Carcereiros - O Filme

11/29/2019 01:35:00 AM |

Posso dizer que fiquei com muito medo de ir conferir "Carcereiros - O Filme", pois como não vi a série, pensei que não iria entender nada, mas felizmente como o protagonista falou em um daqueles programetes que passam antes de outros filmes do Flix Channel, é um filme a parte, que é bem explicado no começo durante a abertura do longa quem é quem, e praticamente vemos um longa bem estruturado, com bons momentos de tensão, uma dinâmica com ritmo bem encaixado, e com uma história funcional para contar. Porém, acredito que dar uma vertente surpreendente e quebrar ela no final é algo que fica estupendo, que o queixo cai, que saímos surpresos realmente da sala, mas quando isso ocorre na metade do filme, e fecha de uma forma tão brochante como foi o caso aqui, o resultado desanima bastante, e acabamos mais reclamando do que vemos do que tudo de bom que o filme entregou, e infelizmente não foi satisfatório essa pegada escolhida, que talvez na série até funcionasse, para irem além em outro capítulo, mas aqui poderiam ter focado muito mais nos carcereiros mesmos, ou até ir para o rumo do preso importante, mas não criar uma destruição em massa pelo simples motivo colocado. Ou seja, é um filme com uma tremenda produção muito bem feita, com uma história que começa bem, mas desanda tanto, que se estivéssemos falando de comida, foi como se tivessem queimado tudo e entregado o prato queimado para comermos.

A trama nos conta que Adriano é um carcereiro íntegro e avesso à violência, ele tenta garantir a tranquilidade no presídio, mesmo sofrendo com grandes dilemas familiares. A chegada de Abdel, um perigoso terrorista internacional, aumenta ainda mais a tensão no presídio, que já vive dias de terror por conta da luta entre duas facções criminosas. Agora, Adriano terá que enfrentar uma rebelião além de controlar todos os passos de Abdel.

Já vi diretores bem ecléticos, mas José Eduardo Belmonte é daqueles que hoje resolveu que quer rir vai lá e ataca para a comédia, amanhã está tenso já mete uma ação policial, e se o dia aparecer com passarinhos cantando já vamos com um romance, pois sua filmografia tem de tudo, e o mais engraçado, é que ele tem filmes excelentes e gigantes bombas, ou seja, é daqueles que não escolhe o que quer fazer, vai lá e faz, e isso é bom por um lado, pois sempre aparece serviço quando o cara é bom, e ruim por outro, pois acaba não tendo um estilo próprio, e aqui, acredito que ele ficou exageradamente focado na série, que quando resolveram ter um episódio mais longo, apenas criaram uma história mais completa para explicar tudo, só não souberam como usar o gancho para funcionar completamente, e dessa forma acabaram se perdendo no ensejo bacana que era toda a dramaticidade em cima de um presidiário internacional, os dramas da língua, as facções querendo pegar ele, e tudo mais que o primeiro ato em si nos entrega, para aí termos a invasão, toda a tensão, e uma mudança tão grandiosa de foco, com diversas mortes e tudo mais, que até chamaria a atenção se não fosse fechada tão grosseiramente em algo que ninguém esperava que fosse só aquilo, ou seja, Belmonte como diretor fez um tremendo filme pela desenvoltura da câmera, dos ótimos planos e tudo mais, mas foi pouco ousado em aceitar um roteiro escrito por quatro roteiristas em cima do livro de Dráuzio Varella, que sequer pensaram como cinema para criar algo surpreendente, que certamente funcionaria bem mais sem ir para esse rumo.

Sobre as interpretações, costumo dizer que Rodrigo Lombardi é um ator completo, daqueles que conseguem trazer tanto carisma para seus personagens que acabamos seguindo sua linha e torcendo para que faça o certo, e aqui seu Adriano tem personalidade, tem desenvoltura, e encaixa boas cenas, mesmo que para isso precise ficar paradinho (o que muitos atores erram de entrar em ação quando não devem), e o acerto digamos que foi muito bom de ver. Uma grata surpresa foi ver o comediante Rafael Portugal como um enfermeiro religioso, cheio de expressividade, que não chega a ser daqueles personagens que a trama dependa dele, mas chama o tom para si nas suas cenas, desenvolve o envolvimento, e na cena aonde todos estão quase mortos ele faz uma caminhada tão envolvente que agrada demais, ou seja, pode apostar as fichas no drama também. O ex-BBB Kaysar Dadour fez apenas algumas expressões chamativas para seu Abdel, falou um pouco em inglês, um pouco em árabe, algumas caras de mal, e só, nada além que fizesse o filme lhe colocar no pôster. Aliás, se formos analisar os demais personagens, praticamente nenhum chama atenção ao ponto de ter grande destaque, e tirando algumas cenas bem fortes do maluco que acha que Deus lhe tocou, e do comandante vivido por Jackson Antunes, os demais foram apenas encaixes e fizeram seus trejeitos tradicionais, ou seja, poderiam ter trabalhado tanto cada um, mas não, ou seja, apenas estiveram presentes.

Visualmente o longa entrega muita tensão dentro de um presídio, que como alguns personagens falam até parece um zoológico de tantas grades e travas prendendo os animais, de forma que fizeram gaiolas bem amarradas para que a desenvoltura da trama não saísse apenas com os tiroteios dos fuzis dos vilões, nem com as explosões, correrias e facas montadas, de modo que o visual completo do longa recaísse sobre tudo o que fosse possível usar num momento de desespero, e o ambiente em si ajuda muito, ou seja, a equipe de arte que já havia criado tudo para a série apenas usou de uma forma mais ampla, e o resultado acaba agradável. Agora quanto da fotografia, quiseram brincar com cenas escuras, muitas luzes diferentes, de forma que em alguns momentos nem vemos nada, e isso é ruim, pois parece errado demais para o filme, em outros momentos o vermelho meio que sobrepõe o preto no escuro, ficando meio bagunçado em forma de resultado.

Enfim, é um filme que serve de passatempo pela boa formatação, mas que poderia ser muito melhor se não desapontasse tanto com o desenrolar da história que soou fraca demais para tudo o que deveriam ter feito, afinal é algo completamente não condizente o que acontece no presídio para algo tão simples e banal, ou seja, quem for esperando algo a mais com o preso internacional, com tudo das facções, irá se desapontar bastante. E sendo assim, não tenho como recomendar muito o filme, mas quem conferiu a série e gostou, talvez até saia menos desapontado com o longa. Bem é isso, fico por aqui, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Irlandês (The Irishman)

11/28/2019 01:36:00 AM |

Quer viver alguns anos da máfia versus o sindicato dos caminhoneiros dos EUA em apenas 209 minutos? Se sua resposta for sim, vá com toda vontade conferir "O Irlandês" que estreou hoje na Netflix, pois felizmente Martin Scorsese conseguiu trabalhar bem a história do trio principal com muito envolvimento, muita veracidade nas atitudes de cada um, e principalmente usando artifícios da computação digital, trabalhar com um trio fantástico de atores fazendo todas as épocas do longa, criando vértices interpretativos tão bons, que mesmo nos momentos em que o filme acaba cansando um pouco, ficamos com a vontade de continuar assistindo para ver até onde vai a história. Claro que a essência da trama é pesada, afinal estamos falando de pessoas que resolviam seus problemas pintando as paredes das casas de seus inimigos de vermelho, mas sabiamente vemos o envolvimento afetivo entre o trio ser desenrolado de uma maneira tão bem trabalhada, que acabamos quase virando amigos deles nessas longuíssimas três horas e meia, mas se você acha que paramos depois, a resposta é não, pois a Netflix também soltou na sequência mais 30 minutos com o trio principal debatendo a história e as filmagens com o diretor, e acaba sendo mais uma delícia conferir e se assustar com como eles estão velhos! Ou seja, é o famoso candidato a levar muitos prêmios nas premiações principais do ano, e só por isso já vale a conferida, mas é um filme bem trabalhado, e felizmente não decepciona como muitos.

Contado através da perspectiva do veterano da Segunda Guerra Mundial Frank Sheeran, um assassino profissional que trabalhou ao lado de algumas das personalidades mais marcantes do século 20, o filme aborda um dos grandes mistérios da história americana – o desaparecimento do lendário líder sindical Jimmy Hoffa – e se transforma em uma jornada monumental pelos corredores do crime organizado: seus mecanismos, rivalidades e associações políticas.

Todos sabemos de como o diretor Martin Scorsese é incrível nas suas produções, e aqui ele não apenas usou toda sua experiência em filmes de gangsteres, como juntou tudo da carreira, conhecimentos tecnológicos que teve nos últimos filmes, e junto de grandes amigos ainda conseguiu pegar um elenco de primeira linha para fazer algo que saísse da caixinha, pois já vimos diversos filmes de máfia, já vimos diversas possibilidades de séries politizadas, mas fazer um filme de quase 4 horas, que não ficasse monótono, não necessitasse de capítulos, e principalmente não amarrasse num estilo novelesco é algo completamente inédito, e aqui além de tudo isso, graças aos recursos computacionais atuais, ele pode contar com os mesmos atores em todas as épocas, não precisando treinar trejeitos de cada um dos atores para que se conhecessem, ou pegar jovens completamente despreparados para os diversos papeis, mas sim pegar três monstros da atuação, falar para que eles atuassem para 15 lentes de 5 câmeras diferentes, e depois fazer a mágica acontecer, e posso dizer que é estranhíssimo ver os três em cena, e depois ver eles no bate papo com o diretor ao final dos créditos, parecendo realmente que o diretor voltou no tempo para filmar eles nas suas juventudes, e que aqui entregassem com personalidade na montagem de uma história densa, cheia de problemas fortes entre quem mandava mais nos EUA na época, e que resultou em um crime bem forte e diferente. Ou seja, a trama tem conceitos politizados, tem dinâmicas criminais bem trabalhadas, tem muitas cenas de julgamento, tem envolvimento afetivo familiar, e tudo mais que você pense, afinal é mais do que um simples longa metragem, são quase quatro horas incríveis, que sim, cansam bem no miolo, mas que não nos deixa desconectar, e que sentado em uma boa poltrona ou sofá vai ser uma bela passagem de tempo.

