BugiGangue No Espaço

2/28/2017 12:37:00 AM |

Uma coisa que temos de falar e ficar muito feliz é que o Brasil cada dia tem tentado entrar em diversas frentes no cinema, ousando em rumos que nem sequer imaginávamos que veríamos representados nas telonas, e claro que com isso iniciando, outros grupos tem trabalhado para se empenhar e vão sair sempre novos produtos interessantes (alguns nem tanto, mas vale pela tentativa), e assim sendo, no ano passado já tivemos um representante nacional dentre os indicados ao Oscar de melhor animação. Pois bem, dito isso, temos de pontuar que algumas tentativas nem sempre saem bem como o esperado, e "BugiGangue No Espaço" é uma animação bem feitinha, com texturas bem colocadas dentro de uma funcionalidade 2D bem encaixada e que funciona dentro de uma ideia maluca, mas bem colocada, porém o público alvo da trama é até no máximo uns 7-8 anos de idade, pois qualquer um acima disso irá se cansar das piadinhas bobas e desejará mais ação para que a história fluísse. Ou seja, um filme que fez o que se propôs, juntar diversos alienígenas que já ouvimos falar com uma galerinha meio desconectada, e resultar em um bom passatempo para os canais de desenho animado, mas que poderia ir muito além caso quisessem atingir novos rumos.

O longa nos mostra que Gustavinho, Fefa e os demais integrantes do clube BugiGangue estão preocupados com os trabalhos da escola, mas nem imaginam que em um ponto distante da galáxia o vilão Gana Golber tomou o poder da Confederação dos Planetas, ameaçando a paz do universo. Expulsos da confederação, sete Invas, alienígenas atrapalhados e ingênuos, conseguem escapar ao cerco de Gana, mas na fuga sua nave é danificada e cai na Terra. Logo os Invas fazem amizade com as crianças do clube, consertam a nave e embarcam juntos numa aventura intergaláctica para restaurar a paz do universo.

Continuando a partir de um curta-metragem seu, "BugiGangue Controle Terremoto", o diretor Alê McHaddo hesitou em apresentar seus personagens, apenas deixando acontecer e que o público pegasse cada característica do personagem por conta própria, e embora isso seja perigoso, o resultado até que funciona por não termos nenhum personagem muito complexo, porém essa falta de complexidade nos personagens junto da falta de complexidade no roteiro, acabou deixando o filme solto demais, quase sem uma estrutura normal que desse vida e dinâmica para o longa. Não digo que isso seja algo 100% ruim, mas ficou um filme muito simples para os cinemas, o que com certeza para passar na TV depois vá funcionar com pausas de intervalos e até trabalhando em pequenos episódios, pois meio como uma "Turma da Mônica" ou outro grupinho, o resultado criativo em pequenas esquetes deve agradar os pequeninos. Outro detalhe forte foi a demora para conseguir ser lançado, de seis anos, algo que é comum em longas nacionais, então chega a ser até estranho ver alguns personagens que estavam na moda e agora nem tanto mais, como Chupacabra, Et de Varginha, entre outros.

Quanto da dublagem e dos personagens protagonistas em si, Danilo Gentili ficou bem com seu Gustavinho, principalmente por trabalhar bem a voz de forma que não ficasse tão claro ser ele, apenas deixando o seu humor característico bem colocado nas piadas e forma de agir do personagem, não que seja um personagem tão empolgante de ver, mas de forma geral agrada. A demora foi tanta para que o longa fosse lançado que Maísa Silva cresceu demais e hoje já adolescente fica até estranho ouvir sua voz na boca da garotinha Fefa, que foi seu primeiro trabalho de dublagem, e felizmente assim como ocorreu com Gentili, não identificamos a atriz tão facilmente, e a personagem soou bem fofa e interessante de ver. Outro que foi bem nos seus momentos trabalhando bem a voz foi Rogério Morgado com seu Bola, trabalhando bem como secundário, mas funcionando dentro da proposta. Agora como bem sabemos, um dublador profissional é de outro nível, e Guilherme Briggs veio não com um personagem, mas com sete Invas completamente diferentes de entonação e que bem trabalhados interagem de forma tão gostosa que acabamos nos afeiçoando mais aos etzinhos do que com todo o restante. O vilão Gana Golber, dublado por Luiz Carlos Persy até fez umas maldades bem colocadas e trabalhou bem uma entonação forte, mas nada que assustasse o público alvo que era os pequeninos.

Dentro do conceito visual da trama, como volto a frisar o foco sendo os pequeninos, o longa é bem colorido, e trabalhou bem texturas e curiosidades para encaixar bem as piadas, e com isso vemos planetas bem diferentes, naves tecnológicas e armas bem pontuais. O maior problema aqui foi o exagero em não precisar erros de lógica, como crianças indo para outros planetas sem capacete, usando apenas um aparelho tradutor universal que do resto tudo correria bem, mas como em animações não ligam muito para isso, sem tantos problemas. Uma falta notada é que a trama poderia ter trabalhado alguns efeitos tridimensionais, mas como volto a frisar, no Brasil ainda não temos tanta tecnologia para isso, mas que o filme poderia ter, certamente poderia.

Embora tenha diversas pequenas músicas durante o filme, a canção composta para o filme, a música "Martelinho de Ouro do Espaço Sideral" é tão bem colocada com diversas expressões que falamos como "suave na nave", "amassaram meu carango", que diverte demais e agrada bastante.

Enfim, é um filme que está longe de ser perfeito, mas que agrada pela concepção inteira. Como disse, poderiam ter trabalhado melhor alguns elementos para não ficar tão infantil, que aí sim teríamos um longa para ser lembrado e indicado, mas como não foi bem assim, ele serve apenas para que você leve algum afilhado ou parente dentro da idade que o longa se propõe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até lá.

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A Lei da Noite (Live by Night)

2/25/2017 02:10:00 AM |

Quando paramos para ler a sinopse, ou assistimos ao trailer, ou até mesmo damos apenas uma olhada no elenco de "A Lei da Noite", ficamos intrigados por qual motivo o filme não anda aparecendo como ao menos indicado às diversas premiações? E ao conferir o longa é bem fácil de se ver a resposta, pois o longa mesmo não tendo enrolado em nada, apresenta tantos acontecimentos dos anos 20 nos EUA num curto período de tempo, trabalhando diversas nuances e situações, que parece que ficamos no mínimo umas 5 horas dentro do cinema, e que certamente se ao invés de um filme, cada fase da trama fosse desenvolvida em episódios, o resultado seria incrível de ver, enquanto que no cinema não é possível conseguir assimilar cada parte da forma que passa rapidamente sem muito desenvolvimento de cada momento. Ou seja, é um ótimo filme, mas que precisaria de muito mais tempo de tela, além dos 129 minutos mostrados, para que tudo ficasse perfeito e bem trabalhado.

A sinopse nos situa nos turbulentos anos 1920, quando a proibição da Lei Seca americana não interrompeu o fluxo de bebidas em estabelecimentos ‘underground’ dirigidos por mafiosos de boa lábia. A oportunidade de ganhar poder e dinheiro estava à disposição para qualquer homem com ambição e nervos suficientes, e Joe Coughlin, o filho do Superintendente da Polícia de Boston, há muito tempo deixou para trás sua rígida educação para sucumbir à adrenalina de ser um fora-da-lei. Mas, mesmo entre criminosos há regras, e Joe desobedece a maior delas: trair duplamente um poderoso chefão da máfia, roubando seu dinheiro e sua mulher. O romance ardente termina em tragédia, e Joe começa a trilhar uma rota de vingança, em que ambição, romance e traição o levam do submundo de Boston para os degraus esfumaçados dos porões de contrabando de rum na cidade de Tampa.

Já disse isso algumas vezes, sei que muitos não concordam, mas digo novamente, que Ben Affleck é muito melhor diretor do que ator, e precisa parar de querer fazer 20 funções no mesmo filme, pois seu estilo de direção é seco bem pautado e determinado para cair no teor que bons filmes dramáticos devem ser, e com isso você consegue acompanhar bem cada nuance que ele deseja mostrar. Não digo que ele esteja ruim como protagonista da trama, mas focando somente na direção (nem precisaria adaptar o roteiro também) ele conseguiria tirar bons proveitos dos diversos atores, e claro, exigir mais do protagonista para que tudo fluísse mais rápido (se queriam realmente um filme com tudo o que desejavam mostrar), mas ao embarcar na atuação também ele acabou dosando até bem as cenas em que não precisa tanto interpretar, e fazendo apenas a sua tradicional cara de canastrão quando entrava em foco. O filme é sua segunda adaptação de um livro de Dennis Lehane, e ele soube trabalhar bem cada momento da trama para que o longa tivesse uma percepção bem colocada, e claro que em mais uma produção de Leonardo DiCaprio, ele não iria jogar tanto dinheiro fora, com isso embora tenhamos ótimas cenografias, cada momento em cada lugar é usado à exaustão para que tudo ali passasse o conceito da época, do local, e principalmente do personagem principal que atua ali, como realmente acontece em uma série/novela, que volto a frisar, a trama seria um arraso nesse formato.

Com um elenco bem recheado de estrelas, fica difícil ver falhas nas atuações, pois todos conseguiram cair tão bem em seus papeis que como falei cada ato mereceria mais desenvolvimento, e com certeza todos brilhariam ainda mais. Como falei, particularmente não gosto do estilo de interpretação de Ben Affleck, mas seu Joe é bem trabalhado, faz o estilo romântico/canastrão com classe e se adapta bem a cada momento do filme, o que acaba resultando numa boa atuação, mas nada memorável. Chris Messina caiu muito bem na personalidade de Dion e trabalhando uma versatilidade meio latina acabou agradando bastante por não cair tanto em trejeitos mesmo que seu personagem pedisse isso em excesso, claro que com uma boa dinâmica ele foi colocado pronto para ser testado ali, e não decepcionou. Dentre as mulheres, tivemos um elenco de peso muito bem colocado, a começar pelas mil faces de Zoe Saldana com sua Graciela que trabalhando um lado meio robusto mas também bem sedutor e caliente que toda boa cubana sabe fazer, incorporando ares bem inspiradores demonstrou personalidade e acabou chamando atenção nas suas cenas. Depois tivemos Elle Fanning mostrando que sua juventude pode ser algo pontual, mas que a atriz sabe incorporar muito bem nos momentos de pregação de sua Loretta, dando um show literalmente. Também tivemos Sienna Miller como Emma, que claro com muita sensualidade e trejeitos fortes acabou chamando atenção nas poucas cenas que apareceu, agradando mais pelo estilo de cabaré que fez em alguns momentos. Dentre a turma da máfia, temos de pontuar os bons momentos de Remo Girone como Maso Pescatore que mereceria mais cenas, mas ficou como um personagem meio que de lado durante todo o filme para ressurgir bem ao final, e Robert Glenister como Albert White que até teve um bom começo, mas depois soou apagado por não estar no mesmo elo do protagonista. Dentre os demais, temos de pontuar com certeza os momentos fortes que envolveram tanto Matthew Maher como RD, Chris Cooper como Chefe Figgis e até mesmo Brendan Gleeson como o pai do protagonista, pois todos em cada momento preciso souberam chamar a atenção e convencer o público que seus papeis eram importantes para a trama, e com nuances bem formadas acabaram agradando bastante.

