei até penso em parar, mas como sei que vai ser pior ficar pensando como será que terminaria, se engrenaria lá pela metade, resolvo ir até o fim, e acho que dá para contar nos dedos das mãos entre a tonelada de filmes fracos que já vi, os que conseguiram mudar na metade para ficarem interessantes. E infelizmente o longa da Disney+, "O Melhor Do Mundo", não será um desses que irei contar um dia nos dedos, pois a ideia de juntar um jovem gênio da Matemática que teve um pai sonhador que fazia boas rimas num clube de rap, que passaria esse DNA para o garoto virar um astro do rap, acabou ficando infantil demais para algo com uma proposta tão chamativa, pois até segue bem as regras de um musical com uma pegada matemática, mas faltou ideias no meio do caminho, faltou atitude e tudo mais que vinha na cabeça do garotinho para que o filme fluísse melhor, de forma que talvez a criançada até se conecte com algo numa tarde zapeando pela plataforma, mas nem em sonho o longa conseguiu chegar a algo para ser lembrado daqui há alguns minutos na cabeça de qualquer adulto.

A sinopse nos conta que um gênio da matemática de 12 anos, Prem Patel, no meio de navegar pelas tumultuadas dificuldades da adolescência, descobre que seu pai recentemente falecido era um rapper famoso e imediatamente começa a seguir uma carreira para si mesmo como uma estrela do rap. Embora suas ações possam parecer imprudentes e a maneira mais rápida de perder tudo, Prem, fortalecido por fantasias imaginativas alimentadas pela música hip-hop, onde ele se apresenta com seu pai, está determinado a descobrir se o hip-hop realmente está em seu DNA. Como seu pai sempre dizia, "os melhores do mundo não descansam um segundo".

Diria que o diretor Roshan Sethi até trabalhou bem o roteiro de Jamie King e Utkarsh Ambudkar, mas como a base já era bem infantil não quis ir muito além de tudo, ou seja, a ideia em si do filme já era propícia para brincar com as crianças, sendo vendida dessa forma, e assim o resultado é algo para vislumbrar sonhos e desenvolturas dentro da escola, de tal maneira que já vimos isso em outros longas, mas sempre recaiam para o lado dos romances, enquanto aqui brincaram mais com Matemática e Rap, o que de certa forma mostrou ser um bom trabalho no conceito infantil de tramas, mas se quisesse dava para brincar um pouco mais com tudo e quem sabe entregar algo mais imponente, o que não foi o caso.

Sobre as atuações, gostei de ver a desenvoltura do jovem Manny Magnus que botou a voz para jogo e cantou realmente todas as canções do filme (claro que em estúdio, dublando na interpretação) e sendo um jovem simpático com seu Prem, de forma que chegamos ater um carisma interessante para com seu personagem e isso é legal quando acontece, pois mostra personalidade e chama para si as cenas, cativando os demais a se conectar com ele. O roteirista Utkash Ambudkar também entregou bons atos como o pai morto do garoto, fazendo um tipo de fantasma que se liga com o jovem, fazendo boas interpretações e danças junto com ele, e dando boas dicas e virtudes na montagem geral da trama, o que acabou funcionando bem. A mãe vivida por Punam Patel até teve alguns atos mais chamativos, mas sem grandes destaques, de modo que até teve alguns momentos emotivos junto do filho lembrando como era o pai dele, inventando um pouco a história real, e isso ficou ao menos engraçado, porém dava para ir mais além. Quanto das demais crianças da trama e também dos professores, a maioria acabou exagerando demais nos trejeitos, parecendo artificiais demais, sobrando poucos destaques para Kayla Njeri com sua Mercedes e Dorian Giordano com seu Gabe por apoiarem bem o jovem protagonista, e Piper Wallace por ser diferente de tudo com sua Claire.

Visualmente a trama tem alguns atos bem trabalhados de dança, alguns efeitos de resolução de contas bem colocados na tela, mostra algumas aulas espalhadas, alguns atos de recreação, vários atos de bullying, e também um show de talentos, de forma que não vemos muita exploração dos ambientes em si, mas sim a imaginação do garoto em shows, trocando de roupas e de rimas bem colocadas na tela, mostrando bem pouco de uma competição de Matemática, e assim sendo um trabalho até que fácil para a equipe de arte.

Enfim, é um filme bonitinho, mas que não tem nada que fique gravado na nossa mente, de forma que não surpreende, nem entrega situações que façam algo a mais, e isso é ruim dentro desse estilo, sendo daqueles musicais bobinhos que parecem ter sido comprados para ser assim, e o resultado é um passatempo rápido e sem grandes desenvolturas que não dá para recomendar. E é isso pessoal, infelizmente o domingo foi bem diferente do sábado aonde tive dois bons filmes, hoje foram dois bem medianos e esquecíveis, então fico por aqui hoje e quem sabe amanhã acerto melhor no play, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Jogo Perfeito (Poker Face)

6/25/2023 05:53:00 PM |

Certa vez um amigo me perguntou se ao invés de gastarem com diretores e roteiristas caros em uma produção não seria melhor ter um elenco incrível e um diretor meia-boca ou até mesmo um ator dirigindo a trama, já que é apenas gritar ação e decidir alguns cortes que muitas vezes é até o editor mesmo que faz do jeito que os produtores querem, e a minha resposta foi um belo de um não! E a resposta mais fácil que eu teria para dar para ele seria mostrar hoje esse novo filme que chegou na Amazon Prime Video chamado "Jogo Perfeito", pois a ideia em si do roteiro é confusa ao tentar mostrar um amigo riquíssimo que resolve jogar literalmente com a vida dos demais amigos para sentirem como ele está sentindo nos últimos dias de sua vida já que está doente, porém se um diretor mais imponente pegasse esse texto, talvez veríamos cenas fortes e desenvolturas mais impactantes contando com um assalto na casa chique aonde estão cheia de obras de arte e claro a filha e a esposa do personagem principal, mas nas mãos do ator e protagonista Russell Crowe, ele optou for fazer algo mais calmo e sem muita densidade expressiva que ainda editado meio com cortes demais, ficou estranho e sem ritmo, sendo até algo interessante de ver, mas que parece que não atingiu em lugar algum na emoção. Ou seja, faltou realmente uma direção melhor para que o filme tivesse um rumo, e não ficar tão preso nas emoções frias e sem estilo de um grupo que iria ficar rico após a morte do amigo.

