Netflix - Interrompemos a Programação (Prime Time)

6/30/2021 11:59:00 PM |

Hoje eu deveria escrever apenas assim: é um filme ruim, fujam e pronto, mas vou justificar um pouco mais no texto do lançamento da Netflix, "Interrompemos a Programação", para não ficar tão feio. Confesso que fui assistir ao longa esperando ser algo parecido com o longa americano que concorreu ao Oscar, "Jogo do Dinheiro", aonde temos algo bem tenso e interessante de ver, temos uma proposta a ser mostrada, temos envolvimento e tudo mais, mas aqui basicamente o garoto apenas queria aparecer na TV ao vivo na virada do milênio, e sendo de uma ingenuidade monstruosa acaba sendo quebrado praticamente todas as suas intenções em um diálogo com o pai, que aliás é a única cena que presta do filme, depois é só cena após cena e nada mais. Ou seja, é daqueles filmes que ficamos realmente pensando o motivo de dar play nele, então ao menos que sirva para ninguém mais cair no golpe.

O longa nos mostra que na véspera de ano novo da virada do milênio, um homem armado chamado Sebastian invade um estúdio de televisão durante uma transmissão ao vivo, fazendo dezenas de reféns. Ele tem apenas uma exigência: enviar uma mensagem à audiência.

Em hipótese alguma não posso dizer que o filme do diretor Jakub Piatek não prende o público, muito pelo contrário, ficamos os 93 minutos bem presos esperando que algo aconteça, que a polícia invada logo, que descubramos algum podre ou ideia revolucionária do garoto para o novo milênio, ou seja, é daqueles filmes que ficamos tentando torcer por ele, ficamos esperando alguma coisa, mas infelizmente o diretor não tinha nenhuma proposta para seu primeiro longa, ou melhor, tinha a mesma proposta que o garoto: conseguir aparecer, e conseguiu, pois foi exibido em Sundance e diversos outros festivais, só não garanto que tenha tido uma boa recepção, pois não tem como, já que o filme não vai além dessa ideia, de aparecer na TV, e isso não é algo que alguém pague para ver.

Sobre as atuações, diria que o jovem Bartosz Bielenia até tentou segurar alguns momentos de seu Sebastian, mas não teve grandes intenções com seus atos, ao ponto que tudo pareceu fraco demais, ou seja, é até criamos um leve carisma pelo seu personagem após o que sofre pelo pai, mas logo em seguida ele desanda novamente, e assim não vai muito longe. A apresentadora Mira vivida por Magdalena Poplawska é daquelas que até faz algumas caras e bocas, tenta ter atitudes, mas que realmente parece perdida em cena, o que é uma pena, pois sua desenvoltura na hora que chega o presidente da TV foi algo que poderia ter rolado mais vezes. Agora certamente o momento mais imponente da trama ficou a cargo de Juliusz Chrzastowski como pai do protagonista, que realmente explodiu em cena na hora de dar a bronca no garoto, começando bem de leve, mas fazendo o jovem cair nas lágrimas ao apontar os defeitos dele, e assim o ator mostrou atitude e foi muito bem no que fez. Quanto aos policiais, produtores do programa, e até mesmo o outro refém, é melhor não falar nada, pois é desanimador todas as caras que fizeram, com um leve, mas bem leve destaque para Monika Frajczyk como a negociadora da polícia Lena que teve alguns atos mais chamativos, mas parecia desanimada demais com tudo para chamar mais atenção.

Visualmente o longa até tem alguns momentos interessantes por mostrar a operação de uma emissora no final dos anos 90 com muitas TVs imensas, figurinos clássicos da época e todo o envolvimento característico das festividades de fim de ano com as pessoas mais propensas a não ver falhas, vemos ainda as câmeras imensas, toda a dinâmica bem longe do digital, e o resultado claro truculento da polícia, mas ficou parecendo faltar alguma coisa a mais no conteúdo da trama, pois a alegoria ficou tão fechada apenas na emissora que o ambiente em si ficou pequeno demais, e isso poderia funcionar para dar um ar mais claustrofóbico, porém não aconteceu.

Enfim, é daqueles filmes que não tenho como indicar de forma alguma, que até tem alguns leves pontos bons que já citei no texto inteiro, mas é melhor procurar outra coisa para ver, afinal o streaming é gigante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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TeleCine Play - Caça Mortal (The Silencing)

6/30/2021 12:34:00 AM |

Sabe quando aquele filme começa parecendo já ter toda a intensidade de uma única vez, e você pensa que irá aliviar depois para ter algo menos problemático durante toda a exibição, mas pelo contrário tudo vai ficando ainda pior? Pois bem, o longa "Caça Mortal" é desses, e consegue entregar tantas nuances e reviravoltas que já bem perto do final não conseguimos imaginar exatamente aonde tudo vai chegar, e o melhor é que no fechamento conseguiram mostrar ainda mais crueldade em tudo, ou seja, foram bem precisos de história, colocaram alguns absurdos no miolo que acabam nos irritando, mas toda a síntese é marcante e consegue envolver bastante ao ponto de ficarmos tensos do começo ao fim sem ter grandes espaços de respiro, e isso é o que todos que curtem o estilo procuram em um filme, então a dica do longa que está no Telecine Play é bem válida, e vai agradar quem não tiver problemas no coração.

O longa nos conta que Rayburn Swanson, um caçador que teve sua filha sequestrada. Cinco anos mais tarde, enquanto está no meio da floresta trabalhando, ele se depara com uma câmera de vídeo. Nela ele assiste uma cena chocante: uma jovem, parecida com sua filha, sendo caçada por um homem estranho. Rayburn, então, inicia uma caçada perigosa atrás do homem do vídeo com a ajuda da xerife Alice.

O diretor Robin Pront brincou bastante com a ideia de uma caçada com garotas, mostrou uma loucura bem insana de remover suas cordas vocais para não gritarem, e mais ainda brincou com a mente de um homem maluco que teve sua filha desaparecida e busca por respostas, em meio aos inícios de trabalho de uma jovem xerife que tem um irmão drogado que sofreu abusos durante a juventude, ou seja, um pacote completo de situações que daria para criar até uma série mais alongada, mas da forma que tudo foi tratado no longa o resultado acabou sendo intenso e rápido, jogando tudo para cima, acontecendo de uma maneira bem forte, e principalmente não dando tempo para respiros, o que é um grande acerto. Porém diria que faltou um pouco mais de explicações nas cenas finais para explicar quais motivos levaram o assassino a cometer tudo isso, pois é dito sua ideia, mas não vai a fundo, sendo jogado e acontecendo, e também faltou um pouco mais de força visual, pois como é um longa gravado no escuro de uma floresta acabamos vendo pouca coisa, o que não dá um impacto maior nas cenas finais. Ou seja, vemos um trabalho bem preciso, mas poderia ser ainda melhor com tudo.

Sobre as atuações, é até engraçado como o ator dinamarquês Nikolaj Coster-Waldau costuma imprimir personagens tão fortes em suas interpretações ao ponto de que sentimos sua vibração em todas as cenas, e aqui seu Rayburn chega a ir até o nível de explosão máxima para seu objetivo, brigando em tudo, e correndo muito, além claro de exagerar em algumas cenas, mas tem bons trejeitos marcantes e chama muita atenção com tudo o que faz, agradando bastante. Annabelle Wallis fez uma Alice meio estranha demais para uma xerife, sem muita personalidade, e agindo por impulso demais, e com isso a maioria de suas cenas não condizem com o correto, o que poderia ter sido minimizado um pouco com trejeitos mais fortes e menos soltos. Zahn McClarnon sempre faz papeis indígenas por suas origens, e aqui como um policial de uma tribo ele se impõe bem para cima da jovem xerife, cria algumas nuances, mas não tem muito uso narrativo dentro do longa, então é meio como alguém respeitado pelo ambiente, e o ator também não foi muito além, ou seja, usaram ele sem ele fazer nada. E por último o jovem Hero Fiennes deu suas falas fazendo caras e bocas exageradas para seu Brooks, trabalhando os elos do personagem e soando exageradamente misterioso, ao ponto que como já disse valeria talvez o filme virar uma série para desenvolver cada personagem, conhecermos os abusos que o jovem sofreu, ver a briga eleitoral para xerife, vermos de uma forma consistente o sumiço da filha do protagonista, conhecer mais o vilão e suas motivações, e assim cada momento ficaria muito mais marcado e completo, mas cada um no seu devido tempo tentou chamar atenção e funcionou ao menos.

Visualmente o longa é bem marcado por cenas violentas no meio de uma tremenda floresta, muitos ambientes de uma "fábrica" recheada de drogados, uma intensidade de armas bem colocadas como arremessadores manuais de flechas, todas as nuances de pessoas disfarçadas no meio do mato escuro, e ainda operações para tirar as cordas vocais das garotas, ou seja, todo um processo gigante de elementos cênicos que foram intensificados por um filme com bem pouca iluminação, o que acaba pegando o público desprevenido com alguns sustos.