No conceito cênico, a produção foi bem cuidada para passar todo o ar dos anos 20 nos EUA, mostrando bem a Lei Seca que já vimos em outros filmes, os ataques da Ku Klux Klan, os bailes de cabarés misturando os ricos com suas mulheres e prostitutas, as cidades que dominadas por mistos de gangsters e latinos/cubanos controlavam tudo até com o apoio da polícia, e claro que tudo bem de forma conceitual e inspiradora para que nada ficasse muito forçado nem jogado, mas também não soasse falso demais, ou seja, com muitos elementos simbólicos para representar cada momento, e claro que com muitas armas interessantes de ver, mandando tudo pelos ares. A fotografia focou mais em tons que puxassem sempre para o marrom, para dar um ar envelhecido sem precisar recair no amarelado antigo, e assim ficou interessante de ver cada ângulo que a equipe que sempre acompanha Ben Affleck nos seus longas acabou encontrando para representar.

Enfim, é um filme bem feito, que pode até cansar um pouco quem não goste de filmes de máfia, e claro pela alta duração do longa (que friso ser pouca para tudo que é mostrado), mas quem for amante desse estilo, irá curtir cada momento e até ficar esperançoso para que quem sabe façam uma série baseada também no mesmo livro, desenvolvendo mais cada personagem, pois irá valer a pena. Portanto o resultado final é bem válido e agrada bastante, mas não é um filme que chama tanto a atenção por focar num estilo que anda meio em desuso, e sendo assim, poucos críticos e até votantes de prêmios acabaram não gostando tanto do que viram. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com mais textos de estreias dessa semana, então abraços e até lá.

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Monster Trucks em 3D

2/24/2017 01:14:00 AM |

A premissa de "Monster Trucks" é algo interessante de se pensar, pois as corridas de caminhonetes turbinadas que passam por cima de tudo por si só já é algo bacana de ver na telona, mas claro que não seria algo palpável de acompanhar sem uma história mais colocada, então porque não colocar um monstro realmente na trama e assim termos algo mais fofo e bonitinho de acompanhar, transformando algo que seria pesado em algo mais infantil e que agradasse as crianças? Pois bem, usando da expertise que o diretor tem com animações, o resultado até foi bem trabalhado, mas faltou um pouco mais de dinâmica para que o longa decolasse, e não dependesse somente da fofura do bichão dentro do carro, pois no miolo do longa que é explicado um pouco mais da história, quase desliga tudo o que está acontecendo e o foco que era nas crianças, as mesmas acabam se dispersando e só voltam a se ligar quando os carros voltam a correr, ou seja, por bem pouco a trama não se perde por completo ao tentar colocar algo focado em ecossistemas e conceitos morais.

Procurando um jeito de sair de sua cidade e se dar bem fazendo o que gosta, Tripp (Lucas Till) controi um Monster Truck, uma caminhonete gigante feita com peças de carros sucateados. Certa noite, depois de um acidente provocado por uma empresa que perfura o solo em busca de petróleo, uma estranha criatura busca no caminhão um esconderijo e encontra surpreendentemente, no rapaz, um amigo.

Após muitas animações, o diretor Chris Wedge resolveu arriscar com um misto de animação com atores, o famoso live-action, e como sua habilidade é trabalhar bem a estrutura, o resultado é bem bacana de ver, não tendo tantos erros técnicos de interação dos atores com a criatura, e muito menos os carrões ficando falsos no meio da cenografia, porém faltou trabalhar um pouco mais a história e os diálogos para que não ficasse um longa exclusivo para crianças, com um mote exageradamente infantil. Não digo também que seja algo tão perdido de ver, e que quem for ao cinema esperando ver uma história bacana saia da sala decepcionado com o que verá, pois a ideia em si é boa, só ficou faltando dosar os momentos de cada estilo no momento certo, não tudo calmo de uma vez, história na outra, apresentação dos bichos em outra e assim sucessivamente, podendo tudo cair misturado que empolgaria mais e deixaria a ação na medida exata. Outro erro, mas que infelizmente pequenas produções acabam cometendo, é o de termos diversas cenas com enquadramentos mais fechados, pois se tudo fosse aberto apareceriam os erros da mistura de computação gráfica com realidade, mas se vai fechar praticamente tudo, temos de ter diálogos precisos para que tudo funcione bem ali dentro da cena, o que não aconteceu aqui.

Sobre as atuações, é fato observarmos que todos pareceram um pouco perdidos com o que fazer em cena, e embora não apareça defeitos técnicos nas atuações, é notável que o diretor se desejar continuar a trabalhar com atores, vai precisar melhorar muito o estilo de direção. Embora Lucas Till não tenha uma super bagagem de longas, ele vem se destacando de leve com bons papeis, e isso já começou a subir para a cabeça ficando com um estilo de galã que ele não tem, e claro que seu Tripp possui um jeitão adolescente descolado e tudo mais, mas conforme o papel foi se desenrolando a personalidade mudou tanto que parece que o longa foi filmado em duas épocas completamente distintas, o que não é legal de ver, não digo que seja errado, e até poderia mostrar esse "amadurecimento" com o texto, o que não acontece, e assim sendo o ator poderia ser menos forçado um pouco. O mesmo podemos dizer de Jane Levy com sua Meredith, pois na primeira cena, a garota aparenta ser uma nerd chata que irá pegar no pé do protagonista, e logo na próxima cena, ela já está de cabelinho solto, toda apaixonadinha pelo protagonista, na sequência já vai incorporando ação na personagem, e já nem sabemos mais se é a mesma atriz, ou seja, faltou coerência nas atuações. Outro grandioso erro foi colocar os atores que são os vilões da trama, muito parecidos, pois sabemos que o empresário não vai sair correndo atrás do monstro, mas no meio da dinâmica a bagunça é tanta que ficamos na dúvida realmente de quem é quem, e claro que nenhum dos dois ajudam com boas interpretações, ou seja Holt McCallany e Rob Lowe pecaram demais com seus Burke e Reece. Sinto uma pena que poderiam ter aproveitado mais Danny Glover com seu Weathers, pois como bem sabemos o ator é bem trabalhado nas nuances e aqui como um guinchador cadeirante poderia ter bons momentos para trabalhar ao invés de aparecer rapidamente em três cenas.

No quesito artístico a equipe de arte arrumou locações bem colocadas, carros bem estilosos para a produção e criou junto com a equipe computacional bichões bem interessantes cheios de dentes, mas com um carisma lá em cima, além de outros elementos cênicos que foram usados na medida certa para cada momento (por exemplo, o jogo Genius colocado com muita graça na trama). Na fotografia ficou interessante, e claro bem infantil também o bom uso das cores para determinar, papai, mamãe e filhinho nos monstros, carros para meninos, meninas e bobões, cena de tensão mais escura, cena de alegria tudo colorido, ou seja, manual completo do diretor de fotografia estreante, que funciona, mas não deixa sua marca na trama. Quanto do 3D do longa, temos algumas cenas com coisas saindo da tela sim, mas nada que impressione como poderia, afinal como sabemos bem, nas competições aonde temos essas grandes máquinas, tudo voa para todo lado, e aqui somente nas cenas iniciais se preocuparam com explosões, e alguns giros, e depois desligaram tudo de tal forma que quase dá para tirar os óculos da cara.

Enfim, faltou um pouco de tudo para que a trama empolgasse bastante, mas vale como diversão para levar a garotada que gosta de carros e monstros, afinal vão rir e se divertir com o que é mostrado, agora se você procura um bom filme com história para ver, a sala é outra. Fica assim sendo minha recomendação, e volto amanhã com mais um texto, então abraços e até lá pessoal.

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A Grande Muralha em 3D (The Great Wall)

2/23/2017 02:14:00 AM |

"Uma história maluca de uma grandiosa batalha entre exércitos com bichões estranhos, envolvida numa produção gigantesca que cheia de ótimos efeitos consegue empolgar sem precisar ser levada a sério", essa pode ser a melhor definição para o longa "A Grande Muralha" que com a bagatela de 150 milhões de dólares (os quais só a bilheteria chinesa de 170 milhões já pagou os custos, o resto do mundo está sendo lucro) acabou colocando ainda mais pilha na classificação de Zhang Yimou como um visionário maluco que gosta sim de gastar, mas que sabe aonde colocar boas pontuações para que seus filmes sejam bem vistos, e claro empolgue mais pela beleza da produção do que por uma história factível em si. Com isso não estou falando que é algo ruim, muito pelo contrário, como todos que bem me conhecem, sou produtor e sempre vou prevalecer gostando mais de filmes bem produzidos do que longas com grandes histórias, e sendo assim, o que vi hoje na telona me empolgou do começo ao fim, mesmo sabendo que nem em sonho conseguiria imaginar uma lenda possivelmente existente na China que falasse de monstros estranhos que comiam humanos e queriam transpassar a muralha para comer o mundo todo e dominar o planeta, mas que foram barrados por um exército monstruoso ajudado por um americano galã que fora buscar a pólvora para se enriquecer. Sim, se você leu essa mini-sinopse que fiz e achou uma loucura, você não viu nem 10% do que o longa acaba mostrando, pois tudo é muita piração, porém funcionando como entretenimento puro que agrada com grandiosos efeitos tridimensionais. Ou seja, compre uma pipoca grande e se divirta assistindo partes de bichos, flechas, e tudo mais voar em sua direção.