O longa nos conta que Jake Foley é um bilionário da tecnologia que, em uma noite qualquer, decide organizar uma partida de pôquer de apostas arriscadas entre alguns de seus amigos. Porém, conforme a noite vai se desenrolando, o que antes prometia ser uma simples competição amistosa toma um rumo inesperado, e os jogadores descobrem que, na verdade, Foley os reuniu para descobrir seus segredos mais profundos. Até que uma gangue de ladrões invade o local e, com os ânimos cada vez mais agitados, os amigos precisam se manter unidos para sobreviver à noite.

Não assisti aos dois primeiros filmes que Russell Crowe dirigiu e roteirizou, mas o que posso dizer desse agora é que ele optou pelo mais simples diferente de quase todos os filmes que atuou, aonde perspectivas são criadas, dramas são desenvolvidos e direcionados, e a tensão acaba fluindo de uma forma melhor, pois ele não quis ousar e entregou algo básico demais para um filme que envolve jogadas e escolhas como é um bom jogo de pôquer, ainda mais incluindo um assalto no meio e a família estando envolvida em outras coisas, de tal maneira que ele quis colocar drama demais aonde pediria um suspense tenso com ações e desenvolturas, e aí sim impressionaria com uma pegada intensa e talvez mais resoluções criativas. Ou seja, não vou dizer que ele tenha errado totalmente, pois esse ar mais reflexivo que escolheu até deu um certo charme para a produção, mostrou um ricaço meio em conflito da forma de obter respostas, mas dava para ser um tremendo filmaço na mão de um diretor mais ousado, e aí sim o longa seria outro.

Sobre as atuações, tivemos todos com olhares e desenvolvimentos meio que cansados, de tal forma que nem mesmo correndo com carrões o elenco se soltou, o que soou bem estranho de ver. O diretor atuando ao menos foi melhor, e seu Jake tem trejeitos meio que reflexivos da vida rica que teve, das verdades que nunca ouviu dos amigos, e arrumando um veneno da verdade com um pajé, acaba deixando os amigos um pouco mais soltos, mas o protagonista pareceu aflito de não ver muita intensidade nos verdadeiros trejeitos dos seus personagens e também não se soltou por completo, ficando meio estranho. Quando vi que o longa começava com os personagens ainda garotos, fiquei meio hesitante com o nome de Liam Hemsworth no elenco, pois o ator não tem nem perto da idade dos demais protagonistas, e seu Michael ficou parecendo que não envelheceu a mesma quantidade de anos que os demais, mas tirando esse detalhe foi o que trabalhou trejeitos de surpresa com o veneno e desenvolveu seu personagem melhor. Aden Young entregou atos meio que desesperados com seu Alex, afinal está traindo o amigo com a esposa dele, e criou algumas desenvolturas cênicas estranhas de ver, não fluindo como deveria. O rapper RZA entrou no segundo ato com seu Drew bem colocado, mas não teve cenas com muitas atitudes para chamar atenção, de tal forma que oscilou muito em cena, não conseguindo ir além. Steve Bastoni também deu algumas nuances meio que desesperadas para seu Paul acabou ficando estranho de ver. Ainda tivemos Paul Tassone completamente maluco com seu Victor, aliás o único que o veneno fez um bom efeito mesmo, Jack Thompson como um xamã meio maluco, e Molly Grace como a filha do protagonista emotiva demais nas suas cenas, de modo que ninguém foi muito além, parecendo faltar realmente uma boa direção de atores.

Visualmente o longa que foi filmado dentro de um museu para exibir tantas obras de arte nas paredes ficou com um ar meio que artificial de casa, não parecendo estar aonde está realmente nas filmagens externas, mas por dentro tiveram um clube com boas jogadas de pôquer, muitas bebidas no bar, um cofre e uma sala de pânico bem trabalhada, além de algumas cenas na cobertura do protagonista, muitos relógios, carrões, e claro as cenas num lugar meio místico junto de um pajé/xamã meio estranho, que de certa forma funcionou para o resultado visual, mas sem ir muito longe.

Enfim, é um filme que tinha potencial para ser bem imponente, mas que até entrega um passatempo meio estranho para quem não ligar para todos os furos que falei acima, principalmente nas atuações e no desenvolvimento da história, e dessa forma infelizmente não diria que recomendo muito o resultado final, que é de mediano para baixo. E é isso meus amigos, vou dar play em alguma outra trama hoje, para acabar o final de semana melhor, e fico por aqui por enquanto, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Pacto (Guy Ritchie's The Covenant)

6/25/2023 02:11:00 AM |

Costumo dizer que Guy Ritchie é daqueles diretores que não sabe brincar com o meio termo, pois mesmo que trabalhe um filme simples de essência, ele consegue escancarar críticas e desenvolvimentos de uma forma tão bem colocada que até quando tem algo bem básico você vai conseguir ver sua mão colocada lá, então se aqui no longa da Amazon Prime Video, "O Pacto", a base era criticar tanto o Talibã, quanto o tratamento que os EUA deram (ou melhor não deram) para os interpretes que ajudaram os soldados a conviver no Afeganistão, traindo suas origens e seus povos em prol de terem a possibilidade de ganhar um visto para sair do país, o diretor não se controlou e botou algo forte com muita personalidade, e desenvolveu todo um salvamento de um soldado no primeiro ato inteiro (que é bem longo), e depois o pagamento de honra de um soldado por quem lhe deu a vida, de tal maneira que vemos cenas intensas de tiros, vemos dinâmicas bem fortes de altruísmo e claro algo imponente que funciona com uma boa dose de tensão do começo ao fim que empolga e agrada quem gosta do estilo de filmes de guerra, ou seja, é um tremendo filmão com uma boa dose crítica.

