A Hora Da Sua Morte (Countdown)

2/28/2020 02:26:00 AM |

Vem aqui no cantinho que vou confessar que sempre gostei da franquia "Premonição", não pelas mortes violentas, mas sim pelo medinho que você acaba ficando de algumas coisas (vê um caminhão cheio de toras de madeira = muda de faixa na rodovia; falam que acupuntura é excelente, mas não passa nem perto de uma clínica, e por aí vai), e quando vi o trailer do filme "A Hora Da Sua Morte", fiquei na cabeça que seria algo bem semelhante com a franquia, e eis que hoje ao conferir a trama, senti muito o mesmo teor, fiquei ressabiado com algumas coisas (nem vou procurar saber se existe o aplicativo, vai que né!!! Quem quiser que procure por sua conta!), e isso que é legal de ver em um bom filme de terror, pois você acaba se divertindo com os sustos dos outros em alguns filmes, em outros senti nojo e tudo mais, mas vai para casa e fica de boa, mas esses não, esses você sai pensando, nem olha no retrovisor/câmera do carro, e tudo mais, de forma que a trama acaba funcionando mesmo sendo bem simples, e tendo pedacinhos de diversos outros. E sendo assim, um filme que certamente muitos nem darão bola, outros críticos irão só chutar ele falando ser bizarro as diversas coisas que acontecem, outros irão procurar mil erros e bobeiras, mas o Coelho aqui só tem uma coisa pra falar do longa: que achei super bacana e que recomendo demais a loucura toda como um bom filme de terror deve funcionar, e já quero a continuação na mesa dos produtores pra ontem!

O longa mostra que um novo aplicativo que promete prever o momento exato da morte de cada pessoa está virando uma febre. Mesmo sem acreditar, a enfermeira Quinn resolve baixá-lo, mas tem uma surpresa: ela tem apenas dois dias de vida. Quando a contagem regressiva começa, coisas sombrias passam a acontecer e ela precisará lutar contra o tempo para sobreviver.

Com toda certeza muita gente irá falar que o diretor e roteirista Justin Dec copiou e colou diversos atos de outros filmes do gênero para montar seu longa completo, mas depois de anos como assistente de diversas produções, o jovem contou com um orçamento bem modesto e fez um filme intrigante, cheio de atos fortes e interessantes, e que acaba assustando quem estiver desprevenido, que acaba dando um certo arrepio de tensão em outros, mas que principalmente consegue funcionar como um todo, que mesmo tendo sacadas cômicas incríveis (as cenas com o padre nerd é de tirar o chapéu!) e outras cenas de diálogos idiotas, não vai incomodar aqueles que amam terrores clássicos, e com isso o resultado do filme acabará indo muito além do que um simples filme, mas sim o início de uma franquia que talvez funcione tão bem quanto outras que já estão rolando, e algumas que já desapareceram, e certamente iremos torcer a favor disso, pois sim, o filme tem muitos erros técnicos, mas tem a pegada certa para causar, e isso já vale a conferida.

Sobre as atuações, diria que a jovem Elizabeth Lail tem estilo, mas falta saber pegar seu texto e causar com ele, de modo que em alguns momentos sua Quinn vai com tudo, e parece estar com medo, em outros ela se desliga de forma tão forte que acaba sendo estranho de ver, ou seja, ela oscila demais em cena, e poderia ter ido muito além, afinal nas séries que fez todos são apaixonados por ela. Já Jordan Calloway foi preciso com seu Matt, entregando o medo de cara, enfrentando tudo com um temor forte e não ligando para nada, de forma que seu resultado funciona bastante, e até chegamos a torcer por ele. Agora se tem alguém que dá um show na tela é P.J. Byrne com seu Padre John, pois nunca tinha visto um padre nerd em um longa, e o nível de sacadas, de ideias, de envolvimento que o cara conseguiu fazer é algo para ver, rir e aplaudir, pois deu um show com tudo. Quanto aos demais, tivemos alguns exageros de caras e bocas da jovem Talitha Eliana Bateman com sua Jordan, um certo exagero de galanteio de Peter Facinelli com seu Sullivan, e algumas rápidas cenas bem sacadas de Tom Segura com seu Derek, mas nada que seja forçado demais, e com isso eles acabam se destacando dos demais figurantes, e funcionam ao menos.

Visualmente o longa segue bem a linha de terrores escuros, para tentar pegar o espectador desprevenido, tendo como base uma área fechada de um hospital e outros ambientes do mesmo, uma igreja meio diferente pela quantidade de livros, uma loja de informática/celulares, e algumas casas dos protagonistas, mas não necessitando muito do ambiente, pois a sacada toda funciona pelo celular com uma contagem regressiva, e as sombras/vultos/demônios que aparecem do nada para assombrar as pessoas, com maquiagens fortes e bem determinados, ou seja, são cenas tensas de mortes, e que vão causar até um leve desconforto, mas esse era o objetivo da equipe de arte, e acabou funcionando nesse quesito. Mesmo com uma fotografia escura, o resultado da trama não fica apagado demais, pelo bom uso das luzes dos celulares, e com isso o filme tem uma densidade cênica bem intrigante e funciona bastante.

Enfim, é um filme simples, que entrega um nicho que poucos gostam, mas que agrada bastante pelas cenas bobas bem funcionais, e com isso quem for mais medroso sairá da sessão pensando um pouco, olhando para os lados, e que com certeza nem pensará em olhar para os aplicativos do celular para ver se existe mesmo tal aplicativo (nos comentários do trailer a galera até dá o nome real do brinquedinho, mas não irei testar, deixo isso ao cargo de quem quiser!), e sendo assim recomendo ele demais para quem gosta do estilo, que nem notará tantos defeitos, mas sendo crítico não posso dar uma nota gigante para a trama, afinal tenho de falar também que com as falhas eles podem fazer igual aconteceu com "A Morte Te Dá Parabéns", que o segundo foi imensamente melhor que o primeiro, e quem sabe aqui voltem com algo ainda mais surpreendente, mas que afirmo, vai valer a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com o texto do outro terror da semana, então abraços e até logo mais.

PS: como público eu daria nota 8 ou 9, mas relevando as diversas falhas espalhadas, vamos ficar com 7 num olhar mais crítico, o que ainda é bem bom!

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Dolittle em Imax 3D (Dolittle)

2/25/2020 11:17:00 PM |

Já disse isso algumas vezes e sempre é bom repetir: vá sempre sem nenhuma expectativa, ou pensando até no pior para ver um filme, que a chance de gostar mais do que verá é bem alta, e isso foi o que aconteceu com a nova versão de "Dolittle", pois já tinha ouvido falar tão mal da produção, que tinha se queimado tanto nos EUA, que estavam até pensando em nem lançar nos cinemas do restante do mundo, mas eis que veio, e posso dizer sem dúvida alguma que é um longa divertidíssimo, bem encaixado dentro da proposta de algo inusitado, que até tem muitas falhas técnicas, mas que surpreende bastante por entregar os personagens de uma forma bem carismática e conseguir ter um começo/meio/fim definido, com a saga do protagonista sendo estranha de ver em sua busca por algo, mas que passa bem em cena, e que felizmente por vir somente cópias dubladas para o interior, acabou surpreendendo bem tanto nas vozes dos animais, quanto nas piadas. Ou seja, é o tradicional filme que víamos bastante nas sessões da tarde na TV, que tem um tom infantil, tem algumas bobeiras desnecessárias, mas que você acaba rindo, e o resultado funciona.

O longa nos conta que depois de perder a esposa, sete anos antes, o excêntrico Dr. John Dolittle, famoso médico e veterinário na Inglaterra da Rainha Victoria, se isola atrás em sua mansão, com a companhia apenas de sua coleção de animais exóticos. Mas quando a jovem rainha fica gravemente doente, Dolittle é forçado a partir em uma aventura épica para uma ilha mítica em busca de uma cura, recuperando suas habilidades e sua coragem enquanto cruza velhos oponentes e descobre criaturas maravilhosas.

O diretor Stephen Gaghan foi bem coeso no estilo que os produtores fantasiosos desejaram para reinventar uma trama que foi bem usada no passado, e embora tenha feito algo deveras infantil, ele soube usar de técnicas de animação bem feitas para se aproveitar do visual, criar todo um sentimento bem colocado, e principalmente desenhar tudo em cima de um conceito, pois o filme tem aberturas tanto para ser único e ficar só nisso, ou ir para outros rumos com continuações, e a grande sacada ficou pelo elo fantasioso não soar bizarro demais, de modo que acabamos nos acostumando com os animais, vendo a forma de tratamento e estudo do personagem principal, e que quem conferir o começo bem explicadinho em forma de desenho vai sair satisfeito com o que o diretor/roteirista fez, de modo que o filme se encaixa sozinho seja qualquer parte vista. Claro que por termos um filme que vem aparecer tão pouco tempo após a saga que muitos gostaram com Eddie Murphy fazendo o mesmo personagem, a maioria está reclamando horrores, outros estão incomodados com o estilo meio jogado do protagonista, e alguns até estão reclamando das loucuras dos animais, mas a sacada também está em tudo isso que falei vir a favor da trama, e sendo assim, ao menos para esse Coelho aqui, a diversão foi bem graciosa.

Não vou ir a fundo no quesito atuações, pois como falei o longa só veio dublado para o interior, mas posso dizer que Robert Downey Jr tem estilo para o formato escolhido para Dolittle, e até caberia bem nas mãos de Johnny Depp caso quisessem, pois tem um visual malucão, umas jogadas meio que de lado hippie, e boas cenas de ação e correria, de modo que o ator acabou se doando bastante para o personagem, trabalhou bem com a computação, e o resultado final funcionou. O garoto Harry Collett foi bem coerente nos olhares apaixonados pelos animais, e soube dosar bem seus atos para convencer de ser um bom aprendiz com seu Stubbins, e isso é legal de ver. Antonio Banderas mostrou estilo para com seu Rassouli, mas também faltou um pouco mais de tempo para desenvolver mais o personagem, e com isso apenas vemos e entendemos de forma subjetiva tudo o que aconteceu em seu passado. Quanto as mulheres da produção, a jovem Carmel Laniado até deu um ar sereno bonitinho para a produção, e talvez caso tenha continuações funcione bem para o filme, enquanto Jessie Buckley fez uma Rainha Victoria que só dormiu, mas não atrapalhou. Agora quanto dos animais, todos foram divertidíssimos, bem colocados, cheios de detalhes visuais que pareceram bem reais, e as vozes nacionais foram colocadas na medida certa, não incomodando de forma alguma como algumas dublagens sem sincronismo acabam sendo feitas, ou seja, perfeito nesse quesito.