Sobre as atuações, é até interessante pararmos para analisar a quantidade de personagens tem no filme, pois como trabalhou com personagens que existiram realmente, já que o filme é baseado em um livro que conta uma possível versão da história, a todo momento vemos fulano morreu no ano tal com tantos tiros na cabeça, ciclano morreu disso, então o filme em si se formos parar para falar de cada personagem passaríamos a noite aqui, e o filme nem faz tanta questão da maioria, o que é ótima, mas sim do trio protagonista, então vamos focar neles. E para começar temos falar claro de Robert De Niro com seus 76 anos, mas entregando desde um jovem recruta, passando pelos 30/40 no miolo até chegarmos numa velhice bem maior do que está hoje com seu Frank, trabalhando com uma sensibilidade para o personagem, envolvendo seus diálogos com tons fortes e imponentes em diversos momentos, e em outros com muito envolvimento e boas colocações, o que faz dele perfeito para o papel sem dúvida alguma, só colocando um adendo para a lente de contato azul que em diversos momentos ficou meio que estranha de ver, mas isso não é um problema seu, e sim da filmagem. Na outra ponta tivemos também Joe Pesci com a mesma idade, mas que já estava bem sumido das produções, entregando um Russell tão imponente, cheio de virtudes interpretativas com olhares, com trejeitos nas mãos (clássicas de italianos) que ainda velhinho fez gestuais tão bem colocados que mesmo sendo um tremendo mafioso do mal mesmo, acabamos nos afeiçoando demais com o que faz, ou seja, perfeito também. E claro, temos de falar de Al Pacino até mais velho que os dois, porém irreconhecível como Jimmy Hoffa, entregando todas as características imponentes que vemos nos diversos presidentes sindicais, mas também com uma gana marcante em cada movimento, em cada símbolo que faz em cena, ou seja, muito perfeito também. Quanto aos demais, vale dizer que foram bem interessantes nos devidos momentos, sem destacar ninguém, afinal serviram de base para o trio apenas, mas valendo frisar que todos da terceira idade se saíram muito melhor que os jovens em cena, que aparentavam estar até com medo dos monstros sagrados do cinema.

O mais engraçado de ver no filme é que estamos falando de um longa de época, e foram bem sagazes em filmar a maioria das cenas em locações fechadas para criar os ambientes de uma maneira coesa sem precisar se preocupar tanto com locações, mas que ambientaram cada uma das casas, dos boliches, bares, restaurantes, festas, clubes, prisões e tudo mais com precisões ímpares para que cada momento fosse incrível de vivenciar, e principalmente para que viajássemos para o momento em que o filme se passa, e esse acerto foi algo que a equipe de arte pode levar para casa prêmios com muita felicidade. Sobre a maquiagem digital, que rejuvenesceu os três protagonistas, só tenho uma palavra: medo, pois agora com essa tecnologia acabou de falar que precisam de determinado ator de um biotipo X para um papel Y, afinal agora é só pegar alguém perfeito de interpretações, e mudar tudo no computador, pois não vemos falhas em momento algum (tirando o fato das lentes de contato azuis ficarem sem movimento em algumas expressões do protagonista), e isso foi incrível de ver.

Enfim, é um tremendo filme, que cansa sim, não vou negar que me vi com os olhos pesados em diversos atos mais calmos da trama, mas que não vejo ele sem toda essa duração, pois perderia muitas cenas importantes, e talvez o corte não entregaria uma obra tão completa de situações. Ou seja, veja ele com calma, num momento que estiver descansado, preferencialmente em um sofá ou poltrona bem confortável (não recomendo cinemas infelizmente, pois ninguém irá aguentar ficar quase 4 horas sentado numa cadeira não tão confortável), de modo que o lançamento na Netflix foi certeiro para ver em casa (friso em casa, pois ver em um celular é sacanagem para estragar tudo o que o filme propõe!). E assim sendo, não darei nota máxima por esses motivos de cansar, de ter algumas leves falhas, mas com toda certeza recomendo muito ele para quem gosta do estilo, pois outros irão odiar, e é isso, vou ficando por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até breve.

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Netflix - Meu Irmão (Mon Frère) (Brother)

11/26/2019 12:48:00 AM |

Um dos pontos positivos das plataformas de streaming é ver alguns filmes que certamente não apareceriam nos cinemas do interior, por geralmente serem produções pequenas, com propostas diferentes, que as vezes até são interessantes, outras nem tanto, e um exemplar claro disso é o longa francês "Meu Irmão" que estreou essa semana na Netflix, e que trabalha a vida de um jovem em um recinto para jovens delinquentes que aguardam julgamento pelos seus atos, e que trabalha bem como é a vida nesse ambiente, e vemos que não é muito diferente do que ocorre em outros países, inclusive aqui, mas que a base da essência do filme fica totalmente nos atos da mente do protagonista, que julga certo ou errado cada momento, e o filme tem essa densidade boa por ali, e dá até para discutir mais sobre. Ou seja, é um filme para dialogar sobre, e mesmo que o final seja apenas direto, temos muito mais para analisar no miolo do que apenas o entregue.

A sinopse nos conta que por querer proteger seu irmão mais novo de um pai violento demais, Teddy, um jovem sem história, é acusado do assassinato de seu pai e enviado a um centro educacional fechado, aguardando seu julgamento por parricídio. Ele então mergulha em um universo brutal do qual ele não conhece as regras.

Diria que o diretor e roteirista Julien Abraham teve uma didática bem trabalhada de como funcionam esses centros educacionais, aonde muitas vezes os jovens entram lá bem e não saem tão bem com tudo o que rola, pois claro que a maioria teve grandes motivos para estar lá, muitos acabam sendo piores ainda, e que por lá o rigor ser mais light, pelos educadores, o resultado as vezes acaba indo para rumos inesperados. Ou seja, o diretor quis mostrar de uma forma impactante que esses centros muitas vezes são piores que as próprias prisões em si, e que claro a melhor forma de ataque às vezes é a defesa, então com atitudes fechadas, excessos comedidos, e uma boa dose de tensão entre os jovens, conseguimos ver o filme praticamente quebrado em quatro atos: o crime em si que aparece bem picado durante toda a produção, o começo da vida do jovem no centro com seus dilemas e atitudes, os momentos tensos já na segunda fase no centro com a chegada de Mo, e a fuga/road-movie com o descobrimento de outras situações da vida, de forma que tudo acaba se montando bem, mas ainda assim cada elo pareceu muito solto, e poderia ter ido mais de frente para com o impacto, tornando a trama menos aberta. E sendo assim, não acho errado como foi feito, mas talvez não seja tão incisivo na vida de muitos, mas ao menos passa uma boa ideia para reflexão.

Sobre as atuações, posso dizer com certeza que o jovem MHD caiu bem para o personagem de Teddy, trabalhando de forma introspectiva em suas cenas, fazendo olhares densos, e principalmente mostrando atitude quando precisava aparecer, de modo que seus atos funcionam, e o público certamente irá torcer por ele, pois consegue chamar para si a responsabilidade cênica, e fazer do protagonista algo funcional. Darren Muselet entrega também muito para seu Enzo, que inicialmente chegamos com muito ódio pelo personagem, mas que tem uma reviravolta forte ao ponto de até ficarmos com uma certa pena dele, e assim como o protagonista, mudar de lado, e isso soa interessante demais para a proposta do filme, de modo que a forma expressiva do ator ajudou muito nessa composição. Quanto aos demais, diria que todos deram bons encaixes para cada momento do filme, desde os diversos outros jovens com suas rebeldias, com destaque claro para o imponente Najeto Injai com seu Mo, mudando todo o ritmo do centro, a psicóloga com seu ar sereno, mas impondo força nas dinâmicas que encontra com os dois protagonistas, e claro o jovem Youssouf Gueye com seu Andy, que trabalhou bem as virtudes do personagem, saindo muito bem nos encaixes cênicos, e tendo um grande desfecho para a trama, ou seja, todos foram bem.

No conceito visual a trama nem tentou nenhuma ousadia, sendo um centro bem simples, com quartos espalhados sem muitas firulas cênicas, de modo que pode ser visto quase como uma casa tranquilamente, tirando as cercas ao redor (que são também bem simples), alguns elementos cênicos como armas, vassouras, telefones, bonés, entre outros para ter os atos de quebra, e alguns carros para a fuga, de modo que nada cria uma perspectiva mais forte, sendo que o filme em si tem o conteúdo forte, com cenas fortes, mas o ambiente em si poderia estar ocorrendo em uma escola, em qualquer outro canto que não diferenciaria o local em si, ou seja, poderiam ter trabalhado um pouco mais o ambiente para que o filme ficasse mais tenso visualmente.

Enfim, é um filme bem interessante de ideias para se discutir, mas que falha principalmente na montagem meio que bagunçada, que é até simples de entender, porém sem atitudes coerentes para que o ensejo ficasse mais forte e comovente, e o fechamento ficou rápido demais para tudo o que precisaria ocorrer para emocionar, enrolando demais na apresentação, e tendo um miolo completamente bem trabalhado, e sendo assim, até recomendo o filme, mas poderiam ter ido muito além do que foi mostrado. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Um Dia de Chuva em Nova York (A Rainy Day In New York)

11/25/2019 12:34:00 AM |

Se tem um diretor que não desliga é Woody Allen, que praticamente colocou como meta até o fim da vida ir fazendo um longa por ano sem parar, e como em 2018 não entregou nada, era esperado que esse ano seu filme fosse bem light, como um retorno direto às suas origens de filmes amorosos, com personagens refletindo sobre a vida, vários desencontros e encontros, e certamente quem for conferir "Um Dia de Chuva em Nova York" certamente verá isso, de uma maneira bem gostosinha, leve, cheia de bons atores jovens trabalhando para aparecer bem, com interpretações precisas, e claro, todo o estilo Woody Allen presente do começo ao fim, de modo que vemos o filme acontecer tão cheio de dinâmicas e diversas boas colocações que ao final já até imaginávamos o que aconteceria, mas sabiamente o diretor foi trabalhando a jogada e envolvendo o público até o desfecho bem marcado. Ou seja, está longe de ser uma obra prima de Woody como já vimos em "Meia-Noite em Paris", mas conseguiu ser gostosa ao ponto de esquecermos os anteriores que foram bem mornos, e sendo assim, já vale a conferida.