O longa nos conta que durante a Guerra do Afeganistão, o Sargento John Kinley recruta o intérprete local Ahmed para acompanhar a equipe na missão de neutralizar o maior número possível de instalações do Talibã. Porém, no confronto, Kinley acaba sendo atingido e é gravemente ferido. Para salvar o sargento, Ahmed não pensa duas vezes antes de colocar a própria vida em risco e carregar Kinley através de cenários perigosos para escapar dos inimigos. Porém, Kinley volta para casa e descobre que, no Afeganistão, Ahmed está sendo perseguido pelo Talibã. Com as autoridades se negando a enviar ajuda, John decide retornar para o campo de batalha por conta própria para ajudar o homem.

Diria que o estilo de Guy Ritchie é daqueles que alguns não gostam muito, pois como falei no começo ele não tem medo de pesar a mão nas escolhas, e com isso o resultado sempre tem grandes nuances mais ousadas, e aqui ele criticou sem dó os EUA por ter deixado a população do Afeganistão jogada nas mãos do Talibã ao simplesmente sair do país depois de vários anos sem resolver todo o problema, ele deu as nuances de honra de um soldado em recompensar quem lhe salvou a vida, e junto de tudo isso ele trabalhou bem um filme de guerra, com tiros para todos os lados, táticas de defensiva e ataque bem colocadas, e segurou bem toda a dramaticidade, de forma que ele poderia ter dividido melhor o primeiro e o último ato, pois temos algo que demora a acontecer que é a chegada no depósito, depois temos uma longa jornada de 100km para chegar na base, e depois faltando pouco menos de 30 minutos apenas temos um resgate ousado, e essa formatação talvez seria mais intensa com um final mais trabalhado, porém ainda temos algo que empolga e causa tensão, e assim sendo a história criada pelo diretor e roteirista ficou bem dinâmica e funciona.

Sobre as atuações, sempre achei Jake Gylenhaal meio canastrão de trejeitos, de forma que ele nos engana com facilidade dentro de sua personalidade, e aqui seu John não se encaixa nos trejeitos tradicionais de sargentos imponentes, tendo sim atos bem trabalhados e desenvolturas chamativas, mas fica sempre atrás das linhas, e isso pesa um pouco, mas ainda assim chama para si os atos finais e agrada bastante. Já Dar Salim é quem realmente acaba sendo o protagonista da trama, afinal a maioria dos atos ocorre com ele carregando o sargento da forma que dá, faz as conexões e falas com os talibãs, tem toda a desenvoltura de fuga com olhares e dinâmicas bem interessantes, de tal forma que seu Ahmed chama tudo para si e quase usa o soldado de encosto, e isso mostrou personalidade para o ator e um grande acerto de estilo. Ainda tivemos Alexander Ludwig bem colocado em algumas cenas com seu Declan, Jonny Lee Miller bem encaixado como coronel Vokes, e até as duas mulheres Fariba Sheikhan e Emily Beecham trabalhando olhares bem envoltos como as esposas dos protagonistas, além de Antony Starr bem chamativo com seu Parker nos atos finais, ou seja, a equipe mesmo tendo cenas espalhadas chamou muita atenção e fez bem o que tinham de fazer.

Visualmente como bem sabemos nenhum longa se arrisca a filmar no Afeganistão, então as cenas foram gravadas em Alicante na Espanha, e de certo modo acabou sendo bem representativo, com muitas montanhas, um relevo bem recortado e claro muitos carros bem recheados de figurantes com muitas armas de todo tipo, dando tiros para tudo e quanto é lugar, algumas pequenas comunidades simples por onde os protagonistas buscam por água, carros, carroças, comida e remédios, vemos todo o processo de buscas e salvamentos com grande requinte, e claro os meios não legais de se conseguir algo nesse meio, ou seja, a equipe de arte soube passar bem toda a figuração para que fosse chamativa, e o resultado funcionou bastante.

Enfim, é um bom filme de guerra, com boas cenas de ação, que consegue causar tensão e envolver bastante o espectador, e assim sendo o resultado mesmo criticando o modo que tudo foi deixado de um jeito até pior do que quando os EUA chegou no país, acaba funcionando como um bom entretenimento visual, e assim sendo como uma boa trama cinematográfica, valendo bastante a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Sede Assassina (Misanthrope) (To Catch a Killer)

6/24/2023 08:59:00 PM |

Quem me conhece um pouco sabe o quanto adoro longas de suspense policial, e quando vejo o trailer de uma trama que tem jeito de ser boa fico bem desesperado para ver, e acabo criando muitas expectativas, o que não foi diferente dessa vez! Mas felizmente não fui desapontado com "Sede Assassina", pois o diretor argentino criou toda uma boa tensão na trama, desenvolveu bem a protagonista e nos faz ficar o longa inteiro junto da intuição dela e do investigador-chefe em busca de descobrir quem é o assassino que está deixando a cidade em pânico com seus ataques, e ousando com algumas boas cenas fortes, e sendo determinante nas escolhas cênicas mostrando bem a ideia de politicagem dentro da polícia para ver quem vai se destacar mais numa investigação grandiosa, o resultado acaba tendo boas sacadas e frases bem intensas durante todo o processo. Ou seja, é daqueles filmes que conseguem segurar bem a ideia do começo ao fim, que tem alguns atos mais mornos, mas que não desanda, e assim sendo entrega o que desejamos ver na tela.

No longa vemos que a polícia e o FBI lançam uma desesperada caçada para identificar e capturar um assassino em massa que está aterrorizando a população. Frustrado pelo comportamento enigmático e sem precedentes do criminoso, o investigador-chefe do FBI recruta Eleanor, uma talentosa policial que está lutando contra os demônios de seu passado, para ajudá-lo no caso. Mesmo inexperiente, Eleanor pode ser a única capaz de entender a mente desse assassino enigmático.