A sinopse do longa nos conta que William e Tovar são dois mercenários em busca de “pó negro” (pólvora). Depois de escaparem do ataque de uma criatura misteriosa, eles se encontram, acidentalmente, aos pés da Grande Muralha. Lá, eles acabam aprisionados pelos guerreiros chineses, que estão na iminência de sofrerem um ataque. Reza a lenda que, a cada 60 anos, uma horda de monstros tenta transpassar a barreira, para se alimentar dos humanos que vivem do outro lado.

Sim, a ideia da trama é bizarra demais para ser crível, e com uma abertura toda em letras simples, falando da construção da muralha, das histórias e lendas que ela traz consigo e tudo mais, até pensamos que poderia ter uma base centrada para o que veríamos a seguir, afinal a maioria dos trailers não mostrava contra o que os guerreiros estavam lutando, contudo as seis mãos que escreveram o roteiro simplesmente viajaram completamente, e entregaram algo para Yimou trabalhar da forma que gosta: com muito dinheiro e loucuras para fazer. Portanto, não é um filme épico de qualquer batalha chinesa, não é um filme que vai fazer você ficar pensando (mesmo com a protagonista tentando trabalhar conceitos morais de confiança e falando que os bichões vinham para devorar a ganância humana, "a vá que os bichos pensavam nisso, eles queriam apenas comida para sua rainha!!"), e muito menos é um filme que o diretor quis mostrar alguma novidade no seu estilo de dirigir, muito pelo contrário, sua essência está impregnada do começo ao fim, e a cada nova ideia imensa, seja nas balas de canhões voando, ou nas guerreiras em bungee jumps rústicos, ou até mesmo nas lâminas cortantes como tesouras, vemos que quanto maior e mais maluco fosse cada item, mais empolgação a trama conseguiria passar. E mesmo não tendo sido filmado com qualquer tecnologia 3D, ele foi esperto o suficiente para pensar na tridimensionalidade da trama, para que na conversão, os ângulos escolhidos caíssem muito bem nos efeitos, ou seja, a realidade de estar no meio da batalha foi bem levada em conta.

Antes de falar sobre as atuações, temos de pontuar que muitos foram contrários a escolha de Matt Damon como protagonista da trama, pois alguns chineses defendiam a ideia de algum oriental mesmo dominar a produção, outros alegavam que não caberia seu estilo de atuação mais cômica, mas certamente o que falou mais alto foi o bolso, afinal assim como no Brasil o povo ama Nicolas Cage, na China, Matt é campeão de audiência, então como estamos falando de um filme que visa 100% bilheteria, é claro que os produtores não pensaram duas vezes e convidaram Matt para fazer William, e não digo que foi sua melhor interpretação, mas o ator soube dosar bem as expressões, mesmo com um visual rústico e estranho, mostrou faces de estranhamento não entendendo nada que os chineses falavam sem ser em inglês (felizmente na trama chineses não falam inglês fluentemente, salvo alguns protagonistas), e com uma boa dinâmica coreografada ele acabou agradando bem mais do que qualquer outro poderia fazer, ou seja, a escolha foi bem usada. Agora que moça bonita e simpática é essa tal de Tian Ling, que veremos ainda mais vezes em longas nos próximos meses, pois a jovem acabou mesmo nas cenas mais tensas sempre se expressando de maneira formosa e interessante, fazendo com que quiséssemos saber mais sobre sua comandante Lin, e que se quiserem até podem fazer um prequel contando sua história de treinamento, que não iria desapontar de forma alguma, com a atriz dominando bem as cenas e agradando tanto quanto fez aqui. Pedro Pascal foi colocado como alívio cômico desde o começo com seu Tovar, e usando sempre de cenas que puxassem o riso, acabou saindo bem com o que fez em cena, talvez um pouco mais de carisma em algumas cenas que vemos a piada saindo bem, mas ele com uma expressão mais frouxa agradaria mais. Embora tenha feito cenas marcantes com o imã na mão de seu Wang, Andy Lau ficou muito em segundo plano, e assim como disse que um filme anterior funcionaria bem para Lin, na mesma história caberia melhor algo sobre como chegou nessa posição de estrategista, pois nada foi fluído no que fez para tais feitios. Os demais foram bem colocados e conseguiram chamar atenção nos seus momentos chaves, mas nada que fizesse merecer destaque para citarmos, afinal não foram colocados nem como coadjuvantes com as poucas cenas que fizeram, tendo uma mínima pontinha a mais para Hanyu Zhang como general Shao.

Agora volto a frisar que é um longa de produtor, aonde a equipe de arte faz a festa com o orçamento que lhe é liberado, podendo criar muitas armas, colocar figurinos em diversas pessoas (para que depois fossem duplicados no computador, mesmo que na China gostem de muitos figurantes, o tanto que aparece na trama é irreal para ser realmente pessoas fantasiadas), e claro que junto de uma boa equipe de computação gráfica puderam trabalhar bem os monstros e adequar as cenas de batalhas na medida precisa para que tudo ficasse grandioso, mas se posso pontuar um defeito que o corte deveria ter sido monstruoso, fica a cargo das cenas no deserto/montanhas, pois soou artificial demais os caminhos e são cenas que não impactaram tanto no restante da trama. Sobre a fotografia, muitas cores para que cada tipo do exército tivesse uma função clara na luta, muito tom cinza para representar bem batalhas, e claro, como estamos falando de um longa chinês (embora produzido por americanos) muito fogo para dar tons alaranjados bem encaixados, ou seja, uma fotografia bem dinâmica que todo bom longa de ação pede, e que ajudou muito para que a equipe computacional da pós-produção colocassem bons efeitos 3D, que realmente fazem por valer pagar um ingresso mais caro, afinal temos diversos elementos sendo arremessados para fora da tela, uma profundidade cênica com quilômetros ao longe para ser vista, e que acabaram resultando em algo bem trabalhado, claro que poderia ser melhor se fosse filmado realmente com uma câmera Imax 3D, mas o resultado agrada.

Enfim, é um longa que passa bem longe de ser algo perfeito, mas que agrada bastante pela alta produção, pelos efeitos interessantes de ver (embora alguns bem toscos), e que consegue divertir e empolgar pela grande quantidade de ação trabalhada, ou seja, um filme de entretenimento puro, que quem gosta do estilo vai adorar, mas que quem for esperando algo mais sério irá sair da sessão só reclamando do que viu. Como sou do time que ama uma grande produção, esse é dos que posso dizer que valem demais a conferida, então veja se você também se encaixa nesse perfil, e vá conferir o longa nos cinemas, pois garanto que em casa o efeito de uma produção bem recheada não vai empolgar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje apenas começando essa semana cinematográfica que vai ser bem longa com muitos posts, e desde já deixo meu agradecimento ao pessoal da Difusora FM 91,3Mhz pela ótima pré-estreia no UCI Cinemas Ribeirão Preto. Então deixo meus abraços e até amanhã.

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Jackie

2/21/2017 01:20:00 AM |

Longas biográficos são os mais perigosos de se fazer, pois muitos já conhecem a história real, outros nem tanto, mas ao escolher um rumo a seguir o diretor podemos pecar exageros tão nocivos para com seu filme que ficamos cansados do que vemos em cena logo no começo, e em poucos momentos conseguimos conectar realmente com a essência que desejavam passar. Digo isso com um grande pesar, pois a história da morte de JFK é algo interessante de se trabalhar e Jacqueline Kennedy foi uma mulher que merece ter sua história contada, mas seu luto ficou monótono demais em "Jackie" de tal forma que acho que nem em um enterro de um desconhecido, aonde alguém vai nos contar detalhes de tudo será tão cansativo quanto o que é mostrado no filme. Longe disso ser um demérito da atriz, que muito pelo contrário está perfeita, mas a mudança de diretor provavelmente pesou e muito no estilo a ser seguido, e o resultado acabou sendo algo bem abaixo do que poderia ser.

O longa nos situa em Dallas, Texas, 22 de novembro, 1963. John Fitzgerald é assassinado enquanto desfila em carro aberto, chocando os EUA e o mundo. Para Jacqueline Bouvier Kennedy é o início de um tormento íntimo e abrasador, o qual ela tem de lidar sem esmorecer perante a família, a imprensa, os políticos e a nação. Conhecida por sua extraordinária dignidade e equilíbrio, se esforça para manter o legado da família e do mundo de “Camelot” que os identificava.

Como falei no começo do texto, provavelmente o grande erro da trama foi ter mudado de mãos, pois Darren Aronofsky certamente teria feito o mesmo longa de teor póstumo/fúnebre, mas com uma pegada mais incisiva do que a de Pablo Larrain, não que este tenha feito um filme ruim, mas ao trabalhar um tom mais intimista, que era o usual do diretor nas suas produções chilenas, em seu primeiro trabalho hollywoodiano não seria diferente. O diretor até dosou bons momentos num recorte mais quebrado para não ficar tão maçante, mas é impossível segurar a canseira que o longa acaba causando pelo tom que foi adotado, de tal maneira que o filme até flui bem, mas não consegue alçar voo em momento algum, ficando sempre na mesma toada, dependendo 100% da atuação da protagonista, que por sinal está esplêndida, mas que se caísse num filme mais bem trabalhado, já poderia pegar todos os prêmios e sair correndo fazendo festa. O texto de Noah Oppenheim também pode ser considerado o vilão do longa, pois por ser extremamente verborrágico acaba nem dando respiro para conseguirmos observar sentimentos, ações e tudo mais que o filme pode nos propiciar dentro da produção, deixando apenas diálogos em cima de diálogos sem um alívio cênico para que o espectador conclua seus pensamentos.

Quanto das atuações, volto a frisar que Natalie Portman está tão perfeita que nos momentos que colocam cenas de arquivo ficamos pensando se não é apenas um efeito em cenas gravadas com a atriz, pois ela literalmente incorporou a personagem de Jacqueline Kennedy com tanta força que chega a ser incrível sua perspectiva cênica, roubando completamente tudo para si, mas como disse chamando a responsabilidade demais com o excesso de diálogos em cima dela, não tendo um respiro para apenas incorporarmos seus momentos, tanto que a cena em que coloca para tocar o musical "Camelot" e vai arrumar suas coisas é a melhor para assimilarmos tudo e vermos apenas suas expressões, ou seja, perfeita. Embora todos os demais façam apenas leves participações, pois como falei a trama fica quase que 90% em cima da protagonista, Billy Crudup trabalhou bem as facetas interpretativas do jornalista/entrevistador que passa boa parte dialogando com Jacqueline e com boas sacadas expressivas, o ator até conseguiu sair bem em cena. Outro que teve bons momentos foi Peter Sarsgaard como Bobby Kennedy, sendo um parceiro bem colocado nas cenas que apareceu e mostrando bons momentos de dinâmica, mas como ficou pouco em cena não podemos falar que foi bem também. Agora um que apareceu pouco, mas que caiu bem demais no papel, foi John Hurt como o padre conselheiro de Jackie, que com um semblante bem velho e com uma doçura nas falas acaba envolvendo as cenas duras com uma serenidade tão gostosa que acabou adequando bem à proposta da trama.