Enfim é um filme bem interessante, que nos deixa bem tensos do começo ao fim, e que consegue chamar bastante atenção, porém como disse acima poderia ter sido melhor desenvolvido num formato maior, pois tem muitos elementos que acabaram sendo apenas jogados na tela de forma bem corrida, e assim sendo recomendo a trama por toda a tensão passada, mas gostaria de ter melhores explicações de praticamente tudo para ficar ainda mais chocado com alguns momentos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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TeleCine Play - Procura-se (The Vanished) (Sem Rastros) (Hour of Lead)

6/29/2021 01:13:00 AM |

Olha, já fui muitas vezes surpreendido por finais de filmes, daqueles que você vai jogando mil suposições, começa a ficar nervoso com tudo e ameaça até a desistir de conferir a trama até o final achando que vai acabar de uma maneira completamente jogada e que irá se irritar mais ainda se continuar vendo, e hoje com o longa "Procura-se", que não sei o motivo mas também tem o nome nacional de "Sem Rastros", e achei no Telecine Play para conferir, foi exatamente isso o que ocorreu comigo, pois a única, confesso a única ideia que não pensei para o final foi a que ocorreu, e confesso mais ainda, é genial, pois em hipótese alguma pensamos nessa possibilidade, e com isso mesmo o longa sendo arrastado durante praticamente toda a exibição, no final o queixo cai, e a raiva vem em tamanho gigantesco de forma a revoltar demais. Ou seja, é aquele famoso filme que um spoiler estraga ele inteiro, então digo que indico ele para todos, mas que não procurem saber nada, pois o melhor de tudo é a descoberta final com uma reviravolta imensa.

O longa nos conta que Wendy e Paul viajam em um trailer com o objetivo de acampar com sua filha. Quando de repente a jovem desaparece sem deixar vestígios, o casal sai em busca da menina pedindo ajuda a todos. Ao perceberem que nenhum avanço acontece, eles decidem ser mais radicais, indo até as últimas consequências para resgatarem seu bem mais precioso.

Anda uma moda de migração da maioria dos atores para a cadeira de diretor e roteirista que é uma beleza, e certamente a maioria já viu algum filme com Peter Facinelli (o vampiro loiro de "Crepúsculo" para ajudar na lembrança) como ator, mas como diretor e roteirista esse é apenas o seu segundo exemplar, e ele conseguiu incorporar o tradicional feitio de um longa bem amarrado, daqueles que ficamos o tempo todo conversando com a TV e falando "ele não vai fazer isso", "para com isso", "você ta maluca!", e por aí vai, de modo que sua síntese nem é tão simples, e fez algo que aparentemente era bem simples, fácil de pegar, e tudo mais, ficar tão amarrado, tão cheio de arestas e ao mesmo tempo tão preparado para surpreender, que não conseguimos acreditar quando o filme nos revela, pois tudo fez muito sentido, e mesmo sendo cansativo por nos amarrar, o resultado explode numa intensidade tão boa que não temos mais do que reclamar. Ou seja, é daqueles longas que você passa 90 minutos xingando, pensando e tudo mais, para no final falar: "não acredito!", e assim o resultado ser perfeito.

Sobre as atuações, diria que Anne Heche e Thomas Jane se entregaram muito bem na personalidade marcante de seus Wendy e Paul, ao ponto que acreditamos em cada uma das situações que o casal vive na trama, ficando tensos em praticamente todo o filme, nervosos com as besteiras que fazem com armas na mão, mas que até entendemos bem o desespero de pais ao não verem resultado numa investigação, mas certamente a maioria faria num tom abaixo de loucura, e claro que os trejeitos e sensações que cada um acaba passando é melhor ainda a cada reviravolta. O xerife Baker vivido por Jason Patric também teve cenas bem intensas e dramatizadas, mas raspou a trave de puxar o filme para si quebrando o eixo da história para algo novelesco com dois núcleos, porém manteve bem seus trejeitos e vivenciou bem os momentos da família entregando boas cenas. Outro que foi bem com trejeitos de claro viciado meio estranho que acaba jogando muitas suspeitas para si foi Alex Haydon com seu Justin, mas o jovem certamente poderia ter ido além em diversos momentos, o que deu uma certa brecada nas nuances. O casal vivido por Kristopher Wente e Aleksei Archer até teve algumas boas nuances, mas ficou muito sem fluxo nas cenas, parecendo ser daqueles que não entenderam o que tinham de fazer em cena, mas não ficou ruim de todo modo, além claro das nuances sensuais de Miranda que chama atenção do protagonista. Logo de cara já dá para ter desconfiança dos problemas de John D. Hickman com seu Tom, pois ninguém é tão estranho assim na primeira cena, mas seus atos de reviravolta foram bem intensos e interessantes de acompanhar, e isso não é um spoiler. E claro para fechar, diria que o diretor apareceu demais com cenas tão jogadas para seu Rakes, só falando de FBI isso, FBI ligou, liguei para o FBI, que olha fez diálogos para todos os personagens e esqueceu os seus, ficando repetitivo demais, e dispensável demais.

Visualmente o longa foi bem simples, com um lago rodeado por muita floresta, uma lojinha/sede do camping com vários produtos para compra/locação, com cartazes simples sem nada muito chamativo, dois ônibus/trailer bem completos de recursos e claro muitas pistas nos objetos cênicos, alguns carros da polícia, a casa do xerife apenas para uma nuance de reflexão, algumas cenas em hospitais, a frente da delegacia para algumas entrevistas, o pequeno trailer do jovem drogado completamente bagunçado, alguns latões de lixo importantes, e claro um quartinho secreto de vídeos que vai ser usado mais no fim, ou seja, tudo deve ser bem olhado para pegar pistas, e mostrando que a equipe de arte brincou demais com nossa mente, usando claro o roteiro com muito afinco, mas sem pesar a mão em nada.

Enfim, é um filme que tem um ritmo meio que cansativo e amarras exageradas no miolo, mas que tem um fechamento tão bom, que compensa todo o tempo que ficamos esperando por algo, sendo daqueles longas que a surpresa vem e nos bota no chão, inclusive mudando tudo o que achávamos que tinha acontecido na cena anterior. Ou seja, recomendo ver o filme com calma, descansado para não dormir nas partes do miolo, e se surpreender bem com o fechamento chocante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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TeleCine Play - Galveston: Destinos Cruzados (Galveston)

6/28/2021 12:46:00 AM |

Sabe aqueles filmes que você termina de assistir e fica se perguntando qual era a real ideia de tudo? Que não sabe se gostou ou não do que viu pôr a trama não ter uma conexão direcionada para algo? Pois bem, eis que aproveitando ainda do sinal aberto do Telecine Play resolvi clicar no novo filme de Mélanie Laurent, mas não como atriz de sucesso que vimos em "Oxigênio" alguns meses atrás, mas sim como diretora, e seu "Galveston: Destinos Cruzados" é exatamente desses, pois até usarmos a ideologia do subtítulo nacional que eles se cruzam em um dos trabalhos de matança do protagonista, a salvando de ser morta e levando-a consigo está valendo, mas e sobre o que seria o filme? Sobre reconciliações, sobre mudança de vida que não ocorre, sobre salvar a vida de alguém, sobre vinganças, se me fizesse essa pergunta agora, com toda sinceridade eu não saberia responder, pois é daqueles filmes que acontecessem de tudo, ao mesmo tempo que nada acontece, que temos cenas impressionantemente bem dirigidas, com planos-sequências incríveis, com técnicas, violências incrustradas, mas não leva nada a lugar algum, ao ponto que no final apenas falamos é isso, e pronto.

O longa nos conta que após escapar de uma armação feita pelo seu antigo chefe, um assassino moribundo resgata uma jovem prostituta e foge com ela para Galveston, onde planeja sua vingança. Os dois precisam encontrar suas forças enquanto são perseguidos por pessoas perigosas e pela sombra de seus passados.

O longa que é baseado no livro de Nic Pizzolato tem até boas intenções e cenas bem fortes e intensas, porém acredito que a diretora Mélanie Laurent não soube conduzir o filme num fluxo que ficasse explícito suas intenções, pois vemos um pouco de cada coisa rolando durante toda a exibição, mostrando que a diretora até tem técnicas bem aprimoradas de estilos diferentes, mas faltou uma coesão em cima de tudo para que o filme funcionasse e não fosse apenas intenso de trama, já que vemos tudo acontecer com ambos os protagonistas, e não conseguimos enxergar exatamente para onde desejavam nos mostrar algo. Ou seja, não é um filme ruim se analisarmos a fundo, pois tem toda a nuance de uma tentativa de mudança de vida, e também tem toda a proposta em cima de uma vingança por tentar acabar com a vida dele de alguma forma, mas nenhum dos dois vértices acaba acontecendo e o resultado acaba ficando vazio demais. Claro que o envolvimento cênico funciona bem, ficamos com pena da garota, vemos uma mudança no clima do protagonista, e até passamos a conhecer mais eles, mas nada atinge um ápice, e ao final acabamos sem entender aonde desejavam chegar com tudo.

Sobre as atuações tenho que dizer que é inegável o quão bom estão os dois protagonistas, pois certamente foi uma das melhores interpretações que Ben Foster já fez, colocando seu Roy com uma postura forte, várias dúvidas na cabeça, mas sem abaixar ela se jogou com muita imposição para cima de todos fazendo trejeitos bem marcados, situações intrigantes, e claro muita densidade cênica para que seu personagem fosse marcante, ou seja, acertou bem no estilo que escolher e manteve até o final. Da mesma forma Elle Fanning trabalhou bem sua Rocky, se entregando em nuances ousadas, porém mantendo também um ar infantil, daquelas mulheres que acabaram sendo mães tão cedo que ainda não se tocaram na vida, além claro da vida que passou a viver por esses abusos, e seu acerto visual é bem expressivo e certeiro para a trama, só precisava ter alguma dinâmica maior que encaixasse com o filme por completo. Já os demais cada um apareceu dentro do que o filme pedia, e isso é algo ruim, pois nada vai além da trama, desde Beau Bridges como o grande chefão do crime Stan, passando pela dona da pensão Nancy vivida por C.K. McFarland, até o jovem Robert Aramayo com seu Tray super ladrão profissional, mas a grande expressividade caiu mesmo no final de Lili Reinhart com a versão adulta de Tiffany, que merecia até um pouco mais de momentos para o fechamento ficar melhor.