O longa nos mostra que apaixonado por Nova York, Gatsby decide passar um fim de semana na cidade ao lado de Ashleigh, sua namorada. No entanto, aquilo que era pra ser uma aventura romântica acaba tomando um rumo inesperado. Aspirante a jornalista, Ashleigh conhece o diretor de cinema Roland Pollard, que a convida para a exibição de seu mais recente trabalho. Gatsby, por sua vez, encontra Chan, a irmã mais nova de sua ex-namorada, com quem passa o restante da viagem. Um dia de chuva em Nova York será o suficiente para fazer com que Ashleigh redescubra suas verdadeiras paixões e Gatsby aprenda que só se vive uma vez - mas que é o suficiente se for ao lado da pessoa certa.

Todo mundo que já viu um filme de Woody Allen sabe dos defeitos e preceitos que ele costuma incorporar em suas tramas, desde um protagonista que falará com a câmera ou com o seu inconsciente, veremos desencontros amorosos e mudanças de paixões, veremos cenas climáticas bem elaboradas para criar conflito, e claro, muita emoção afetiva entre os casais, com olhares e toques muito mais emotivos do que relacionamentos em si, e aqui Woody não economizou em nada disso, brincando com cada momento, retratando personalidades diversas, e trabalhando sua câmera por diversas locações com muita simplicidade de movimentos, muito desejo pelos atos em si, e fazendo com que seu filme soasse correto dentro de tudo o que desejava fazer, pois mesmo sendo um filme razoavelmente curto para os padrões com apenas 93 minutos, ele conseguiu criar um ritmo mais lento que sem atrapalhar a dinâmica, o resultado parecesse maior, e isso é um feitio bem trabalhado, que acaba agradando visualmente sendo bem tramado, o que poderia dar muito errado, pois poderia cansar, e pelo contrário, acabamos nos envolvendo nessa dinâmica. Ou seja, é um filme simples, gostoso de ver, com bons atos, com uma história bem montada, e que funciona, e sendo assim, vemos Woody voltando a ser doce, o que vale muito a pena de pontuar, e claro, assistir.

Sobre as interpretações, como é bem comum nos filmes de Woody, vimos um Timothée Chalamet bem solto como um alterego do diretor, com frases românticas das antigas, tocando piano, e praticamente saboreando as palavras com seu Gatsby, de modo que o jovem ator conseguiu a proeza de movimentos sutis, com um andar quase embriagado, de forma que o envolvimento carismático com ele fica bem interessante em praticamente todas suas cenas, ou seja, um grande acerto. Elle Fanning conseguiu também segurar bem o baque, estando quase que ligada no 220 com sua Ashleigh, brincando com grandes atores, fazendo olhares, trejeitos, e muita desenvoltura para a personagem sendo mais como uma fã do que como uma jornalista realmente, mas foi bem no que fez cenicamente. É sempre engraçado ver Selena Gomez, pois parece que a atriz se mantém sempre jovem, e aqui sua Chan pelo que é falado no filme é até mais nova do que aparenta, afinal era a irmãzinha de uma namorada do protagonista, e assim sendo bem mais nova que o protagonista que já é bem novo, ou seja, fez uma jovem bem trabalhada, cheia de dinâmicas diretas nos diálogos, de forma que acabamos gostando de sua personalidade. Liev Schreiber acabou entregando um Pollard meio fraco de atitudes, pois sendo um grande diretor em crise, deveria ter se soltado mais, feito desenvolturas mais rebeldes, mas apenas some de cena, e isso não era o esperado dele. Já por outro lado, Jude Law não desperdiçou nem um pouco seu estilo para com seu Ted, de modo que vemos ele com um visual bem diferente, cheio de trejeitos bem sacados, desespero de estar sendo traído, e muitas boas sacadas nos diálogos com a protagonista. Diego Luna entregou para seu Francisco Vega todo o ar de galã casual que vemos em diversos atores de Hollywood, e embora tenha se jogado no estilo, o jovem fez bem seu papel. Quanto aos demais, diria que foram bem, não sendo nada que chamasse muita atenção, mas também não sendo jogados apenas na trama, de modo que o diretor soube pegar um pouquinho de cada em suas cenas.

Visualmente não diria que o filme fique nem perto das obras mais bonitas de locações do diretor, pois Nova York tem seu charme, a trama passa por hotéis, bares-pianos, museus, estúdios e salas interessantes, com festas e lugares com figurinos de pompa, mas faltou aquele ar dramático que geralmente Woody consegue captar do ambiente, e mesmo que aqui o protagonista ache romântico uma chuva em um passeio, estar se molhando junto do amor, isso ficaria bonito em uma garoa simples, com um fundo bem visual, não uma paisagem cinza debaixo de uma tempestade, como foi o caso aqui, pois o resultado acabou parecendo algo não bonito, mas sim uma gripe preocupante quase para virar pneumonia. Ou seja, faltou um ar noir para que o filme encontrasse estilo, e o resultado chamasse mais atenção nesse quesito, pois não é algo ruim de ver, só não é algo impressionante como costumamos ver na maioria dos longas do diretor.

Enfim, volto a frisar que é um longa bem gostoso de conferir, que tem uma levada dinâmica, simples e efetiva, que faz com que o público viaje nas cenas que o diretor propõe, claro que já vimos outros filmes mais bonitos, outros mais emblemáticos, e até aqueles que nos transportaram mais para um mundo além do diretor, mas aqui a garantia é que ele voltou a fazer um cinema doce, que mesmo tendo alguns desfechos não tão bonzinhos, acaba sendo bem agradável e resulta em algo que vamos curtir depois sentindo ainda o piano tocar de fundo. Ou seja, vale muito a conferida, mesmo com os vários deslizes que a trama entrega, e sendo assim, acabo recomendando bastante para quem gosta do diretor, e também para aqueles que gostem de um filme levinho. Bem é isso pessoal, encerro por aqui os filmes do cinema dessa semana, mas volto em breve com mais alguns lançamentos do streaming, então abraços e até logo mais.

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A Grande Mentira (The Good Liar)

11/24/2019 02:11:00 AM |

Tem alguns estilos de filmes que já estão tão marcados que vamos conferir eles meio que já preparados para todas as partes, e apenas ficamos esperando para saber qual vai ser a desculpa de estarem fazendo tudo, qual o momento da reviravolta, e que alguém vai se lascar na mão de outro, e mesmo sem ver o trailer de "A Grande Mentira", só pelo pôster e pela sinopse já fui conferir tendo a certeza absoluta de que o longa se encaixava nesse estilo. Ou seja, o filme já chega datado, e mesmo que a forma encontrada para o miolo de desenvolvimento seja algo bem trabalhado, acabamos vendo algo estranho de se captar, e que chega a beirar o exagero técnico para não dizer que a mentalidade foi além demais. Claro que o filme tem seus méritos, consegue soar denso pelas ótimas atuações, mas o roteiro é tão aberto para furos que ficamos impressionados com o que foi entregue de maneira abusiva, e assim sendo, muitos vão rir das situações, outros vão ficar intrigados, mas uma coisa todos irão concordar, o filme usa de uma forma de bolo tão usada, que mesmo sabendo que o sabor do bolo vai ser bom, tá na hora de descobrirem como renovar esse formato, senão daqui a pouco ninguém mais vai querer ver esse estilo de filme.

O longa nos mostra que o golpista Roy Courtnay mal consegue acreditar em sua sorte quando conhece a viúva endinheirada Betty McLeish online. Quando Betty abre sua casa e vida para ele, Roy fica surpreso ao perceber que está se afeiçoando a ela, transformando o que deveria ser somente mais um golpe na corda bamba mais traiçoeira de sua vida

O que mais me intriga é ver Bill Condon que é um grande diretor de suspenses investigativos recair nessa trama que é baseada em um livro, e que digamos foi adaptada para os cinemas meio que como um caça níquel, pois não vemos nenhuma das suas atitudes casuais, não vemos algo que nos surpreenda, e até mesmo a história final é jogada de lado pelas convicções trabalhadas, ou seja, o diretor foi seguindo uma linha tão comum que mesmo na hora que chegamos ao final e é revelado tudo, ficamos levemente surpresos com tudo o que ocorreu, mas ficou parecendo um artifício pronto para tapar um buraco imenso, não sendo algo revelador daqueles que o queixo cai. Claro que estou sendo extremamente crítico por já ter visto diversos longas do gênero aonde fomos surpreendidos com situações abrangentes que não esperávamos, e aqui envolver um período histórico, desenvolver um passado dos jovens, e tudo mais, foi bem criado, mas diferente do casual, não soou verdadeiro, parecendo até ser uma segunda mentira maior, o que certamente se fosse usado essa artimanha seria incrível e chamativa, mas não, apenas a usaram, e deixaram como uma verdade, o que acaba mostrando uma certa fraqueza do diretor.

Diria que o filme só não foi por água abaixo pelas ótimas interpretações que a dupla principal entregou para a trama, pois Iam Mckellen se verte perfeitamente para seu Roy com olhares, com dinâmicas, e fazendo desenvolturas cênicas tão precisas quanto um jovem trapaceiro de primeira linha, de tal forma que vemos aquele vôzinho bem colocado fazendo atos tão sacanas que tudo resulta em algo bem montado. Da mesma forma Helen Mirren, nossa eterna rainha, se doa para sua Betty com trejeitos calmos, sintonias bem armadas, e que sutilmente fecha com chave de ouro suas cenas sempre estando preparada para o próximo ensejo, fazendo com que ficássemos sempre esperando sua armadilha sorrateira, que demora um bom tanto, mas que acaba saindo de uma maneira bem colocada. Quanto aos demais, diria que Jim Carter foi bem coeso de olhares com seu Vincent, Russel Tovey entregou uma personalidade bem forte para seu Stephen (que ao final é completamente diferente!), e que faltou muito para acreditarmos nas cenas de Laurie Davidson como Hans, pois o jovem foi muito inexpressivo, e isso em filmes densos é uma falha gravíssima.

