Posso dizer que fiquei com muito medo de ir conferir "Carcereiros - O Filme", pois como não vi a série, pensei que não iria entender nada, mas felizmente como o protagonista falou em um daqueles programetes que passam antes de outros filmes do Flix Channel, é um filme a parte, que é bem explicado no começo durante a abertura do longa quem é quem, e praticamente vemos um longa bem estruturado, com bons momentos de tensão, uma dinâmica com ritmo bem encaixado, e com uma história funcional para contar. Porém, acredito que dar uma vertente surpreendente e quebrar ela no final é algo que fica estupendo, que o queixo cai, que saímos surpresos realmente da sala, mas quando isso ocorre na metade do filme, e fecha de uma forma tão brochante como foi o caso aqui, o resultado desanima bastante, e acabamos mais reclamando do que vemos do que tudo de bom que o filme entregou, e infelizmente não foi satisfatório essa pegada escolhida, que talvez na série até funcionasse, para irem além em outro capítulo, mas aqui poderiam ter focado muito mais nos carcereiros mesmos, ou até ir para o rumo do preso importante, mas não criar uma destruição em massa pelo simples motivo colocado. Ou seja, é um filme com uma tremenda produção muito bem feita, com uma história que começa bem, mas desanda tanto, que se estivéssemos falando de comida, foi como se tivessem queimado tudo e entregado o prato queimado para comermos.
A trama nos conta que Adriano é um carcereiro íntegro e avesso à violência, ele tenta garantir a tranquilidade no presídio, mesmo sofrendo com grandes dilemas familiares. A chegada de Abdel, um perigoso terrorista internacional, aumenta ainda mais a tensão no presídio, que já vive dias de terror por conta da luta entre duas facções criminosas. Agora, Adriano terá que enfrentar uma rebelião além de controlar todos os passos de Abdel.
Já vi diretores bem ecléticos, mas José Eduardo Belmonte é daqueles que hoje resolveu que quer rir vai lá e ataca para a comédia, amanhã está tenso já mete uma ação policial, e se o dia aparecer com passarinhos cantando já vamos com um romance, pois sua filmografia tem de tudo, e o mais engraçado, é que ele tem filmes excelentes e gigantes bombas, ou seja, é daqueles que não escolhe o que quer fazer, vai lá e faz, e isso é bom por um lado, pois sempre aparece serviço quando o cara é bom, e ruim por outro, pois acaba não tendo um estilo próprio, e aqui, acredito que ele ficou exageradamente focado na série, que quando resolveram ter um episódio mais longo, apenas criaram uma história mais completa para explicar tudo, só não souberam como usar o gancho para funcionar completamente, e dessa forma acabaram se perdendo no ensejo bacana que era toda a dramaticidade em cima de um presidiário internacional, os dramas da língua, as facções querendo pegar ele, e tudo mais que o primeiro ato em si nos entrega, para aí termos a invasão, toda a tensão, e uma mudança tão grandiosa de foco, com diversas mortes e tudo mais, que até chamaria a atenção se não fosse fechada tão grosseiramente em algo que ninguém esperava que fosse só aquilo, ou seja, Belmonte como diretor fez um tremendo filme pela desenvoltura da câmera, dos ótimos planos e tudo mais, mas foi pouco ousado em aceitar um roteiro escrito por quatro roteiristas em cima do livro de Dráuzio Varella, que sequer pensaram como cinema para criar algo surpreendente, que certamente funcionaria bem mais sem ir para esse rumo.
Sobre as interpretações, costumo dizer que Rodrigo Lombardi é um ator completo, daqueles que conseguem trazer tanto carisma para seus personagens que acabamos seguindo sua linha e torcendo para que faça o certo, e aqui seu Adriano tem personalidade, tem desenvoltura, e encaixa boas cenas, mesmo que para isso precise ficar paradinho (o que muitos atores erram de entrar em ação quando não devem), e o acerto digamos que foi muito bom de ver. Uma grata surpresa foi ver o comediante Rafael Portugal como um enfermeiro religioso, cheio de expressividade, que não chega a ser daqueles personagens que a trama dependa dele, mas chama o tom para si nas suas cenas, desenvolve o envolvimento, e na cena aonde todos estão quase mortos ele faz uma caminhada tão envolvente que agrada demais, ou seja, pode apostar as fichas no drama também. O ex-BBB Kaysar Dadour fez apenas algumas expressões chamativas para seu Abdel, falou um pouco em inglês, um pouco em árabe, algumas caras de mal, e só, nada além que fizesse o filme lhe colocar no pôster. Aliás, se formos analisar os demais personagens, praticamente nenhum chama atenção ao ponto de ter grande destaque, e tirando algumas cenas bem fortes do maluco que acha que Deus lhe tocou, e do comandante vivido por Jackson Antunes, os demais foram apenas encaixes e fizeram seus trejeitos tradicionais, ou seja, poderiam ter trabalhado tanto cada um, mas não, ou seja, apenas estiveram presentes.
Visualmente o longa entrega muita tensão dentro de um presídio, que como alguns personagens falam até parece um zoológico de tantas grades e travas prendendo os animais, de forma que fizeram gaiolas bem amarradas para que a desenvoltura da trama não saísse apenas com os tiroteios dos fuzis dos vilões, nem com as explosões, correrias e facas montadas, de modo que o visual completo do longa recaísse sobre tudo o que fosse possível usar num momento de desespero, e o ambiente em si ajuda muito, ou seja, a equipe de arte que já havia criado tudo para a série apenas usou de uma forma mais ampla, e o resultado acaba agradável. Agora quanto da fotografia, quiseram brincar com cenas escuras, muitas luzes diferentes, de forma que em alguns momentos nem vemos nada, e isso é ruim, pois parece errado demais para o filme, em outros momentos o vermelho meio que sobrepõe o preto no escuro, ficando meio bagunçado em forma de resultado.