Visualmente o longa tem uma boa intensidade, mostrando a confecção de faixada aonde rolam as negociações do mafioso da cidade para quem o protagonista inicialmente trabalha, temos uma pensão na praia bem interessante aonde se desenvolvem alguns momentos da trama, e claro temos muitos diálogos nos carros, em bares, e até mesmo a intensidade na cabana de Orange e no fechamento em um apartamento em meio a um furação, ou seja, a equipe de arte desenvolveu bem os ambientes para que o clima ficasse forte, as maquiagens dos socos ficassem bem realistas nas cenas finais, e que tudo parecesse um filme mais complexo, o que acaba sendo um grande acerto, mas como disse, o filme não tem um bom resultado, e sendo assim tudo o que a equipe de arte criou ficou apenas para um conceito.

Enfim, é um filme que não consigo recomendar, pois como disse não enxerguei aonde a diretora exatamente queria chegar, e assim sendo o resultado do ambiente todo passa a ser estranho de ver, ou seja, é daqueles filmes que alguns vão achar incríveis se conectarem com a ideia por completo, mas infelizmente não fui uma dessas pessoas, e sendo assim é melhor optar por outro longa já que a plataforma tem tantos filmes novos para escolher. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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TeleCine Play - Assalto ao Banco da Espanha (Way Down) (The Vault)

6/27/2021 06:35:00 PM |

Quem lê meus textos sabe que desde que comecei a ver muitos filmes dos streamings da vida tenho tido uma queda grande pelos longas espanhóis por toda a qualidade entregue e por ideias geralmente bem interessantes em cima de temas que já vimos em longas americanos, e quando acho que não vou ver nenhum outro bom deles, eis que a surpresa vem! Com a abertura do sinal gratuito para o Telecine Play nessa semana, resolvi ver alguns filmes que tinha gostado das ideias e não estrearam em outras plataformas e nem nos cinemas nacionais, e um que aparentava ser bem bom era "Assalto ao Banco da Espanha", e eis que toda a expectativa que criei em cima da trama foi concluída com sucesso, pois o filme começa bem calmo, parecendo não empolgar, mas vai criando tantas possibilidades, vamos caindo no carisma dos personagens principais, e quando vemos já estamos igual a torcida espanhola comemorando o gol da final nos acréscimos da Copa do Mundo de 2010. Ou seja, é daquelas tramas tão bem amarradas, com uma ideia mirabolante muito bem feita, que nos joga o ar de o simples vai ser o que vai funcionar, que tudo sai muito bem, até chegarmos no final, e cantarem a bola para uma possível continuação! Espero que os produtores e roteiristas já estevam preparando o 2, pois quero na minha tela pra ontem!!

A sinopse nos conta que Thom Laybrick é um jovem e brilhante engenheiro que dificilmente se atrai pelos projetos em que é chamado a participar. Mas ele diz sim quando o caçador de tesouros Walter o convida para se unir a um grupo de contraventores que pretendem realizar um assalto ao Banco da Espanha. Calculado em cada detalhe, o roubo se torna uma incessante luta contra o tempo para que consigam se dar bem em meio à Copa do Mundo em que a Espanha disputa a final.

O diretor Jaume Balagueró é bem conhecido por seus filmes de terror aonde somos pegos por grandes sustos, como é o caso da franquia "[Rec]", e aqui em sua primeira aposta fora do gênero conseguiu mostrar uma dinâmica tão precisa e tensa quanto os longas que já fez, pois com um tempo cronometrado de uma partida de futebol, toda a segurança máxima de um banco das antigas aonde a engenharia faz as honras de matar os assaltantes, e com um elenco muito bem coeso de estilo, o resultado acabou ficando impressionante de ver, pois o diretor fez questão de minúcias na cenografia, brincou bastante com toda a dinâmica envolvendo os jogos e as sacadas entre cada um dos personagens, e ainda ousou em não cair no gênero novelesco/seriado que poderia facilmente seguir, afinal quando temos muitos personagens para desenvolver e todo um ambiente isso é muito fácil de rolar, mas não, seguiu coeso focando no objetivo máximo que era o assalto não de muito dinheiro, mas sim de uma única peça. Ou seja, o trabalho que vemos tanto no roteiro quanto na direção precisa é sentido do começo ao fim, resultando em algo que flui bem, e que principalmente faz o público desejar a sequência logo que sobe os créditos, mas como foi algo que não saiu para os cinemas, precisaremos ver como foi a aceitação mundo afora para os produtores acreditarem em lançar a continuação.

Sobre as atuações, acostumamos tanto a ver Freddie Highmore com seu Dr. Shaun da série "The Good Doctor", que vê-lo se entregando a um personagem genial também em um filme é algo meio que bagunça nossa cabeça, pois ele segue um pouco os mesmos trejeitos aqui para seu Thom, mas se joga completamente no papel e consegue agradar nas desenvolturas que cada momento pede, desde dar os palpites certeiros para cada momento, até entrar de cara na hora de invadir o banco tendo de rastejar nos dutos e tudo mais, e com um carisma fora do comum acabou agradando demais em tudo. Liam Cunningham trouxe para seu Walter a força de impacto e o desejo de um capitão realmente, fazendo toda a orquestração do roubo e mesmo sendo muito rico, tendo o desejo de algo que lhe foi tirado, ou seja, trabalhou olhares nos momentos certos e foi bem conexo com todos no plano. Sam Riley colocou para seu James um estilo mais fechado ao ponto de a todo momento desconfiarmos dele, pois ao mesmo tempo que passava a ideia de um líder da equipe, passava também um estilo meio duvidoso de seus atos, e com boas interações o ator acaba agradando bastante em tudo também. Astrid Bergès-Frisbey também entregou uma Lorraine muito interessante, principalmente por seus disfarces como curadora de arte muito bem colocadas, e com dinâmicas tão bem precisas e envolventes que acabamos nos conectando demais em sua personalidade. Ainda tivemos bons momentos de Jose Coronado como o gerente de segurança do banco Gustavo, com uma personalidade forte e desconfiança até da sua própria sombra, Luis Tosar com um Simon cheio de momentos cômicos mas bem direcionados, e até mesmo Axel Stein deu boas conexões como o hacker Klaus, ou seja, um elenco preciso e muito bem conectado que acaba agradando do começo ao fim.

Visualmente o longa também tem bons momentos, com toda a grandiosa arquitetura do Banco Central da Espanha, temos um bom esconderijo dos protagonistas aonde cada um tem seus momentos icônicos e quando saem lá fora temos todo o visual da praça aonde os torcedores estão abarrotados para conferir os jogos da seleção espanhola, e claro ainda tivemos momentos bem marcantes nos túneis até chegarmos na grandiosa balança. Ou seja, se a equipe de arte teve a oportunidade de gravar realmente nas locações não sabemos, mas conseguiram dimensionar tudo com muita fidelidade, agradando em detalhes e símbolos bem precisos, além de ótimos desenhos e plantas, mostrando um trabalho bem primoroso.

Enfim, não digo que seja um filme perfeito por termos algumas situações bem improváveis e que nem em sonho aconteceriam num roubo do estilo, mas que tudo é tão bem feito e envolvente que não tenho como não recomendar com muita certeza cada momento da trama, e como já disse estou torcendo demais para termos a continuação bem em breve, pois promete algo do mesmo estilo e certamente teremos algo ainda mais imponente já que agora vamos para outro evento esportivo. Sendo assim, aproveitem que o Telecine Play esta aberto, e confiram. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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TeleCine Play - Na Mira do Perigo (The Marksman)

6/27/2021 01:50:00 AM |

Acabamos acostumando tanto com os filmes de vingança com Liam Neeson que quando ele faz um filme ainda envolvendo tiros, mas bem mais light acabamos não nos empolgando como deveria, e acredito que isso deva ocorrer também com as distribuidoras para decidir se mandam ou não um longa para o cinema, pois "Na Mira Do Perigo" pelo trailer até tinha cara de uma trama mais imponente, cheia de desenvoltura e que veríamos o brucutu fazendo um pouco de tudo para salvar o garotinho e sua pele, mas tudo foi montado de uma maneira tão leve e sem grandes explosões que mesmo sendo um filme interessante de acompanhar, no final não sentimos a afobação costumeira, e assim o resultado final acaba parecendo morno demais. Ou seja, não é uma trama ruim, mas ficou claro o motivo dele ir direto para o streaming depois de tanta propaganda nos cinemas, pois falta aquele detalhe característico que tanto impressiona nos seus filmes: a vingança realmente acontecendo.

O longa conta a história de Jim, um ex-fuzileiro naval que decide se tornar fazendeiro na fronteira entre Arizona e México e tenta levar uma vida calma. Mas para sua surpresa, ele acaba se tornando o improvável defensor de Miguel, um jovem que teve sua mãe assassinada pelo cartel mexicano. O menino tenta desesperadamente fugir dos assassinos que o perseguiram até os Estados Unidos. Jim, então, decide ajudá-lo a chegar em segurança em seu destino e para isso precisa encarar o cartel de frente.