Para quem não conhece de nome, o diretor e roteirista argentino Damián Szifron entregou em 2014 o incrível "Relatos Selvagens", e agora nove anos depois ele mostrou que ainda mantém a essência brilhante de segurar o espectador na poltrona o tempo inteiro, desenvolvendo nuances bem encaixadas com cada personagem e intensificando toda a amarração precisa com a história, de tal forma que vamos junto tentando desvendar cada situação, vamos procurando junto com a protagonista possíveis pistas, e também sentindo suas aflições. Ou seja, o diretor conseguiu criar uma trama moderna, afinal que nem o investigador-chefe fala: "se colocarmos todo mundo que tem algum transtorno como suspeito não vai sobrar ninguém para investigar", e com isso a intensidade acaba funcionando de forma a não ficar nem exageradamente pesado, afinal os tiroteios são bem fortes e duros, mas também não se afrouxou tanto para que o resultado se perdesse, e assim vemos algo que funciona bem na medida. Claro que alguns atos mais no final soaram meio que simples de pegada, de forma que daria para causar mais, mas ainda assim o resultado não atrapalhou em nada, e agrada demais, sendo mais um bom filme no currículo do diretor.

Sobre as atuações dá para falar que Shailene Woodley fez um misto das personalidades que já apresentou nos principais filmes que fez e colocou aqui para sua Eleanor, pois ele é meio problemática, mas tem um instinto bem afiado para investigar, e com isso consegue puxar bons elos para que o público torça para ela desvendar um algo a mais, claro que poderia ter um pouco mais de atitude e imposição, mas não foi o que lhe pediram em cena, então ficou um pouco morna nesse sentido, não sendo ruim, porém dava para ir além. Já Ben Mendelson se impôs com muita força para que seu Lammark fosse respeitado no FBI, mas também tivesse estilo, de tal forma que chama tudo para si, faz olhares e tudo mais, e ainda por cima tem um segredo que surpreende bem a protagonista, ou seja, foi bem rigoroso e chamou muita atenção do começo ao fim. Jovan Adepo também teve boas cenas chamativas para seu Mac, trabalhou com estilo e foi bem na parceria com a protagonista, só poderia ter ido um pouco mais além para se destacar mais, mas agradou. Tivemos vários outros policiais bem colocados, tivemos toda aquela tradicional briga de um querer aparecer mais que o outro, mas nenhum destaque entre eles, sobrando apenas para os atos finais com o assassino vivido por Ralph Ineson, mas mais pela ideologia do personagem, e claro pela desenvoltura com as armas, mas dava para ser qualquer ator no papel, já que apenas fecha a trama.

Visualmente a trama teve toda a pegada clássica de filmes de assassinatos, com boas cenas no começo com a festa de ano novo e acertando 29 pessoas aleatórias em lugares bem longe, sendo algo bem marcante, tivemos depois o tiroteio no shopping, vários atos das investigações rolando em algumas casas, na delegacia com interrogatórios, todo o apelo da mídia com a divulgação das imagens, tivemos toda a desenvoltura no apartamento da protagonista com seus problemas, algumas cenas na piscina aonde vai para desestressar, um tiroteio razoável numa loja de conveniência e claro todos os atos finais numa casa rural do assassino, isso antes passando por um abatedouro, mostrando cruamente como é o processo de fazer a carne dos pratos, ou seja, é um filme aonde a equipe de arte foi marcante de ambientação, usando poucos elementos e pistas, o que não é comum no gênero, mas que funcionou dentro da proposta.

Enfim, é um tremendo filmão do gênero policial, que tem uma investigação interessante, mostra um pouco dos conflitos que ocorrem entre as várias polícias e claro junto com os órgãos do governo, principalmente numa época festiva, e também mostra um pouco da ideologia de alguns malucos para com suas loucuras assassinas, sendo algo que vale com certeza a conferida para quem gosta do gênero, e assim fica minha recomendação. E é isso pessoal fico por aqui com a última dica de cinema dessa semana, mas já vou engatar um filme do streaming hoje ainda, então abraços e até logo mais.



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Que Horas Eu Te Pego? (No Hard Feelings)

6/24/2023 01:59:00 AM |

Costumo dizer que se um filme é vendido como comédia ele precisa fazer o público rir, pois não sou contra alguns gêneros como alguns falam por aí, mas a trama "Que Horas Eu Te Pego?" basicamente me entregou a tradução ao pé da letra do nome americano "Sem Ressentimentos", pois todas as cenas que fazem rir do longa estão no trailer, e o restante é um romancezinho meio que de sessão da tarde, com algumas sacadas bem encaixadas, e nada além disso, de tal forma que posso até ter ido esperando algo a mais pelo trailer bem trabalhado, por ser de um diretor que fez um tremendo filme de besteirol, por ter uma atriz que não gosta de cair em enrascadas, e tudo mais, mas foi frustrante para não dizer outras palavras ver apenas algo comum, que não tem grandes atos risíveis, mas ao menos não é um romance ruim de ver, de tal forma que serve como um passatempo, mas não espere nada demais dele.

No longa vemos que Maddie é uma mulher que tem o costume de sempre tomar as atitudes erradas. Quando percebe que pode perder a sua casa de infância, onde cresceu e viveu por muito tempo, ela decide arranjar um emprego. Mas não é qualquer emprego que se acha nos anúncios, e sim um pedido desesperado de dois pais com seu filho de dezenove anos. O anúncio descreve o trabalho que ela terá de fazer: "namorar" o garoto de dezenove anos, Percy, que é muito introvertido, antes que ele saia definitivamente de casa para ir para a faculdade.

Se antes botava muita fé no trabalho do diretor Gene Stupnitsky, agora tenho muito receio de sua capacidade, dizendo até que ele é um excelente vendedor de potes chineses que se passam por tupperware, pois antes de ver "Bons Meninos", os trailers nos deixaram num êxtase gigantesco, e depois foi apenas um bom filme, e agora ele fez a mesma coisa novamente, vendendo uma tremenda comédia besteirol que virou um romance cômico bem de passatempo, ou seja, ele até entrega alguns atos bem divertidos, mas não é o que sobressai na trama, de tal forma que vemos a protagonista bem atirada, um jovem bem simpático que dá para se conectar com seu jeito tímido e mimado demais pelos pais, mas ficou faltando transformar isso tudo ou em algo dramático bem imponente sobre relacionamentos familiares, bullying e tudo mais, ou então escrachar de vez e fazer algo sujo e bem ousado (como prometia o trailer) para que fosse algo a mais no cinema, o que acabou não acontecendo, e assim apenas quando acabamos de ver falamos: é bonitinho, e só!