Visualmente a trama é bem bonita mesmo, com ambientes coloridos, muitos elementos cênicos, animais cheios de detalhes bem reais, parecendo que filmaram junto em cena com os protagonistas, e com isso o resultado acaba chamando atenção, claro que por termos muita computação em cena, também temos alguns atos estranhos, mas não chega a ser um desastre, pois com um 3D bem trabalhado para segurar os detalhes, colocando boas sombras, mas sem grandes efeitos visuais, o resultado acaba se encaixando, e assim sendo o filme ficou bonito sem soar falso demais, afinal é notável cada ato computacional nos detalhes.

Enfim, está longe de ser um filme perfeito, daquelas obras de arte que vamos lembrar eternamente, mas é um filme gostoso de ver, totalmente família, totalmente daqueles que passarão muito nas sessões da tarde das TVs, e que como disse, quem for preparado para um filme simples vai se divertir bastante, e como de praxe, para fechar o filme tem uma música nova da Sia, que já virou costume de todos os filmes dos últimos anos, então vá sem esperar muito e ria bastante com as desenvolturas dos animais, com as bizarrices do protagonista, e seja feliz. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Chamado da Floresta (The Call of the Wild)

2/25/2020 01:17:00 AM |

Diria que há filmes que conseguem envolver pela história, outros pelo visual, e tem aqueles que conseguem cativar pelos personagens, e "O Chamado da Floresta" se encaixa nesse último exemplar, pois mesmo feito por computação digital, o cachorro Buck é carismático, e mesmo sofrendo muito em sua vida acaba tendo cenas daquelas capazes de você ouvir alguém na sala do cinema soltando um uhuu na hora que o cachorro dá show em cena. Ou seja, é um filme que envolve e até entrega momentos bem interessantes e tensos, porém faltou um algo a mais, que você fica esperando alcançar e o final não entrega, e sendo assim posso afirmar que é um filme bem família, que vai envolver a todos, mas que muitos acabarão esperando por alguma reviravolta, e mesmo o filme não entregando isso, o resultado agrada bastante, e é bem bonito tanto de visual quanto de interpretações (aliás, o cachorro dá show em alguns momentos!).

O longa conta a história de Buck, um cão de grande coração cuja feliz vida doméstica é virada de cabeça para baixo quando, subitamente, é tirado de sua casa na Califórnia e levado para o exótico e selvagem rio Yukon, no Alasca, durante a corrida do ouro em 1890. Como novato na equipe de cães puxadores de trenós - se tornando mais tarde o líder da matilha - Buck vive a aventura de sua vida, encontrando seu verdadeiro lugar no mundo e se tornando seu próprio mestre.

Por ser uma história baseada em um livro de 1903 que Jack London contou o início da exploração da era do Ouro no Alaska, a trama poderia ter fluído melhor, pois o diretor Chris Sanders é daqueles que tem uma boa presença em animações, algumas literárias, e certamente saberia dosar o estilo para que o público tivesse uma felicidade maior ao final, mas ele optou por ir apresentando tudo e não criar um filme com um clímax mais propício de fechamentos, e assim, vemos algo quase que capitular que acontece, mostra, e termina, e que diferentemente de um filme mais fechado não causa a emoção final costumeira. Ou seja, quem for esperando ver uma história casual até vai gostar mais do resultado, mas quem estiver esperando aquele algo a mais que o cinema sempre nos propõe, talvez saia da sala levemente desapontado, embora o filme seja bem gostoso e divertido de acompanhar (claro, tirando os perrengues que o pobre cachorro sofre em sua jornada!). Ou seja, simples e eficaz, mas sem muita desenvoltura.

Quanto das atuações, diria que faltou um pouco de pegada para Harrison Ford que já está tão acostumado a contracenar com computações, e aqui foi singelo demais com seu John Thornton, pois até vemos ele colocando um ar de idoso desapontado com a vida após a perca do filho, mas faltou um pouco mais de carisma para conseguirmos nos afeiçoar com ele, e assim desanima um pouco, mas nada de surpreendente, e assim o seu resultado final é bacana ao menos. Já por outro lado vemos um Omar Sy carismático ao extremo com seu Perrault, de modo que se o filme ficasse mais com ele do que com Ford, o resultado do filme seria bem melhor. Dan Stevens fez daqueles vilões que acabamos odiando muito com seu Hal, e com olhares até fortes ele chama atenção, mas ainda poderia ter ido além não fazendo cenas tão jogadas, e principalmente faltou para ele uma forma melhor de olhar para a computação. Dentre os demais, a maioria foi apenas participativo na trama, de modo que aparecem pouco demais, mas Cara Gee foi ao menos bem colocada com sua Françoise, e teve algumas cenas mais chamativas para conseguir agradar.

No conceito visual a trama foi bem bonita, cheia de cenas com muita neve, muita vegetação, cheia de simbolismos com os animais, e mesmo nos momentos mais estranhos da computação (sim, são muitos!), o resultado acaba aparecendo bem e funciona tanto em quesito de ambiente como de representação, e assim sendo, vemos locações bem interessantes que agradam e chamam atenção.

Enfim, é um filme simples de essência que envolve bem o público, que diverte e empolga, mas que poderia ter ido muito além com um final melhor desenvolvido, e principalmente melhorar ainda mais a computação, pois o trailer estava assustador, e o resultado final ficou bem melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, recomendando bem de leve o filme, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Luta Por Justiça (Just Mercy)

2/22/2020 03:03:00 AM |

Não tem como não se emocionar com a maioria das cenas de "Luta Por Justiça", o que faz dele mais um longa obrigatório no conceito de obras com temáticas envolvendo racismo e o que foi feito em cima da obra baseada no livro do verdadeiro Bryan Stevenson foi algo para ser aplaudido por muitos em cada um dos festivais que concorrer, pois tudo foi bem trabalhado, a história conseguiu soar interessante e comovente, e principalmente tivemos atuações dignas de atores aclamados, que conseguiram trabalhar trejeitos, emoções e vivências na tela passando tudo e mais um pouco de cada um dos momentos dos condenados a pena de morte que foram defendidos pelo brilhante e jovem advogado. Ou seja, é daqueles filmes que alguns vão odiar e falar mal, mas a grande maioria que sabe das injustiças que ocorrem em muitos julgamentos, principalmente no que diz respeito à países/cidades racistas, vai se envolver muito e adorar cada ato do longa, valendo assistir com tanto afinco que nem verá passar os longos 136 minutos.

O longa acompanha o jovem advogado Bryan Stevenson e sua luta célebre por justiça. Após se formar em Harvard, Bryan poderia ter optado por um emprego com um bom salário. Ao invés disso, ele vai ao Alabama para defender pessoas que foram condenadas injustamente sem contar com representação adequada, onde terá o apoio da advogada local Eva Ansley. Um de seus primeiros – e mais polêmicos – casos é o de Walter McMillian que, em 1987, foi condenado à morte pelo assassinato chocante de uma jovem de 18 anos, apesar das evidências que apontavam sua inocência e o fato de que o único depoimento contra ele veio de um criminoso com motivos para mentir. Nos anos que se seguem, Bryan se envolve em um labirinto de manobras legais e políticas, além de racismo, à medida que luta por Walter e outros como ele, contra todas as adversidades – e o sistema.

É bem interessante conhecermos um pouco mais do diretor havaiano Destin Daniel Cretton, pois fazendo longas mais direcionados, com temáticas fortes acabou vindo pelas beiradas, e aqui ele já entrega um filme tão envolvente, aonde conseguiu adaptar o livro biográfico do advogado juntamente com diversos outros depoimentos filmados e com isso fazer algo brilhante para nos envolver de tal forma que certamente iremos querer ver mais dele, e em breve ainda virá com um dos filmes mais diferentes da Marvel, ou seja, não só já mostrou serviço aqui, como pode se tornar ainda mais famoso com o que apresentar lá para frente, mas como ainda não sabemos o que vai fazer por lá, posso garantir que o estilo entregue pelo jovem diretor é algo que poucas vezes vimos na telona, afinal ele segura a dramaticidade em enquadramentos diretos, e põe seus atores para forçar a emoção, e o resultado funciona demais.

Dito isso sobre o diretor, temos de ir direto falar das atuações, pois é um show a cada nova cena, e desde os personagens mais simples até os grandes protagonistas cada momento é vivido cheios de emoções e funcionam demais. E antes de falar dos dois principais, tenho de pontuar a emoção incrível que foi não só a cena de execução de Herb vivido maravilhosamente por Rob Morgan, como todas as cenas envolvendo o ator conseguiram ser fortes e bem direcionadas ao ponto de nos apaixonarmos pelo personagem, ou seja, deu show. Ainda falando de um secundário, tivemos praticamente quatro cenas incríveis de Tim Blake Nelson com seu Ralph Myers, e ele simplesmente segurou a onda com trejeitos fortes, com envolvimento e caiu muito bem para o personagem. E claro falando do protagonista, tivemos Michael B. Jordan trabalhando seu Bryan Stevenson com uma vivência forte, segurando a emoção em cada ato mais envolvente, e mostrando uma força fora dos padrões para um advogado, emocionando sem se esforçar e agradando demais quem gosta de um bom longa de tribunais. Outro que foi preciso demais é claro Jamie Foxx, que acabou entregando seu Michael de forma serena, com atos calmos, mas com uma imponência no olhar única de se ver, o que acaba ficando em nossa mente sem precisar de muito, ou seja, também deu show. Além de muitos outros que acabaram acertando a mão em cada detalhe, e daria para falar muito mais, mas vale o destaque para Brie Larson com sua Eva, Rafe Spall com seu Chapman e O'Shea Jackson Jr. com seu Ray.