A trama foi precisa em questões de figurinos e cenários de tal modo que nos sentimos realmente nos anos 60, fora que volto a frisar que ao misturar cenas reais com as filmadas, chega a ser difícil distinguir a transição de um momento para o outro, ou seja, um trabalho impecável da equipe de arte que ousou demais nas locações e nos elementos cênicos para que tudo ficasse perfeito e bem encaixado, tanto que provavelmente deva ser o vencedor do Oscar nessa categoria, pois o primor é algo que não tem como nem competir. Quanto da fotografia poderiam ter trabalhado menos com filtros, pois o tom seco e raspado que usaram para criar uma certa sujeira em cena e dar um clima de filme antigo ficou um pouco nostálgico demais e chega até a cansar a vista, mas nada que tenha atrapalhado no andamento que o diretor desejava, talvez um tom mais vivo desse uma vida maior para a trama, e não cansasse tanto, mas aí mudaria a proposta do longa.

Enfim, é um filme bem feito, e interessante de ver, mas que não vai agradar quem não seja apaixonado por biografias, e principalmente por dramas sem muita dinâmica, pois a chance de quem não se enquadrar nesse perfil acabar dormindo com o longa é bem alta. Portanto confira em casa com tempo, que vai ser mais agradável, já que nos cinemas não dá para dar aquela pausa e se espreguiçar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica que até rendeu bons textos, e já fico preparado para a próxima que além do Oscar para ver na TV virá bem recheada na programação. Então abraços e até breve meus amigos.

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A Cura (A Cure For Wellness)

2/19/2017 01:36:00 AM |

É interessante quando alguns diretores que já trabalharam com ação e também com o terror, resolvem trabalhar no meio do caminho, com longas de suspense aonde podem colocar elementos alegóricos e deixar que o público vá junto com o protagonista conhecendo o ambiente e formando suas opiniões sobre cada coisa. Claro que vamos errar muito a respeito de tudo, mas quem já viu muitos longas do gênero, poderá chegar bem perto de uma resposta coerente para o que Gore Verbinski quis entregar com o seu "A Cura", que se traduzirmos melhor o nome em inglês, vamos chegar perto de algo como "A Cura Para o Bem-Estar", e o filme só não nos diz para quem é o bem estar, pois tanto o público, quanto o ator protagonista, quanto os personagens sofreram bastante com algumas cenas tensas e fortes, e outras bem agonizantes, levando a crer que o diretor soube dosar bem torturas com suspense para chegar a um nível aceitável de passar nos cinemas sua história, mas que se tivesse apelado para algo até mais forte, ou colocado alguns elementos mais assustadores, talvez seu filme ficasse bem melhor do que o que foi apresentado nos longos 147 minutos de projeção.

A sinopse nos conta que um jovem e ambicioso executivo é enviado para os Alpes Suíços com a missão de trazer de volta o CEO da empresa, em tratamento em um 'Centro de Cura'. Após sofrer um acidente automobilístico, no entanto, o rapaz acaba internado na mesma instituição, cujo corpo médico promete purificar os pacientes por meio de uma água milagrosa – e que se localiza em um lugar de passado misterioso. Incapacitado de retornar para casa, o personagem passa a duvidar da própria sanidade, ao mesmo tempo em que desconfia da motivação do doutor responsável pelo “spa”.

Não diria que o diretor Gore Verbinski ("Piratas do Caribe", "Rango", "O Chamado") tenha chegado ao seu ápice, pois voltou a trabalhar bem após a bagunça que fez em "O Cavaleiro Solitário", mas ainda não colocou a precisão que tanto gostávamos de ver em seus filmes. Aqui ele trabalhou bem com elementos alegóricos e fantasiou nossa mente com algo bem diferenciado, mas nada que seja num nível incrível de observar. Talvez, o problema tenha sido no texto gigantesco que Justin Haythe que trabalhou com Verbinski no Cavaleiro, e quis florear demais a história ao invés de causar o medo ou até mesmo ser controverso nas situações, mas o resultado em si foi melhor do que o esperado, e a trama até chega a ser pontual dentro da situação toda. Quem sabe se o jovem protagonista tivesse sofrido um pouco mais, ou até descoberto mais coisas, o resultado fosse melhor, mas sem dúvida alguma o longa brinca bastante com a ideia da busca pela vida eterna (ao menos visualmente) que algumas mulheres tanto busque.

Sobre as atuações, Dane DeHaan é um ator jovem que anda fazendo papeis de pessoas mais velhas em diversos filmes, e embora ele seja um ator que pode vir a ser interessante pela forma de atuar, seu agente precisa começar a escolher melhor seus papeis, pois aqui certamente Lockhart caberia melhor para um ator mais velho, e embora ele tenha 31 anos, sua cara é de 20 e poucos, ou seja, não digo que ele tenha saído mal em cena, mas seu estilo caiu um pouco fora da personalidade que imaginaríamos ali fazendo tudo o que fez, e como ele mesmo disse em uma entrevista, criou coragem e sofreu as diversas torturas nas gravações, mostrando que tem timing para o estilo, só colocar um pouco mais de barba e vai aparentar melhor a idade. Jason Isaacs sempre trabalha bem personagens marcantes, e seu Volmer é enigmático, bem colocado e com um tom sempre pronto para quebrar as ideias do protagonista, pena que seu momento mais forte é rápido demais, pois valeria um tempinho maior nas suas cenas como malvado mesmo. Mia Goth é uma atriz tão estranha quanto sua personagem Hannah, e essa é a ideia do longa até o momento que conseguimos pegar a essência de quem é a sua personagem e o que vai rolar mais para frente, de tal maneira que a atriz soube dosar toda essa incógnita fazendo olhares vagos e até saindo bem com tudo o que fez. Celie Inrie é o nome que você deve ficar de olho se quiser saber todas as pistas do longa, mais precisamente na sua personagem Victoria que monta bem o quadro da trama e com boas nuances e diálogos precisos vai pontuando cada momento com suas palavras cruzadas e entrega tudo o que você precisa saber do filme.

Agora se temos algo que elogiar muito com toda certeza foi a escolha da locação incrível, ao menos para as cenas externas, e no interior para feitio das diversas cenas de tortura/tratamento (afinal não dá para perceber o que foi feito em estúdio e o que foi feito na locação realmente), pois a quantidade de bons elementos cênicos aterrorizantes, aonde cada momento passa a ser único para a trama se desenrolar é algo digno de estudo, pois um filme que envolve diversas nuances precisava de muitos elementos alegóricos para se prender, e o resultado disso é algo que vale a pena conferir e olhar com minúcias. A equipe de fotografia não quis ousar muito, trabalhando sempre com tons bem iluminados para cada cena, não criando perspectivas de susto (o que daria um tom bem tenso se quisessem colocar mais cenas escuras que criasse um mistério maior), e sendo assim o resultado ao menos na fotografia ficou abaixo do esperado para um longa que poderia ser bem mais tenso.

Enfim, é um filme que vai agradar os fãs do estilo, mas que poderia facilmente virar um clássico do gênero de suspense caso desejassem ousar mais em cenas mais aterrorizantes, e o mistério fosse melhor trabalhado. Mas mesmo com esses leves defeitos, é um longa que vale conferir, e aqueles que gostam de trabalhar com estudos em cima de filmes, fica aqui um bom nome para se estudar, pois tem diversos elos bem colocados que funcionam discussões. Portanto fica aqui minha recomendação de um filme interessante, mas que faltou um pouco para ser aquele que indicaria de olhos fechados. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica da última estreia dessa semana no interior, então abraços e até breve.

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Aliados (Allied)

2/18/2017 02:55:00 AM |

Em uma guerra sabemos que não podemos confiar em ninguém, nem mesmo na própria sombra, mas e se você se apaixonasse por alguém no meio de uma guerra? Continuaria confiando quando lhe falassem que a pessoa é um possível inimigo? Bem esse é o mote dos minutos finais de "Aliados", e friso minutos finais com muita raiva, pois se o filme focasse mais nisso teríamos um longa incrível cheio de perspectiva, imaginações, indagações e que fariam dele algo dinâmico, o que infelizmente não acontece, pois temos um longa arrastado para tentar mostrar os momentos de conexão dos personagens, como se conheceram, como a vida deles seguiu, blá, blá, blá... e assim quando lhe é confidenciado o problema todo, é que o filme fica bom, e já é hora de encerrar a trama. Ou seja, de um filme de 124 minutos, quem aguentar chegar aos 80 minutos irá ver um filmaço, mas a chance de dormir nesses primeiros minutos é altíssima.

O longa nos mostra que em uma missão para eliminar um embaixador nazista em Casablanca, no Marrocos, os espiões Max Vatan e Marianne Beausejour se apaixonam perdidamente e decidem se casar. Os problemas começam anos depois, com suspeitas sobre uma conexão entre Marianne e os alemães. Intrigado, Max decide investigar o passado da companheira e os dias de felicidade do casal vão por água abaixo.

Além do filme ser extremamente lento, na maior parte do tempo, mesmo quando a velocidade da ação melhora nos minutos finais, o diretor Robert Zemeckis (que costuma fazer bons filmes como "A Travessia", "Náufrago", "De Volta Para o Futuro") acabou se perdendo na trama escrita por Steven Knight e colocando tantas gafes quanto fosse possível para que a ideia final fechasse, de tal maneira que nem o mais promissor conseguisse imaginar um fechamento tão bizarro com as situações que ocorrem desde a cena do piano até a cena final mesmo, ou seja, viram que o tempo de tela já estava no limite e saíram cometendo absurdo em cima de absurdo não criando grandes perspectivas para a trama, nem dizendo muito aonde pretendiam chegar. E dessa forma um longa que poderia sim ser um drama de guerra com a pitada icônica de "Sr. e Sra. Smith" (que muitos irão conferir o longa achando ser idêntico pela sinopse, e vão cair do cavalo com gosto!) acabou ficando um marasmo tão perdido que muitos saem da sessão reclamando do que viram nas telonas. Não digo de forma alguma que o filme é perdido, pois até tem alguns momentos interessantes, uma produção simples de guerra bem feita, e uma ideologia bem pautada, faltou apenas adequar o ritmo para não ser tão parado no começo, e ao final quererem resolver tudo de maneira jogada.