Uma coisa que costumo dizer quando converso com alguns amigos é que todo diretor em fim de carreira pode virar um produtor e continuar ganhando dinheiro investindo o dinheiro que já ganhou dirigindo, mas quando um produtor muda de lado e resolve dirigir é algo meio problemático que geralmente passa a pensar mais na classificação, nas diversas problemáticas de uma locação e por aí vai, não deixando a criatividade fluir como um diretor mais maluco faria, e em se no primeiro filme que fez Robert Lorenz foi bem com o Clint Eastwood em algo mais calmo, aqui em seu segundo que exigia mais imposição ele já falhou grandemente, pois vemos um filme que talvez até poderia ir além, mas a todo momento nos vemos presos e sem uma fluidez nata que qualquer outro diretor saberia explodir. Ou seja, não digo que ele tenha errado em diversas escolhas da trama, mas faltou encontrar o tesão realmente que gostamos de ver nos filmes do Liam Neeson, aonde ele salta, atira sem pensar, prepara armadilhas para os vilões e tudo mais, enquanto aqui ele apenas dirige, e quando resolve atirar é algo tão calmo e sem vida que nem empolga. E sendo assim o trabalho que o diretor acaba entregando fica morno, o que não é costumeiro de ver em algo do ator acontecer.

Sobre as atuações, chegando próximo dos 70 anos, Liam Neeson aqui começa a aparentar um pouco de cansaço físico de tantas cenas mais explosivas, mas como disse, isso pode ser reflexo de uma direção ruim ou realmente ele já não ter mais o mesmo pique, e aqui seu Jim parece ser daqueles que está fazendo algo por fazer, já não se importando com mais nada, mas ainda levando o garotinho até a família em solo americano, ou seja, faltou aquele gás característico dele, aqueles olhares vingativos, e até mesmo na cena em que ocorre uma morte próxima a ele, não o vemos revoltado, e sim apenas acomodado, e assim sendo o personagem não empolga. Juan Pablo Raba até entrega trejeitos de vilania forte como o líder do cartel, faz algumas imposições bem colocadas, mas abusaram demais visualmente com alguns elementos no dente e algumas pegadas meio que jogadas que parecia apenas alguém disposto a sair matando sem rumo, não tendo muita coisa a mostrar, e isso é ruim para um personagem forte. O jovem Jacob Perez até que se entregou bem para seu Miguel, dando ares de revolta, outros de tristeza pela morte da mãe, e alguns apenas sem muita influência, ao ponto que poderiam ter colocado um pouco mais de envolvimento dele na trama para chamar atenção, mas foi melhor que muitos no filme ao menos. Já Kathery Winnick ainda está perguntando de onde saiu o seu cachê, pois sua Sarah é mero enfeite para ficar falando com o protagonista ao telefone com frases marcadas quase sem nexo algum, ou seja, poderiam ter cortado essas cenas facilmente.

Visualmente temos um começo interessante para mostrar a aridez da fronteira dos EUA com o México, aonde vários grupos acabam tentando a passagem e muitos acabam quase mortos pelo clima, e outros pelos carteis, vemos todo um trabalho cênico para mostrar o rancho do protagonista completamente jogado após a morte da esposa, e isso tudo é motivo para entendermos que para ele nada mais faz sentido, e pode se jogar em um conflito que não tem mais nada a perder, depois o longa muda de rumo para um estilo de road-movie de fuga passando por várias cidades, postos, motéis, e por onde passam as pessoas acabam mortas pelos líderes do cartel, o que chega a ser até um pouco engraçado, pois ninguém numa fuga usaria cartões para saberem aonde estão, mas está valendo, e sendo assim vemos que a equipe de arte até foi coesa nas ações e o resultado ao menos aparece com tudo bem preparado.

Enfim, é um filme até que interessante, com uma pegada leve até demais que quem for conferir esperando algo realmente do porte dos demais filmes do ator acabará bem decepcionado, mas que de certa forma serve como um passatempo mediano razoável de conferir, e sendo assim fica a dica para quem estiver com o Telecine liberado nessa semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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4x100 - Correndo Por Um Sonho

6/26/2021 06:35:00 PM |

Se não tivesse rolado toda essa confusão da pandemia, 2020 teria sido mais um daqueles anos olímpicos recheados de intensidade, aonde veríamos várias campanhas com atletas, assistiríamos as disputas mais imponentes possíveis, e claro saberíamos dos vários encontros entre atletas de diversas equipes como sempre rola, mas com o adiamento dos jogos para 2021 e com tudo o que rolou e ainda está rolando sabemos que esse ano será bem diferente com tudo lá em Tóquio. Dito isso, a ideia do filme "4x100 - Correndo Por Um Sonho" é maior do que apenas algo envolvendo o esporte, mas sim a batalha que muitos tem para conseguir algo, para manter seu sonho de ganhar uma medalha, de ser atleta por profissão e conseguir viver disso, além claro de sobreviver com os diversos percalços do caminho, os erros dentro de uma equipe, a falta de um apoio mesmo que seja apenas emocional no momento mais tenso da carreira, e por aí vai, que conseguiram mostrar de uma maneira gostosa e interessante, mesmo que para isso precisassem usar de muitos efeitos computacionais para representar as competições, e abstrair os elos estranhos com isso, e o resultado funciona, emociona e mostra o que já havia dito em outros longas nacionais envolvendo esportes, que esse é um gênero que agrada muito, pois todo mundo sonha e gosta de torcer por um personagem.

A sinopse nos conta que uma derrota na final Olímpica do revezamento 4×100 marca para sempre as vidas das atletas. Três anos depois, Maria Lúcia, a responsável pela eliminação, segue brilhando no atletismo e na mídia, enquanto Adriana que trabalhou duro na competição, vive frustrada de pequenas lutas de MMA. Em 2020 elas tem uma nova chance de reescrever essa história nas Olimpíadas de Tóquio. Será que essa dupla conseguirá deixar suas desavenças de lado pelo grupo, e provar que o atletismo feminino segue mais forte do que nunca?

O estilo do diretor Tomas Portella é bem interessante de ver, pois ele gosta de trabalhar as cenas com muita proximidade entre ator e público, ao ponto que acabamos vendo muito mais trejeitos, muito mais envolvimento, e além disso sempre vemos nos longas que escolhe uma imponência feminina bem alocada sem parecer forçada, pois dá para suas personagens um estilo centrado, a procura pelo bom desenvolvimento, e claro que com isso conseguimos ver o crescimento de cada personagem dentro do próprio filme. E aqui ele trabalhou com algo que certamente ainda não tinha utilizado tanto, que foi a computação gráfica, afinal nem tem como gravar com aquela quantidade imensa de público que aparece nas torcidas nem em qualquer evento comum quanto mais para uma gravação, além de todas as atrizes não serem corredoras, então foi preciso trabalho de dublês, e várias montagens finais para que o resultado ficasse mais homogêneo e não estranho, mas fez isso de letra, e o resultado funcionou com uma boa pegada de emoção, e parecendo até que as atrizes foram corredoras exímias de alto rendimento, além de conseguir delas boas emoções em cena, o que agrada bastante.

E já que comecei a falar das atrizes, eu diria que a maior surpresa desde quando vi o trailer numa propaganda sobre o filme foi o de ver Thalita Carauta como uma atriz dramática, pois sempre a vimos em comédias bem escrachadas, e aqui teve de se impor tanto como atleta de atletismo de performance quanto uma lutadora de MMA que apanha bastante com sua Adriana, ou seja, mudou completamente de ares, e acertou bem no papel, dando uma boa personalidade, encontrando trejeitos de força, de dor e até de tristeza nos atos mais fortes, o que mostra que a comediante vai talvez ficar de lado e alçar novos voos como atriz, pois é boa no que faz. Fernanda de Freitas também se entregou para sua Maria Lucia, trabalhou sentimentos de tristeza, deu boas dinâmicas com envolvimentos de brigas, daquelas que até sabemos o que cada um está sentindo mas não conversam, e mesmo não se impondo tanto chamou muita atenção para os seus atos finais, o que acabou agradando bem também. Priscila Steinman também teve momentos marcantes dentro da produção com sua Sofia, e acaba sendo o contraponto do apoio emocional que Malu não teve em sua primeira disputa, de forma que vemos um bom envolvimento e um certo gracejo de alguém novo começando no esporte profissional. Agora um que mudou muito o estilo de atuação e até nem tinha reconhecido quem era o treinador Victor foi Augusto Madeira, pois geralmente seus personagens são mais irreverentes, cheios de trejeitos e marcações, e aqui ele deu uma personalidade bem séria para seus momentos, foi dinâmico nas entrevistas, e emocionou com a determinação colocada, mostrando atitude, que é algo não muito comum de ver em seus personagens. Ainda completaram o time de corredoras Cintia Rosa com sua Jaciara que não deseja ter filhos e o marido fica impondo o sonho da medalha para isso acontecer, e Roberta Alonso com sua Rita mostrando toda a dureza de atletas que acabam caindo nos dopings para conseguir aumentar seus rendimentos, ou seja, ambas tiveram histórias secundárias na trama, mas foram muito bem no que fizeram, e para finalizar tivemos a sempre bem presente Zezé Mota como a médica da delegação, entregando carisma para as jovens.