Visualmente o longa entregou bem os anos 80 com carros, casas e locações características de filmes do estilo, mostrando prisões, as famosas execuções nas cadeiras elétricas (inclusive em uma cena fortíssima mostrando tanto a preparação como o ato sem precisar focar na descarga!), e claro com todas as polêmicas envolvendo diversos estados do Sul dos EUA, trabalhando bem figurinos, cabelos, e criando diversas perspectivas com bem pouco, o que acaba nos envolvendo até mais do que se fosse uma grande produção, e com isso o resultado funciona bem mostrando as diversas diferenças entre as pessoas negras e brancas no condado americano.

Enfim, é um filme incrível, que já pelo trailer imaginei que fosse ser muito bom, mas que foi muito além, e que mesmo tendo alguns defeitos, e algumas oscilações de desenvolvimento, acaba agradando demais, e vale muito a recomendação para que todos vejam o que rolava na época e que se formos a fundo ainda ocorre bastante pelo mundo afora. Então vá aos cinemas, confira e se emocione com tudo o que o longa proporciona, pois vai valer a pena. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Hexitei em dar nota 10 para o longa, mas faltou um pouco mais de atitude por parte dos personagens brancos, ficando um pouco bobos demais em alguns atos, e assim sendo vou tirar um ponto do longa, mas vale muito o filme.


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Maria e João - O Conto das Bruxas (Gretel And Hansel)

2/21/2020 09:06:00 PM |

Vou começar o texto dizendo que não sou contra reformulações de filmes, mudando o teor, criando outros vértices, ou até mesmo indo para outros rumos, mas seja criativo ao menos para que o filme mude completamente o tom e vire outra coisa, não ficando em cima do muro, pois o longa "Maria e João - O Conto Das Bruxas" acabou ficando tão fora de eixo da história original, colocando para jogo um estilo mais sombrio que até se parece com o livro, mas que narrado de uma forma empoderada da protagonista descobrindo seus poderes em contraponto ao seus medos acabou me remetendo mais para os filmes da saga "Crepúsculo" do que para um filme de terror fantasioso que era a ideia original da trama. Ou seja, não digo que foi um filme ruim, pois a fotografia e algumas cenas tensas fazem valer uma rápida conferida, mas certamente esperava ver uma outra coisa na telona, mais tensa e intensa, afinal só faltou lobos e vampiros aqui para vermos a Bela ficar na dúvida com quem ficaria!

A sinopse nos diz que dessa vez, as migalhas nos guiarão por um caminho muito mais sombrio e perturbador. Durante um período de escassez, Maria e seu irmão mais novo, João, saem de casa e partem para a floresta em busca de comida e sobrevivência. É quando encontram uma senhora, cujas intenções podem não ser tão inocentes quanto parecem, que eles descobrem que nem todo conto de fadas tem final feliz.

Diria que o diretor Oz Perkins até tentou ser criativo em cima do roteiro que Rob Hayes fez, mas faltou para ambos uma definição maior de terror para encaixar na trama e convencer o público do que desejavam, pois o que vemos na tela falta amarração, falta determinação, e sobra narração, o que mostra uma falta de símbolos, afinal precisamos ficar ouvindo os pensamentos da protagonista ao invés dela agir, e isso até serviria se fossemos pensar num início de franquia, aonde nós próximos tudo saísse para a quebradeira geral, mas não, é apenas um jeito falho de entregar o roteiro sem precisar gastar muito, e assim o filme cansa mesmo com uma cenografia envolvente e dinâmicas de terror que chamariam bem a atenção, mas fazer o que se foi isso o feitio. Sendo assim, vamos esperar pra ver, pois se ousarem com uma continuação, talvez funcione tudo, mas do contrário, apenas lembrarei dele como "Crepúsculo" versão teen sem romance.

Quanto das atuações, podemos dizer que Sophia Lillis não fez nem 10% do que fez em "It" e precisa muito de uma melhora na sua forma expressiva, pois todas as cenas de sua Maria (Gretel) foram secas demais, com olhares estranhos, ares fracos e atitudes mornas, ou seja, já que estou falando de "Crepúsculo", ela foi quase uma Kristen Stewart no longa, e isso sabemos que não é um elogio. O jovem Samuel Leakey nos entregou João (Hansel) simples e bem preparado para o papel, mas como não faz muito em cena, ele acaba quase que desaparecendo da trama, e talvez tivesse sido melhor usar mais ele. Charles Babaloa apareceu quase que em um flash como Caçador, e não disse ao que veio fazer em cena, e acaba ficando mais estranho o resultado com ele do que funcionando. Agora uma que se entregou tanto para a equipe de maquiagem, quanto para cenas mais intensas foi Alice Krige com sua Holda, pois vemos ela com tantos trejeitos que até podemos ficar receosos de tomarmos algum susto com ela, mas o filme fica tão amarrado na protagonista que esqueceram de usar os demais, e muitos mereciam bem mais detalhes, pois salvariam o filme.

Agora quanto do conceito visual da trama podemos dizer facilmente que o filme foi bem cheio de detalhes, uma floresta concebida com cores intensas de árvores retorcidas, folhas laranjadas, muitas sombras, uma casa cheia de ambientes escuros, comidas fartas e estranhas, e rituais esquisitos, o que acaba até fazendo com que o tom do filme seja bem chamativo e interessante de ver, que aliado a uma fotografia escura, mas cheia de detalhes resultasse em algo bem intenso e funcional, mas como costumo dizer, sem história uma produção imensa acaba falhando, e é o que ocorre aqui.

Enfim, não vou dizer que é uma tremenda bomba, pois até dá para perder um tempo conferindo o longa, e alguns até podem gostar mais do que eu, além de que pode ser que seja o início de uma franquia diferente, mas confesso que esperava bem mais dele, e que iria ver outros rumos para a história, e a forma que acabou sendo narrado demais me desapontou bastante, de forma que acabou nem recomendando ele, mas fazer o que? Vamos então para outra sessão, e torcer para que o próximo filme seja melhor, então abraços e até logo mais.

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Meu Nome É Sara (My Name Is Sara)

2/21/2020 01:55:00 AM |

Chega a ser até interessante o tanto de filme envolvendo o nazismo, as guerras e a segregação judaica que estamos tendo no último ano, de forma que até parece quando alguém dá um tema para a turma e cada um desenvolve de sua forma, e com "Meu Nome É Sara" fomos conhecer um pouco do que rolou na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando uma história real de uma jovem judia que acabou aprendendo muito sobre o Cristianismo com uma amiga (não é mostrado, mas apenas falado) e que usou disso para se passar por uma jovem não-judia que precisava de emprego na casa de uma família de camponeses, vivenciando todos os problemas da região na época, passando medo, e vendo coisas ruins acontecendo ao seu redor também. De certa forma o longa funciona bem, tem impacto suficiente para entregar tudo para o público, mas parece ser até mais alongado do que já é, e com isso acabamos cansando um pouco, mas posso afirmar que as cenas chaves foram bem colocadas, chamam bem a atenção e o resultado se faz valer suprindo as falhas, e assim a força e o envolvimento agrada bastante.

O longa nos mostra que Sara Guralnick é uma judia polonesa de 13 anos de idade, que teve sua família assassinada por nazistas em setembro de 1942. Após fugir para o interior da Ucrânia, Sara usa a identidade de sua melhor amiga para se refugiar em uma vila, onde é acolhida por um casal de fazendeiros. Tudo parece correr bem para o recomeço de Sara, mas ela descobre que seus novos amigos possuem segredos sombrios e, para manter seu disfarce e sobreviver, ela terá que lidar com toda a tensão da situação.

O mais interessante de tudo é que tem surgido versões de diversos países, e a maioria tem tentado falar na língua local do país em que a trama se passa, porém, aqui por ser um longa americano, tivemos muitas cenas faladas em inglês, o que não é ruim, mas acredito que na época o inglês ainda não dominava tanto a região. Dito isso, posso falar que o diretor Steven Oritt em seu primeiro longa-metragem foi bem coerente com cenas densas bem fechadas, trabalhando bem sua opinião sobre cada um dos atos, e não deixando tão aberto para o público, o que sempre julgo ser algo mais certo de se fazer, mas com isso ele segurou demais o filme que tinha possibilidades de aberturas maiores com toda a dramaticidade familiar aonde a jovem foi se esconder, poderia ter trabalhado mais a vida da jovem antes da fuga ao invés de apenas duas míseras cenas, e claro poderia ter instigado mais o público com a pegada tensa entre o quarteto, mas aí não seria algo tão mais real que fora contado pela protagonista, e assim sendo, vamos deixar que o clima mais ameno ficasse como dominante, mesmo que o teor seja bem pesado na totalidade. Sendo assim, o jovem diretor foi bem em seu primeiro filme, e certamente poderá ir mais além no próximo se corrigir esses detalhes de segurança.

Sobre as atuações, acredito que o fato dos atores necessitarem falar mais em inglês tenha sido uma barreira tremenda para não incorporarem tantos trejeitos, pois todos pareceram bem secos em cada uma das situações não transparecendo tanto o envolvimento com seus personagens, mas ainda assim passaram boas ênfases e criaram bons momentos com seus atos, funcionando para o trabalho completo, e dessa forma podemos dizer que a estreia da jovem Zuzanna Surowy foi bem moldada ao ponto de sua Sara ter imponência cênica, conseguir dominar os atos e principalmente não ficar tão dependente dos atores mais experientes, acertando até mais do que errando, o que é bacana de ver. Eryk Lubos também conseguiu ter cenas fortes com seu Pavlo, e sempre procurou direcionar o filme ao seu redor, o que é interessante de ver, mas não deslancha fácil, e poderia ter sido mais ríspido pelo estilão escolhido, mas ainda assim funciona. Michalina Olszanska trabalhou sua Nadya com tantas aberturas que o filme se fosse focado nela teria muitos vértices para tratar, desde a infidelidade, do casamento jovem demais, do matriarcado, e claro do ciúme de uma jovem na casa, além de outros pontos fortes para se discutir, mas como esse não era o objetivo do filme, ela quase rouba a cena, e isso soa como falha para a trama. Quanto dos demais, tivemos bons personagens secundários, mas que sem muito desenvolvimento acabaram apenas apresentados dentro do filme, como o padre, o judeu caolho da resistência, a amiga de feira, os generais, e por aí vai, mas tudo indo por um rumo simples demais de estilos, que até agradam, mas não fluem.