No conceito das atuações, basicamente o que chega a ser assustador é como os atores estão joviais, nem aparentando tanto suas idades reais, pois Brad Pitt já está com seus 52 anos e Marion Cotillard está com 42, de tal maneira que não parecem estar nem perto do final dos 30 e se pararmos para analisar mais a fundo todo o visual que foram inseridos em suas personalidades, acabaremos dando menos idade ainda para eles. Dito isso, é fato que Brad Pitt é um excelente ator, e tem se mostrado melhor ainda como produtor sabendo escolher bem aonde põe seu dinheiro (não é o caso aqui, mas de um modo geral tem se saído muito bem na profissão) e ao dar vida para seu Max Vatan, o ator demonstrou uma falta de carisma exagerada para com o personagem, deixando ele como um tenente forçado demais e que de certa foi colocado ali mais como um executor de diálogos do que como um ator mesmo desenvolvido para o misto romance/drama/ação, e assim sendo ficou completamente fora do eixo aceitável de uma produção do estilo. Já a francesa Marion Cotillard inicialmente trabalhando com sua língua mãe acabou sendo graciosa e interessante, mostrando um ar interessado no que desejava fazer com sua Marianne, mas com o andar da trama, acabou se desconectando demais da personalidade impositiva do começo e ficando fraca demais de expressões, o que não agradou tanto como deveria. Os demais atores fizeram mais aparições rápidas sem muito significado para a trama, quase nem tendo um destaque maior para podermos pontuar, salvo algumas exceções como August Diehl fazendo muito bem seu Hobar (quase uma repetição de outro bom personagem seu em "Bastardos Inglórios") e Jared Harris com uma imposição bem trabalhada com seu Frank, mas nada de surpreendente demais.

Para falarmos do visual da trama temos de pontuar dois detalhes tristes, o primeiro que mesmo tendo um figurino bem colocado de época, o longa não ousou muito em elementos cênicos de guerra mesmo, deixando tudo em segundo plano para que quem quisesse ver, visse, mas sem muita preocupação em ser um filme de guerra propriamente dito, pois aí entra o segundo detalhe que temos de dizer, que é sobre a computação gráfica muito mal-feita, com duplicações de aviões e telhados tão falsos que nem que quisessem parecer reais conseguiriam, e isso causa uma certa estranheza para um diretor que gosta tanto de inovações tecnológicas e acabou empregando técnicas ruins de filmagem, que resultaram em algo ruim de se ver também. Agora não podemos dizer que foi culpa do diretor de fotografia, pois este procurou os ângulos mais fechados para não mostrar tantas falhas, iluminou com um tom bem árido nas cenas do Marrocos (parecendo até estar embaçado a filmagem) e ousando até um pouco em algumas cenas noturnas para que os efeitos de tiros não ficassem tão ruins de ver (pois são tão fracos que nem parecem estar realmente numa guerra)

Enfim, é um filme que tinha um potencial grande de figurar entre os grandes nomes do ano, mas que falhou tanto que soou de mediano para baixo, sem conseguir agradar nenhum estilo de público, e inclusive deixando muitos revoltados com o timing que acabou mostrando na telona. Ou seja, só recomendo o filme para quem gostar realmente do estilo mais lento de exibição e for esperando realmente ver um filme que não vai chegar a lugar algum, pois qualquer outra expectativa acabará sendo frustrada com o que é passado na tela do cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até mais.

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John Wick - Um Novo Dia Para Matar (John Wick - Chapter 2)

2/17/2017 01:51:00 AM |

Ação desenfreada, muitas lutas coreografadas, tiros para todo lado e sangue sem censura... se você esperava ver outra coisa que não fosse isso em "John Wick - Um Novo Dia Para Matar" nem precisa ir para os cinemas, agora se você gosta desse estilo, corra para a sala mais próxima que a diversão será na medida perfeita. O longa não sai muito do que vimos no primeiro longa de 2014, e com isso não teremos muitas novidades, mas com muita ação e lutas bem interessantes, acabamos curtindo mais pela alta vibração que a trama nos traz do que por uma história que crie perspectivas para querermos saber mais, porém mesmo colocando uma boa continuação do que foi mostrado lá trás, acabaram não desenvolvendo tanto a nova situação, e com isso o resultado ficou um pouco aquém do que poderia ser. Não digo que é ruim, muito pelo contrário, é um filmaço de ação, mas poderiam ter criado uma história melhor que tudo agradaria bem mais e ansiaríamos mais ainda pelo terceiro longa que deixaram preparado.

A sinopse nos conta que após recuperar seu carro, John Wick acredita que enfim poderá se aposentar. Entretanto, a reaparição de Santino D'Antonio atrapalha seus planos. Dono de uma promissória em nome de Wick, por ele usada para deixar o posto de assassino profissional da Alta Cúpula, Santino cobra a dívida existente e insiste para que ele mate sua própria irmã, Gianna.

Como bem sabemos, e já disse no texto do primeiro filme, que você pode ler aqui, o diretor não é um diretor realmente de formação, Chad Stahelski, sendo mais conhecido como dublê de Keanu Reeves em "Matrix", e diretor de dublês em diversos outros filmes de ação, ou seja, pra ele uma cena aonde o dublê faz um voo perfeito, luta com a coreografia bem encaixada e faz todos os seus movimentos com precisão são melhores do que uma boa cena dialogada, ou seja, o mesmo que fez no primeiro filme e que agora manteve o sucesso, afinal com 20 milhões gastos no primeiro filme fez 78 apenas nos cinemas, e mais de 37 em home-video, ou seja, lucro total, e o resultado de muita ação no novo filme não vai ficar atrás, pois todos irão ao cinema conferir boas cenas de carro, muitos tiros e lutas (perfeitamente coreografadas - aliás a cena da escada é tão coreografada que chega a ser risível) que fazem valer o ingresso, afinal um bom filme de ação tem de conter todos esses elementos, e são muito melhores vistos numa telona do que em uma telinha. Portanto, vá sem muita pretensão, já sabendo que o roteiro que Derek Kolstad fez para o primeiro filme, foi entregue novamente da mesma forma, e que com certeza a diversão vai ser completa, ou quase, afinal o roteirista já vendeu os direitos para que o longa vire uma série, então não sabemos se haverá um terceiro filme (como é deixado subentendido na última cena), ou se só veremos John Wick na telinha agora.

O conceito de um filme de ação nunca foi tão explícito com um personagem como feito por Ruby Rose nesse longa, afinal pra que falar num longa aonde o que vale é a luta corporal, os tiros e sangue pra todo lado? Então sendo assim sua personagem que chama Ares (não ouvi chamarem nada no longa, mas como nos créditos está assim vamos aceitar) não diz nada, apenas faz alguns gestuais aonde temos legendas em tamanho gigante bem coloridas, impactantes e interessantes que falam por si, e ela vai pra luta como deve, afinal para atriz a luta também tem sido grande já que em 47 dias do ano já apareceu em 3 filmes, ou seja, tá com o cofre bem movimentado, e claro que ela não decepciona no que faz. E claro que usando da mesma didática, nosso protagonista também não desaponta, afinal ele é Keanu Reeves, aquele que luta demais e que colabora com seus dublês (nas cenas mais pesadas, afinal gosta também de fazer um pouco sozinho) e que com John Wick acertou o estilo de fazer caronas sérias bem encaixadas para tudo o que vier pela frente, mas talvez pudessem ter dado um pouco mais de diálogos para ele que saberia dosar e fazer bem junto com tudo o que fez, afinal nas cenas de negociação de ternos, armas, mapas e tudo mais deu um show. Riccardo Scamarcio fez tão bem seu Santino que chegamos a torcer para que sua morte seja clássica, pois o ator usou além de bons trejeitos, uma dinâmica incrivelmente possessiva que agrada demais de ser vista, ou seja, deu show. Laurence Fishburne também caiu bem como o Rei das Ruas, trabalhando uma gargalhada fenomenal bem encaixada e que valeria até ter trabalhado mais cenas junto com o protagonista, pois é um personagem que daria história para contar. Ian McShane foi clássico com seu Winston e dá mesma forma que trabalhou sem muita ação no primeiro filme, refez aqui seu estilo, e foi acertado como sempre. Common foi bem ágil nas lutas com seu Cassian e claro que falou o mínimo em cena, mostrando ser daqueles atores que sabemos o que esperar dele quando queremos um filme com lutas.

Temos na arte do filme quase um conceito Batman, tudo muito preto, figurinos pretos, armas pretas, carros pretos, cenografia escura, pouca luz, mas todo esse classicismo ficou interessante dentro da proposta, pois contrapôs com o sangue jorrado com os diversos tiros, nas cenas aonde colocaram alguns spots de luz as nuances fluíram bem e claro que com o desenrolar de cada cena, os diversos elementos bem apresentados foram sendo usados agradando pela dinâmica em si, ou seja, um trabalho bem feito, e até melhor do que no primeiro filme nesse conceito. E como disse, com tantas cenas com elementos bem escuros, a direção de fotografia teve de rebolar para que o longa não sumisse, e as cenas aparecessem bem, e fizeram isso com louvor, trabalhando luzes em contraplano sempre bem encaixadas, mesmo em movimento frenético para que tudo saísse perfeitamente condizente com o que desejavam mostrar.

Enfim, é um filme bacana de ver, que poderia ser melhorado num nível que não tem nem como se expressar, mas que entrega o que foi prometido, que é muita ação e que acaba funcionando como diversão do começo ao fim. Quem for conferir esperando se divertir apenas, sem precisar ficar analisando histórias, não irá sair desapontado, mas quem for esperando ver história, pode procurar outro longa, que não é esse o caso aqui. Portanto essa é minha dica de recomendação, apenas pensando no que deseja ver, e assim comprar uma boa pipoca e ver (ou não) esse longa, pois sendo bem melhor que o primeiro filme, mas ainda não trabalhando tanto um mote em si, o resultado acabou sendo bem melhor do que o esperado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até breve.