Sobre as atuações ao menos posso dizer que ambos foram muito bem no que estava proposto, com Jennifer Lawrence completamente solta para que sua Maddie fizesse cenas mais ousadas, trabalhasse um olhar sedutor quando precisasse, e também trabalhasse um ar mais apaixonado em determinadas cenas, de tal maneira que vemos um trabalho bem feito e cheio de nuances para chamar atenção. Da mesma forma Andrew Barth Feldman aparentou até bem menos que seus 23 anos reais e 19 anos no longa, passando um ar bem tímido e introvertido, mas também sendo doce e direto no que deseja, dando um show literalmente ao piano, e conseguindo dominar bem suas feições frente a tudo o que ocorre na trama, acertando bem em tudo. Quanto aos demais, diria que as cenas com os pais do garoto são lastimáveis e as dos amigos da protagonista são quase que jogadas ao ar, ou seja, seria melhor uma trama sem qualquer um dos quatro coadjuvantes, e falar então do jovem que aparece como corretor quase que uma figuração, então salvo apenas Ebon Moss-Bachrach com seu Gary e Jordan Mendoza com seu Crispim, mas que apareceram num total de nem 10 minutos somados, ou seja, o filme é dos protagonistas e nada mais.

Visualmente a trama entrega uma casa antiga, mas bem decorada da protagonista, uma mansão imensa do garoto e sua família, um bar tradicional, um restaurante chique aonde desenrola o show do garoto, algumas cenas na praia e no bar que a protagonista trabalha, algumas viagens de carro de aluguel, e um parque de diversões, sendo algo básico, porém bem feitinho pela equipe de arte que mostrou luxo em muitas cenas bem colocadas para que tudo ficasse "requintado" pelo jovem de família rica, e claro por ser uma cidade litorânea de milionários.

Enfim, é um filme que até tinha um certo potencial, mas que não engrenou como poderia servindo de passatempo para quem gosta de um romance com pitadas cômicas até que ousadas, mas que passa bem longe de tudo o que é mostrado no trailer, então vá sem esperar nada que talvez saia ao menos feliz com o resultado, pois ao menos para o meu gosto pessoal faltou muito para que eu risse bastante com a trama, e assim não posso dizer que recomendo ele para muitos. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Elementos em 3D (Elemental)

6/22/2023 12:45:00 AM |

Costumo dizer que atualmente as melhores equipes de roteiros estão presentes nas animações, pois a liberdade criativa que dão para esse pessoal é algo que sai com uma facilidade tão incrível do papel e vira algo brilhante na tela que não tem como não se apaixonar quando tudo dá muito certo, e o novo exemplar que demonstra isso se chama "Elementos", e é proveniente da Pixar, uma empresa que tem altos e baixos com algumas escolhas erradas, mas que quando acerta no peito vem com força. O mais bacana das tramas da Pixar, que diferente da sua co-irmã Disney, é que lá eles podem brincar mais com o sentimental do público, e fazer com que as emoções fluam com muito mais naturalidade, e o que fizeram nesse filme foi algo tão belo e brilhante que vemos conceitos de paixão serem distribuídos desde o amor pela família, pelo emprego, pelos dons, por uma beleza e claro também o amor entre as pessoas, que até vemos elementos que não se misturam podendo ir mais além. Confesso que estava com muito medo do que entregariam aqui, pois a trama lembra muito dois grandes filmes da companhia "Zootopia" e "DivertidaMente", mas posso dizer agora após conferir que conseguiram ser originais e interessantes do começo ao fim, numa beleza sem tamanhos, que quem sabe podem até fazer algum tipo de crossover com esses outros filmes futuramente, pois o acerto é fora do comum.

O longa se passa em uma sociedade extraordinária chamada Cidade Elemento, na qual os quatro elementos da natureza - ar, terra, fogo e ar - vivem em completa harmonia. A história apresenta Faísca, uma jovem faiscante e espirituosa, cuja amizade com um garoto divertido e tranquilo, chamado Gota, desafia suas crenças sobre o mundo em que vivem.

O diretor Peter Sohn trabalhou aqui uma trama tão envolvente que nos faz esquecer do filme simples que entregou na sua estreia na Pixar, "O Bom Dinossauro", pois se lá tudo era bobinho demais, aqui ele pode fazer algo bem mais dramático, com muita consistência e emoções no limite para fazer com que o público se conecte demais aos protagonistas, e ainda se divirta com todos os demais que são apresentados no decorrer da trama, e não bastasse isso, ele ainda pode fazer uma singela homenagem aos seus pais que vieram da Coréia para Nova York antes de seu nascimento (algo que mostra bem a migração dos pais da protagonista da Terra do Fogo para Cidade Elemento), e uma outra grande sacada  da trama que o diretor fez, foi ter personagens bem simbólicos em relação aos elementos da natureza, tendo diversas personalidades de cada tipo, mas sem se preocupar com um traço efetivamente bonitinho, cheio de contorno e que realçasse tudo na tela, mas sim que eles tivessem expressões fortes e marcantes, e isso acabou dando um algo a mais para que o filme fosse quebrado e perfeito ao mesmo tempo.