No contexto visual, a equipe de arte foi singela de locações, mas trabalhou bem o envolvimento do campo, criou as tensões familiares, brincou com a cultura ucraniana de ano novo, retratou bem as diversas estações, envolveu todos com bons figurinos e cenas fortes, e mesmo sem ter muitos símbolos acabou passando muito sentimento nos atos representados ao ponto de tudo envolver o público, até chegarmos nas cenas finais aonde a guerra é um pouco mais exibida, e acabaram apelando um pouco demais para a computação, o que não foi ruim de ver.

Enfim, é um filme bem interessante, que peca sim um pouco no ritmo, mas que passa um outro lado da guerra que não foi tão trabalhado em filmes, que foi a vivência dos colonos/fazendeiros durante o período, e sendo assim o resultado agrada bastante e faz valer a conferida para quem gosta de dramas de época. Bem é isso pessoal, fica então minha recomendação e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Partida Fria (The Coldest Game)

2/16/2020 11:18:00 PM |

É sempre bem interessante ver um bom jogo estratégico retratado na forma de filme, e tanto o xadrez quanto a guerra são modalidades em que um erro na estratégia toda pode ser fatal, então o que pode acontecer se juntarmos os dois em um único filme? Certamente essa deve ter sido a pergunta que o roteirista de "Partida Fria" teve, e que acabou resultando em um longa bem intenso de atos, com situações amarradas na medida, que conseguem fazer com que o público se envolva bastante com o protagonista, e claro com tudo o que está rolando ao fundo, afinal sabemos bem o desenrolar da Guerra Fria na época, e que ultimamente voltou a ser falado nos bastidores de ambos os protagonistas (EUA e Rússia) sobre equipamentos nucleares. Ou seja, é um filme de época, mas com uma temática bem atual de quebras de sigilos, de personagens infiltrados, e que através de uma mera partida de xadrez diplomática acaba sendo tema para muitas outras situações. Diria que o filme tem uma fluidez um pouco lenta, e algumas dinâmicas abertas e jogadas demais, mas que de um certo modo fica interessante de acompanhar e o resultado final agrada.

A sinopse nos conta que jogando uma grande partida de xadrez em Varsóvia contra o campeão russo, um brilhante, mas esquecido ex-campeão dos EUA e alcoólatra, Josh Mansky é sugado para o mundo da espionagem e do conflito entre as superpotências do mundo. À medida que a crise militar aumenta, o jogo de xadrez assume uma importância inimaginável. Os americanos correm o risco de perder os dois jogos - o xadrez e o domínio do mundo.

Acredito que o maior problema do filme tenha sido a falta de uma direção mais consistente, pois sempre deixando buracos na trama, o diretor estreante em longas Lukasz Kosmicki acabou fazendo com que sua trama tivesse sim um fluxo bem trabalhado de ideias, mas em momento algum ele fecha o elo mais fraco do momento e tudo se solta, ou seja, ele dependeu mais das atuações e dos materiais de arquivo para amarrar o filme do que o seu próprio roteiro em si, mas longe disso se tornar um grande problema, conseguiram na edição moldar todo o resultado e segurar essas pontas para que nem o filme ficasse cansativo, nem o resultado final desanimasse. Sendo assim podemos afirmar facilmente que é um filme denso, com um tema forte, mas que precisou muito cuidado para não falhar em elementos simples, o que é ruim de ver, porém felizmente acabamos fechando o longa gostando do que é mostrado e esquecendo os erros de lado.

Sobre as atuações, diria que Bill Pullman soube segurar bem seu personagem, fazendo com que seu Mansky tivesse tanto os olhares de um alcoólatra quanto de um gênio, e fazendo boas facetas expressivas, dominando o ambiente e até segurando a trama para outros personagens mais fracos ele acabou fazendo com que o filme fluísse ao seu favor, o que é bacana de ver na tela, mostrando que ainda sabe dar show. Lotte Verbeek entregou uma agente Stone sensual com uma pegada mais simples de olhares, fazendo seus atos sem muita desenvoltura, mas também não pecando pela força, e com isso resulta em boas cenas, mas nada que nos impressione. O adversário vivido por Evgeniy Sidikhin foi fraco demais de expressividade, e se o lado russo dependesse da atuação dele seria uma guerra completamente perdida, mas por sorte tivemos Aleksey Serebryakov como General Krutov, que se impôs bastante e chamou a responsabilidade de vilania para si, dando um ar tenso nas suas cenas de tortura física e psicológica de maneira interessante de ver. Robert Wieckiewicz entregou muita personalidade para seu diretor de cultura da Polônia, e com cenas divertidas pela bebedeira ou pelas atitudes em si que faz, o resultado acaba chamando bastante atenção.

Quanto da parte cênica, por ser um filme polonês, arrumaram locações intrigantes, bem características de paisagens de guerra, mostrando ambientes destruídos, passagens secretas, teatros lotados de pessoas uniformizadas militarmente, dando um contexto até diferente do usual de longas de jogos, e que com uma amplitude simples da direção de arte, mas com características bem centradas o resultado até passa como algo a mais, mas certamente poderiam ter ido além nas cenas de briga, nos momentos de tensão de guerra sem precisar de imagens de arquivo, e assim o resultado visual seria mais completo. A fotografia ficou bem marcada por tons escuros para criar tensão, tendo um ou outro momento com poucos tons abaixo, mas nada que amenizasse a densidade do longa.

Enfim, é um filme que quem gosta do estilo irá assistir e curtir, mas que quem procurar falhas irá achar até mais do que o normal, pois falta um pouco de tudo para um resultado maior. Ou seja, é um bom filme, mas nada surpreendente demais, que até dá para conferir em casa tranquilo num momento mais relaxado, afinal como está no streaming da Netflix, podemos ver na melhor hora possível, e assim acaba sendo a minha recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Preço da Verdade (Dark Waters)

2/16/2020 02:45:00 AM |

Pois bem meus amigos, que somos envenenados involuntariamente todos os dias isso eu já sabia, mas que praticamente tudo começou com o lançamento das panelas de teflon pela grandiosa empresa química descobridora do produto é mais um conhecimento que levo para o túmulo após conferir um filme!!! E certamente muitos irão ficar extremamente bravos durante a exibição de "O Preço da Verdade", tanto que no final a sessão já estava quase parecendo uma sala de debates com cada casal nas suas poltronas discutindo toda a revolta do protagonista, e quem estava sozinho discutindo com sua mente como foi meu caso, pois a trama é daquelas revoltantes, que revelam coisas duras, que mostram que organizações gigantes dominam o mundo e nada se pode fazer a não ser ficar dando murro em ponta de faca até o sangue jorrar, mas com toda certeza acabamos aprendendo muito com o longa, e o resultado de ótimas atuações, de um texto forte, e de uma recriação de quase 15 anos na tela foram precisas e imponentes ao ponto de criar discussões e reflexões, e isso sem dúvida faz valer a conferida.

O longa conta a história chocante e heroica de um advogado que arrisca sua carreira e família para descobrir um sombrio segredo escondido por uma das maiores empresas do mundo e levar justiça a uma comunidade perigosamente exposta por décadas a produtos químicos mortais. O advogado de defesa ambiental corporativo Rob Bilott acaba de firmar uma parceria em seu prestigiado escritório de advocacia em Cincinnati, em grande parte pelo seu trabalho por defender grandes empresas do setor químico. Ele se vê em conflito depois de ter sido contatado por dois agricultores da Virgínia Ocidental que acreditam que a fábrica local da DuPont está despejando lixo tóxico no aterro que está destruindo seus campos e matando seu gado. Na esperança de descobrir a verdade sobre o que está acontecendo, Bilott, com a ajuda de seu parceiro na empresa, Tom Terp, registra uma queixa que marca o início de uma luta épica de 15 anos - que não apenas testará seu relacionamento com sua esposa, Sarah, mas também sua reputação, sua saúde e seu sustento.

É interessante demais ver o peso que o diretor Todd Haynes colocou em cima dos ombros do protagonista com o texto forte e bem pegado que o filme tinha, pois ele trabalhou toda a trama ao redor da densidade que poderia envolver o público e isso funcionou muito, afinal longas que usam argumentos jurídicos, trabalhos de advogados, processos e tudo mais costuma prender demais a atenção de todos, e o filme consegue esse feito na medida certa, sem precisar correr com a trama, nem cansar o público com informações demais, de modo que mesmo entrando sempre na tela datas, isso só serve para relevar toda a burocracia de tempo que um grande processo leva, mas o filme deslancha fácil, e isso era tudo o que Haynes precisava para agradar. Claro que quem não é fã de dramas, de advogados, ou até mesmo tem raiva de saber que tudo no ar está nos matando e não quer crer que essa seja uma verdade, irá reclamar demais do filme, mas a reflexão passada tanto pelo texto jornalístico no qual o filme é baseado, quanto pelo ótimo roteiro criado para que a direção brilhasse é daqueles momentos que vamos certamente lembrar, e digo mais, alguns vão chegar em suas casas e jogar fora tudo que tiver teflon, pois volto a frisar que nunca tinha imaginado do perigo dessa tecnologia maravilhosa que não faz nada grudar, mas que no fundo ajuda a nos matar um pouquinho a cada dia.