Visualmente o longa possui três momentos bem separados, o primeiro com a ambientação dos golpes do protagonista, em salas de reuniões chiques misturadas com um ar russo, mostrando uma Londres meio que diferente do usual, e bem detalhada pela forma do golpe, num segundo momento vemos a casa simples da protagonista, com detalhes cênicos doces bem leves de ver, que acabam mudando o ar completo da trama, inclusive com uma viagem para Berlim, aonde o filme se desmonta inteiro, claro que antes tendo uma cena bem feia de crime, que não esperávamos ver. E por último ao irmos para Berlim, o filme volta no tempo para 1948, aonde vemos acontecimentos como foi a vida do jovem Hans em suas desenvolturas na cidade, que dão um tom completamente diferente para o filme, que até tem um bom elo tramado, mas não agrada como deveria. E o bacana de tudo isso é que a equipe de fotografia não deixou apenas nas mãos da equipe de arte para retratar tudo, usando tonalidades bem diferentes para cada momento, que entregam as formas dramáticas de cada um, com dureza, leveza e dramaticidade determinadas perfeitamente.

Enfim, é um filme casual que já vimos acontecer muitas vezes no cinema, que até tem ritmo bem pautado sem cansar ninguém na sala, mas que não empolga com as surpresas que ocorrem, e isso é ruim para o gênero, então diria que vai agradar somente quem gosta muito do estilo, e principalmente os fãs dos atores, pois serve para ver que ambos ainda dominam muito o estilo interpretativo nas idades que estão, e só por isso já se faz valer a conferida. Então fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal ainda temos bons filmes para conferir na semana, deixo aqui meus abraços e até breve.

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O Reino Gelado - A Terra dos Espelhos (Snezhnaya koroleva. Zazerkale) (The Snow Queen 4: Mirror Lands)

11/23/2019 07:28:00 PM |

Simples e entregando o básico, essa é a melhor definição para "Reino Gelado - Terra dos Espelhos", que é a quarta parte da franquia russa que vem entregando magia, aventura e bons elos divertidos. Claro que o filme não é nada surpreendente, mas trabalha bem tudo que já vimos das outras vezes, com um resultado não muito empolgante, mas com bons elos brincando com ciência versus magia de uma maneira bem agitada e bobinha, o que acaba agradando os menores, e quase faz dormir os maiores.

A nova trama nos conta que o rei Harald encontra uma maneira de acabar com a magia do mundo para dar uma lição na Rainha da Neve, expulsando todos que possuem poderes mágicos para a Terra dos Espelhos. Quando a família de Gerda cai na armadilha do rei, a garota fará de tudo para salvá-los, inclusive contar com a ajuda da própria Rainha da Neve.

Aqui temos a volta de Aleksey Tsitsilin que dirigiu os dois últimos filmes, junto de Robert Lence que estreia na direção depois de passar por várias animações internacionais no departamento de arte, e essa junção deu um bom tom para o design da franquia, mas ainda mantiveram uma forma calma demais na trama, o que acaba não empolgando como poderia, criando situações que funcionam pela habilidade dos personagens, mas que não envolve como deveria, de forma que o resultado deles é algo mais próxima de Tsitsilin que conheceu bem cada um, faz a volta de outros, e assim seu filme se entrega pela formatação aventureira, mas faltando dinâmicas que realmente empolgasse a todos.

Sobre os personagens e as dublagens, diria que vemos aqui uma Gerda mais forte, que busca mais ajudar a todos como já fez nos outros filmes, e aqui diria que foi a melhor dublagem de Larissa Manoela, pois trabalhou com envolvimento e empolgação em suas atitudes, fazendo com que o filme ficasse bem na personagem. Claro que o estilo russo de animações não trabalhou tanto com texturas, mas ainda assim vemos alguns bons personagens sendo criativos para com o filme, e resultando em complementos, como é o caso aqui de Rony, que foi dublado por Igor Jansen. O personagem bobinho que tínhamos nos primeiros filmes Orm, apareceu pouco em cena, mas ainda assim a voz de João Côrtes funciona para o papel. Ou seja, é um filme de descoberta dos personagens, aonde não vemos muita desenvoltura geral, mas ainda assim o resultado sai bom para os pequenos.

Visualmente o longa entrega boas cenas de vôo de balões, temos lugares bem criados, e um resultado de cores bem trabalhados, mas tudo ocorre de uma forma não muito bem dinâmica como poderia, parecendo que foi montado em partes, e dessa forma o resultado acaba não chamando tanta atenção, ficando levemente fluido, colorido e com falta de intensidade, o que não empolga. Acredito que quem for conferir o longa também em 3D verá boas cenas em movimento, pois filmes aéreos costumam funcionar nesse quesito, mas como aqui na cidade vieram horários ruins na tecnologia, optei por não ver dessa forma, e acho que não perdi muita coisa.

Enfim, é um filme simples, colorido e que é extremamente infantil, de forma que os pais que forem levar os filhos para conferir precisarão de muita paciência para não dormir na sala, mas ao menos tem momentos bonitinhos de ver, e assim o tempo passa rápido. Sendo assim, recomendo ele somente para quem já viu os demais da franquia, que vai rever personagens e ver uma nova aventura, mas que não vá esperando nada demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda irei ver mais um hoje, então abraços e até logo mais.

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A Camareira (La Camarista) (The Chambermaid)

11/23/2019 04:48:00 PM |

Chega a ser até estranho conferir filmes de atitudes subliminares envolvendo certas profissões, pois vemos a vida simples da pessoa, vemos suas ambições, e acabamos até torcendo para elas, mas o mundo nem sempre ocorre ao nosso favor, e aqui a trama é bem direta no estilo, de forma que vemos "A Camareira" como um filme ambicioso tanto por parte da diretora em mostrar a vida de uma simples camareira de hotel que almeja uma melhora em sua vida para poder criar o filho mais tranquilamente, ou ao menos num andar superior ter menos trabalho, mas com sutilezas demais o filme apenas fica casual, sem objetivos mais trabalhados, sem atitudes fortes, de tal forma que o resultado final acaba sendo tão subjetivo que não nos emocionamos, nem sentimos nada no fechamento, e isso é ruim, pois poderiam ter ido além.

A trama nos conta que Eve é uma jovem camareira que trabalha em um luxuoso hotel da Cidade do México. Ela enfrenta a solidão de longos dias de trabalho através de novas amizades e fantasias sobre os pertences esquecidos dos hóspedes, que nutrem seu recém-descoberto e determinado sonho por uma vida melhor.

O longa que é o representante do México no Oscar de Melhor Filme Internacional marca a estreia de Lila Avilés como diretora e roteirista após anos como atriz, e ela soube conduzir sua trama de maneira bem simplista, com poucas reviravoltas, mas indo direto ao ponto para mostrar a vida dura de trabalho da protagonista, seus anseios, e sua determinação no trabalho, de modo a nem ter vida fora do hotel, ou melhor, nem a vemos fora do hotel tirando as cenas finais, e essa dinâmica que foi escolhida mostrou que souberam determinar o ritmo do filme, pois mesmo sendo curto, ele acaba parecendo contar a vida de anos da personagem, e certamente essa era a ideia do longa. Claro que alguns vão cansar, outros reclamar do longa não entregar nada além, mas o filme acaba sendo bonito de ver, traz um sentimento verdadeiro de garra sem recebimento, e mostra principalmente a vida dos mais pobres, que sofrem em empregos quase escravos para subir de vida, e ninguém olha por eles, e dessa forma isso certamente chamou a atenção da academia mexicana para lhe indicar, pois não vemos nada além disso na trama, nem no desenvolvimento escolhido pela diretora, afinal em sua estreia ela não quis ousar, o que chamaria bem mais os olhares.

Sobre as atuações, como ficamos praticamente grudados em Gabriela Cartol, passamos a ser quase íntimos de sua Eve, e a jovem atriz deu um show de personalidade, transmitindo muita segurança para que a diretora lhe entregasse cenas mais densas e diretas, de forma que ela foi muito mais séria do que precisava, mas no contexto completo da trama, o resultado acaba funcionando bem, e vemos suas atitudes, trejeitos, e carismas serem certeiros. Quanto os demais personagens e atores, diria que foram apenas elos de encaixe na trama, tendo um leve destaque para Teresa Sánchez com sua Minutos mais pelos atos em si do que pela interpretação da atriz, pois ela foi simples e normal de ver, e isso não é comum no cinema.

Já que falei de vermos os demais atores quase como objetos cênicos do filme, diria que foram tão subjetivos com a cenografia também que em alguns momentos nos perguntamos se a equipe de arte realmente filmou dentro de um hotel ou não, pois até vemos locais casuais desses lugares, vemos a arrumação de quartos, lavanderias, governanças, e quase nada além disso, de modo que ou foram tão discretos em filmar sem os hóspedes lhes verem, ou fizeram composições bem semelhantes para o resultado agradar. Mas quem já foi a hotéis, verá o básico bem feito e simples.

Enfim, é um filme simpático de ver, simples de essência, mas com atitude para desenvolver a emoção, ou melhor, a sem emoção vida da protagonista, mostrando mais a falta de reconhecimento que tanto estamos acostumados a ver, que ficamos até surpresos com o nada a acontecer que o longa entrega, e isso é estranho de ver. Portanto não digo que será um filme que muitos irão gostar ou se conectar, mas que quem for conferir sabendo o que esperar poderá gostar do que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Medo Profundo - O Segundo Ataque (47 Meters Down: Uncaged)

11/23/2019 02:39:00 AM |

Antes de mais nada, alguns sites estão com uma sinopse completamente errônea falando que "Medo Profundo - O Segundo Ataque" se passa no Brasil, mais precisamente em Recife, e em momento algum temos isso no filme, já logo de cara nos situando na Península de Yucatán, no México, pois a trama trabalha um cemitério maia, ou seja, nada a ver com Brasil. Agora dito isso, contamos praticamente tudo o que se precisa saber sobre a trama do filme, que além de mostrar uma cidade maia submersa, vemos alguns tubarões brancos bem monstruosos, labirintos claustrofóbicos, mas que infelizmente falham na forma de criar a falta de ar, pois a câmera tentou pegar muito da reação das garotas e ao redor, e o filme não deu essa imersão como poderia. Ou seja, é um filme raso de ideias, que trabalha a tensão de fuga, mas que não causa a tensão como deveria causar, e o resultado é de alguns sustos em cenas que o bicho aparece do nada, e alguns momentos tão falsos que dá vontade de rir, pois tentar furar um tubarão com um dente guardado sabe-se lá onde é algo que só rindo em quem acreditar ser verdade.

