Coisas desse estilo que me deixam nervoso, pois todo dia passam nos cinemas filmes tão ruins e outros excelentes acabam passando só depois de meses da estréia, isso quando entram em cartaz. O exemplo mais claro está nos filmes argentinos que raramente tem me decepcionado e quase nunca chegam a entrar pelo interior afora. Graças ao Cinecult pudemos assistir ao excelente "Elefante Branco", onde novamente Ricardo Darín mostra porque está em quase todos os filmes de lá sejam dramáticos ou cômicos que ele detona, e não apenas pelas atuações, o longa possui um conteúdo vasto tratado de forma ao mesmo tempo que pesado é conduzido pelo diretor com o nível de firmeza que parece estar carregando de forma tão suave que as quase 2 horas passam voando.
A história nos mostram que o padre Julián e o padre Nicolás trabalham ajudando os menos favorecidos na favela de Villa Virgen, periferia de Buenos Aires. O local é um antro de violência e miséria. A polícia corrupta e os próprios sacerdotes da Igreja nada fazem para mudar essa realidade e os dois sacerdotes terão de por suas próprias vidas em risco para continuar do lado dos mais pobres.
O interessante da história que não pesquisei se possui um fundo mais real do que parece a ficção, quem souber se é 100% real coloque nos comentários depois, é que o longa capricha tanto no teor político quanto nas opiniões dos roteiristas quanto à todos os fatos que põe em cheque: religião, política, drogas e até mesmo no âmbito social. E isso embora tratado de forma bem forte, não deixa o filme pesado de se assistir, acaba passando suave, mas ficando na sua mente para pensar em tudo que nos foi mostrado. E claro quem poderia dirigir um filme assim se não fosse Pablo Trapero que já havia posto toda suas manguinhas de fora em "Abutres" e aqui não deixou por menos, principalmente com um gasto de produção bem maior para trabalhar, colocando planos imensos bem montados com a cenografia perfeita para que os olhos brilhassem junto com o teor que quisesse dar para cada momento.
Falar das atuações num filme que tem Ricardo Darín é algo que não precisa dizer nada, o próprio nome já é um selo de qualidade de atuação, o qual ainda desejo ver ele num filme americano para poder torcer muito, claro que quase sem precisar, para que ele leve um Oscar ou qualquer grande prêmio do cinema, pois ele trata com minúcia seus personagens, cada um diferente do outro, que não se parece em nada com o anterior, aqui seu padre tem alma ao mesmo tempo que é político para fazer o que necessita sem se queimar, e fico apenas nisso para não contar nenhum spoiler, pois o que ocorre ao longo da história é muito bom. Jérémie Renier, é um ator que eu jurava já ter visto muito mais filmes dele, mas olhando sua ficha vi apenas mais 2, e posso considerar que aqui ele faz um papel como pouquíssimos atores fariam, tem uns momentos que poderiam ter sido feitos de outra forma, principalmente nas cenas mais fortes no quesito da ideologia, mas no geral o que faz agrada bastante. Martina Gusman, já havia feito um ótimo papel no longa anterior de Trapero e aqui soube conduzir boas cenas que exigiu sua interpretação, porém assim como Jérémie tem alguns momentos que parece estar tão no automático que fica um pouco falso demais. Tirando alguns figurantes que olham muito para a câmera, no geral o elenco secundário agrada bastante.
No quesito visual, só ficava pensando "Meu Deus, que locação perfeita!", pois deve ter sido dificílimo trabalhar numa favela como a que se passa o longa, e ao mesmo estilo de "Cidade de Deus", tudo é feito com minúcias sem que fosse mostrado demais e também não pecasse por mostrar coisas de menos, empobrecendo o filme. A direção de arte teve todo esse trabalho e pode se considerar vitoriosa com o que entregou para o público. A fotografia trabalhou bem no geral, mas nas cenas de chuva, embora o correto seja sempre trabalhar no escuro, achei que faltou um pouco de iluminação, mas tirando isso os momentos tensos foram trabalhados divinamente enfocando sempre em sombras como deve ser feito.
A trilha sonora e os efeitos sonoros, em alguns momentos exageraram, principalmente na escolha musical de um rock pesado, que tem na letra tudo que necessita para o filme, mas ele assusta ao invés de ser incorporado pela trama, porém como disse por ter a letra 100% tematizada com o longa a escolha cai bem.