Visualmente a trama tem cenas bem empolgantes de corridas, e claro muita preparação em ambientes locais de treinos, mostrando pistas esburacadas, treinos em campos de barro, vemos lutas em ringues bem marginalizados e jogados de canto, e claro todo o ambiente luxuoso dos estádios japoneses, além claro de muita computação para montar as torcidas nos estádios, mas foram coesos na maior parte não exagerando tanto, deixando que tudo rolasse mais nos bastidores e funcionando bem com isso, mas claro que muitos enxergarão apenas defeitos nesse quesito, mas o resultado final é bem entregue, mostrando que a equipe de arte ao menos pesquisou boas imagens para compor todo o fundo, dando nuances bacanas para tudo.

Enfim, é um bom filme, que traz boas dinâmicas e consegue envolver bastante dentro da proposta que escolheram para passar, mas que é uma ideia bem longe de ocorrer ver o Brasil na frente dessa categoria marcada por grandiosas atletas, porém fica aqui a valorização da mulher, do esporte feminino e claro de um filme nacional que vale a pena ser visto, então deixo aqui a minha recomendação para que todos confiram nos cinemas, pois é um bom exemplar de longa de superação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Os Melhores Anos De Uma Vida (Les Plus Belles Années D'une Vie) (The Best Years Of a Life)

6/26/2021 01:47:00 AM |

Quem já viu muitos filmes antigos franceses deve se lembrar da famosa época da Nouvelle Vague, que tínhamos diversos longas artísticos, muitos romances envolventes, e com características bem marcantes por fotografias densas em tons marcantes, basicamente ficando conhecidos como os clássicos do cinema francês. E esse estilo é bem apaixonante, e marcou bastante os anos 60 na França entregando longas cheios de grandiosas nuances e que ainda alguns diretores costumam usar algumas bases e técnicas dele, e o longa "Os Melhores Anos De Uma Vida" trabalha demais toda essa essência de diálogos fortes em conversas leves e descontraídas, muitas lembranças em flashbacks e todo um envolvimento bem gostoso de acompanhar e claro se apaixonar pelos personagens, ao mesmo tempo que também ficamos bem tristes de ver a dureza de alguém com Alzheimer, pois o protagonista está falando uma coisa com a senhora e já nem lembra de ter falado aquilo, mesmo ela sendo sua musa dos seus sonhos. Ou seja, é um filme bem leve, que certamente muitos acabarão nem vendo ele na telona, mas que quem ama o cinema francês sairá encantado da sessão, pois é o romance francês cru e bem feito.

A sinopse nos conta que no passado, o octogenário Jean-Louis Duroc foi muito apaixonado por Anne Gauthier. O romance, apesar de breve, deixou marcas profundas e as vivências dessa época são as poucas memórias que sobreviveram ao avançar da idade. Comovido por aquele sentimento tão vívido, o filho de Jean-Louis decide recuperar aquele amor perdido e proporcionar-lhes um reencontro. Cinco décadas passadas, Anne volta a entrar na vida de Jean-Louis e a ligação entre eles parece reiniciar-se exatamente no ponto onde tinha ficado.

Pois bem, ao pegar o trailer do filme para colocar aqui, eis que descobri que o longa é praticamente uma continuação de um filme da Nouvelle Vague, e que os trechos em flashback são partes do filme "Um Homem, Uma Mulher" de 1966, que é dirigido pelo mesmo Claude Lelouch (que na época tinha apenas 29 anos e agora está com 84!) com inclusive os mesmos atores (sim, até as crianças que eram os filhos agora são adultos), ou seja, não ia achar nunca os nomes dos atores jovens que apareciam nas cenas, e se eu já tinha gostado do resultado antes pelo que vi na telona, agora fiquei ainda mais encantado com tudo, pois é brilhante ver as conversas de ambos os protagonistas, ver que o diretor soube extrair o máximo de brilho nos olhares deles, montar bem todas as conexões de cada um dos momentos funcionando com muito envolvimento e brincando como sendo memórias e desenvolvimentos clássicos da época, e isso é algo mágico de ver funcionar, e claro que escolheu a época certa para entregar o capítulo final de sua trilogia, pois em 86 teve o filme "Um Homem, Uma Mulher: 20 Anos Depois", ou seja, isso sim é que merecia uma sessão tripla num Festival Varilux para tudo se encaixar e ficar esplêndido, pois o resultado aqui foi um grandioso acerto.

Sobre as atuações é algo tão belo de ver o trabalho de cada um que nem dá para se pensar que já tiveram essa conexão incrível há 55 anos atrás, ao ponto que Jean-Louis Trintignant com seus 91 anos passou quase a mesma emoção que teve com seu Jean-Louis Duroc em 1966 quando tinha apenas 36 anos em plena forma e galã máximo do cinema francês, trabalhando os lapsos de memória com um luxo total, fazendo ainda seduções para cima da senhora e da enfermeira, ou seja, cheio de carisma para entregar. Da mesma forma Anouk Aimée, que está muito bem para alguém com 89 anos trouxe ares vívidos para sua Anne Gauthier, trabalhando os mesmos trejeitos, o mesmo jeito de mexer nos cabelos, e passando sinceridade no tom de voz gostoso de ouvir, ou seja, perfeita também em tudo. Antoine Sire e Souad Amidou também estiveram no filme de 66, e eram crianças de 7 anos, e agora estão com seus 62 anos, ou seja, mudaram bastante nesse meio tempo, e embora apareçam pouco aqui com algumas sintonias em cena, pelo menos puderam participar, aliás Antoine nem seguiu carreira como ator, apenas fazendo os três filmes da trilogia e nada mais. Ainda tivemos boas participações de Marianne Denicourt como uma enfermeira da casa de repouso aonde o protagonista vive, e Monica Bellucci como Elena filha do protagonista, mas nada de muito expressivo e chamativo em ambas sem ser a serenidade e boa dinâmica junto do grande ator.

Visualmente o longa também não entrega muitos ambientes, ficando boa parte no jardim da casa de repouso, alguns momentos na loja da protagonista, outros em sua casa de campo, e muitos momentos dentro do carro CV2 dela, aonde os sonhos do protagonista floreiam com loucuras de tiros, e claro vários trechos do longa de 66 para remeter as lembranças do grande amor vivido entre ambos, ou seja, a equipe de arte foi cautelosa, porém bem envolvente em tudo, e o diretor soube aproveitar bons momentos do longa antigo para juntar e criar boas perspectivas de memórias.

Enfim, "Um Homem, Uma Mulher" deu o Oscar de Melhor Roteiro e vários prêmios para Lelouch em 1967, e com certeza agora esse poderia ser o fechamento de sua carreira com todo o simbolismo possível, mas ainda está dirigindo outros projetos e assim sendo ainda o veremos com mais tramas nos cinemas. Nem preciso falar, mas é claro que recomendo o longa para todos os amantes do cinema francês, e volto a frisar que seria um luxo se o Varilux desse ano colocasse os três filmes em sequência para vermos a evolução na telona, pois esse certamente não é um filme perfeito por completo, mas em conjunto com certeza funcionará bem melhor. E é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Velozes & Furiosos 9 em Imax (F9)

6/25/2021 01:12:00 AM |

Sabemos que quem vai ao cinema conferir qualquer longa da franquia "Velozes & Furiosos" não quer nem saber de uma história convincente, e claro que toda equipe que desenvolve o filme também sabe muito bem disso, então eles devem olhar para o roteiro e falar: "o que vamos destruir hoje?" e "qual parte da Física vamos ignorar hoje?", e pronto temos algo que vai surpreender e fazer o público vibrar, e agora com o nono filme da saga chegando aos cinemas vemos todo tipo de absurdo possível acontecendo desde um carros sendo sugados pelas ruas através de cargas magnéticas até chegarmos num passeio de carro no espaço sideral, ou seja, foram dar uma volta até com os satélites agora, porém aqui resolveram brincar de contar um pouco mais da história de origem da família Toretto, indo para o ano de 1989 mostrar como o jovem ajudava seu pai em competições de carros, e na sequência como acabou virando um fora-da-lei, ou seja, trabalharam mais com histórias, ousaram voltar nas famosas corridas de rua que tanto gostávamos de ver nos primeiros filmes, e claro praticamente reviveram todos os personagens que já passaram pelos longas, de forma que em determinados momentos já nem sabemos mais quem está faltando aparecer (ou melhor, até sabemos, mas alguns estão brigados, outros em longas de maior sucesso com agendas lotadas, e tem até o que não está mais conosco no mesmo plano, mas que ainda assim seguem com homenagens!). E sendo assim, mesmo sendo um filme completamente absurdo de insanidades, o resultado empolga e diverte bem quem gosta do estilo, e assim seguem com o público alvo bem definido, e seguiremos até o 11° que prometem que será o último.

O longa nos mostra que Dom Toretto, está levando uma vida tranquila fora das pistas com Letty e seu filho, o pequeno Brian, mas sabem que a qualquer momento, isso pode mudar. Desta vez, uma ameaça forçará Dom a confrontar os pecados de seu passado e salvar aqueles que ele mais ama. Sua equipe se une contra uma trama mundial liderada por um assassino e motorista de alto desempenho: um homem que também é o irmão abandonado de Dom, Jakob.