A trama segue a aventura de mergulho de quatro adolescentes enquanto exploram uma cidade maia submersa. Uma vez lá dentro, a empolgação das jovens se transforma em um choque de terror quando descobrem que as ruínas submersas são um campo de caça para os grandes e mortais tubarões brancos. Com seus suprimentos de ar diminuindo constantemente, as amigas devem navegar pelo labirinto subaquático de cavernas claustrofóbicas e túneis sinistros em busca de uma saída do inferno aquático.

Uma continuação seguir na mão do mesmo diretor sempre tem vantagens e desvantagens que necessitam ser pesadas para ver se compensa ou não sair do papel, a principal vantagem é que geralmente já se conhece tudo o que aconteceu antes e dá para seguir um caminho traçado bem mais fácil, porém quando não temos os mesmos personagens (ou melhor até temos os tubarões, que podem ser semelhantes!) ficamos com um gostinho de reprise mudando apenas a localidade, e é exatamente o que ocorreu aqui com o diretor e roteirista Johannes Roberts, pois ele entregou basicamente a mesma ideia desesperadora de garotas fugindo do ataque de tubarões assassinos, só que ao invés de ser numa jaula no meio do mar, aqui temos túneis maias para dar o tom, e nada além disso, ou seja, praticamente vemos o mesmo filme com mais personagens para serem comidos, e quem ficou feliz com isso foram os tubarões digitais (que aqui ficaram bem realistas!), e mais ninguém, pois garanto que dei uns pulos em algumas cenas que surgem do nada, mas como história ficou bem mais rasa, passando longe dos 47 metros de profundidade sem jaulas que o título original diz.

Sobre o elenco, quem ficar na dúvida de quem irá morrer, e quem irá viver certamente nunca assistiu a um filme de terror com assassinos, mas ainda assim sem dar spoilers irei dar uma ajudinha, pois praticamente nem temos como olhar as expressões das garotas com as máscaras, apenas ouvir seus gritos desesperados e seus pezinhos balançantes (até claro chegarmos nas cenas finais, aonde não tem mais ar nos cilindros, então as jovens partem pra famosa apneia). Sophie Nélisse inicialmente parecia tão inexpressiva com sua Mia, quase uma garotinha de menos de 15 anos na escola, para depois se soltar completamente no mergulho e ficar com frases densas, e isso é até engraçado de ver, como se o filme passasse alguns anos até elas chegarem no local de mergulho, e diria que a jovem se saiu bem com o que fez, claro que exagerando em algumas caras e bocas, mas nada de muito impressionante. Corine Foxx até tenta se impor como uma daquelas garotas fortonas, que não tem medo de nada, que é cheia de ginga e malícias com sua Sasha, mas na hora do desespero, a gritaria é igual para todas, e a jovem até que brincou bem, sua boneca chacoalhou bastante no ar, e ela até ficou interessante de ver, mas também fez o básico apenas. A filha de Sylvester Stallone, Sistine Rose Stallone, estreando em longas mostrou a loucura tradicional do pai com sua Nicole, e chega a ser divertido o que ocorre com ela, pois mereceu sendo tão burra e desesperada. Brianne Tju pareceu esperta com sua Alexa, entregando cenas como uma mestra do mergulho, mas o desespero também não lhe ajudou, e suas cenas finais foram meio que exageradas também, ou seja, poderia ter moderado um pouco para emocionar de forma a ficar mais bacana de ver. Agora quanto aos demais, todos foram razoáveis, tirando claro os tubarões, que foram incríveis.

Já que comecei a falar dos peixões, posso dizer com toda certeza que a computação gráfica caprichou e muito no design dos tubarões brancos da trama, com muitos detalhes, com uma voracidade impressionante, e principalmente nas mortes, pois são realmente bem violentas, ou seja, acabamos assustando e muito com suas aparições, pois vem em direção a câmera sem dar tempo de olharmos para eles, e isso foi um grande acerto do filme. E claro, posso dizer também que a equipe foi bem precisa nas construções aquáticas, para criar os labirintos com uma precisão bem imponente para que as jovens nadassem bastante, e o realismo funcionasse, e dessa forma o filme acaba tendo um conteúdo visual ao menos digno, que certamente também deu muito trabalho para a equipe de fotografia, pois vemos águas turvas em diversos momentos, movimentos bruscos, e muita movimentação fora de padrão, o que faz com que as iluminações ficassem oscilantes, e por diversas vezes até difícil de ver, ou seja, poderiam ter melhorado isso.

Enfim, é um filme passatempo, daqueles que veríamos numa sessão da tarde chuvosa para rir dos personagens morrendo comidos pelos tubarões após suas burrices, mas que não temos nem como esperar qualquer história mais profunda, muito menos atuações dignas de ficarmos impressionados com qualquer coisa. E sendo assim, quem for conferir sem pretensão alguma pode até ter uma boa sessão, mas certamente não dá para recomendar como filme mesmo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Mais Que Vencedores (Overcomer)

11/22/2019 10:06:00 PM |

Confesso que fui hoje ao cinema esperando uma bomba tremenda, por vários motivos: filme religioso, o filme anterior do diretor foi lastimável, conceito motivacional e o principal, só veio cópia dublada. Ou seja, cheguei na sessão de "Mais Que Vencedores" com um caminhão de pedras para tacar no filme, e cá estava na metade do longa já envolvido com as cenas, se emocionando com a mensagem, e até relevando certos clichês que o gênero costuma entregar, de tal forma que a surpresa que a trama conseguiu trabalhar foi tamanha por diversos outros motivos, e o principal foi criar uma conexão sincera com o espectador, foi trabalhado todo o conceito emocional sem exagerar em pregações, e o principal, o filme não cita em momento algum nenhuma igreja em si, mas sim conversas com Deus, perdões, e muito controle emocional e motivacional da melhor forma possível, ou seja, um filme perfeito dentro do que foi proposto, que agrada na medida certa por fazer a emoção transparecer, e que certamente vai fazer todos molharem os lencinhos.

A trama nos conta que John Harrison é um treinador de time de basquete de ensino médio que tem seus sonhos arruinados quando a maior fábrica da cidade é fechada, fazendo com que centenas de famílias precisem se mudar. Relutante em mudar de esporte, ele se vê obrigado a treinar corredores, o que acaba o unindo com uma inusitada atleta para ganhar a maior corrida do ano.

O estilo do diretor Alex Kendrick é daqueles que podemos conferir a trama tranquilamente sabendo o que esperar, pois ele não é daqueles que invertem sínteses, não criam possibilidades para serem quebradas, e principalmente entrega com dinâmicas certas o que vamos ver diretamente, porém no seu filme anterior, "Quarto de Guerra", ele acabou entregando algo completamente sem personalidade, e quase que direcionado para um culto na telona, o que não é legal de ver, ao menos para as pessoas não tão religiosas, e aqui junto com seu irmão Stephen, foi bem criativo em ir por um caminho diferente, trabalhando mais a sintonia emocional e motivacional que a fé, juntamente com um estímulo bem moldado conseguem mudar uma pessoa, e dessa forma, com uma câmera mais ritmada, e claro, uma história tocante, conseguiu criar algo que foi muito além do esperado, não forçando a barra, nem colocando entraves cansativos no filme, de modo que vemos a hora passar rapidamente, além de entrar no clima que desejavam, e assim o sucesso foi amplo e bem colocado.

Sobre as atuações, posso dizer que a entrega de todos é bem básica, pois não vemos interpretações fabulosas, nem nada que vá fazer você ficar lembrando depois de tal artista, porém os personagens da trama são fortes e bem trabalhados, de modo que eles sim conseguem nos convencer da história e de tudo o que acaba acontecendo. O diretor também faz o protagonista John, e aqui vemos um Alex Kendrick mais centrado, sem muitas dinâmicas, e por vezes até colocado de lado para que outros aparecessem, e esse é o seu grande acerto, pois acaba fluindo nas atitudes de uma maneira certeira, e acaba sendo bonito de ver ele se emocionando também ao final, ou seja, foi bem no papel. Shari Rugby nos entrega uma Amy com personalidade bem encaixada, com emoção e sentimento nós seus atos, acabando com uma fluidez correta para o papel de mãe e esposa, que não entrega nada de muito diferenciado, mas agrada no que faz em cena. Cameron Arnett nos entrega um Thomas sereno de emoções, passando bem os olhares para longe da câmera para demonstrar a cegueira, e que com envolvimento no tom conseguiu trabalhar muito bem seus atos, fazendo com que o personagem marcasse muita presença cênica. Priscilla C. Shirer trouxe para a diretora da escola cristã Olivia o ato da oração, que além de ser bonito de ver como é passado resulta em uma cena bem colocada, e mesmo que não vá muito além disso, ela acaba sendo um bom acerto. E claro, tivemos a jovem Aryn Wright-Thompson com sua Hannah meio que sem muitas expressões, mas que tem uma boa inversão de personalidade no último ato, chamando atenção e agradando. Agora quanto aos demais, foram meros coadjuvantes, com destaque negativo para as cenas da aula de teatro completamente desnecessárias e muito ruins, que poderiam ter sido eliminadas. Sobre a dublagem, prefiro não dizer que tenha sido algo bem feito, mas que passa bem longe de ser ruim, dando para agradar com o resultado.

No conceito visual o longa não entrega também muita coisa, ficando entre o campo de treino da escola, o hospital, e algumas cenas nas casas dos protagonistas, mas a emoção se complementa com o texto da corrida final, que ali usaram um artifício muito bem trabalhado para que as cenas ocorressem com perfeição e envolvimento, o que junto de tons bem colocados dentro da dinâmica dentro do percurso de trilha ficasse bem moldado e resultasse em algo muito bem feito.