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Vale da Luta (Fight Valley)

2/12/2017 02:33:00 AM |

Acho que uns socos na cabeça andaram tirando alguns parafusos das lutadoras que devem estar ganhando muito pouco no UFC e resolveram virar atriz, ou algum maluco vendo as lutas da madrugada resolveu que seria bacana colocar diversas mulheres lutando em brigas de rua atrás de uma teórica vingança pela morte de sua irmã. Sei que você leu esse primeiro trecho da crítica e achou mais maluco ainda do que tudo, mas essa é a premissa de um filme que nada tem de contexto, e que em suma serve também para nada, pois já vimos alguns bons filmes de brigas de rua, diversos outros de pessoas que acabam treinando para vingar pessoas, mas todos foram moldados ao redor de uma história, não apenas jogados na tela levando brigas a nada, e principalmente com um fechamento pior ainda, ou seja, "Vale da Luta" é daqueles filmes que entramos na sala e já somos recebidos por uma música alta nada a ver, atrizes que não são atrizes fazendo carão, e cortes mais bruscos que as lutas que vemos na trama, e assim sendo o resultado não poderia ser outro, só esse Coelho doente vendo o filme, pois quem sequer viu o trailer já saiu correndo antes de entrar na sala!

Quando Tori Coro aparece morta, sua irmã Windsor se muda para a cidade e inicia uma investigação por conta própria. Depois de semanas sem nenhuma pista, ela descobre que Tori lutava para pagar as despesas. Agora, se Windsor quer descobrir a verdade sobre a morte da irmã, terá que lutar para entrar no Vale da Luta. Ela começa a treinar com Jabs, uma respeitada ex-lutadora que jurou nunca mais lutar no Vale, mas que decide ajudar Windsor na sua jornada de vingança.

Chega ser difícil falar algo que não seja depreciativo na direção e no texto de Rob Hawk, pois o que ele fez no "filme" nada mais é do que uma remodelação de diversas cenas de outros filmes compilado com ideias de alguns jogos de videogame e numa loucura maior ainda foi até o UFC e falou para algumas mulheres de lá que elas poderiam ser o Steven Seagal feminino, despejando socos com músicas bem impactantes, fingindo treinos e claro fazendo muita pancadaria na rua, afinal se você tem um problema deve marcar uma luta e ir para rua aonde todos podem apostar em você. Não há sequer lógica para a trama criada, muito menos ideologia que compensasse os cortes bruscos que o diretor faz de uma cena para a outra, aparentando um compacto de novela ruim preparando para um final que não condiz em nada do que foi mostrado, mesmo usando um flashback de uma cena logo no começo que aparentou estar mais jogada ainda na trama, ou seja, uma bagunça completa que muitos poderão dizer que foi a maior perda de tempo do cinema, e não digo que poderia ser algo ruim por completo, pois se a ideia fosse bem moldada, talvez tivéssemos um filme incrível de treinamento para lutas.

Não sei se posso falar no bloco que costumo comentar as atuações sobre as lutadoras de MMA que apenas fizeram carões juntamente com atrizes estranhas que também fizeram carões no longa (aliás por conhecer pouco o meio do MMA estou na dúvida se essas "atrizes" também não são lutadoras), ou seja, um time que foi enfeite no meio de um texto enfeite dirigido por um enfeite!! Mas vamos lá, das lutadoras, Miesha Tate foi a que teve uma participação maior em sua estreia nos cinemas, com sua Jabs bem colocada no treinamento e batendo pra valer não decepcionou, mas seria melhor se tivesse ficado calada apenas batendo, pois ao tentar interpretar foi uma decepção, aliás caberia melhor ela ser a irmã da protagonista morta, pois sua semelhança foi bem melhor do que a moça que arrumaram para o papel. E falando na moça, Susie Celek começou mal na sua cena falando com sua mãe, que pela quantidade de botox aparentava ser até mais nova que ela, num diálogo que beira o ridículo, mas sua Windsor consegue ir piorando nas cenas interpretativas, melhorando apenas um pouco nas cenas de treinamento, que nada ajudam muito no longa. Chelsea Durkalec até é bonitinha, fez algumas cenas interessantes no começo, mas precisou morrer para termos uma trama, de tal forma que sua Tori foi esforçada ao menos em suas cenas iniciais. Erin O'Brien também até tentou um esforço inicial com sua Duke, mas nas cenas de raiva ficou completamente sem expressão de maneira que se perdeu completamente. A lutadora brasileira Cris Cyborg falou pouco com sua Church, mas mostrou o porquê ser uma das lutadoras mais expressivas da atualidade, fazendo uns carões tão assustadores nas suas cenas, que chega a dar medo de só pensar em cruzar com ela, e assim sendo funcionou bem como "vilã" da trama, mas poderia ter um final menos besta. Das demais garotas, acho que nem vou lembrar o que fizeram, então melhor deixar quieto. Quanto dos homens do longa, são apenas alguns gritadores/empolgadores de briga e fazem menos que as garotas, tendo apenas um leve destaque para Jefferson Sanders como o agenciador de lutas Stakes, mas mais pelas situações que cria do que pela atuação em si, pois nem precisou fazer muito no longa.

O visual da trama se baseia em poucas locações, pois muito ocorre nas ruas, em algumas academias improvisadas e algumas casas bem bagunçadas, ou seja, um trabalho digamos "porco" por parte da equipe de arte, claro que a essência do filme era algo mais simples mesmo, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais no conceito de arte de rua, e menos foco em ação realmente, pois assim teríamos algo mais bem feito. Na concepção da fotografia, acabaram abusando demais de cenas em preto e branco para retratar flashbacks e isso  acabou cansando, e quando não estavam com o recurso, ousaram em usar tons mais escuros para representar tensão, mesmo nada ficando muito evidente aonde desejavam chegar.

Enfim, o longa na real parece um trabalho amador jogado nas telonas, pois o mix de som está estranho com vozes alterando tons a todo momento, imagens com cortes ruins, e tudo mais que você possa pensar de erros técnicos, mas se ao menos tivéssemos uma história mais condizente e interessante de ver, pelo menos poderíamos falar algo de bom sobre o filme, e recomendar com ressalvas, o que infelizmente não será dessa vez, e pensar que já anunciaram uma continuação para o longa, o que é algo assustador, pois gastaram 27 milhões de dólares nessa produção, e duvido que tenham conseguido um retorno satisfatório. Portanto fuja enquanto é tempo, e se fizerem realmente a continuação, vamos torcer para que melhorem muito, pois senão é daqueles para se pensar bem antes de ir conferir também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica bem curta no interior, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até quinta.

PS: Estou dando 2 devido algumas cenas de luta serem legais de ver, principalmente quem gosta de MMA, mas que como filme mereceria um 0, com certeza mereceria!

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LEGO Batman: O Filme em Imax 3D (The LEGO Batman Movie)

2/11/2017 01:47:00 AM |

Se você acha que a animação "LEGO Batman - O Filme" é só para levar os pequeninos fãs de Batman (que vão fantasiados para o cinema - galerinha mandando bem em plena sexta), pode tirar o cavalinho (ou melhor o batcinto empoeirado do armário) e correr para o cinema conferir essa superanimação que conta com as melhores piadas das HQs, diversos vilões conhecidos, muitas onomatopeias no momento certo, vilões de outros filmes e claro, muito Batman para ninguém botar defeito. Ou seja, um filme memorável que diverte demais tanto quem gosta de animações quanto quem gosta do Batman (quem não gosta do Batman?) e que com grandes sacadas acaba emocionando e trabalhando diversas sensações do começo ao fim, criando boas referências e trabalhando algo que vai divertir desde o pequenino que for pelo alto colorido (e claro pelos desenhos LEGO) quanto os mais velhos que forem se ligar em tudo que já foi feito de super-heróis que conhecemos seja por canais de animação, HQs ou até mesmo os filmes já feitos. Portanto vá para um cinema e se divirta como nunca!

O longa nos conta que sendo extremamente egocêntrico, Batman leva uma vida solitária como o herói de Gotham City. Apesar disto, ele curte bastante o posto de celebridade e o fato de sempre ser chamado pela polícia quando surge algum problema - que ele, inevitavelmente, resolve. Quando o comissário Gordon se aposenta, quem assume em seu lugar é sua filha Barbara Gordon, que deseja implementar alguns métodos de eficiência de forma que a polícia não seja tão dependente do Batman. O herói, é claro, não gosta da ideia, por mais que sinta uma forte atração por Barbara. Paralelamente, o Coringa elabora um plano contra o Homem-Morcego motivado pelo fato de que ele não o reconhece como seu maior arquinimigo.

Embora seja sua estreia na direção de um longa-metragem Chris McKay mostra que possui uma mão perfeita para pegar um roteiro muito bem trabalhado por diversas mãos, mas fixado na história de Seth Grahame-Smith, e determinar um rumo completamente diferente do que a DC andava trabalhando, já que se com filmes mais tensos o resultado andava incomodando tanto os fãs, ao trabalhar boas sacadas, piadas bem colocadas (zoando inclusive os diversos filmes do homem-morcego já feitos, e claro outras produções do Universo DC) e até mesmo botando um tom sério em alguns momentos (mesmo que possam ser também sacaneados e ironizados se levarmos ao pé da letra). Ou seja, saiu completamente do tom que estavam trabalhando, e felizmente acertou em cheio, pois o filme sem pestanejar pode ser considerado como um dos melhores filmes já feito do Batman, e que usando técnicas mistas de animação acabou vertendo tudo de forma tão dinâmica e interessante de ser vista que passa voando a sessão, nem parecendo ter quase 2 horas de projeção.

Claro que vamos nos divertir muito com Batman/Bruce Wayne, Barbara Gordon, Coringa, Dick/Robin, Alfred e outros conhecidos da DC, mas a sacada com grandes vilões do cinema foi tamanha que não tem como gargalhar ao ver Sauron, Voldemort, Godzilla, King Kong e até os bichinhos malvados mais fofos do planeta que conhecemos como Gremlins, ou seja, um longa completo de referências, que ao ser montado (literalmente com os LEGOs) acaba divertindo pela boa proposta e com muita sagacidade pelos personagens. Portanto não temos desculpa para reclamar da falta de uma boa história, pois ela está presente desde o começo até o final, com ótimas nuances, situações bem colocadas e arquitetadas por uma equipe completamente criativa, e principalmente mesmo contando com uma boa trama, ainda tiveram a expertise de colocar personagens bem encaixados e carismáticos para envolver a todos, ou seja, sucesso completo.