Sobre as atuações temos de voltar a um ponto que sempre falo, Mark Ruffalo é o famoso ator completo que quando achamos que algum elemento está prestes a dar errado, ele tira algo de seus olhares, faz um movimento corporal incrível e brilha em cena, de modo que seu Rob é perfeito cenicamente, cheio de vontade, preciso em cada detalhe, e é até engraçado que no final mostram a cena de uma festa aonde o verdadeiro Rob apareceu, e até o estilo dos olhares batem, ou seja, deu show na telona. Outro que deu um belo show na telona foi Bill Camp que veio com tudo com seu Wilbur Tennant, fazendo trejeitos nervosos, incorporando momentos enfáticos e sabendo dramatizar cada cena sua na telona, ou seja, foi muito bem em cena. Anne Hathaway ficou meio que de lado a trama quase inteira, mas sua cena no hospital foi daquelas memoráveis que certamente ganharia uma indicação por ela, pois foi densa e direta. Tim Robbins conseguiu fazer quase todas suas cenas sentadas, colocando um Tom meio que disperso, mas enfático no que tinha de pontuar, e chamou a atenção dessa forma. E para fechar temos de pontuar o quão cínico conseguiram deixar Victor Garber com seu Phil, trabalhando bem no estilo de grandes empresários que pouco estão se lixando para tudo, mas ainda enganando sem pesar na consciência, ou seja, também foi bem colocado.

Visualmente o longa quis brincar com as diversas épocas em que o longa se passa e trabalhou bem penteados, roupas, elementos cênicos, carros, e usou também muito do recurso da fotografia granulada que acabou dando um certo charme para a trama, mas poderiam também ter ido mais além para mostrar as doenças dos animais, pois só as partes infectadas na cena com a granulação acabou não ficando muito bem demonstrada, ou seja, a equipe de arte foi bem coerente com os diversos atos, mas poderia ter ido muito além se não fosse um filme de baixo orçamento.

Enfim, é um filme bem tenso, que nos envolve, faz refletir, e que com boas atuações ainda faz o público ficar bravo com certas situações, ou seja, é daqueles que mesmo não sendo uma produção memorável, certamente iremos lembrar daqui a alguns anos, principalmente quando ouvirmos falar algo de teflon, C8 ou PFOA, e assim sendo vale a recomendação de conferida tanto pela história, quanto pela informação passada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Sonic - O Filme (Sonic the Hedgehog)

2/15/2020 02:19:00 AM |

Sempre é uma grande satisfação ver algo que tinha tudo para dar errado virar um grande acerto visual e de história no cinema ao ponto de virar uma franquia que pode cativar tanto os pequenos que nunca conheceram o personagem, quanto os mais velhos que jogaram muito o game no passado, e isso era algo que não estava nem um pouco nos planos de quem viu o primeiro trailer de "Sonic - O Filme", pois vimos uma bomba imensa que já vinha pronta para reclamações, mas ouviram os fãs, e agora com o lançamento do longa podemos dizer com toda certeza, que o ouriço azul veio com tudo para divertir, e certamente ainda aprontará muito nas telonas dos cinemas. Dito isso, posso falar o quão divertido foi ver o personagem carismático correndo, fazendo seus slows divertidos, brigando com seu arqui-inimigo perfeitamente caracterizado por um excelente ator que não mediu esforços para incorporar tudo, e ainda de brinde colocar boas sacadas com os humanos na trama, ou seja, trabalharam muito bem em todos os quesitos para que o filme agradasse a todos, e certamente preparasse o caminho para muitos outros filmes, pois esse funcionou demais.

O longa segue as aventuras de Sonic enquanto ele tenta se adaptar à sua nova vida na Terra com seu recém-descoberto melhor amigo humano Tom Wachowski, enquanto unem forças para tentar impedir que o vilão Dr. Robotnik capture o ouriço azul e use seus poderes para dominar o mundo.

É engraçado que o diretor Jeff Fowler deu a cara para bater quando apresentou o primeiro trailer completamente problemático e tranquilizou os fãs que iria se empenhar com a equipe para que os efeitos visuais ficassem bem melhores e satisfizessem quem sempre jogou os jogos do azulzinho, mas ninguém botou muita fé, a maioria já tinha queimado todas as fichas imaginando que o longa iria ser a decepção do ano, mas ninguém olhou na filmografia dele para ver que antes de se entregar aqui em seu primeiro longa, ele foi responsável por um tremendo filme visual, "Onde Vivem Os Monstros", que trabalhou muito com personagens em fantasias estranhas, mas que no resultado completo funcionava, ou seja, ele sabia que sua equipe daria conta do recado, e deu. Dito isso, temos de pontuar que ele soube pegar um roteiro insano e criar muito carisma, boas cenas de ação, e principalmente contar muito com os atores para que eles acreditassem no projeto, afinal interpretar para o nada, sem a base é muito complicado, e aqui eles conheciam o personagem, mas não o viam fazer todas as loucuras cênicas ao lado deles, e o resultado final ficou muito perfeito de ver, de modo que acabamos entrando no clima que o diretor desejou, e saímos da sessão após as duas cenas durante os créditos querendo ver muito mais, o que deve demorar, mas estaremos lá prontos para o próximo filme.

Sobre as atuações, posso dizer sem dúvida que o filme tem a responsabilidade bem dividida entre os três protagonistas, de modo que acabamos gostando de ver todos na tela com suas respectivas habilidades bem dosadas para empolgar e chamar a atenção, e claro que temos de começar falando de Jim Carrey que praticamente coloca em seu Robotnik uma mistura de todos os seus outros personagens, e adiciona ainda trejeitos próprios para empolgar com muita dinâmica e persistência, fazendo com que a ação fluísse, com que sua vilania funcionasse, e principalmente que cada ato seu fosse memorável ao ponto de querermos ver mais e mais, além claro do visual perfeito para as cenas iniciais, e incríveis na cena dos créditos que ficou ainda mais parecido com o do jogo, ou seja, perfeito como sempre. James Marsden soube se dar muito bem com o personagem animado, de modo que seu Tom pode até parecer bobo, mas encontra dinâmica e funciona bastante na produção, e mesmo que seja um elo sem poderes para brigar contra o vilão, ou até mesmo ajudar o protagonista, ele acaba se doando, fazendo atos emotivos bem encaixados, e agrada bastante no resultado final. Ben Schwartz conseguiu entregar um tom de voz incrível na dublagem do Sonic, dando velocidade na fala, criando trejeitos bem interessantes de entonação, e divertindo bem nas sacadas, de modo que a voz empolga o público e funciona junto da animação computadorizada, o que acaba sendo um grande acerto na montagem final. Quanto aos demais, diria que foram pouco usados, e raspam até de atrapalhar quando aparecem mais do que o necessário, então é melhor nem comentar o que cada um fez.

Visualmente o longa é impecável e maravilhoso de ver, sendo daqueles filmes que não conseguimos tirar os olhos da tela vendo o personagem correr de um lado para o outro, brincando com cenas lentas para mostrar suas desenvolturas, cheios de objetos e detalhes bem colocados para dar as situações, e claro com o vilão um gênio da tecnologia cheio de armas, caminhões, robôs que vão mudando de composição e muito mais que o figurino ainda permitiu ver, além claro de ambientes bem preparados, uma computação gráfica bem interessante de ver (sim tem alguns defeitos técnicos que poderiam ser minimizados, mas nada que atrapalhe muito!), e principalmente o longa teve uma fotografia bem dominada de sombras e cores, ao ponto de sabermos ver o lado mais tenso, bem puxado para o vermelho com o vilão, e o azul dominando com os protagonistas, brilhando tudo ao redor e fazendo bons envolvimentos em destaque. Um ponto engraçado é que não quiseram lançar o longa em 3D, algo que facilmente em outras épocas seria quase que obrigatório, mas o filme tem bastante perspectiva de camadas, e várias cenas que funcionariam com a tecnologia, mas não foi feito, então felizmente todos verão o longa mais barato.

Enfim, é um filme muito gostoso de ver, aonde todos que forem na sessão irão rir muito e se divertir com cada cena maluca que fizeram, que até tem alguns defeitos, mas que passam despercebidos pela velocidade da produção, e com isso a hora passa voando também ao ponto do resultado final acabar empolgando tanto os menorzinhos quanto os mais velhos. E assim sendo com toda certeza recomendo o filme e estarei esperando demais a continuação pelo que foi mostrado no final. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Grito (The Grudge)

2/14/2020 01:18:00 AM |

Como bem sabemos Hollywood anda bem escassa de ideias, e anda requentando projetos funcionais que já deram certo no passado, mas também sabemos que a maioria não tem dado certo e falhado mais do que acertado, então se alguém esperava algo a mais da continuação/reboot da franquia "O Grito", que já teve 3 filmes americanos e 3 filmes japoneses, essa pessoa nem pode ser chamada de ingênua, mas sim de sonhadora maluca que bebeu demais para esperar algo, pois não tem mais o que fazer, não dá para colocar o bicho estranho matando de formas mais bizarras possíveis, e tudo o que aparecer vamos saber aonde assustar, ou seja, fraco é pouco para tudo. Dito isso, o novo filme até tenta criar uma tensão extra, tem uma montagem bagunçada a rodo para tentar tampar furos, e principalmente tem cenas de sustos desprevenidos, mas ainda assim não empolga, e vai ser daqueles que quem conferir na próxima semana nem lembrará de ter visto, ou seja, descartável como praticamente todos os outros 5 sem ser o primeiro longa japonês de 2002.

A sinopse nos conta que em uma casa, uma maldição nasce após uma pessoa morrer em um momento de terrível terror e tristeza. Voraz, a entidade maligna não perdoa ninguém, fazendo vítima atrás de vítima e passando a maldição adiante.