A trama contou com uma trilha sonora de primeira linha, com músicas escolhidas a dedo para que o filme fluísse em ritmo, e claro, passasse a mensagem religiosa com a letra em si, e assim sendo vale muito escutar ela depois como reflexão, e por serem gostosas de ouvir também, então fica aqui o link para todos curtirem.

Enfim, como comecei o texto dizendo estar preparado para o pior, termino o texto dizendo que foi algo incrivelmente surpreendente que me agradou demais, e que mesmo os erros mais cruciais como a dublagem fraca, as cenas desnecessárias, e a falta de uma atividade mais forte em alguns atos foram completamente irrelevantes para o ótimo resultado emocional e motivacional que o filme nos proporciona. E dessa forma acabo recomendando muito ele para todos, independentemente da crença que cada um tenha. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou para mais uma sessão, então abraços e até logo mais.


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Midway - Batalha em Alto Mar (Midway)

11/22/2019 01:40:00 AM |

Se tem um estilo de filme que consegue prender com muita imponência é o tal dos filmes de guerra, e se tem um diretor que costuma saber brincar com estilos diferentes de guerras é Roland Emmerich. Então só de ler essa inicialização você já imagina que "Midway - Batalha em Alto Mar" não tem como dar errado, e é pego de surpresa com um filme que entrega uma grandiosidade tão acima dos padrões, que se perde em ter muitos personagens importantes que precisaram ter destaques espalhados, e assim sendo toda a força do longa, com seus tiros para todos os lados e estratégias bem moldadas de ambos os lados acaba funcionando como algo forte de ver, cheio de boas desenvolturas, mas a todo momento ficamos pensando quem irá se destacar mais por algo, resultando em gastos de atitudes desnecessárias. Ou seja, ainda é um tremendo filme, que acaba agradando como um bom passatempo histórico, mas que poderia ter ido muito além se não tivesse tantos focos em cada um dos destaques, e entregasse mais sobre a guerra realmente, sendo quase que um show aonde os holofotes ficam piscando sem parar em cada membro da banda, e ficamos sem saber em quem devemos focar para melhor entender a história completa.

O filme traz a perspectiva de soldados e aviadores (americanos e japoneses) que lutaram bravamente durante a Batalha de Midway, no Oceano Pacífico em junho de 1942. Através de mensagens codificadas, a Marinha Americana conseguiu identificar a localização e o horário dos ataques previstos pela Marinha Imperial Japonesa. Até hoje a disputa é considerada pelos historiadores como um dos pontos mais relevantes para o fim da Segunda Guerra Mundial.

O mais interessante de ver os filmes do diretor Roland Emmerich é que sabemos que boa parte do que vemos na tela irá explodir em algum momento, veremos mortes, e claro personagens que irão tentar ganhar destaque durante a trama, e aqui o roteiro de estreia de Wes Took para cinema veio com a liberdade que o diretor gosta de trabalhar, dando abertura para muitos vértices, ou seja, é quase como vermos um documentário aonde os entrevistados não tem de falar nada, apenas ter suas ações e fazer acontecer, e dessa forma irem mostrando como foram importantes para os devidos atos da guerra. Ou seja, a trama tem uma desenvoltura própria diferente do que já vimos em outros filmes de guerra, mas talvez se tivessem menos personagens importantes para desenvolver e o foco recaísse mais para a guerra em si (a qual sabemos bem como foi o desfecho!), certamente teríamos um daqueles filmes envolventes, cheios de personalidade que emocionariam a todos, sem precisar de apelações, pois tinha tudo no conteúdo para funcionar. Claro que vemos muitas cenas de ação, muitos tiros, muitas cenas imponentes com aviões dando rasantes, navios sendo explodidos, e personagens fazendo caras e bocas fortes querendo ser maior que o outro, e só esse conjunto completo já faz valer a conferida, mas esperava um pouco mais da trama para emocionar com o envolvimento casual que vemos em longas de guerra, e sendo assim, o diretor poderia ter ido muito além.

Com um elenco de peso não tem como falar que qualquer um tenha ido mal em cena, pois é plenamente impossível isso, e aqui vemos desde o menor personagem sendo bem trabalhado com muito envolvimento, agradando em estilo, e funcionando bem para sua devida cena, o que acaba acontecendo como disse antes de nos perdermos um pouco em seus atos e momentos, deixando a trama em segundo plano, focando demais neles. Para começar temos um Woody Harrelson tão diferente de cabelo branco que só o reconheci pela voz, pois entregou trejeitos tão moderados para seu Nimitz que acabamos não vendo ele como alguém forte como costumamos ver. Patrick Wilson deu um tom bem denso para seu Layton, de modo que suas cenas táticas foram tão bem executadas, com olhares, envolvimentos e tudo mais que fez com que o ator se destacasse, e levando junto ainda Brennan Brown com seu Rochefort excêntrico, mas bem chamativo. Claro que o filme tem grande destaque para o papel forte de Ed Skrein com seu Dick Best, pois ele cativa bem o misto entre vingança, loucura e emoção, e que ao entregar toda uma personalidade imponente para o papel, ainda levou na garupa a trama com um bom envolvimento da mulher forte vivida por Mandy Moore, e o jovem Keean Johnson como Murray que meio que adotou dentro do seu grupo, ou seja, temos um trio bem pautado que funciona. Luke Evans brincou bem com seu McCluski, de forma que aparece meio que secundário na trama de Skrein, mas entrega boas cenas. Ainda temos Aaron Eckhart entregando um Doolittle cheio de vertentes mais no chão, e que apareceu bem rapidamente, mas foi funcional. E ainda tivemos as participações rápidas e imponentes com Nick Jonas fazendo um Gaido sério e cheio de personalidade, além de Geofrey Blake nem sendo importante como ator, mas sim mostrando o diretor John Ford filmando seu documentário ganhador do Oscar de 1942, o que acaba sendo bem legal e maluco de ver. Do lado japonês, diria que conseguiram passar a fidelidade incrivelmente séria de todos os artistas, não dando para destacar nenhum, pois todos foram muito bem no que fizeram.

Quanto do conceito visual, é fato que todos os filmes de Emmerich possuem uma realidade fora do padrão, mesmo quando seus filmes envolvem coisas irreais, então quando temos algo que aconteceu mesmo o prezo é ainda maior com detalhes, mostrando embarcações imensas, aviões incríveis, muitos (mas coloque muitos aí, que não é algo comum) tiros para todos os lados, de forma que ficamos até pensando como conseguiam errar (ou melhor, os pilotos desviar), de tanto que atiravam na direção deles, figurinos precisos, e muitos efeitos explosivos, de modo que sabemos que muito foi feito através de computação gráfica, mas conseguiram passar um realismo muito perfeito em todas as cenas, que ficamos abismados com cada ato, com cada precisão de coisas explodindo, que resultaram em cenas que se tivéssemos em uma sala maior, e talvez com 3D, seria ainda mais incrível, pois o filme pedia algo a mais também. A fotografia foi muito perfeita de tons, trabalhando muito o vermelho com os tiros, o marrom esverdeado na cenografia e no figurino dando um ar de sujo que toda guerra tem de possuir, e claro balanceando tudo isso com muitas sombras para que os efeitos funcionassem, ou seja, um trabalho minucioso de técnicas para chamar a atenção.

Enfim, é um filme que tinha tudo para ser daqueles memoráveis, que funcionaria muito bem como homenagem para os heróis de guerra, e que com uma representação grandiosa chamaria a atenção demais para todas as premiações, mas o diretor quis trabalhar demais cada personagem e cada momento do longa em que cada um se envolveu, de modo que não entregou algo a mais de ninguém, e assim o filme soa bem falho de conteúdo complementar, sendo sim um bom filme para passar um tempo e curtir, mas que passa bem longe de tudo o que o orçamento gasto almejava alcançar. Ou seja, até recomendo a trama para aqueles que gostam do estilo, mas não espere muito do longa, pois ele não vai entregar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Resgate do Coração (Holiday in the Wild)

11/20/2019 12:45:00 AM |

Tem filmes que vamos conferir já sabendo o que esperar, e para aqueles que querem um filme bem levinho, para dar uma relaxada e ver algumas paisagens do safári africano a dica é o filme "Resgate do Coração" que estreou no começo do mês na Netflix, que não vai lhe entregar nenhuma novidade do gênero, nem ter nenhuma surpresa com reviravoltas, pois é o básico filme que trabalha alguma causa, e que envolve por ser bonitinho apenas. Ou seja, podemos dizer que é daqueles filmes que vemos de forma despretensiosa, para ver alguns elefantes, que vamos ver algum romance, algumas mudanças de vida casuais, e pronto, fim de filme. Claro que a trama tem um deslanchar singelo, que funciona para tentar vender a boa imagem de santuários animais na África, mas poderiam ter ido além com algo a mais com algum tipo de dramaticidade, algum conflito para que o filme ficasse mais denso, mas nem isso tentaram, ou melhor, colocaram dois conflitos tão jogadinhos de lado, que nem dá para contar. Mas como disse, serve como um passatempo.

O longa nos conta que o filho de Kate Conrad vai fazer faculdade fora de Manhattan, e ela prepara uma segunda lua de mel para ela e o marido. Só que, em vez agradecer, ele termina o relacionamento. Kate resolve, então, partir para a África sozinha. Durante um desvio pela Zâmbia, ela ajuda seu piloto, Derek Holliston, a resgatar um bebê elefante órfão. Os dois permanecem cuidando dele em um santuário de elefantes local, e Kate decide ficar para o Natal. Com um novo amor no horizonte, será que ela voltará para casa ou prolongará a aventura pela vida toda?

É até engraçado ver a filmografia do diretor Ernie Barbarash, pois em seu começo só fez filmes violentos, mas de uns anos pra cá caiu para o lado de filmes envolvendo Natal, romances e está se saindo bem, pois ele consegue criar dinâmicas bem trabalhadas de câmeras para envolver o público da mesma forma que criaria em um filme mais tenso, e assim mesmo sendo algo bem leve, o filme te transporta para as situações, e aqui é quase como se sentíssemos os personagens alimentando os elefantes, saindo com eles, e vivendo ali naquele lugar lindo de ver estrelas, ou seja, ele fez algo bem básico com minúcias bem feitas, aonde cada ato por mais comum e clichê que seja, acaba saindo na medida certa. Claro que ele poderia deixar o filme com uns 20 a 30 minutos a menos, tirando algumas cenas não tão necessárias para a produção, mas aí não nos envolveríamos com o resultado total, ou seja, valeu a pena deixarem no corte final tudo. Ou seja, pela falta de mais conflitos (afinal os dois colocados são muito fracos), o filme acaba soando meio bobinho demais, e raspa de não parecer um filme, mas sim uma propaganda dos santuários de animais na África (da mesma forma que ocorreu no meio do ano com "A Menina e o Leão"), mas por ser mais organizado, o resultado final acaba agradando bem.