Sobre os personagens é fato que a base do filme é toda em cima dos personagens Faísca e Gota, que são tão interessantes por si só que quase nem precisamos dos demais, tendo a garota um estilo temperamental, meio estourada, e claro desesperada também por seguir a sucessão do pai no comanda da loja da família, por um outro lado o rapaz é todo emotivo, chora por qualquer coisa, e tem uma família toda que se emociona fácil, e conforme vamos vendo as desenvolturas deles tudo acaba fluindo realmente na mesma intensidade dos sentimentos fortes deles, ou seja, passam bem suas mensagens e funcionam na tela, tendo inclusive ótimas dublagens por parte de Luiza Porto e Dlaigelles Silva na versão nacional, passando força e envolvimento para tudo na tela. Quanto dos pais, do lado da garota tivemos Brasa e Fagulha bem marcantes e cheios de intensidade, com o primeiro já nas vésperas de se aposentar, com muita tosse e também temperamental igual a filha, muito bem dublado por André Mattos, já a mãe com um estilo casamenteiro, sentindo o aroma do amor com quem desejar se consultar com ela, que Marisa Orth foi bem encaixada também na voz. Do lado do garoto tivemos uma família bem recheada com destaque para a mãe que foi bem emotiva feita pela voz de Giovanna Antonelli. E para fechar o time ainda tivemos Priscila Concepcion fazendo Névoa, a chefe da prefeitura que é torcedora fanática do time de Airball, Zeca Rodrigues fazendo o divertido e sério Xaxim, Cacau Protásio como Flarietta e Arthur Miazato como Turrão, ou seja, um time de bons atores e bons dubladores que deram boas vozes para a história.

Visualmente a trama é um luxo, com uma cidade bem trabalhada de prédios de vários estilos, cada um mais propício para o elemento que mora nele, tivemos um estádio ciclone de Airball com jogadas bem insanas e até um personagem que homenagearam nosso cestinha do basquete, Oscar, a loja dos protagonistas é cheia de possibilidades e comidas com fogo e brasa, meio que picantes de todo estilo, a brincadeira dos personagens de água é tentar não chorar com frases e coisas comoventes, e ainda tivemos um passeio de balão incrível mostrando toda a cidade por cima, vendo o trem que corre na água entre outras grandes sacadas, tudo bem desenhado e envolvente de ver. Só diria que o 3D foi mais usado para dar profundidade de campo, com quase nada saindo para fora da tela, tendo claro um grande destaque na cena debaixo d'água, que ali sim tudo tem um conteúdo que envolve com a tecnologia.

Enfim, era um filme que estava até um pouco receoso de não me envolver tanto, pois esperei tanto por "Soul" e não me atingiu como poderia, e aqui a trama encaixou de uma forma tão gostosa que me vi rindo do começo ao fim e até se emocionando com alguns momentos, então podem ir ver tranquilamente que assim como a maioria dos longas da Pixar vai envolver mais os adultos, mas os pequeninos que estavam na sessão ficaram bem conectados a trama toda (e como costumo medir se atinge eles, esse é um bom termômetro de gostarem) afinal é bem colorido e tem personagens bacanas, além de contar com boas canções que deram ritmo destacando com "Steal The Show". Ou seja, filmaço que vale conferir nos cinemas com toda a família, irei esperar o crossover com talvez "Zootopia 2" que vem logo mais, mas é apenas uma ideia maluca do Coelho! E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: Não chegue em cima da hora da sessão, pois antes do filme seguindo a tradição da Disney/Pixar, tem o curtinha "O Encontro de Carl" que quem não se lembra é o velhinho de "Up - Altas Aventuras", que está se preparando para seu primeiro encontro no mundo moderno e conta claro com a ajuda do cachorro Dug, sendo algo bem bonitinho e gostoso de ver!


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La Parle

6/21/2023 11:54:00 PM |

Ultimamente andam surgindo alguns filmes que tem recebido a classificação um pouco genérica de docu-ficção, aonde vemos alguns casos cotidianos aonde se insere um tipo de problematização e a história se desenvolve em cima disso, e tem sido até interessante ver alguns casos para termos um pouco mais de cotidiano em alguns filmes, mas sem ficar no tradicional que já é bem usado tanto em tramas documentais ou em ficções mais próximas do usual comum. E seguindo essa base a trama "La Parle" trabalha uma ideia de uma onda mística na Costa Basca que muda a vida das pessoas, e vemos um grupo de amigos em uma viagem conhecendo a praia, conversando sobre a vida, e passando os dias, sem grandes mudanças ou floreios, apenas tendo a base da vó de uma das protagonistas que por ter Alzheimer repete sempre as mesmas coisas, sem ter nada que chame a trama para algo a mais. Ou seja, é um filme bonito de essência, todo trabalhado em preto e branco, tendo apenas a mudança no final para colorido por algo interessante que acaba sendo contado, mas que talvez dava para ir mais além para chamar atenção, ao menos não é cansativo, o que acabaria desandando tudo.

No longa vemos que os amigos Fanny, Kevin, Simon e Gabriela decidem se reunir para passar as férias na França. A escolha do destino tem uma razão especial: La Parle, uma onda que, segundo tradições, é capaz de revirar sentimentos e decisões. Cada um deles tem suas próprias preocupações: Fanny deve lidar com um exame médico iminente; Gabriela questiona sua vida longe da família, no Brasil; Kevin está distraído demais para se concentrar no trabalho; e Simon só quer que todos se divirtam. Pouco a pouco, os quatro vão mergulhando cada vez mais fundo nessa experiência, criando conexões inesperadas.

Como todos os diretores e roteiristas são os atores da trama também, a qual foi toda filmada usando Iphones, posso dizer que criaram bem todo o envolvimento da trama em algo mais centrado, de tal maneira que a história maior fica focada nos sentimentos de Gabriela Boeri para com sua avó, vemos algo a mais em cima da remissão do câncer de Fanny Ledoux-Boldini e na empolgação de Simon Boulier para fazer um pouco de tudo, enquanto Kevin Vanstaen quer mais terminar a edição de seu curta-metragem filmado poucos dias antes da viagem, e esse desenrolar que eles entregam passa a sensação que o público também está ali acompanhando eles nesses dias de praia, o que é interessante por um lado mais realista, mas sem muito o que falar como ficção realmente, o que pode afastar um pouco um público mais comercial.

O conteúdo visual é bonito com uma casa de praia, algumas cenas em festas, bares e até uma apresentação de carros, além de uma clínica de exames, e a escolha do filtro em preto e branco deu um ar clássico para a trama (embora desnecessário para a linguagem que queriam passar - tendo apenas o adendo da mudança de cor, meio como uma mudança de humor/felicidade com o resultado), e assim diria que as escolhas do quarteto foram bem trabalhadas, tendo um resultado interessante de ver.