Enfim, é um filme que serve de passatempo pela boa formatação, mas que poderia ser muito melhor se não desapontasse tanto com o desenrolar da história que soou fraca demais para tudo o que deveriam ter feito, afinal é algo completamente não condizente o que acontece no presídio para algo tão simples e banal, ou seja, quem for esperando algo a mais com o preso internacional, com tudo das facções, irá se desapontar bastante. E sendo assim, não tenho como recomendar muito o filme, mas quem conferiu a série e gostou, talvez até saia menos desapontado com o longa. Bem é isso, fico por aqui, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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A trama nos conta que Adriano é um carcereiro íntegro e avesso à violência, ele tenta garantir a tranquilidade no presídio, mesmo sofrendo com grandes dilemas familiares. A chegada de Abdel, um perigoso terrorista internacional, aumenta ainda mais a tensão no presídio, que já vive dias de terror por conta da luta entre duas facções criminosas. Agora, Adriano terá que enfrentar uma rebelião além de controlar todos os passos de Abdel.
Já vi diretores bem ecléticos, mas José Eduardo Belmonte é daqueles que hoje resolveu que quer rir vai lá e ataca para a comédia, amanhã está tenso já mete uma ação policial, e se o dia aparecer com passarinhos cantando já vamos com um romance, pois sua filmografia tem de tudo, e o mais engraçado, é que ele tem filmes excelentes e gigantes bombas, ou seja, é daqueles que não escolhe o que quer fazer, vai lá e faz, e isso é bom por um lado, pois sempre aparece serviço quando o cara é bom, e ruim por outro, pois acaba não tendo um estilo próprio, e aqui, acredito que ele ficou exageradamente focado na série, que quando resolveram ter um episódio mais longo, apenas criaram uma história mais completa para explicar tudo, só não souberam como usar o gancho para funcionar completamente, e dessa forma acabaram se perdendo no ensejo bacana que era toda a dramaticidade em cima de um presidiário internacional, os dramas da língua, as facções querendo pegar ele, e tudo mais que o primeiro ato em si nos entrega, para aí termos a invasão, toda a tensão, e uma mudança tão grandiosa de foco, com diversas mortes e tudo mais, que até chamaria a atenção se não fosse fechada tão grosseiramente em algo que ninguém esperava que fosse só aquilo, ou seja, Belmonte como diretor fez um tremendo filme pela desenvoltura da câmera, dos ótimos planos e tudo mais, mas foi pouco ousado em aceitar um roteiro escrito por quatro roteiristas em cima do livro de Dráuzio Varella, que sequer pensaram como cinema para criar algo surpreendente, que certamente funcionaria bem mais sem ir para esse rumo.
Sobre as interpretações, costumo dizer que Rodrigo Lombardi é um ator completo, daqueles que conseguem trazer tanto carisma para seus personagens que acabamos seguindo sua linha e torcendo para que faça o certo, e aqui seu Adriano tem personalidade, tem desenvoltura, e encaixa boas cenas, mesmo que para isso precise ficar paradinho (o que muitos atores erram de entrar em ação quando não devem), e o acerto digamos que foi muito bom de ver. Uma grata surpresa foi ver o comediante Rafael Portugal como um enfermeiro religioso, cheio de expressividade, que não chega a ser daqueles personagens que a trama dependa dele, mas chama o tom para si nas suas cenas, desenvolve o envolvimento, e na cena aonde todos estão quase mortos ele faz uma caminhada tão envolvente que agrada demais, ou seja, pode apostar as fichas no drama também. O ex-BBB Kaysar Dadour fez apenas algumas expressões chamativas para seu Abdel, falou um pouco em inglês, um pouco em árabe, algumas caras de mal, e só, nada além que fizesse o filme lhe colocar no pôster. Aliás, se formos analisar os demais personagens, praticamente nenhum chama atenção ao ponto de ter grande destaque, e tirando algumas cenas bem fortes do maluco que acha que Deus lhe tocou, e do comandante vivido por Jackson Antunes, os demais foram apenas encaixes e fizeram seus trejeitos tradicionais, ou seja, poderiam ter trabalhado tanto cada um, mas não, ou seja, apenas estiveram presentes.
Visualmente o longa entrega muita tensão dentro de um presídio, que como alguns personagens falam até parece um zoológico de tantas grades e travas prendendo os animais, de forma que fizeram gaiolas bem amarradas para que a desenvoltura da trama não saísse apenas com os tiroteios dos fuzis dos vilões, nem com as explosões, correrias e facas montadas, de modo que o visual completo do longa recaísse sobre tudo o que fosse possível usar num momento de desespero, e o ambiente em si ajuda muito, ou seja, a equipe de arte que já havia criado tudo para a série apenas usou de uma forma mais ampla, e o resultado acaba agradável. Agora quanto da fotografia, quiseram brincar com cenas escuras, muitas luzes diferentes, de forma que em alguns momentos nem vemos nada, e isso é ruim, pois parece errado demais para o filme, em outros momentos o vermelho meio que sobrepõe o preto no escuro, ficando meio bagunçado em forma de resultado.
Enfim, é um filme que serve de passatempo pela boa formatação, mas que poderia ser muito melhor se não desapontasse tanto com o desenrolar da história que soou fraca demais para tudo o que deveriam ter feito, afinal é algo completamente não condizente o que acontece no presídio para algo tão simples e banal, ou seja, quem for esperando algo a mais com o preso internacional, com tudo das facções, irá se desapontar bastante. E sendo assim, não tenho como recomendar muito o filme, mas quem conferiu a série e gostou, talvez até saia menos desapontado com o longa. Bem é isso, fico por aqui, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.