Com muitas cores (claro com o preto do Batman dominando diversos momentos), efeitos bem encaixados e claro barulhos sonoros que divertem pelo abuso clássico (por exemplo as arminhas fazendo barulho da mesma forma que brincávamos fazendo piuuuu piuuuu no melhor estilo Star Wars das antigas), a trama acabou conectando um pouco de tudo. Mas se você acha que não tinha do que reclamar, infelizmente usaram muito pouco a tecnologia 3D, tendo uma ou duas cenas com mais dinâmica e profundidade, o que nem seria necessário trabalhar tanto, e olha que num mundo cheio de pecinhas pequenas de lego, certamente muita coisa poderia ser tridimensional vazando para fora da telona, mas como não foi bem essa a proposta do longa, o resultado em geral até agrada visualmente, tendo uma boa conexão nas cenas com muitos objetos, mas poderia ser incrível.

Enfim, é um filme que vale demais conferir, a dublagem internacional está incrível (é quase um milagre vir animação legendada para o interior, mas dessa vez veio e pude conferir, mas claro que irei ver dublado se ficou bacana também em breve) e claro que trabalharam bem as piadas no conceito americano (talvez no dublado tenham usado outras e falarei disso no Domingo). Portanto largue seus preconceitos em casa que animações são apenas para crianças, e vá conferir no cinema mais próximo sem precisar assaltar algum parente pequenino, pois a garantia de uma boa diversão é total. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia da semana (no interior que não vem todas as estreias, claro!), então abraços e até breve.

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Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker)

2/10/2017 01:35:00 AM |

Agora sim podemos falar que a franquia "50 Tons" possui um filme, pois se o primeiro longa só víamos uma história repicada, cheia de defeitos, e que só as fãs do livro entendiam o que estava se passando, agora com um roteiro mais trabalhado (ainda não é algo incrível, mas anos-luz melhor que o primeiro) e com uma direção mais convincente, "Cinquenta Tons Mais Escuros" consegue passar bem uma história "romântica" bem montada e interessante de acompanhar. Claro que temos defeitos impagáveis (como uma chuva que só cai em meia rua, um acidente aéreo sem nenhum arranhão nos dois tripulantes, alguns efeitos computacionais de nível duvidoso), mas a trama soa bem gostosa e agradável de tal maneira que nem parece ser uma continuação (claro que precisamos saber o que aconteceu no primeiro filme para entender, mas a fluidez foi bem trabalhada sem precisar ficar repetindo frases e flashbacks). Além claro de os dois protagonistas (que agora estão ganhando 4x mais do que o primeiro filme) estarem com uma química incrível, criando bons momentos e mostrando que estudaram um pouco mais para atuar bem, afinal como bem sabemos antes ele era mais modelo do que ator. Ou seja, vai fazer muita bilheteria, e deixar as fãs bem felizes com o que verão em tela, pois a trama não abusa, nem força a amizade.

A sinopse nos conta que o namoro de Anastasia com o empresário Christian Grey ficou abalado. Ele domina os pensamentos da jovem e propõe um novo acordo. Anastasia não resiste e aceita. Em pouco tempo, ela descobre mais sobre o passado de Christian e surpreende-se novamente. Enquanto ele tenta livrar-se dos seus demônios interiores, Anastasia deve tomar a decisão mais importante de sua vida.

O trabalho técnico que o diretor James Foley("A Estranha Perfeita", "House Of Cards") acabou fazendo em cima do roteiro criado por Niall Leonard, marido da escritora E.L.James, foi algo que digamos bem elaborado dentro de um conceito que não ficasse explícito e/ou vulgar, mas ainda mantivesse a essência do estilo de paixão ardente que há entre os personagens, e claro entre discussões, sexo, história, mais sexo, romance, sexo e conflitos, o longa acabou permeando bons momentos durante toda a exibição. Claro que como disse no começo, faltou um apreço maior no desenvolvimento e no cuidado para que algumas cenas não soassem tão falsas, cinematograficamente falando, pois sabemos que tudo é falso no cinema, mas temos de ter um cuidado para que passe a maior realidade possível, e aqui faltou um trabalho melhor nas cenas de chuva, nas cenas com o helicóptero pegando fogo, e claro também nas expressões dos diálogos, que precisam mostrar mais a dinâmica real que aconteceria. Tudo isso que falo são detalhes técnicos, e isso é algo que muitos nem vão reparar, pois como temos um filme "novelesco" que as pessoas mais suspiram pelo galã e pelo romance criado, todos acabam esquecendo de observar atuações e história realmente, mas é algo que se tivessem trabalhado só um pouquinho mais, o resultado acabaria ainda sendo romantizado, envolvente, e claro, também incrível para quem não está buscando apenas uma novela no cinema. Ou seja, o longa não é ruim como história e passa bem tudo o que acontece nas cenas, mas poderiam ter trabalhado melhor.

No conceito da atuação volto a bater na tecla que tanto falei no primeiro filme, que Jamie Dornan não é ator, mas é um modelo sarado e bonito que as fãs ficam babando, então foi uma opção no primeiro filme e que não teria como mudar com o andar da carruagem, então o jeito foi treinarem melhor ele, e também dirigir melhor, e dessa maneira seu Christian Grey melhorou, ficando menos artificial e com o passar das gravações adquiriu uma química bem interessante com a protagonista, e usando menos de cenas que exigissem muita interpretação dele, o acerto foi bem bacana, claro que ainda está longe de ser um trabalho de atuação primoroso, mas dentro da proposta que desejavam, já foi bem mais agradável de ver o que fez. Dakota Johnson também foi mais expressiva em suas cenas, tendo uma dinâmica mais interessante e trabalhando para que sua Anastasia fosse alguém por quem o cara quisesse buscar como o filme tanto mostra, e fazendo menos caras e bocas do que fez no primeiro longa, a atriz acabou sendo convincente e acertando mais. Eric Johnson teve alguns momentos pontuais com seu Jack, e aparentemente vai causar no próximo filme, claro que é visto no filme que muito de suas cenas foram eliminadas, e que no livro certamente acontecem muito mais coisas entre ele e Ana, mas como temos um filme para desenvolver outras coisas, acabou-se usando pouco do ator, e sua aparição no final acaba sendo apenas mais uma jogada. Mesmo aparecendo entre quatro a cinco vezes no longa, acabamos nem reconhecendo Kim Basinger com sua Elena, não pela personagem ser ruim, pois até trabalhou bem a expressividade e encaixou bem suas cenas, mas pela atriz estar tão diferente da mulherona que conhecíamos que chega a ser estranho ver seu nome nos créditos e a pessoa não estar ali, sei que a idade chega para todo mundo, mas o botox ali saiu exagerado demais. Dentre os demais, a maioria faz rápidas aparições e não chega a chamar muita atenção, afinal o que o povo quer ver é a relação Grey/Anastasia, então temos algumas figurações de luxo que até se destacam mais, como Marcia Gay Harden como Grace Grey e Rita Ora com sua Mia Grey.

Dessa vez usaram um pouco menos o quarto vermelho, e assim puderam economizar com elementos cênicos, mesmo estando presente lá com alguns objetos mais ardentes, e com isso é claro que tiveram que ser mais requintados com outras locações, no caso um baile de máscaras refinadíssimo de elementos cênicos, um barco bem trabalhado, e até mesmo novamente a casa dos pais de Grey agora mais decorada para uma festa de aniversário, o apartamento de ambos os protagonistas com muito requinte, uma editora que ficou meia jogada em cena e poderia ser melhor trabalhada, e claro riquíssimos carros emprestados de graça para a produção (conforme consta nos créditos). O helicóptero melhor deixarmos de lado, pois foi a grande gafe do filme, aparentando ser uma computação muito mal feita, e na cena que pega fogo então ficou algo que nem em novela ruim fazem tão mal, além claro da cena seguinte em que o protagonista volta apenas sujo para casa, sem um arranhão sequer!!! Claro que assim como no primeiro filme, quem leu o livro verá diversos detalhes cênicos, mas como não li, não vou ficar pontuando nenhum. Dentro da fotografia tivemos cenas bem trabalhadas com tons sérios para manter a dinâmica tensa da trama, e usando certas sutilezas o filme acabou tendo um ar romantizado bacana de ver, mas nada que possa classificar o longa como um romance.

Agora algo que temos realmente de tirar o chapéu para a equipe ficou a cargo das escolhas musicais, com ótimas versões de músicas bem encaixadas com cada cena, que fluÍram bem a trama ajudando a dar ritmo, e principalmente conectando cada momento com o andar da direção, não deixando que o longa ficasse morno demais. E claro que com músicas tão boas não ia deixar meus amigos leitores em o link para escutar todas as canções do longa.

Enfim, ainda está longe de ser um filme perfeito, ao menos como cinema apenas, para as fãs todas estão saindo apaixonadas da sessão, então acredito que fizeram uma boa adaptação do livro para a telona. Talvez se errarem menos no último filme (com base no último livro lançado, pois já estão falando num quarto livro/filme) e tudo fluir bem, o acerto pode ser melhor, mas como disse, fiquei feliz com o resultado final, e até posso recomendar a trama para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das estreias da semana que apareceram por aqui (bem poucas), então abraços e até mais.

PS: Se tivesse notas quebradas poderia dar 7,5 para o longa, mas como ainda precisam acertar mais erros do que acertos, vamos para baixo.