Como bem sabemos também o elo dos longas da saga é a família, e claro que com isso vemos aqueles parentes que somem um tempo e depois voltam, incluindo no caso aqui o diretor Justin Lin, que após fazer "Desafio em Tóquio" em 2006, "Velozes e Furiosos 4" em 2009 e "Velozes e Furiosos 6" em 2013, regressa para a família Toretto para algo bem criativo de passado e presente, e já deixou nuances que deve dirigir também o 10, então aqui ele se deu o direito de brincar com uma trama grandiosa e volumosa, pois se tem algo que a saga não economiza de forma alguma é a destruição de tudo o que possa aparecer na sua frente, e claro chamar todos para um grande churrascão de encerramento, então quem estiver de bobeira acaba entrando na trama, ou voltando para a trama depois de um certo tempo. E como conhecemos bem o estilo do diretor na franquia, o resultado aqui não foi nenhuma grandiosa novidade, pois tem técnica, tem estilo e principalmente tem a fórmula do sucesso, que é não sair da base que tanto gostamos de ver no longa, que são corridas de carros, explosões, piadas bobas e claro boas brigas, mesmo que para tudo isso seja necessário apelar ao máximo, e Lin não desapontou por brincar exatamente com tudo isso e ainda abusar de tudo o mais irreal que possa acontecer. Ou seja, é um filme longo, aliás o mais longo da franquia com 145 minutos (inclusive com uma cena no meio dos créditos), mas que não cansa como ocorreu em outros filmes da série, e assim sendo posso dizer que a ação fluiu bem e agradou bastante da forma entregue.

Agora se eu for falar de todas as atuações do filme vou ter um texto de dez páginas pelo menos, pois são tantos atores que em alguns momentos chegamos até a nos perder pensando quem é esse mesmo? Em que filme ele apareceu? Mas isso não vem ao caso, e vamos nos concentrar nos principais, e Vin Diesel praticamente já se firmou tanto com seu Dom que em outros filmes praticamente vemos ele fazendo o mesmo papel com outras funções, ou seja, vai ser difícil desassociar sua imagem de um Toretto, e aqui ele mantém a mesma essência, se joga nas maiores loucuras possíveis, faz expressões intensas, pula e cai das maiores alturas possíveis, mas sai apenas com alguns arranhados, ou seja, fantasia em nível máximo, ou seria como diz o personagem engraçado de Tyrese Gibson, Roman, que eles são invencíveis e não sofrem nenhum arranhão por serem especiais (risos), e já falando dele, novamente o ator é encaixado com muitos momentos cômicos, e nos diverte demais com tudo o que faz, sendo perfeito para o papel do começo ao fim. Agora o acréscimo de John Cena na trama foi algo interessante pela personalidade do ator, dando boas nuances para seu Jakob, porém é até hilário como a personagem de Charlize Theron ironiza a total falta de semelhança dos irmãos, pois aqui temos mais um brucutu imponente que já imaginávamos o final, e o ator até cai bem no que o longa precisava, mas com isso tiraram The Rock de cena falando ser por briga com Diesel, mas não caberia dois monstrões em cena. E já que citei a personagem Cipher de Charlize Theron, aqui a atriz ficou bem secundária na trama, presa em uma caixa de vidro quase que o longa todo, aparecendo pouco em raros momentos, ao ponto que seu ar de vilania acaba sendo quase nem usado, o que é uma pena, e outra que usaram muito pouco foi Helen Mirren, pois sua personagem é quase mero enfeite cênico com sua Queenie. Quanto aos demais tivemos a volta de Jordana Brewster com sua Mia após ficar sem aparecer no oitavo filme, e fez bem seu papel com boas lutas, Michelle Rodriguez continuou entregando uma personalidade estranha para sua Letty, Ludacris trabalhou seu Tej com todas as projeções matemáticas e físicas em atos que quebram todas as ideias da Física, e da mesma forma tivemos a inteligência de Ramsey bem interpretada por Nathalie Emmanuel que agora ainda aprendeu a dirigir um caminhão sem nunca ter dirigido, e claro temos a volta de Sung Kang com seu Han após "morrer" no sexto capítulo da franquia, e veio bem mais velho do que o normal. 

Visualmente o longa é extremamente imponente com jatos, carros de todos os tipos possíveis, caminhões imensos tombando de formas incríveis, tanques, vários foguetes (inclusive com um propulsor monstruoso que joga os personagens de uma maneira absurda para o espaço sideral!), e claro todo o ambiente familiar nas casas dos personagens, temos um esconderijo bizarro só com itens antigos, e imãs ultrapotentes, uma festança lotada de mulheres numa mansão dançando a canção da Anitta, e claro um hangar repleto de tecnologia para os vilões, contando inclusive com um controlador de drone incrível que vai surpreender muitos na cena final, ou seja, a equipe de arte é insana e tem um orçamento tão rico que eles nem sabem mais com o que gastar, então saem destruindo sem dó, inclusive no meio de uma floresta repleta de minas explosivas (com a cena de fuga mais bizarra impossível de acontecer).

Uma das marcas registradas da franquia é contar sempre com boas canções para dar o ritmo intenso que os filmes pedem, e o melhor é que sempre cobram e lançam músicas novas de diversos cantores que acabam estourando nas paradas, e aqui não foi diferente tendo artistas do mundo inteiro, inclusive com a Brasil com Anitta, que até achei que nem iriam usar a música e seria apenas algo para tocar nos créditos, mas que toca numa festa com várias mulheres dançando, aliás todas as canções foram usadas em algum momento do filme, o que é muito bacana, pois diversas vezes os longas compram canções temas e só usam nos créditos, então fica a dica da playlist para ouvir antes ou depois do filme no link que deixo aqui.

Enfim, é um filme que muitos podem até reclamar de ser mais do mesmo da franquia, mas era isso que queríamos ver na telona, não algo que surgisse do nada, mas a base da família é mantida, os personagens estão como sempre defendendo alguém ou a destruição do planeta por algum maluco como sempre, temos as diversas corridas de carro como sempre, muitas explosões, e assim funciona como desejávamos, e claro com tudo completamente absurdo de ver na telona, e tendo ainda uma história razoável de fundo para conhecermos um pouco mais da família Toretto original, o resultado ficou ainda melhor. Ou seja, a nota que estou dando é para o que queria ver na tela em um filme da franquia sendo um dos melhores da saga, e não que seja um longa impressionante cheio de qualidades técnicas, com um roteiro impressionante e tudo mais, nada disso, é apenas uma tremenda diversão na telona que como sempre digo vale ver na maior tela possível dos cinemas, pois ver isso em casa é decepcionante com toda certeza, e sendo assim, fica a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - À Segunda Vista (Good On Paper)

6/24/2021 12:47:00 AM |

Sabe quando você vê aqueles casos que a pessoa mente tanto que não dá para acreditar em mais nada do que ela está falando? Que vê que tudo não passa de um belo embrulho com uma pedra dentro? Pois bem essa é uma das mensagens do novo longa da Netflix, "À Segunda Vista", que felizmente não é o caso do filme e sim do protagonista e sua mensagem, pois o longa é honesto no que se propõe, não sendo daqueles geniais sobre o tema, nem exagerando nas situações para funcionar, apenas contando uma história casual que alguém contaria num show de stand-up sobre sua vida, ou até mesmo algo real de algum romance aonde alguém interessante chega com uma leve mentirinha, e você cai tão bem nela que quando vê está apaixonado pela pessoa sem nem saber uma única verdade sobre ela. Ou seja, é um filme com uma mensagem contundente, que envolve de certa forma, só que costumo dizer que só os americanos dão risada dos shows de stand-up deles, pois a maioria chega a ser sofrível de piadas, daquelas que você fala aonde está a graça nisso, e com o longa acontece a mesma coisa, pois tem muitas situações tão bizarras que não dá para rir, mas que no final você acabou se divertindo com o que foi passado, e o resultado fica sendo um passatempo interessante pelo conjunto mensagem e boas dinâmicas.

A sinopse nos conta que depois de anos colocando sua carreira em primeiro lugar, a comediante de stand-up Andrea encontra um cara que parece perfeito: inteligente, legal, bem-sucedido e possivelmente bom demais para ser verdade.

Com o texto de estreia da própria protagonista Iliza Shlesinger, a diretora Kimmy Gatewood também fez sua estreia em um longa metragem de uma forma digamos correta de ser entregue, e é notável que é um trabalho digamos novo na vida de ambas, pois Iliza já fez muitas esquetes para os seus shows e Kimmy já dirigiu várias séries e curtas, mas um longa completo é algo que costumo dizer ser completamente diferente de tudo o que uma pessoa já fez, pois é necessário estruturar todo o tempo para não cansar o público, é necessário manter o interesse nos devidos atos, e principalmente tudo precisa fazer sentido por completo, senão acabamos vendo um filme cheio de esquetes e não é isso o que acaba convencendo, e aqui ao menos o trabalho de stand-up da protagonista ficou interessante, e funcionou com ela contando como foi esse desastre que foi um período de sua vida, apresentando bem todas as mentiras e jeitinhos que o protagonista se usou para vender algo, ou melhor alguém no caso dele, para ela, usando de diversas mentiras que só vão aumentando sendo mantidas de formas e jeitos diferentes. E dessa forma o longa felizmente não cansa, e até entretém bem, pois como é um texto digamos pessoal, vemos algo que comumente já vimos com conhecidos que caíram em golpes de pessoas mentirosas, vemos como uma pessoa "apaixonada" passa a não enxergar os defeitos do amado, e principalmente vemos que pessoas assim acabam brigando e até afastando os amigos que vão falar algo a respeito do(a) "golpista", ou seja, é uma trama que tem uma boa coerência de texto, e que embora falta aquele elo mais impactante para fazer rir realmente, o resultado não desaponta e mostra que ambas tem potencial para algo maior e melhor trabalhado que faça rir realmente (tirando claro a cena da casa da mãe e a do sequestro, que foram muito engraçadas).