Enfim, é um filme rápido, bem trabalhado e que tem uma síntese que funciona dentro da proposta, mas que dava para terem trabalhado algo ficcional mais intenso, algo mais cheio de nuances, e até mesmo mais criativo, que aí sim poderíamos classificar ele como uma ficção realmente, pois acabou sendo algo mais cotidiano que não vai chamar tanta atenção de um público maior. E é isso pessoal, não diria que recomendo o longa para muitos, pois já frisei que faltou ficção para chamar atenção, mas em casa quem sabe até vale um play. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Tinnitus

6/20/2023 11:33:00 PM |

Alguns longas de terror têm a capacidade de arrepiar mesmo sem ter cenas sangrentas ou perseguições de assassinos, pois trabalham tanto com o psicológico do público junto com o protagonista que acabamos entrando na densidade da trama e vivenciando aquele sofrimento ou doença, e com o filme "Tinnitus", que entra em cartaz nos cinemas na próxima quinta 22/06, vemos a protagonista quase surtar com o zumbido no ouvido que adquire após um tempo saltando em uma competição, vemos uma outra atleta começar a replicar tudo o que ela faz, e vemos ainda problemas de relacionamento e amizades, de tal forma que tudo vai se intensificando e ficando tão marcante e denso que sequer imaginamos como o filme poderia terminar, e vos digo, é aterrorizante! Ou seja, fazia tempo que um filme nacional de drama/terror não causava tanto incômodo em mim, e só por isso já merecia todas as recomendações, mas a trama ainda consegue ser boa ao passar um pouco sobre a doença, um pouco sobre o conviver com o silêncio, e ainda trabalhar cenas bem empolgantes de um esporte que só de se pensar em pular de uma plataforma de 10m já é maluquice, quanto mais fazendo mil movimentos para acertar a entrada na água, e assim sendo o resultado beira a perfeição, sendo algo muito forte de ver.

A história nos mostra que Marina Lenk é uma experiente atleta de saltos ornamentais. Aterrorizada por uma súbita crise de Tinnitus, um zumbido insuportável, ela despenca da plataforma mergulhando nas profundezas de seu próprio corpo. Afastada do esporte que ama, ela troca a perigosa e desafiadora plataforma de saltos, por uma pacata vida no aquário, onde trabalha fantasiada de sereia. É possível escapar da loucura, quando o medo se esconde dentro de seus ouvidos?

Diria que o diretor e roteirista Gregorio Graziosi conseguiu se expressar de uma forma tão intensa com todo o material de pesquisa e com as dinâmicas que foram rolando durante as gravações, que acaba nos transportando para o corpo da protagonista, pois auxiliado pelo zunido na tela, o barulho nos incomoda tanto quanto incomoda a protagonista, nos vemos desesperados com aquilo, vemos a vida dela despencar ainda mais alto do que as plataformas que salta, e junto de tudo ainda tendo os vários conflitos do relacionamento com o marido e otorrinolaringologista, com a amiga de infância que sempre competiu junto, e ainda ter uma amizade meio que estranha com a nova saltadora que parece uma versão alternativa sua. Ou seja, poderia ser até mais do que apenas um único filme, mas tudo tem um bom encaixe, as cenas trabalham momentos realistas com experimentos meio que abstratos, vemos a junção e a separação dos elementos na vida da protagonista e com todos os que se envolve, e dessa forma a trama acaba indo muito além, mostrando que o diretor soube usar de técnicas e ainda ter diálogos bem trabalhados, embora alguns pudessem ser menos artificiais, mas ainda assim perfeitos em conjunto com a narrativa.

Sobre as atuações, a jovem atriz luso-brasileira Joana de Verona conseguiu trabalhar sua Marina com muita imposição, fazendo movimentos perfeitos nos saltos (aliás fiquei até na dúvida se usou alguma dublê de corpo ou treinou realmente para fazer os saltos que aparece por inteira), e ainda dimensionando bem todos os atos dramáticos com bons olhares e envolvimentos, de tal forma que conseguimos nos conectar com ela, e o resultado acaba surpreendendo. Indira Nascimento também foi bem colocada com sua Luisa, trabalhando com um ar mais puxado para o esporte, e competindo realmente com a amiga após ser abandonada, e essa química de polos repulsivos acaba sendo bem importante para o resultado do filme, de modo que vemos ela explodindo e também ajudando com forças, o que deu estilo e chamou atenção. A atriz franco-brasileira Alli Willow também deu muita personalidade para sua Teresa, funcionando quase como um espelho da protagonista, desejando ser e ter tudo o que ela é/tem, fazendo dinâmicas e olhares fortes e intensos, quase como uma diaba mesmo como é chamada pela amiga, ou seja, foi impactante e chamou a responsabilidade para que seus atos funcionassem bem na tela também. Quanto aos demais tivemos tanto André Guerreiro com seu Dr. Santos, quanto Antonio Pitanga com seu Inácio e Thaia Perez com sua Sonia dando as devidas conexões para que as protagonistas se desenvolvessem, fossem além e simbolizassem algo a mais, de modo que alguns até podem os considerar como coadjuvantes de luxo, mas acabam sendo mais elos e encaixes para que tudo funcionasse bem. Ainda tivemos participações bem colocadas da atleta Jessica Messali como uma sereia de aquário parceira da protagonista, mostrando fôlego e beleza nos movimentos ajudando a protagonista a ter ar também para essas cenas.

Visualmente a trama tem alegorias bem encaixadas no plano real, mostrando muito dos saltos e treinamentos num clube bem desenvolvido para todas as cenas ali que deram vez tanto em campeonatos quanto nos atos mais soltos (com a ótima sacada do som da torcida para dar uma empolgação maior para as atletas), tivemos atos no apartamento da protagonista com alguns momentos marcantes como o vazamento da máquina ou do apartamento de cima, alguns atos em hospitais, e também no apartamento da antagonista no bairro da Liberdade em São Paulo para relacionar a competição que irá acontecer no Japão, vendo bons elementos alegóricos e simbólicos também, isso sem falar de algumas cenas no MASP aonde um dos personagens trabalha e traz seus medos com os barulhos dos aparelhos de ar-condicionado.