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TOC - Transtornada, Obsessiva, Compulsiva

2/06/2017 01:24:00 AM |

Antes de falar do longa de hoje precisamos definir uma coisa: não é porque um filme classificado como comédia (por sabe lá quem) e que contém uma atriz (que é humorista de profissão) que um filme vai ser divertido. Digo isso pois vi muita (digo muita mesmo, quase umas 2 fileiras de pessoas) gente saindo da sessão de "TOC - Transtornada, Obsessiva, Compulsiva" quando o longa mostrou a que veio trabalhando mais o lado experimental e abusivo do que piadas comuns que estaríamos vendo no tradicional cinema cômico nacional. O filme, aliás, brinca muito com isso, experimentando imagens aleatórias, muita abstração, e até mesmo a atriz se testa em diversos momentos com suas loucuras, colocando um galã tradicional de novelas como um pervertido namorado que só pensa em sexo de todas as formas, um vendedor tradicional que resolve prestar serviços fora do serviço, um fã obcecado que não aceita mudanças de sua amada atriz, um escritor fantasma que apenas quer mostrar que a felicidade é ligar o botão foda-se, e até mesmo uma novela envolvendo um futuro pós-apocalíptico, ou seja, tudo o que você pensar de diferente de uma comédia tradicional, você verá nesse longa, e isso por si só acaba soando tosco, mas entretém quem tiver paciência e gostar de coisas novas, mas senão ligue o foda-se e seja feliz também, afinal, essa é a premissa do longa.

O longa nos mostra que Kika K é uma atriz que está em novelas, campanhas publicitárias e é idolatrada por milhões de fãs. Mas por trás das aparências, está em crise com sua vida pessoal e profissional, enquanto precisa lidar com as limitações de seu Transtorno Obsessivo Compulsivo. Kika se depara com Felipão, um fã obsessivo, um namorado galã sem noção e os compromissos profissionais marcados pela exigente empresária.

Sempre é bom inovação, isso digo sem pestanejar, afinal nossas comédias andavam novelescas demais, mas em primeiro momento você deve começar colocando algo que segure mais o público, e não ir arregaçando de uma vez só, como Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic acabaram fazendo em sua estreia na direção combinada de um longa. Digo isso pois é fato que quiseram mostrar um ar diferenciado com um trabalho bem autoral e que cheio de coisas diferentes fazem o público até estranhar ver tudo numa tacada só, mas o resultado (para quem está acostumado com longas experimentais) até sai satisfatório, porém quem for esperando ver uma comédia pronta para rir do começo ao fim, com ideias tradicionais (que até acontecem, principalmente nas cenas do TOC da protagonista) vai sair bem decepcionado com o que é mostrado. Ou seja, poderiam colocar todas as ideias na trama tranquilamente, só teriam de ser mais leves no exagero, que acabaria resultando melhor para todos.

Sobre as atuações, sendo roteirista e produtora, além de atriz principal, é claro que Tatá Werneck pode fazer tudo o que desejava no longa com sua Kika, desde uma guerreira que ranca testículos dos vilões, fazer protagonista de uma novela estilo "Betty - A Feia", beijar galãs e não galãs, chorar um choro mais ridículo impossível, e ainda sair-se bem com uma interpretação digamos controversa, que em um filme mais exigente não passaria nem em teste, mas de certa forma não diria que são erros dela, Vera Holtz fez sua Carol de uma maneira bem rígida que quem já passeou pelo meio das artes sabe bem como alguns empresários agem, fazendo tudo por trás do ator e sem coração para tudo que valha dinheiro, e ela bem como também uma atriz agenciada sabe como é, e não perdoou fazendo bons olhares, trejeitos e tudo mais. Bruno Gagliasso deu um tom bem exagerado para seu mulherengo e ninfomaníaco Caio, de tal forma que o ator até fez bem o papel, soube dosar as piadas para não forçar tudo de uma vez, mas chega a ser vergonhoso o tanto de situações constrangedoras que fizeram o ator fazer em cena. Luis Lobianco é daqueles atores que fazem papeis clássicos para o estilo dele, pastelão, mas bem colocado, mas seu Felipão trabalhou incumbido de um único mote, a paixão exagerada fã-artista, que bem sabemos como pode ocorrer perigos nisso como vimos no último ano com Ana Hickmann, e claro que o ator fez muito bem esse papel, mas por ser um humorista, ficamos esperando dele cenas engraçadas, e o não acontecer disso acaba frustrando um pouco o papel dele. Daniel Furlan é um ator interessante, que trabalha bem um estilo de comédia mais seca, e por um leve momento até achei que era Rafinha Bastos que estava interpretando Vladimir, mas claro que o ator foi bem melhor, porém falta ainda dinâmica no seu estilo para chamar atenção, tanto que nas cenas da livraria acabou soando mais falso do que trabalhando o desdém mesmo. E para fechar, felizmente Ingrid Guimarães apenas fez leves participações na trama, pois a trama não faz o estilo de humor da atriz, e interpretando a si mesma no filme, acabaria jogada demais, o que não convém.

Agora se tem algo que temos de elogiar e muito, e se tivesse ficado somente ali teríamos outro filme incrível, foi a cenografia do sonho/novela apocalíptica "Amorgedon" que juntamente de figurinos incríveis e um trabalho cênico perfeito, acabou resultando em algo diferenciado e cheio de nuances bem colocadas. Mas como o orçamento e a história necessitaria ser completamente diferente, fomos para outros lugares menos primorosos, como o ridículo programa de Ana Juliana, completamente desnecessário, a livraria bem colocada pelo fato de darem sempre preferência à sub-celebridades para lançar algo que somente fãs iriam gostar, e o restante vai passar por ali com desdém, as boas casas de Felipão e Vladimir, mostrando uma realidade comum de pessoas alternativas (para não falar estranhas), o karaokê tradicional que só dá gente estranha, e claro o restaurante chinês completamente sujo e destruído que até vai servir algo delicioso, mas que se soubermos como foi feito nem passaríamos perto. Ou seja, um trabalho da equipe de arte muito bem colocado que mostraram serviço dentro do que o roteiro pedia, mas que poderiam ter sido menos formais em alguns momentos. Quanto da fotografia, nas cenas da novela/sonho usou-se muito o tom cinza, comum de filmes pós-apocalípticos, e que de certa forma agradou bastante, mas usaram nas demais um exagero de tons também mais escuros, o que é incomum em comédias, pois deixa o filme monótono e triste, entretanto o que poderia ter ajudado um pouco mais na comicidade seria ao menos os figurinos dos protagonistas em tons mais alegres e locações mais vivas, que aí sim a comédia predominaria.

Enfim, é um filme bem feito, mas que não deve cair tanto nas graças do público, pois o abstrato não é algo comum ainda no contexto do cinema brasileiro, e muitos vão estranhar mais do que gostar do que verão na tela, mas em suma, a mensagem da trama do que devemos fazer para ter uma vida feliz foi dada na canção final, ou seja, ligue o botão do "foda-se" e seja feliz, ou usando a mensagem final do pós-crédito, aonde é falado o que é felicidade com cinco letras, vá fazer isso ao invés de ver o filme. Portanto recomendo a trama mais para quem deseja ver algo diferente do comum, e de forma alguma recomendo para quem deseja apenas ver uma comédia tradicional, ou seja, um filme para poucos. Bem é isso, encerro aqui minha semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

PS: Como o filme fica bem indefinido do rumo que deseja seguir, de comédia, de abstrato ou até mesmo de drama, a nota também vai ficar indefinida no meio do caminho.

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The Beatles - Eight Days A Week

2/05/2017 02:17:00 AM |

É raro vermos documentários nos cinemas do interior, mas quando se trata de uma banda com milhões de fãs espalhados pelo mundo afora, não só foi exibido nos cinemas, como faltou lugar na sala para todos que desejavam ver como a frenética maratona de shows e gravações dos quatro garotos de Liverpool acabou afetando algo que tanto priorizavam (a afinação) e portanto resolveram parar com shows para focar somente em álbuns de estúdio, tendo inclusive nesse período sem shows, seu álbum de maior prestígio mundial, Sgt. Peper.

Chega a ser estranho vermos mais um documentário sobre os Beatles, pois já foram feitos tantos programas de TV´, diversos filmes, e matérias sobre a história dos quatro cantores que quando falaram do documentário, que inclusive está concorrendo ao Grammy, fiquei imaginando que não conseguiriam mostrar muita coisa nova, e por incrível que pareça o diretor Ron Howard conseguiu muito material novo para trabalhar, vindo de fãs, da própria gravadora e até de arquivos dos Beatles ainda vivos, Paul McCartney e Ringo Starr, e claro que também por ser do meio cinematográfico, pegando depoimentos de atores e autores famosos como Whoopi Goldberg, Sigourney Weaver, entre outros para falarem como fizeram para ir aos shows em suas juventudes.

E com esse grande feitio de compilação de imagens e entrevistas bem colocadas, o diretor fez questão de mostrar de uma maneira bem simples o principal motivo da banda decidir parar de fazer shows, pois sempre foram ótimos letristas, com músicas perfeitas e bem cantadas em estúdio, mas a gritaria em shows era tão fora do comum (e na época não existia a tecnologia de hoje de retorno nos ouvidos, nem amplificadores que tirassem a barulheira completa do palco) que os músicos acabavam desafinando monstruosamente nos shows, tanto que quem ficar após os créditos verá um dos maiores shows que eles fizeram, que mesmo remasterizado em estúdio, convertido para 4K, ainda o abafamento das vozes não foi possível de consertar e chega a dar dó ver o esforço deles praticamente gritando para que o público ouvisse suas vozes, e não a gritaria das fãs. Em hipótese alguma vamos falar que eram ruins como cantores, pois todos sabemos muito bem o contrário, mas se já é difícil falar numa boate aonde o som está alto e temos quase que gritar para sermos ouvidos, imagina num estádio com 50 mil mulheres berrantes e você não ouvindo seus parceiros tocarem no ritmo certo e ainda cantar para que o público os ouça: não tem como.

Claro que por ser um documentário musical, temos ótimas canções que embalaram muitos jovens, deixaram fãs frenéticas só com o balançar dos cabelos tigelinhas dos cantores e acabam envolvendo bastante o público na sessão, e junto com boas histórias os quase 150 minutos passam tranquilamente sem cansar nem um pouco, ou seja, é daqueles documentários que vemos numa tacada só, mesmo que trabalhe muito da forma jornalística que não é tão gostosa de ver em um cinema. Portanto até recomendo a trama para todos, mas quem não for muito fã da banda é capaz de mesmo vendo algo que é novidade para ele acabar saindo da sessão um pouco desanimado com o formato, mas todo o restante com certeza agradará muito com tudo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia que veio para o interior, então abraços e até breve.

PS: O longa passará ainda neste domingo (05/02) em diversos cinemas, em Ribeirão Preto no UCI Cinemas às 20hs, como está lotando a sessão é recomendável chegar bem antes ou comprar antecipadamente.

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