Enfim, um filmaço que foi o indicado argentino ao Oscar, uma pena não ter sido selecionado para estar entre os 5 finalistas, mas que vale muito a pena passar numa sessão que esteja rolando do Cinecult em sua cidade, ou assim que for possível locar para ver mais uma amostra de que o cinema argentino está anos-luz a frente do nosso brasileiro, principalmente no quesito de bons dramas. Encerro essa semana aqui, mas já recebi a programação da próxima e a partir de sexta teremos muitas atualizações por aqui pessoal com "Os Miseráveis", "O Lado Bom da Vida", "Caça aos Gângsteres", "Inatividade Paranormal" e "As Aventuras de Tadeo", então abraços e até sexta.
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A história nos mostram que o padre Julián e o padre Nicolás trabalham ajudando os menos favorecidos na favela de Villa Virgen, periferia de Buenos Aires. O local é um antro de violência e miséria. A polícia corrupta e os próprios sacerdotes da Igreja nada fazem para mudar essa realidade e os dois sacerdotes terão de por suas próprias vidas em risco para continuar do lado dos mais pobres.
O interessante da história que não pesquisei se possui um fundo mais real do que parece a ficção, quem souber se é 100% real coloque nos comentários depois, é que o longa capricha tanto no teor político quanto nas opiniões dos roteiristas quanto à todos os fatos que põe em cheque: religião, política, drogas e até mesmo no âmbito social. E isso embora tratado de forma bem forte, não deixa o filme pesado de se assistir, acaba passando suave, mas ficando na sua mente para pensar em tudo que nos foi mostrado. E claro quem poderia dirigir um filme assim se não fosse Pablo Trapero que já havia posto toda suas manguinhas de fora em "Abutres" e aqui não deixou por menos, principalmente com um gasto de produção bem maior para trabalhar, colocando planos imensos bem montados com a cenografia perfeita para que os olhos brilhassem junto com o teor que quisesse dar para cada momento.
Falar das atuações num filme que tem Ricardo Darín é algo que não precisa dizer nada, o próprio nome já é um selo de qualidade de atuação, o qual ainda desejo ver ele num filme americano para poder torcer muito, claro que quase sem precisar, para que ele leve um Oscar ou qualquer grande prêmio do cinema, pois ele trata com minúcia seus personagens, cada um diferente do outro, que não se parece em nada com o anterior, aqui seu padre tem alma ao mesmo tempo que é político para fazer o que necessita sem se queimar, e fico apenas nisso para não contar nenhum spoiler, pois o que ocorre ao longo da história é muito bom. Jérémie Renier, é um ator que eu jurava já ter visto muito mais filmes dele, mas olhando sua ficha vi apenas mais 2, e posso considerar que aqui ele faz um papel como pouquíssimos atores fariam, tem uns momentos que poderiam ter sido feitos de outra forma, principalmente nas cenas mais fortes no quesito da ideologia, mas no geral o que faz agrada bastante. Martina Gusman, já havia feito um ótimo papel no longa anterior de Trapero e aqui soube conduzir boas cenas que exigiu sua interpretação, porém assim como Jérémie tem alguns momentos que parece estar tão no automático que fica um pouco falso demais. Tirando alguns figurantes que olham muito para a câmera, no geral o elenco secundário agrada bastante.
No quesito visual, só ficava pensando "Meu Deus, que locação perfeita!", pois deve ter sido dificílimo trabalhar numa favela como a que se passa o longa, e ao mesmo estilo de "Cidade de Deus", tudo é feito com minúcias sem que fosse mostrado demais e também não pecasse por mostrar coisas de menos, empobrecendo o filme. A direção de arte teve todo esse trabalho e pode se considerar vitoriosa com o que entregou para o público. A fotografia trabalhou bem no geral, mas nas cenas de chuva, embora o correto seja sempre trabalhar no escuro, achei que faltou um pouco de iluminação, mas tirando isso os momentos tensos foram trabalhados divinamente enfocando sempre em sombras como deve ser feito.
A trilha sonora e os efeitos sonoros, em alguns momentos exageraram, principalmente na escolha musical de um rock pesado, que tem na letra tudo que necessita para o filme, mas ele assusta ao invés de ser incorporado pela trama, porém como disse por ter a letra 100% tematizada com o longa a escolha cai bem.
Enfim, um filmaço que foi o indicado argentino ao Oscar, uma pena não ter sido selecionado para estar entre os 5 finalistas, mas que vale muito a pena passar numa sessão que esteja rolando do Cinecult em sua cidade, ou assim que for possível locar para ver mais uma amostra de que o cinema argentino está anos-luz a frente do nosso brasileiro, principalmente no quesito de bons dramas. Encerro essa semana aqui, mas já recebi a programação da próxima e a partir de sexta teremos muitas atualizações por aqui pessoal com "Os Miseráveis", "O Lado Bom da Vida", "Caça aos Gângsteres", "Inatividade Paranormal" e "As Aventuras de Tadeo", então abraços e até sexta.