O diretor e roteirista Nicolas Pesce até tentou causar com algumas cenas fortes em seu filme, e com isso chegamos a ter até alguns momentos de tensão, mas ele falhou demasiadamente na edição, criando uma bagunça imensa entre os anos em que o filme se passar (2004, 2005, 2006) e com isso chega a ter momentos que tudo se passa nos mesmo momento, afinal os mortos continuam aparecendo em anos diferentes, e o resultado vira um carnaval só de ideias. Claro que o diretor não quis colocar elementos clássicos do filme original, e com isso os fantasmas deram algumas leves mudadas, e alguns podem até reclamar muito disso, mas a ideia era de um reboot, mostrando no começo a ideia do filme antigo como acabou, e para que rumos novos poderia ir, e isso não é algo muito bom de ver. Ou seja, o resultado geral da trama é confuso, sem muita atitude dos protagonistas, e até passa sem que reclamássemos exageradamente, de modo que um dia deitado em casa até dá para perder uns minutos vendo as cenas interessantes da trama, mas no cinema confesso que poderia ter me arrepiado um pouco mais.

Um dos pontos mais fracos do filme sem dúvida alguma ficou a cargo das atuações, pois Andrea Riseborough deve ainda estar se perguntando qual era sua real finalidade na trama com sua Detetive Muldoon, pois sim ela investiga bastante, tem suas cenas intensas numa saleta de vídeos, mas parece estar sem animo em 99% das cenas, o que chega a ser desanimador, e o garotinho que vive seu filho foi quase um enfeite cênico, aparecendo na cena que já vimos no trailer, e depois servindo para mais nada, ou seja, quiseram dar voz a uma detetive feminina, mas nem usaram nada de impactante para servir o formato. John Cho até tenta criar um corretor dinâmico com problemas familiares com a esposa grávida de uma criança doente, mas também só serve para ter alguns atos mais assustadores, pois não usam esse argumento para mais nada, ou seja, tanto o jovem ator quanto sua esposa serviram para dois ou três atos. Ou seja, a responsabilidade cênica ficou para o trio de velhinhos, que até manda muito bem, principalmente por Lin Shaye que costuma sempre estar entre os bonzinhos em filmes de terror, mas que aqui tem as cenas mais intensas com sua Faith Matheson, tivemos também Frankie Faison tentando ser imponente com seu William, que até tem uma história complacente para a ideia de morar na casa, e Jakie Weaver aparece como alguém que ajuda as pessoas a morrer, mas que acaba mais ficando com medo dos mortos do que tudo, ou seja, poderiam ter usado mais eles, e quem sabe o filme renderia mais. Já os fantasmas vividos por Zoe Fish com sua Melinda, Junko Bailey como Kayako e os demais até tentaram causar, mas só apareceram aterrorizantes, sem muito mais. Agora o policial vivido por Demián Bichir foi enfeite também, não indo nada além na trama, sendo quase um objeto cênico, mas pelo menos deu brecha para que Bradley Sawatzky fizessem cenas intensas como seu parceiro maluco. Ou seja, ninguém salvou o filme.

No conceito cênico, a trama tem casas assombradas marcadas com tudo o que sempre vemos em filmes de terror, uma delegacia que fizeram questão de mostrar a todo momento o número 666 invertido na porta, mas que nada acontece por lá, e ao menos tivemos corpos em decomposição bem fortes, juntamente com cenas bem violentas de sangue, puxando a trama mais para o lado gore do terror, mas como não era essa a ideia da trama, não foram muito além. Como todo bom filme de jump scare, a fotografia é quase que integralmente escura, e resulta em alguns momentos que pegam o público desprevenido com os bichos vindo com maquiagens bem feitas, mas nada que você que já viu diversos filmes de terror não saiba o momento que vai acontecer, e assim sendo o filme falha também.

Enfim, é um filme que diria razoável por tratar de alguns temas fortes como depressão, loucura, morte assistida, velhice, doenças de gravidez, mães solteiras, filhos que cuidaram de mães até a morte e não sabem o que fazer, mas que por não entrar em nenhum tema específico, e deixando tudo isso apenas de lado para assustar/causar, acaba falhando demais, além claro da bagunça de épocas, e assim sendo, muitos que forem conferir sairão da sessão decepcionados, mas é a vida dos terrores atuais, e dessa forma nem dá para recomendar o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Entre Realidades (Horse Girl)

2/12/2020 12:32:00 AM |

Já vi muitos filmes estranhos, mas hoje com toda sinceridade nem sei o que falar direito do longa "Entre Realidades" que estreou na última semana na Netflix, pois bizarro é uma palavra que não cabe na loucura que tentaram passar misturando abduções alienígenas, trocas de corpos, transferências temporais, e tudo mais, que poderiam se passar somente como algo da mente bagunçada da garota, mas que preferiram mostrar (ao menos com o final escolhido), que era exatamente isso o que queriam mostrar, e assim sendo, só posso dizer que foi algo completamente fora da casinha, sendo daqueles filmes que não temos nem como recomendar, pois é muita loucura para qualquer mente comum ver, mas talvez se alguém estiver bem maluco consiga pegar algo a mais, o que não foi o meu caso. Sendo assim, a melhor dica que eu posso dar é que se a plataforma lhe sugerir esse filme, pule, vá para outro que é certeza de ser melhor.

A sinopse nos conta que Sarah é uma mulher sonhadora e socialmente desajeitada. Apaixonada por artes e artesanato, cavalos e crimes sobrenaturais, ela percebe que seus sonhos estão cada vez mais lúcidos e se materializando em sua vida real.

Chega a ser engraçado descobrir que a protagonista também é roteirista dessa loucura toda, e que junto de Jeff Baena provavelmente tomaram um belo porre para escrever o roteiro do filme completo que seria dirigido por ele depois, pois não tem outra explicação, já que já diversos outros filmes envolvendo abduções, mistérios sobrenaturais e tudo mais, mas aqui quiseram brincar com tanta coisa que a pseudo-realidade acabou saindo de eixo completamente, ao ponto de que vamos vendo o filme e passamos a não acreditar em mais nada, além de ficarmos nos perguntando para que rumo será que o longa irá, se conseguirão fechar de uma maneira ao menos coerente, mas não, o filme consegue acabar de uma forma ainda mais bizarra do que o miolo estranho, e sendo assim, não tem defesa que seja feita na história, na direção, ou até mesmo nas interpretações, pois não tem como alguém acreditar nos personagens que lhes foram entregues para atuar decentemente. Sendo assim, se já não conhecia a filmografia do diretor, vou continuar sem ver os demais, pois convenhamos que não dá vontade de nada após ver um troço desses.

O mais engraçado nas atuações é que Alison Brie, por ser a roteirista do longa também, tenta nos convencer das ideologias de sua Sarah, entregando olhares estranhos, fazendo situações esquisitas, e a todo momento falando o que vem na sua imaginação, ou seja, ela fez bem o seu papel, mas ainda assim não conseguimos acreditar nela. Quanto aos demais, ficamos meio que perdidos de quem é quem no meio da loucura toda, mas sua colega de quarto Nikki vivida por Debby Ryan chega a ser até chata demais com o que faz, mas passa a ideia ao menos, já o amigo/namorado vivido por John Reynolds acaba sendo bonitinho nos atos, mas nada demais para mudar o filme.

Visualmente o longa é ainda mais estranho, com lugares inteiros brancos, a protagonista estando num lugar logo em seguida estando em outro, brincando com o fato temporal sem mudar quase nada da hora, mostrando muitos elementos conspirativos, trabalhando ambientes com cores energéticas, e tudo mais, mas sem dúvida o treco mais bizarro e estranho foi mostrar os possíveis aliens com dedos compridos se mexendo como sombras, ou seja, uma loucura completa que ainda trabalhou canções e trilhas de doer os ouvidos.

Enfim, se você leu meu texto inteiro, pelo menos descobriu como fugir do filme, pois não tem como recomendar nada, e mesmo tendo alguns elos interessantes para quem gosta de falar de aliens, de abduções, de lapsos temporais, certamente existem outros filmes bem melhores, então a dica é: se a Netflix te indicar essa bomba, elimine de cara. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Chance de Fahim (Fahim)

2/09/2020 08:56:00 PM |

Chega a ser chato o quanto o pessoal acaba odiando filmes envolvendo competições e longas baseados em fatos reais competitivos, pois se você sair olhando a maioria das críticas desses filmes, quase todas procuram achar mais erros do que se emocionar com a história e o feitio delas, dito isso, posso voltar a dizer o mesmo que falei do longa de ontem, que adoro ver longas franceses, e geralmente eles mais acertam do que erram, e quando acertam, a emoção vem com tudo. O que vemos em "A Chance de Fahim" é daqueles casos que mostram as diferenças de línguas, o conflito da imigração ilegal, a grande xenofobia que muitos possuem, mas também a chance de fazer o melhor por alguém, e dessa forma o longa entrega com muita simplicidade novamente um jovem enxadrista promissor tentando fugir de uma guerra física em seu país, mas tendo de enfrentar outra psicológica em outro, e com uma boa dose de envolvimento, souberam trabalhar as situações, criar os problemas, e fazer com que o filme saísse da caixinha, mesmo que com um final esperado, com algo meio de cartas marcadas, mas que vale se emocionar e ver a trama funcionar. Dito isso, posso voltar a colocar minha cabeça no travesseiro, pois como costumo falar, se vem um filme francês ruim, em seguida vem pelo menos dois bons, e um deles já surgiu.

O longa nos mostra que forçado a fugir de Bangladesh, sua terra natal, o jovem Fahim e seu pai deixam o resto da família e partem para Paris. Após a sua chegada à França, eles começam uma verdadeira maratona de obstáculos para obter asilo político. Graças ao seu talento com xadrez, Fahim conhece Sylvain, um dos melhores treinadores da França. Quando o campeonato francês começa, a ameaça de deportação pressiona Fahim e seu pai. O jovem enxadrista tem apenas uma opção para continuar no país: ser campeão.