Enfim, é um longa que tem alguns problemas, principalmente nos atos mais abstratos, pois chega a ser difícil se conectar tanto ali, mas ao mesmo tempo isso também é algo que dá voz e som para a produção, que aliás falando em som, os zunidos entram em nossa mente e são perfeitas escolhas que o diretor soube colocar nos atos principais. Ou seja, é um filmaço que vale demais a recomendação para todos, e que espero que chegue na maioria dos cinemas, pois é uma doença que tem atingido muitas pessoas, e talvez não surtar igual a protagonista junto com o tratamento seja a melhor solução, mas como um bom filme de terror dramático, o resultado acaba indo para outros rumos, e isso vai surtar quem estiver assistindo realmente. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um longa que virá nas próximas semanas para os cinemas, então abraços e até logo mais.


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Star+ - Abestalhados 2

6/19/2023 11:18:00 PM |

Quando vi o trailer de "Abestalhados 2" em várias sessões nos cinemas só pensava o quão maluco ia ser a trama para vender para o público algo tão maluco, mas eis que passou a estreia e não chegou aqui no interior em nenhuma sala escura, mas hoje zapeando as plataformas de streaming vi que tinha ele na Star+, e para homenagear o Dia do Cinema Brasileiro, nada melhor do que ver uma super produção sendo produzida com todo o orçamento sendo gasto em uma única cena, com investidores malucos que são presos, com gravações dando errado e tudo mais que pudesse acontecer com uma produtora de comerciais que decide fazer um longa metragem, sendo documentado por uma jovem que está fazendo o making of, e claro que acabou virando esse filme. Diria que a trama é tão maluca e absurda que o resultado acaba sendo genial e divertido de ver, principalmente se você já fez ou participou da execução de um filme, pois tudo pode acontecer por trás da magia do cinema, tudo pode dar muito errado e acabar dando certo, e mesmo com personagens estranhos o resultado do filme acaba sendo muito bacana de ver. Claro que passa bem longe de ser uma obra-prima da comédia nacional, mas é engraçado, tem boas sacadas, e acaba sendo inteligente dentro da proposta, o que faz valer a conferida, e olha que se tem alguém que reclama das comédias zoadas nacionais sou eu, então posso dizer com propriedade que o absurdo funcionou.

A sinopse é bem simples e nos conta que quatro amigos compartilham o sonho de fazer um grande filme de ação e nem mesmo o enorme talento deles para se meter em complicações vai fazer com que desistam de realizá-lo.

Diria que os diretores e roteiristas Marcos Jorge e Marcelo Botta usaram toda sua experiência em filmes e produções audiovisuais para criar e desenvolver a ideia do longa, pois é nítido na tela toda a desenvoltura em cima do tema que mesmo o mais jovem diretor nacional sabe aonde tudo pode dar errado, e hoje a maioria quer competir com filmes de ação recheados de efeitos, produzir com elenco cheio de estrelas e tudo mais, mas na hora que vai fazer as contas do orçamento mal dá para fazer uma grandiosa cena de fechamento, então o que fazer para gravar todo o restante, e aí é que a bagunça entra, e claro que com bons atores cômicos o resultado acabou fluindo melhor ainda. Claro, é nítido também o excesso de cenas para forçar o riso, e isso tem de ser levado em conta, mas para quem for do meio e acabar conferindo, muito passará tranquilamente, pois acaba não sendo forçado, mas sim real todo o perrengue por trás da magia cinematográfica que só funciona na tela grande.

Sobre as atuações, diria que Paulinho Serra foi bem encaixado na ideia de um diretor exagerado e cheio de disposição para mudar de opinião de acordo com o que precisava fazer, de modo que seu Paulo tem estilo, tem uma boa desenvoltura e acaba brincando bastante com toda a ideia do seu filme, o que acaba sendo bem divertido de ver. Já Raul Chequer fez o tradicional roteirista que tem ideias mirabolantes, quer ter diálogos para tudo, pensa demais e se envolve demais com o que escreveu, de tal forma que seu Manuel por vezes parece o famoso chato da turma, mas se encaixa com personalidade para o que o papel necessitava. Felipe Torres trabalhou seu Alex com um bom gracejo, mostrando aquele que dá o sangue mesmo pelo filme, vende o apartamento para conseguir algo, arruma confusões com tudo, mas quer uma iluminação visual incrivelmente bem encaixada e faz de tudo para isso, sendo engraçado os trejeitos meio desesperado dele na trama. E por fim Leandro Ramos entrega as sacadas do som, que é sempre aquele que ouve algo que está dando interferência, tem as ideias mais bizarras para tudo, e o ator se diverte mostrando técnicas e se apaixonando quando ganha tudo o que desejava para criar sons. Ainda tivemos muitas participações especiais no filme e vários personagens meio que aleatórios, tendo destaque para Nicola Siri com seu Paolo, um investidor milionário que tem das suas artimanhas coisas não muito legais realmente.

Visualmente a trama é bem sacada, tem efeitos bem colocados, locações bem malucas como o meio de uma comunidade para gravar cenas de perseguição e também um comercial de margarina e de combate ao frio, faz cenas numa praia, tem a produtora que grava desde filmes pornôs até programa de culto evangélico, passando por propagandas de todo tipo e com isso tendo elementos cênicos espalhados de todos os tipos possíveis, tiveram um grande estúdio cheio de tecnologia por alguns momentos, uma festa imensa e claro uma grandiosa reunião para vender seu produto, ou seja, a equipe de arte brincou bastante do começo ao fim com muitos elementos alegóricos e uma criatividade sem tamanho para o resultado funcionar.

Enfim, confesso que fui esperando algo pior e até mais tosco para o que seria mostrado na tela, mas que sendo do meio que são os personagens, acabei me divertindo bastante, o que sei que não deverá acontecer com um público mais comum, porém como a trama força a barra e tem situações bizarras, o riso acaba acontecendo, então acaba valendo também a indicação para quem gosta de comédias mais bobas do que as normais. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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