Sobre as atuações, é bem bacana a química entre os personagens principais, e claro arrumaram uns elefantes bem carismáticos, ou seja, funcionaram muito bem dentro da proposta, e o resultado expressivo dos principais agrada bastante. Kristin Davis entregou uma Kate tão empolgada em estar na produção, que seus sentimentos transparecem muito bem, e isso é muito bom de ver, pois vemos olhos marejados de uma forma real, o que é bem raro. Rob Lowe anda meio sumido do cinema, mas mostra que mesmo já com uma idade avançada ainda tem estilo de galã com seu Derek, chamando bem atenção na emoção que passa de uma maneira bem leve e sem apelação, ou seja, foi bem também. Fezile Mpela trouxe para seu Jonathan leveza nos atos, e passou sinceridade no que fez, não chamando atenção, mas não falhando em nada também. Quanto dos demais, o resultado ficou um pouco estranho, pois mesmo aparecendo pouco, o jovem que é filho real do protagonista John Owen Lowe ficou meio como um pianista de enfeite em cena com seu Drew, de modo que pareceu jogado no filme, mas como não era muito importante, não atrapalhou em nada, e Colin Moss conseguiu aparecer menos ainda, e ainda ser seco demais, ou seja, era melhor nem ter aparecido.

Sem dúvida alguma o ponto mais positivo da trama é o ambiente visual, afinal na savana africana montada sempre para ser bem vista (pois ninguém mostra em um filme os bichos se digladiando, se matando para comer, outros morrendo de fome e calor, fora as cidades destruídas com fome e tudo mais) a beleza cênica envolve a todos, com tons laranjas maravilhosos, um acampamento bem bonito, toda a montagem simples do santuário, mas com detalhes precisos para envolver, as grandes mamadeiras para os elefantes, e claro as pinturas, ou seja, um design de produção impecável para vender a imagem da trama, e funciona.

Enfim, um filme simples, que entrega o que propôs de vender a defesa animal, e ser feliz fazendo o que gosta, e não ter uma vida rebuscada com algo grande e triste, e nada mais, servindo para relaxar, passar um tempo tranquilo na TV, vendo belas imagens, e que até poderia ter ousado mais com alguns conflitos mais fortes, mas como não era essa a proposta, nem tentaram, e sendo assim, vale a conferida sem muitas pretensões. E eu fico por aqui, pois nem tem muito do que falar da trama, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Pássaro do Oriente (Earthquake Bird)

11/18/2019 11:09:00 PM |

Já assisti muitos filmes inexpressivos, daqueles que batem um sono imenso ao conferir, e que a gente só não sai da sessão, ou muda de canal na expectativa de querer saber o final e se até lá algo vai acontecer, e a raiva bate ainda maior quando ocorre algo simples demais que não empolga por nada. E um exemplar desse tipo lançado nessa semana pela Netflix é "Pássaro do Oriente", que mostra principalmente o motivo de Alicia Vikander ser chamada para personagens robóticos, pois aqui ela é quase um ser sem movimentos, que falando tudo em pausa, com sérias confusões mentais em suas lembranças de um passado bem doloroso, e que numa tentativa de enganar o público através de jogadas, acaba entregando algo tão morno, que quem estiver com sono certamente irá apagar vendo a produção, porém como esperava ver algo a mais no final, fiquei bem preparado, esperando o fim do longa para: nada acontecer além do que esperava que acontecesse. Ou seja, quem colocou ele na lista, já remova que não compensa o crime.

O filme que se passa na Tóquio de 1989, segue Lucy Fly, uma expatriada misteriosa assombrada por um passado doloroso, que começa um relacionamento intenso com Teiji, um fotógrafo local também problemático. A fachada imperturbável de Lucy começa a desmoronar quando uma recém-chegada, Lily Bridges(Riley Keough), se envolve com a vida do casal e acaba desaparecida, possivelmente morta.

Tenho a nítida certeza de que o livro de Susanna Jones tem bem mais tensão do que o diretor Wash Westmoreland conseguiu passar para sua trama, pois mesmo que o filme seja extremamente cansativo e arrastado, em momento algum podemos negar que ele não nos prende, senão mudaríamos de filme na metade sem nem pensar duas vezes, e então ficamos até o final para ver se realmente era o que esperávamos ver. Ou seja, o diretor trabalhou bem os elementos subjetivos para ir criando a tensão, e ir deixando tudo em segundo plano para que o espectador fosse montando sua própria história na mente, que poderia ser certa ou não, poderia ser o mesmo que a protagonista pensava ter ocorrido, poderia ser inúmeras coisas, mas o fechamento acaba sendo básico e direto, o que faz com que todo o sono perdido e cansativo que acabaram nos montando foi para nada além. Não é um filme problemático, não é um filme que você vai ficar lembrando, e muito menos a forma que foi feito/produzido por Ridley Scott (que vem numa leva de filmes bem ruins!) é daquelas que vamos nos emocionar com um Japão muito bem trabalhado, com cenas fotografadas e reveladas com minúcias, ou seja, é um filme extremamente fraco, chato, e que nem tem como defender.

Sobre as atuações, acredito que Alicia Vikander precisou estudar tanto para falar japonês, decorando as frases difíceis, e tudo mais, que mesmo que seja contado todos os problemas pessoais mórbidos que passou, acabou entregando uma Lucy Fly tão sem sal, tão inexpressiva, tão fraca, que ficamos pensando: será que é a mesma atriz que conhecemos? De forma que é melhor ela voltar pros filmes de ação, senão logo será esquecida pelo público, e pelos diretores. Naoki Kobayashi da mesma forma entrega o misterioso Teiji, que de cara já sabemos que é problemático, estranho e que não podemos confiar, mas parece que isso é um fetiche de mulheres, então a personagem se apaixona pela essência estranha do cara, e ele vai e faz tudo com muito impacto, e até chama atenção, mas seu mistério poderia ter ido mais além, e isso o filme o boicotou, e ele não deslanchou também. Riley Keough tentou ser carismática com sua Lily, mas aparenta ser mais intrometida do que tudo, e claro que o fechamento que fica na cabeça da protagonista é interessante pela culpa, mas como a moça entrega uma personagem vazia de ideias e exagerada, não ligaria não, mas ao menos a jovem se saiu bem. Quanto dos demais atores japoneses, diria que todos foram simples demais, sem muitas expressões também, e não mudaram nada no rumo do filme, ou seja, se fosse filmado na África do Sul, o longa seria o mesmo.

Visualmente a trama passa por locações interessantes pela beleza exótica, e também para dar o tom de mistério para o filme, de modo que vemos muitos lugares escuros, exóticos, e com pegadas bem interessantes para as fotos em preto e branco do protagonista, brincando bastante com sombras e elementos imóveis, aliás a própria protagonista é quase um objeto cênico que chega a ser quase um abajur miniatura em cena, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem os lugares para que o filme tivesse conteúdo, principalmente para tentar enganar o público, mas nada muito chamativo, e o resultado apenas funciona para o fechamento da trama, e nada mais.

Enfim, acho que falei até demais de um filme que não mereceria nem um parágrafo, pois é muito morto, quase sem nuance alguma, tendo apenas como interessante as cenas das mortes, que são poucas, mas bem narradas e/ou mostradas, e sendo assim, não recomendo o filme de modo algum para ninguém, pois são 107 minutos de enrolação que facilmente caberia em um curta-metragem simples e bem mais eficiente. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com algum texto de um filme melhor, afinal isso é bem fácil se comparado com essa bomba.

PS: A nota até foi razoável pela boa amarração que faz com que o público fique esperando algo a mais, mas não necessitava tanto.

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Dora e a Cidade Perdida (Dora and the Lost City of Gold)

11/18/2019 01:09:00 AM |

Um filme leve, para toda a família, e que entrega praticamente tudo que já vimos no desenho, só que agora em versão live-action e com um pouco mais de idade. Essa pode ser a definição de "Dora e a Cidade Perdida", que começa com Dora pequena no estilo que a garotada está acostumada a ver na TV, conversando com o público, falando as palavras para repetirem, e brincando muito, de modo que se ficassem por ali teríamos uma representação com pessoas das suas historinhas casuais, pois ali já nos foi mostrado o macaco Botas e o Sr. Raposo, mas optaram em levar o filme para uma idade mais avançada, aonde pudessem criar uma aventura maior de exploração, e com isso Dora cresce e vai para a escola, um lugar bem mais perigoso que a selva, aonde temos cobras que não picam, mas destilam venenos bem mais fortes, e certamente se ficassem por ali também teríamos um bom filme, levemente triste, mas funcionaria, então eis que vamos voltar para a selva, e aí foram bem montados com ideias simples e bobinhas para cativar a todos, com músicas infantilizadas, situações cômicas fracas, mas com um ar aventureiro bem trabalhado, e assim sendo a trama funciona com enigmas, com personagens se conhecendo, com relacionamentos tradicionais, e claro, com alguns atos bem feitos, de forma que a entrega é feita conforme prometido, sem muita inovação, mas agradando e passando a mensagem, de modo que talvez até inventem uma continuação, pois cativa os pequenos que ficam na sala conversando com a protagonista, e não incomoda tanto os adultos, ou seja, funciona para toda a família.

O longa ambientado na floresta peruana, narra as aventuras de Dora junto de seu macaco Botas, amigos que acabou de fazer na escola e um misterioso explorador a fim de salvar seus pais de mercenários. Mas Dora também terá de solucionar um grande mistério envolvendo Paratapa, uma antiga cidade perdida dos Incas.