Diria que o diretor e roteirista Pierre-François Martin-Laval não colocou o seu máximo na produção, pois embora a trama seja emocionante e bem trabalhada, ela poderia fazer o público se lavar em lágrimas, mas ainda assim ele soube dosar as cenas do jovem com seu pai, ousando mostrar bem um lado da França que muitos não veem de imigrantes jogados pelas ruas, outros sendo enganados por tradutores picaretas, e claro o coração mole de crianças que ajudam outras crianças. Ou seja, dizer que o diretor foi preciso, criando muito em cima do longa é um exagero, pois seu filme não é uma obra daquelas memoráveis, mas colocaria o filme no mesmo patamar que "Rainha de Katwe" pelo estilo, e claro pelo xadrez, e assim como aconteceu no filme da Disney, aqui a trama simples consegue emocionar também quem gostar do estilo, mostrando que o diretor ao menos foi coerente com tudo para ficar bem dosado.

Sobre as atuações, chega a ser até estranho ver Gérard Depardieu gordo, sem um ar galanteador ou com facetas estranhas na cara, de modo que seu Sylvain é duro consigo mesmo e passa esse ar fechado para todos os demais, mas de uma forma coesa ele faz como um bom professor a missão de tentar que seus alunos sejam melhores que ele, e isso fica bem bonito de imaginar ao final quando vemos que o longa foi dedicado ao professor/treinador real de Fahim, ou seja, o ator fez bem seus momentos. O jovem Assad Ahmed estreou muito bem nas telonas com seu Fahim, trabalhando de uma forma envolvente bem dosada, tendo personalidade, e principalmente mantendo olhares firmes, coisas que geralmente os novatos falham muito na tela, e dessa forma o garoto foi bem empolgante em todos seus atos. Isabelle Nanty apareceu um pouco menos com sua Mathilde, mas entregando um papel doce e pontual de ajuda, acabou se saindo bem nos momentos finais, e talvez até pudesse ter sido melhor usada na trama toda, o que não desabona em nada. E para finalizar os protagonistas, temos também o estreante Mizanur Rahaman com seu Nura, que entregou semblantes sérios e desesperados, mas que diferente do garotinho que se abriu mais para as câmeras, ele já foi menos dinâmico, e chega até incomodar seu estilo em alguns atos, mas felizmente o filme não focou tanto nele, e assim ficamos mais com suas cenas fortes funcionais. Quanto aos demais, a maioria fez participações rápidas bem colocadas que nada envolveram, mas temos de dizer que todas as crianças foram muito bem dirigidas, e acabaram chamando bem a atenção.

Visualmente o longa trabalhou bem muitos lugares diferentes dos usuais dos filmes que envolvem Paris, mostrando mais a periferia, os redutos de imigrantes seja em "hotéis" ou nas ruas, mostrou bem as competições de xadrez com toda a tensão característica, e até brincou com o estilo de guerra tanto física quanto psicológica de um modo "bonito" de ver, de forma que o filme entrega uma arte simples e efetiva, e mesmo não tendo grandes detalhes, o resultado funciona bem, criando tanto a emoção do jogo em si, quanto da guerra que é o xadrez e o protagonista tanto fala.

Enfim, o longa passa bem longe de ser daqueles que vamos lembrar muito dele, mas fui novamente surpreso por chegar numa sessão sem ver nenhum trailer, nem ler nada a respeito da trama, e assim como aconteceu com o filme que fiz a comparação, a trama consegue nos levar para outras perspectivas de competições, de batalhas pelo reconhecimento, e até mesmo pela sobrevivência fora do país de origem, e assim com muita emoção passada acabo dizendo que vale sim a conferida, e que muitos irão gostar do resultado final, mesmo sabendo o rumo logo de cara. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Quem Me Ama, Me Segue! (Qui m'Aime Me Suive!)

2/08/2020 08:56:00 PM |

Sempre falo que os longas que mais gosto de conferir no mundo todo são os franceses, mas sei que assim como todos os países, eles também entregam alguns filmes sofríveis, e geralmente as dramédias são as que correm mais riscos de acertos e erros, pois é um gênero tão neutro que não faz nem chorar, nem rir suficientemente quando não são bem feitas, ou seja, é um problemão resolver dramédias mornas, e aqui com "Quem Me Ama, Me Segue!", tentaram brincar com o amor entre os velhinhos, traição entre amigos, doenças, filhos rejeitados, e tudo mais que se possa pensar, ou seja, inúmeros temas que poderiam dar certo, mas infelizmente nenhum deles deu, e o filme tem sim alguns atos engraçados, alguns momentos românticos bonitinhos, mas ao tentar dramatizar tudo, o resultado acabou sendo mais frouxo do que interessante de ver, e dessa forma vemos um filme que não ter ritmo (são apenas 90 minutos que pareceram uma novela de semanas!), sem quase nenhuma essência, e que não atinge nada demais. Ou seja, um filme fraco demais que até pode parecer bonitinho num primeiro momento, mas que acaba cansando mais do que divertindo ou emocionando.

A trama nos conta que Simone e Gilbert, um casal de aposentados, vive em uma aldeia no sul da França. Após uma série de acontecimentos, como falta de dinheiro, a mudança do amante de Simone para outro lugar e as reclamações constantes de Gilbert, Simone decide simplesmente sair de casa. Agora, Gilbert está pronto para fazer qualquer coisa para ter sua esposa de volta.

O diretor e roteirista José Alcala trabalhou sua produção quase como uma peça, aonde temos dinâmicas intimistas dos protagonistas, em cima de um texto meio que sem atitudes, e com isso vemos tantos momentos medianos acontecendo, situações jogadas para o público pegar no ar, mas que ficam apenas como deixadas sem fluxo, e com isso o filme não anda para lado algum, parecendo que a protagonista na verdade quer ser livre depois de certa idade, e sem depender de ninguém ir para qualquer lado, mas ao mesmo tempo se mostra perdida de atos enquanto os homens procuram aparecer demais, ou seja, o diretor fez seu filme ficar leve até demais para gostarmos dele, ou se envolver com algo, além claro dos diversos temas, que não passam muito resultado.

Sobre as atuações, podemos dizer que o elenco tentou entregar um algo a mais na história fraca, fazendo muitas caras e bocas, mas sem muitas atitudes para funcionar como poderia, e sendo assim vemos um experientíssimo Daniel Auteuil fazendo um Gilbert velho, ranzinza, e que muda de opiniões demais para que o funcionamento do personagem agradasse, mas ao menos teve bons momentos espalhados. Já Catherine Frot parece realmente aquelas atrizes que são jogadas numa produção como reserva, saem fazendo um pouco de tudo, e ao final já desgastada volta para fechar o filme com os demais, de modo que sua Simone é agitada, está num período exageradamente morno de sua vida, e quer muito mais, mas o filme não lhe entrega esse mais, e assim tanto a atriz, quanto a personagem soam falsas. Bernard Le Coq é tipo um figurante de luxo chamativo para a produção, de modo que seu Etienne acaba sendo o motivo, e também o andamento da trama, não atacando muito, mas também não sendo atacado, e o resultado não vai muito além também. O jovem Solam Dejean-Lacréole até tentou chamar atenção com seu Térence, mas não flui muito, e acaba ficando deixado de lado. Melhor nem falar dos demais, pois a bomba é maior ainda, então vamos considerar eles apenas enfeites de produção.

Visualmente o longa soa até interessante e poderia ter sido melhor usado dentro da produção, de modo que vemos uma vila singela próxima a um lago, depois vemos outra vila próxima ao mar, e sempre tendo locações bem trabalhadas, elementos simbólicos para representar os atos, e atitudes até coerentes para retratar os amigos sendo mostrados seu passado em um telão, mas não aproveitaram tanto isso na trama, o que é falho, de modo que nada vai além, do que vemos rapidamente.

Enfim, é um filme que não vai muito além, que enrosca demais no ritmo passado, mas que não é uma bomba imensa, dando para curtir se não for esperando muita coisa. Claro que a ideia pareceu exageradamente bagunçada, e o propósito do filme foi fraco demais, mas é uma trama que tem atores esforçados, e o resultado até poderia ter ido bem além. Sendo assim, não recomendo ele, mas também não vou dizer que foi a pior coisa que já vi por ter algumas cenas espalhadas divertidinhas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Adam

2/08/2020 01:47:00 AM |

Existem filmes que em sua essência parecem ser mais simples do que realmente entregam, pois acabam mostrando culturas, mostrando ambientações singelas e eficazes, mas principalmente acabam nos vertendo ao tratamento que algo é feito em determinado país, e que facilmente veríamos acontecer de forma semelhante ao nosso lado também, e com "Adam" acabamos sentindo bem a presença feminina, o ar matriarcal, a densidade de um luto, e além de tudo conseguimos ver uma transformação nítida de expressão por parte da protagonista durante todo o filme, mudando seu sentimento, e praticamente nos fazendo sentir sua liberdade cênica. Ou seja, é um filme que num primeiro momento até podemos sair da sessão achando ele básico demais, mas depois acabamos refletindo sobre tudo o que foi mostrado, e o resultado acaba indo bem além.

O longa nos mostra que Abla é uma mulher viúva e mãe de uma menina de dez anos de idade. Batalhando para sobreviver e conseguir um bom futuro para sua filha, ela começa um negócio vendendo pães e doces marroquinos. Quando uma jovem grávida aparece em sua porta buscando refúgio, ela se vê obrigada a repensar seu estilo pragmático de maternidade e tem sua vida mudada completamente.

Se enalteci aos montes Maryam Touzani no seu primeiro longa como atriz em "Primavera em Casablanca", aqui em seu segundo roteiro e primeira direção também temos de dizer que será daquelas que o Marrocos vai escrever história, pois a jovem diretora e roteirista tem um estilo bem leve, uma mão direta no ponto, e principalmente sabe trabalhar bem o tema sem ficar enfeitando muito, e isso é bom de ver, pois geralmente dramas de introdução acabam sendo floreados, tendem a cair nas repetições, e aqui ela simplesmente falou para as protagonistas: "vão lá e se entreguem", pois é isso que você vê em ambas, de modo que a cada cena vão se abrindo para a diretora, e o resultado vai nos envolvendo. Claro que poderíamos esperar muito mais do filme, poderia ter algo mais tenso sabendo da cultura marroquina, poderia ter um final diferente, mas o resultado ainda assim se mantém gostoso, e essa sacada de podermos ir pensando várias coisas durante o longa sem precisar quebrar muito a cabeça funciona, ou seja, um filme leve, mas nem por isso fraco, e o acerto veio com a indicação do filme pelo país, em sua estreia, pena que não conseguiu ficar entre os cinco que vão para a premiação, mas anotem aí que ainda veremos o nome dela em grandes premiações.