Sobre as atuações diria que Iliza Shlesinger deu boas nuances para sua Andrea, fazendo trejeitos bem marcados, e principalmente dominando o estilo do stand-up, e claro fazendo uma ingenuidade de nível máximo para o papel, pois até a pessoa mais sonolenta veria que não tinha como o cara ser tudo o que falava que era, e a atriz conseguiu convencer o público com todos os atos seus sem forçar a barra, o que foi muito bom. Já Ryan Hansen acabou forçando um pouco com seu Dennis, trabalhando situações diretas e indiretas que não chamavam a atenção para si, o que é estranho de ver em um protagonista, mas ao menos manteve bem o ar de mentiroso clássico e conseguiu dominar suas cenas com estilo, o que é bom para o papel. Agora sem dúvida alguma a diversão do longa recaiu bem para Margaret Cho com sua Margot, que trabalhou o estilo do filme até forçando um pouco, mas agradando dentro do que o papel pedia, e isso fez valer também pelas ideias malucas da personagem em si. Quanto aos demais, todos apareceram bem pouco, não tendo grandes momentos para quase ninguém, mas ainda assim o destaque dos secundários ficou claro para Rebecca Rittenhouse com sua Serrena que entra como um personagem conflitivo para a protagonista, a de atriz que ela almeja ser, mas nada que fosse surpreendente de ver.

Visualmente a trama não teve nada muito explosivo para chamar atenção, sendo o palco de um pequeno bar aonde a protagonista se apresenta, algumas cenas em festas e bares, algumas audições e leituras de textos de filmes e séries num ambiente de poucas cadeiras, o apartamento da protagonista sem muitos detalhes, e a casa do protagonista, além de um jogo de golfe em um hotel, ou seja, tudo muito simples e sem grandes gastos, tendo a cena do sequestro com um pouco mais de trabalho cênico num depósito do bar, que nem podemos dizer que a equipe de arte teve um grande trabalho realmente para chamar atenção.

Enfim, é um filme bem feito, que serve de um bom passatempo, que dá para dar algumas risadas nas cenas que falei, e que talvez alguns se conectem mais, outros menos com tudo o que nos é mostrado na tela, mas que certamente poderia ser mais divertido e menos forçado com a questão exagerada do protagonista, pois ficou parecendo realmente que a jovem estava cega não vendo os abusos, e assim sendo recomendo a trama com essas ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Convidado (The Wedding Guest)

6/22/2021 01:02:00 AM |

Costumo dizer que os filmes do Reino Unido entram em temas que até já vimos outras obras do estilo, mas que acabam passando por situações intensas e reviravoltas tão sutis e inesperadas que acabamos mudando nossas opiniões sobre a mesma trama diversas vezes, e isso é algo bem bacana, pois geralmente na metade do filme ficamos nos perguntando como vão conseguir fechar algo que aparenta não ter uma solução viável ou com amplas situações, mas de repente encontram algo tão bem feito que surpreende. Dito isso hoje conferi um filme que nem é tão novo, mas que apareceu agora como sugestão na Amazon Prime Video, e acabei dando a chance para "O Convidado", que tem uma proposta que se olharmos a fundo é simples, a de um sequestro encomendado que não sai como planejado e o desenrolar dele entre o sequestrador e a sequestrada que não quer voltar para o seu casamento arranjado. Ou seja, só de ler essa premissa muitos já sabem bem o que esperar da trama, e com a desenvoltura tudo vai se encaixando bem, com vários percalços no caminho e uma boa interação entre ambos os protagonistas, ao ponto que vai agradar quem gosta do estilo bem trabalhado de um drama não muito travado.

O longa nos conta que Jay é um misterioso jovem britânico e mulçumano que viaja para o Paquistão para comparecer a um casamento, armado com uma espingarda para sequestrar a futura noiva. Apesar de sua eficiência, circunstâncias o obrigam a fugir com sua refém para a fronteira e Jay tem que lidar com segredos e mudanças de lealdade que colocam seus planos em risco.

O diretor e roteirista Michael Winterbottom gosta bastante de incorporar em suas tramas o estilo road-movie, sem ser efetivamente um filme do estilo, pois vemos sempre muitas viagens e passagens por diversas cidades, mostrando os ambientes, trânsitos e afins como um conteúdo de fuga, e aqui ele trabalhou bem esse elemento levando os jovens por diversos carros alugados, por trens, ônibus e tudo mais passando por fronteiras de países com seus passaportes falsos, ficando em hotéis e casas de todos os estilos, e sempre colocando em pauta o envolvimento e o conhecimento entre os protagonistas, ao ponto que vamos nos conectando com eles, e torcendo claro pela união deles, pois o clima fica apto a isso. Ou seja, vemos no longa um estilo de direção que parece não ter um ritmo interessante num primeiro olhar, mas que tudo é tão bem colocado e incorporado que quando vemos o filme já está denso suficiente para nos envolver e o resultado acaba sendo certeiro, mesmo que não seja o final que muitos estavam esperando.

Sobre as atuações, sabemos demais o potencial de Dev Patel, e aqui ele entregou um Jay bem centrado, direto no objetivo de ganhar dinheiro (o outro ator até chama ele de disco furado que sempre repete cadê o dinheiro), mas que vai se conhecendo mais, vai meio que se apaixonando pela sequestrada, e com nuances fortes e diretas consegue passar um carisma meio que diferente do usual, agradando tanto pelo ar sério, quanto pelo envolvimento que consegue fazer em todas as suas dinâmicas. Radhika Apte trabalhou sua Samira com ares bem interessantes, fazendo trejeitos assustados de início, mas depois entrando completamente no clima, entregando nuances fortes e bem conectadas (ao ponto que o outro ator até solta que a vida de crime lhe deixou até mais bonita), e assim sendo vemos momentos intensos dela com bons acertos durante todo o filme. E quanto aos demais, a maioria apenas foi bem figurante mesmo, tendo Jim Sarbh um pouco mais de aparições com seu Deepesh fazendo trejeitos irônicos e algumas cenas mais bem colocadas com os protagonistas, mas sem nada que fosse muito expressivo tirando as duas frases que já citei que ele falou, ou seja, pode ser considerado um figurante de luxo.

Visualmente o longa mostra as loucuras do trânsito do Paquistão e da Índia, com carros, motos e tudo mais passando para todos os lados, vemos a facilidade para se comprar uma arma no país (ou seja, mais uma loucura!), vemos casas simples, porém grandiosas, e claro muitas viagens abarrotadas seja de trem com cabines lotadas e pessoas comendo, vemos ônibus com pessoas deitadas quase que espremidas, e ainda grandes sacadas com trocas de passaportes e jogadas dos mais clássicos filmes de fuga, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem nos elementos cênicos, mas gastou uma boa quantidade de autorizações para os diversos ambientes reais que os protagonistas passam, pois ficou bem encaixado, e claro que com boas figurações casuais o resultado ficou bem mais funcional.

Enfim, é um filme bem bacana que quem não viu ainda (afinal é de 2019 o longa) vale a conferida na plataforma e que mesmo tendo um errinho aqui, outro exagero ali, o resultado final acaba sendo surpreendente por não ser o casual de um filme do estilo, valendo por toda a montagem em si para chegar nisso. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Cidade de Gelo (серебряные коньки) (Serebryanye konki) (Silver Skates)

6/21/2021 01:16:00 AM |

Filmes russos costumam ser diferentes de tudo o que já vimos, e quando falamos em tramas com casamentos reais ou aristocráticos como é o caso da trama da Netflix, "Cidade de Gelo", acabamos vendo interações irreverentes, discussões políticas de classes, e claro ao invés dos tradicionais batedores de carteira que pegam e saem correndo, aqui temos jovens com patins de gelo, ou seja, toda uma nuance completamente diferente em cima de algo que até já vimos ser representada de outras formas, e assim conseguiram trabalhar quase que um conto de fadas numa versão congelante, que tem príncipes em cavalos, tem amor de duas classes diferentes, tem até questões de mudanças de leis de país, ou seja, é um filme com um ambiente diferenciado em uma história tradicional, que até agrada bastante pela essência passada, porém se alonga um pouco demais para contar tudo, e que certamente não precisaria de tanto para empolgar da mesma forma.

O longa conta a história de Matvey, um jovem que trabalha como entregador em uma padaria local. Filho de um pobre acendedor de lâmpadas, seu único tesouro são os patins prateados que herdou do pai. Ao ser demitido injustamente, ele se junta a uma gangue de batedores de carteira. Enquanto isso, a filha de um oficial de alto escalão, Alice, se sente prisioneira em sua mansão. Ela sonha em estudar ciências, o que vai contra as opiniões conservadoras de seu pai sobre o papel da mulher na sociedade. Em um belo dia, os caminhos de Matvey e Alice se cruzam.