É até engraçado ver o estilo do diretor James Bobin, que está tão bem ambientado em misturar humanos com animações computadorizadas ("Muppets" e "Alice Através do Espelho"), que aqui com apenas dois personagens digitais nem precisou forçar tanto a barra, e com usando do conceito de filme para a família, que ele tanto gosta de trabalhar, soube dosar as cenas de ação com momentos cativantes entre os personagens, para não apenas entregar algo para os fãs da aventureira, mas sim criar um filme juvenil bem trabalhado, cheio de virtudes práticas, que conseguem cativar mesmo com um tema tão bobinho, com situações que não vão chamar tanta atenção, mas que empolgam pela simplicidade, que remetem aos diversos filmes de aventura na selva em busca de templos perdidos que já vimos, e que de uma forma singela ainda entrega uma personagem que pode sim crescer com o tempo no cinema, mas para isso precisarão melhorar e bastante a ideia original, e partir para um rumo maior, e acredito que o diretor tenha potencial para essa mudança.

Quanto das atuações, diria que Isabella Merced tem o estilo aventureiro que a personagem Dora pedia, pois já vimos ela indo muito bem em "Transformers - O Último Cavaleiro", e aqui a jovem soube dominar as cenas com olhares cativantes, sempre empolgada para algo novo, e que no mesmo estilo que a animação sempre entregou acabamos vendo ela pronta para grandes dinâmicas, enigmas e tudo mais, funcionando com ares corretos e bem encaixados, ou seja, o ritmo da atriz é de um potencial até maior do que pediram, e com isso a empolgação da jovem até chega a soar exagerada em alguns momentos. Agora algo que poderiam ter trabalhado melhor foi o elenco de apoio, pois todos sem exceção pareciam levemente desorientados ou sem ânimo para fazer suas cenas, fazendo apenas por fazer, o que não é legal de ver, de modo que vemos Jeff Wahlberg entregando um Diego meio que sem olhares, com um carisma negativo, que até tem atitudes boas em algumas cenas, mas que não chama a atenção em cena alguma, ou seja, aéreo demais. Também vemos Madeleine Madden e Nicholas Coombe como Sammy e Randy participativos nos atos que lhe foram denominados, mas que estão ali como objetos cênicos quase, fazendo seus atos com trejeitos falsos demais, ou seja, sem atitude também para chamar o filme para si. Vemos um Eugenio Derbez completamente gritante, fazendo trejeitos malucos, e parecendo um louco em cena, para mais ao final mudar completamente, e ficar ainda pior com seu Alejandro, ou seja, quase um personagem desconexo, que até sabemos de cara de suas ideias (afinal estamos em um filme infantil e isso não poderia ser muito difícil de ver), mas ao menos poderia ter sido mais imponente. E quanto aos pais de Dora vividos por Michael Peña e Eva Longoria, chega a dar pena, pois só participaram rapidamente de duas cenas, e a dublagem ainda os matou completamente, ou seja, era melhor nem aparecerem. Disse tudo isso, mas também tenho de culpar a dublagem que ficou levemente fraca em todos os personagens, parecendo que arrumaram dubladores de urgência, e o resultado ficou estranho demais, mas como o filme só veio nessa versão, quem sabe um dia veremos ele na versão original para poder recompensar algum ator, o que acho difícil.

No conceito artístico, aparentemente foram para dentro da selva mesmo para filmar a maioria das cenas, e isso deu um ganho visual bem interessante para a produção, ampliando o ambiente cênico para muitos tons de verdes, boas cenas de ação que vemos bem dentro de estúdio com toda a computação disponível, e ao chegarem na cidade perdida o resultado visual lembrou bem os filmes de "Indiana Jones", ou seja, a equipe de arte soube brincar bem com os diversos elementos disponíveis, criando um filme que foi além nesse conceito de arte, e que junto da equipe de fotografia trabalhou tons tão bem marcados, que chega a impressionar como cada ato é bem iluminado e chama a atenção para onde desejavam, que é claro no foco da protagonista. Além disso no momento de animação total, o resultado foi muito gostoso de ver, lembrando bem o desenho que passa na TV, e funcionando para a trama como um sonho, o que agradou e muito.

Enfim, é um filme bem infantil de essência, mas que tem técnica, tem bons momentos, e consegue ser divertido dentro do que se propõe, que até ficou parecendo uma produção indiana pela dancinha no final, pelas cantorias no miolo, mas como sabemos bem que isso faz parte do desenho animado, vamos considerar que fizeram por gosto. Ou seja, quem tem filhos que são fãs da personagem podem ir conferir sem medo que certamente eles vão gostar bastante do que verão, alguns mais pequenos podem estranhar um pouco, afinal aqui a personagem foi mais para o lado adolescente, mas ainda assim a produção é para todos, e sendo assim, até recomendo dentro da limitação, pois volto a frisar que para adultos, quem não tiver filhos achará a trama boba demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já encerrando a semana nos cinemas, mas volto em breve com mais textos dos filmes que estrearam no streaming, então abraços e até logo mais.

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Os Parças 2

11/17/2019 05:22:00 PM |

Sempre que vejo anúncio de filmes apelativos já vou preparado para tudo, e quem for corajoso suficiente para encarar "Os Parças 2" deve ir com a mente aberta para ver escatologias, muito besteirol, e principalmente coisas sem nexo algum, afinal o primeiro filme já foi dessa forma, então não daria para esperar nada diferente. Ou seja, ele nos lembra outros filmes que trabalhavam bagunças desorganizadas, mas que quando encaixadas dentro da proposta funcionam, e até conseguem em algumas cenas tamanha a apelação, fazem o público rir, e sendo assim posso colocar ele até como mais comédia que outros que não conseguiram esse feitio. Claro que não é daqueles filmes que você irá rir tanto, nem vai sair recomendando como a melhor obra do mundo, mas confesso que já vi muita coisa pior nessa vida, e sendo assim, diria que a ideia nos remete ao que "Os Trapalhões" faziam em seus filmes, que ia completamente diferente de seu programa onde boas esquetes funcionavam, mas que apelando para tentar formar um filme desandava bem, e aqui acontece algo bem semelhante, porém muito mais apelativo.

O longa nos conta que após saber que China deixou a cadeia e está em busca de vingança, Romeu (Bruno de Luca) precisa conseguir dinheiro para deixar o país o quanto antes. Para tanto, Toin (Tom Cavalcante), Ray Van (Whindersson Nunes) e Pilôra (Tirulipa) juntam forças para reformar uma colônia de férias, de forma a atrair jovens de todo tipo. Quando o empreendimento enfim começa a funcionar, eles logo passam a competir com uma colônia vizinha, bem mais requintada.

É nítido ver o estilo da diretora Cris D'Amato no filme, pois depois de fazer longas cômicos mais clássicos como "S.O.S. Mulheres ao Mar", ela desandou para o lado mais apelativo como vimos em "Eu Fico Loko" e "É Fada", e aqui ela basicamente entra para o time de quem quer usar de dinâmicas fáceis para fazer o público rir. Claro que isso é algo que muitos gostam, e o Youtube está cheio de vídeos apelativos, cheios de bobeira e tudo mais, mas juntar a apelação completa para funcionar em um longa, já é outro processo. O bacana de ver a trama é o formato dela, que brinca com dinâmicas jovens de competições, shows musicais, e claro ceninhas básicas de romance, para que não ficassem só dependendo das escatologias e bagunças do trio principal, e assim o resultado ao menos fica de fácil venda. Ou seja, volto a frisar que não é um filme que você verá algo brilhante, cenas bem feitas e tudo mais, mas ao menos a diretora se esforçou para não entregar uma bomba completa.

Quanto das atuações, se é que dá para chamar assim a bagunça desenfreada que todos fizeram na produção, diria que todos se divertiram fazendo suas cenas, pois era nítida a face alegre deles no filme, e sendo assim o resultado ao menos com muito exagero funcionou. Como bem sabemos os shows individuais de cada um é completamente diferente do que tentam trabalhar aqui para criar seus personagens, e ao ver Tom Cavalcante com seu Toin, vemos meio que uma mistura de seus diversos personagens, o que meio que gera uma certa confusão, ou seja, poderia ser menos bagunçado. Whindersson Nunes tenta fazer algo meio que fora de controle com seu Ray Van, e acaba entregando um personagem bobo, exagerado, mas ao menos gritou pouco, pois no primeiro filme parecia estar ligado no 220. Tirulipa já pelo contrário só grita com seu Pilôra, soando genérico demais para empolgar, mas não atrapalha ao menos. Bruno de Luca já é praticamente um objeto cênico com seu Romeu, pois se no primeiro filme dependiam dele para o andamento, aqui quase desaparece em cena. Mariana Santos que é bem acostumada com comédia, aqui soube ser o elo mais calmo da trama com sua Denise, e o personagem acaba agradando bastante com bons olhares e funcionando bastante. Quanto dos jovens, todos brincam bastante em cena, mas o destaque recai bem para Leo Cidade como seu Pedro, o cantor da turma e também o encrenqueiro, e usando ele como base, o filme teve sua funcionalidade.

No conceito visual, a trama inicia bem requintada com um hotel bem luxuoso, aonde as cenas mais toscas e jogadas ocorrem com a abertura do filme, mas depois ao ir para o acampamento, a equipe de arte precisou e muito de criatividade para montar algo bizarro de estrutura caindo aos pedaços, e que junto das piadas nojentas da trama, funcionassem para ser algo extremamente destrutivo, ou seja, tiveram de destruir tudo para que o filme funcionasse, e o resultado chega a ser de nível bem alto de zona completa, ou seja, um grande acerto. Do outro lado tivemos um acampamento bonitinho, organizado, mas sem muitos detalhes, afinal quase tudo ocorre no meio do caminho, com festas, fogueiras, competições e tudo mais que um filme de acampamento deve ter.

Enfim, como disse no começo, o longa passa longe de ser bom, mas também passa bem longe da bomba que imaginava ser pelo trailer, praticamente repetindo o que o primeiro filme fez, e inclusive darei a mesma nota, mas ao menos o filme tirou algumas risadas do público presente na sala, e isso já posso dizer que ao menos é um acerto, então quem tiver com coragem, pode ir que não vai ser algo tão ruim de conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para outra sessão, então abraços e até mais tarde com outro texto.


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