Sobre as atuações é notável demais toda a expressividade de Lubna Azabal com sua Abla inicialmente fechada, cheia de medos de se abrir, corajosa em enfrentar a sociedade como uma mulher viúva que não depende de ninguém para cuidar de sua filha, e que no início tem a face tão franzida que se impõe num nível máximo, e depois com o andamento do longa vemos ela se abrir, se acalmar e até se adoçar e rir, mudando completamente trejeitos, mudando estilos, e envolvendo a todos, ou seja, foi perfeita em tudo. Da mesma forma Nisrin Erradi trabalhou sua Samia com um estilo decidido do que quer, mas precisando de ajuda, e que no decorrer conforme vai se doando para a outra protagonista a interação entre elas fica viva e emocionante num acerto incrível. A jovem Douae Belkhaouda entregou doçura para sua Warda, que foi singela nos atos, mas também conseguiu tirar muito das demais artistas, funcionando bem como elo aberto da trama. E embora apareça pouco, Aziz Hattab foi bem colocado com seu Slimani, aparecendo como ar cômico, mas também se doando em boas atitudes, o que acaba sendo um bom acerto para a trama.

Visualmente o longa não tem muito o que mostrar, mostrando a padaria/casa da protagonista com uma simplicidade de fornos, com ambientes sem nada de luxo, mas trabalhado para funcionar e envolver o público com o pouco que tem, e sabendo acertar muito no tom e na delicadeza de cada movimento de câmera, de cada close nos pães ou nos olhares das protagonistas, nos elementos cênicos como as fitas cassete, ou até mesmo nas cenas com o bebê envolto nos paninhos, até chegarmos nas cenas fora da casa com os diversos carros de viagens, as festas e culturas, o resultado soa bem feito e acerta na mosca.

Enfim, o longa está bem longe de ser perfeito, poderia ter rumos muito mais contundentes e fortes, ou então recair bem para a doçura e emocionar a todos, mas ainda assim passa através de um estilo simples sua mensagem, o estilo cultural do país no momento atual, que reflete muito do que vemos em outros lugares também, e que acaba sendo um bom acerto, valendo a recomendação e conferida. E eu fico por aqui hoje, mas volto ainda nessa semana com mais longas artísticos que apareceram pela cidade, então abraços e até logo mais pessoal.

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Aves de Rapina - Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn)

2/05/2020 02:09:00 AM |

Se você sabe só um pouquinho da história da Arlequina sabe que insanidade é seu nome do meio, e com isso um filme dela (pois dando um tremendo spoiler, o grupo Aves de Rapina só vira grupo mesmo na última cena!) não tinha como ser menos maluco do que a protagonista. Ou seja, "Aves de Rapina - Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa" basicamente nos conta com uma edição maluca de idas e voltas para todos os lados possíveis da história, como foi a vida da maluquinha após se separar do Coringa, ao se meter com um maluco ainda mais insano, e como acabou no meio de uma briga insana junto com outras mulheres bem cheias de personalidade. Claro que o filme é bem louco, tem muita ação para ninguém reclamar, mas demora um pouco para acontecer, pois como é um filme de início de franquia, e a maioria do público não conhece nada das personagens, quem são, como viraram heroínas do dia pra noite, precisaram trabalhar muitas apresentações, e com isso o filme ficou um pouco narrado demais, e quase não atinge um ápice, mas quando chega nos finalmente vemos de tudo um pouco, e o resultado colorido, cheio de referências a outros filmes e personagens, com muitas interações acaba valendo a pena e diverte na medida, e agora é torcer para a bilheteria ser boa e a DC/Warner conseguir finalmente uma sequência de atos decente, pois encaixar todos os seus filmes numa linha está cada dia mais difícil.

O longa é um conto distorcido narrado por Harley, como só ela poderia contar. Quando o mais terrível e narcisista vilão de Gotham, Roman Sionis, e seu braço direito, Zsasz, começam a cassar uma jovem chamada Cass, a cidade é virada de cabeça para baixo em busca da garota. Os caminhos de Arlequina, Caçadora, Canário Negro e Renee Montoya se encontram e o quarteto improvável não tem escolha a não ser se unir para derrubar Roman.

Diria que o risco de um filme do porte desse ter caído nas mãos de uma diretora praticamente iniciante em longas foi altíssimo, pois até temos um filme muito bem feito, com uma montagem insana de cenas indo em caminhos completamente diferentes no início, para explicar um pouco cada momento sem ir numa linha mais direta, mas como é um projeto digamos novo, apesar de nas HQs já ser algo consolidado, a diretora Cathy Yan foi digamos ousada, pois pegou o roteiro de Christina Hodson e brincou bastante com as personalidades das protagonistas, colocou força visual nas lutas, não se limitou a deixar o filme bonitinho e jogou sangue para todos os lados, e com isso o filme ficou forte e bem feito. Porém, acredito que nas mãos de uma diretora (já que a produtora Margot Robbie queria um filme praticamente todo feito somente por mulheres!) mais experiente o resultado seria ainda melhor, pois seria mostrado toda a história, teríamos todas as insanidades, poderíamos até ter toda a bagunça temporal, mas o filme teria uma concisão maior, uma abertura melhor para as demais personagens, e principalmente não precisaria ter tanta narração (o que já disse ser uma fraqueza para diretores que não sabem resolver tudo na tela!), mas felizmente o resultado final flui, então vamos dizer que Yan foi bem no que fez, e quem sabe possa melhorar ainda mais numa continuação.

Falar do elenco é algo bem interessante, pois as jovens garotas souberam dominar bem a tela, mas algumas faltas são notáveis, como aonde está o Batman no meio de toda essa confusão rolando em Gotham? Ok, Arlequina se separou do Coringa, mas certamente ele também estaria disposto a conseguir o tal diamante com informações impactantes, ou seja, a trama quis focar tanto nas atrizes que esqueceu alguns panos abertos da cidade fictícia. Dito isso, Margot Robbie tem carisma para dar e vender, todo filme que entra a atriz sabe estampar sua imagem e encontrar formatos para chamar a atenção, e aqui sua Harley é ainda mais maluca que a que vimos em tantos outros longas da DC, sejam eles de atores ou animações, de modo que queremos muito ver mais dela, ver ela batendo no Batman, vendo ela destruindo tudo com o Esquadrão Suicida, e principalmente o que ela vai aprontar após o final desse filme, pois mais do que uma ótima atriz, ela conseguiu fazer seu personagem ficar ainda mais icônico do que já era. Outra que fez bem seu papel e merecia uma participação mais forte foi Jurnee Smolett-Bell que nunca tinha visto em outros filmes e fez sua Canário Negro com personalidade, cheia de marra, e que pode chamar mais atenção num filme seu, ou mais pra frente sem precisarem tanto de apresentações, pois ela foi coerente em tudo, até ter o seu grande momento em cena, que aí arrepiou de ver. Mary Elizabeth Winstead é quase daqueles personagens que surgem do nada, fazem o que tem de fazer, e depois acabam parecendo importantes com sua Caçadora, ou Assassina da Besta, pois conhecemos bem sua história pelo filme em diversos atos repetidos, e a jovem atriz foi bem de caras e bocas, mas sem nada muito a fundo. Rosie Perez entregou sua Montoya de uma forma meio que jogada demais, pois é quase uma policial renegada, que não se joga de cara, mas que talvez até tenha uma grande participação mais para frente, o que foi uma pena, pois a atriz é boa. A jovem Ella Jay Basco fez bem sua Cassandra Cain, brincando muito com estilos, roubando muito em cena, e fazendo caras e bocas para cada momento, de modo que seu resultado final não é dos melhores, mas agrada bem. Agora quanto dos vilões, diria que tanto Ewan McGregor com seu Roman Sionis, quanto Chris Messina com seu Zsasz exageraram demais em trejeitos e floreios, de modo que não os vemos impactantes, mas sim como daqueles que até tentam chamar a atenção com suas maldades, mas ficam sem muito o que mostrar de onde vieram, e assim o resultado deles ficam mornos demais para um filme forte.

Quanto do conceito visual da produção, é praticamente um daqueles filmes que quem gostar de caçar referências, easter-eggs, símbolos e tudo mais de outras produções vai ter um prato cheio, pois com uma produção colorida, uma Gotham bem bagunçada e dominada por máfias, muitas perseguições, e claro todo o acervo de armas e loucuras de Harley, o resultado acaba sendo uma festa completa com figurinos brilhantes, explosões de purpurina, gases coloridos e tudo mais para algo diferente e bacana de ver, mostrando que a equipe de arte teve um bom trabalho de pesquisa nas HQs, e que junto do roteiro acabaram enfeitando tudo para que cada momento fosse marcante. No caso da hiena poderiam ter usado mais ela, mas acredito que a computação que ficou estranha em poucas cenas, acabaria mais atrapalhando do que ajudando.

Enfim, volto a frisar que é um filme bem maluco, que conseguirá agradar quem for ao cinema disposto a ver exatamente isso: uma história de origem, cheia de apresentações, e que vai entregar muita ação e cores, então se você for querendo ver isso sairá satisfeito, mas se for esperando qualquer outra coisa a decepção pode vir direta no peito. Claro que recomendo o longa, e até esperava um pouco mais de ligações com outros filmes, mas como estamos acostumados já com os longas da DC/Warner quase sem conexões, o jeito é ir vendo e costurando sozinhos depois, pois eles não vão fazer isso por nós. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da Difusora FM por ter conseguido trazer a pré para o interior, e volto em breve com mais textos.

PS: O longa tem uma pequena fala pós-crédito, mas é tão útil quanto o famoso "paciência" de "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" e quem ficar na sala com certeza irá ficar bravo.

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