Diria que o diretor Michael Lockshin foi ousado em ter um projeto tão grandioso em sua estreia na direção de longas, pois toda a proposta do roteiro de Roman Kantor é bem boa, porém necessitava ter criatividade nos cortes e sabedoria em não trabalhar tantos temas juntos, pois só o envolvimento entre classes já daria uma boa tematização para manter toda a perspectiva da trama, colocar o ambiente dos ladrões patinadores e assim a coerência já funcionaria bem, mas ele quis seguir a risca cada momento, toda a loucura da jovem cientista, todo o conflito das políticas da época, e assim seu filme acabou ficando levemente preso em artimanhas e assim sendo vemos o longa não fluir tanto, mas como é uma história grandiosa, cheia de ambientes, cheia de objetos novos como a aparição do terceiro carro da Rússia, vemos até um certo funcionamento em tudo.

Sobre as atuações, Fedor Fedotov trabalhou bem seu Matvey, criando olhares emotivos nas cenas com a garota e com o pai, dando nuances bem interessantes junto com os demais batedores de carteira, e mostrando sem dúvida alguma uma boa habilidade nos patins (não sei se teve muito uso de dublês, afinal os créditos estão em russo, mas certamente pros movimentos mais ousados colocaram patinadores profissionais!), e com isso chamou muita atenção além de trabalhar bem seu texto, ou seja, o jovem agradou bastante. Já Sonya Priss deu nuances fortes com sua Alice, mostrando bem uma rebeldia conceituada, encaixando trejeitos clássicos de uma jovem criada na elite, mas que também sabe se dar bem com os abaixo dela, e sem forçar sintonias acabou tendo uma química interessante com tudo o que fez em cena junto do protagonista, chamando a atenção para si em diversos atos, agradando de certa forma em tudo. Kirill Zaytsev até caiu bem com seu Arkadiy, trabalhando as nuances de um soldado imponente, disputando claro a mão da filha do ministro, e demonstrando atitudes fortes e intensas meio com ares de vilania, ou melhor de antagonista, e se foi ele mesmo que fez toda exibição na festa com os patins o ator pode ir para as Olimpíadas de Inverno e parar com as atuações, pois foi bem intenso o que fez ali, e de certa forma chamou muita atenção em todas as suas cenas. Yuriy Borisov trabalhou bem seu Alex, fazendo trejeitos cheios de interação com o protagonista, dando ares clássicos de um líder de gangue, e sabendo se portar de forma imponente em alguns atos marcados, o que acabou funcionando bem também em cena. Ainda tivemos bons momentos com Aleksey Guskov com seu Nikolai tendo a força de um pai bem rígido e claro no que deseja, e Severija Janusauskaite trabalhou a mãe da protagonista com ares fantasiosos meio quase como uma atriz dentro de um mundo próprio que até ficou estranho, mas interessante de ver. Entre outros que foram bem no que fizeram, mas não chamaram tanta atenção.

Visualmente o longa é lindíssimo, mostrando o Natal de 1899 em São Petesburgo e a virada do ano 1900, com muito gelo nas ruas fazendo com que as pessoas usassem patins para tudo, até com entregas rápidas no gelo, temos figurinos bem imponentes para mostrar os ares aristocratas versus as roupas simples dos ladrões e das pessoas de cadeia mais baixa, e claro prédios gigantescos com festas abarrotadas de comidas e danças para dar as devidas nuances clássicas da época, ou seja, a equipe de arte sofreu a beça para conseguir dar conta de tudo com o orçamento (que nem tem como ser pequeno) e criou um mundo fantasioso quase tão gigante quanto os longas de príncipes e princesas de Hollywood, ou seja, é algo que vale muito observar cada detalhe cênico.

Enfim, é um filme bonito, com uma proposta interessante que até encanta visualmente e que consegue entreter como um bom passatempo, porém ficou alongado demais com alguns atos que poderiam ter sido eliminados se caísse nas mãos de um diretor mais experiente, mas ainda assim vale a recomendação, e o encantamento do tradicional conto de fadas de alguém riquíssimo com alguém pobre, e assim fica a dica para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Segurança (Security)

6/20/2021 06:20:00 PM |

O bacana do estilo de filmes italianos é que eles criam toda uma história em volta de algo, e quando vemos estamos presos tentando decifrar algo que de certa forma é simples, porém eles colocam sempre tantos personagens importantes na trama que tudo passa a ter alguma relevância nos momentos chaves, e isso começa a incomodar de certa forma, o que acaba não sendo bom nem para o filme, nem para o resultado completo, que é o que chamo de entregar o clima novelesco para um longa-metragem. Dito isso, o filme da Netflix, "Segurança", até tem um certo clima misterioso, vamos tentando entrar no clima da cabeça do protagonista que tenta desvendar o mistério de uma jovem violentada a qual todos da pequena vila passam a culpar o próprio pai da moça por já ter estado em um episódio "semelhante" também não resolvido do passado, e conforme vamos entendendo tudo o que se passa, e todo o resultado que os demais vão nos entregando, tudo muda de vértice, mostrando a clássica ideologia de que quem tem dinheiro compra o silêncio e muda as versões para que se livrem de tudo. Ou seja, é um filme de certa forma intrigante, porém a reviravolta poderia ter ocorrido bem antes, quando tudo começa a se conectar, pois aí teriam tempo para o filme abrir novas nuances, e não seria necessário tantos enfeites secundários que acabaram servindo para encher o longa e cansar de certa forma, o transformando em algo mediano.

A sinopse nos conta que no verão, Forte dei Marmi é uma cidade tranquila, um pequeno paraíso para seus cidadãos ricos. No inverno, os dias ficam mais curtos, as noites mais longas e as vilas se transformam em pequenas fortalezas protegidas por sofisticados circuitos de câmeras de segurança. Esta é uma história de inverno, uma história que perturba a vida de seus personagens e os muda para sempre. Quando o medo habita as casas e as pessoas, qual é o preço da segurança?

O diretor Peter Chelson é daqueles que sabem bem o que fazer com uma trama para que ela prenda o espectador, e consegue sempre desenvolver bem seus atos para criar um bom suspense cheio de envolvimento, porém aqui usando como base o livro de Stephen Amidon, ele acabou criando ambientes abertos demais e sínteses mais fechadas que não fluem tão facilmente, ao ponto que acabamos não nos conectando a nenhum personagem e menos ainda ao protagonista, que não diz a que veio, mas apenas sendo dono de uma empresa de segurança tende a ficar procurando tudo em todos os lugares e sem dormir não consegue ter um foco decente em tudo. Ou seja, talvez no livro até dê a ideia de fluidez mais segura por não estarmos vendo as nuances, mas no filme na primeira vez que o protagonista já olha cada câmera de onde aconteceu o abuso já daria para ter pego tudo e conectado toda a trama para uma acusação mais contundente. E sendo assim o diretor quis enrolar fazendo as várias aberturas, mas em momento algum deu a verdadeira explosão que funcionaria realmente, deixando o clima novelesco predominar para conhecermos os demais personagens, e não ir além com nenhum deles.

Sobre as atuações, Marco D'Amore foi bem coerente nas atitudes entregues, desenvolveu seu Roberto com um ar de curiosidade bem colocado, e claro até trabalhou bem nas facetas de um pai preocupado, porém não vemos ele como alguém que quer desvendar algo, mas sim apenas fuçar, e claro alguém que vive com sono em excesso, ao ponto que tudo ali está tanto na sua cara que não consegue enxergar, ou seja, o ator foi bem nos atos, mas não cativou como poderia, e certamente ficou refém do roteiro. Da mesma forma Maya Sansa como a esposa do protagonista e candidata a prefeita da cidade não enxerga além de sua candidatura, olhando com ares levianos para o que está na sua frente, e claro usando de abusos para apagar imagens, ou seja, vemos a artista fazendo caras e bocas expressivas, mas não indo muito além de suas conclusões. Fabrizio Bentivoglio até trabalhou seu Pilati com um certo ar de imposição, demonstrando um certo ataque exagerado para sua doença, mas soube dosar o estilo para os olhares agradando de certa forma na montagem final do personagem. Os jovens da trama até tentaram ser expressivos, mas nenhum puxou um momento de destaque para si, fazendo caras e bocas em excesso, e criando vértices meio que jogados em cena, o que é ruim de ver acontecer, e mesmo Giulio Prano que trabalhou seu Dario com uma certa ironia em diversos momentos teve sua cena de fechamento não indo muito além. 

Visualmente a trama tem seu mérito intrigante pelas boas paisagens da pequena cidade, mas não aproveitou isso ao máximo como poderia, trabalhando a maioria das cenas com internas e trabalhos de câmeras, o que não deixa de ser algo interessante, mas talvez a criação das dinâmicas, os vários ambientes montanhosos, as casas e mansões pudessem ter ido mais além nas nuances e claro nos objetos cênicos para comprovar toda a temática, como é o caso quando no final o protagonista descobre todo o eixo, mas ao menos o visual completo funcionou, e isso já se faz valer.

Enfim, é um filme que até tem uma ótima proposta, um ar misterioso interessante, e uma boa premissa pronta para agradar, mas faltou atitudes tanto do diretor para conseguir convencer nesse mistério, como um desenvolvimento mais intrigante que mantivesse o ar do começo ao fim, pois facilmente daria para cortar várias cenas do miolo para que o longa ficasse mais coeso, e assim desanimou um pouco o resultado final mediano de certa forma, mas ainda vale como um passatempo razoável. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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