PéPequeno em 3D (SmallFoot)

9/30/2018 06:53:00 PM |

Existem algumas animações que conseguem seguir linhas tão diferentes do usual, fazendo com que o público pense (mesmo que tudo seja explicado em uma única música), reflita e chegue à ideais que são fora do padrão de conhecimento que acabamos nos emocionando, vibrando e até dançando com o que nos é mostrado na telona, e felizmente isso aconteceu com "PéPequeno", que nos entrega uma história bem divertida, cheia de contrastes, e principalmente que consegue passar uma boa mensagem de respeitar o próximo e suas diferenças, além claro de mostrar que o que tanto sabemos, que os seres humanos são bem mais monstruosos que os monstros da ficção, não pensando duas vezes antes de pensar em matar, atirar, tacar fogo e por aí vai. Diria que o longa é bem bonitinho, e tem cores suficientes para agradar visualmente os pequenos, mas colocaria que é um filme para uns pequenos já crescidinhos que entendem histórias, pois os pequeninos logo de cara já começam a não gostar do escuro e já começam a chorar para pedir pra sair, o que não é legal quando se leva uma criança ao cinema (e também atrapalha a sessão dos demais), ou seja, encaixaria ele na faixa dos 8 anos pra cima, indo até o infinito e além, pois os mais velhos vão se apaixonar pela história contada.

O longa vira a lenda do Pé Grande de cabeça para baixo quando um jovem e genial Yeti encontra algo que ele achava que não existia – um humano. A revelação deste “PéPequeno” traz preocupação à comunidade dos Yetis sobre o que pode existir além de seu pequeno vilarejo nas neves em uma nova e divertida história sobre amizade, coragem e a alegria da descoberta.

É engraçado a forma que o diretor Karey Kirkpatrick moldou o seu longa, criando personalidades fortes para cada personagem, deixando claro as diversas diferenças e responsabilidades de cada um na aldeia, e principalmente por não fazer como costuma ocorrer em encontros de diferentes espécies, pois cada um falando sua língua para os seus, vão apenas se entender através de sinais gestuais, o que é algo incrível de ver. Além disso, ele conseguiu criar um mapa de cores tão bem colocados para realçar os sentimentos, que além das canções envolventes e de toda uma trama bem montada, o filme vai esquentando e esfriando com tons, fazendo com que o público sinta a dúvida dos personagens sobre o que é ou não bom para eles, como podem atingir determinados momentos e tudo mais, numa brincadeira clara de gente séria. Outro bom ponto a ser visto, é que embora o diretor tenha alguns personagens bobinhos para dar o tom cômico na sua trama, ele não focou em nenhum personagem de esquete (talvez colocaria a cabra, mas como não é nada exagerado até passa batido!) como outras animações costumam fazer, e com isso o longa nos faz viajar e refletir sobre tantos temas, como, inclusões, preconceitos, humanidade, e por aí vai, ou seja, um longa muito maior do que apenas um infantil.

Sobre os personagens é fato que vamos nos afeiçoar completamente ao protagonista Migo, afinal ele que fica quase que 100% na telona, e sua pelagem é incrivelmente detalhada, lembrando até mesmo o que vimos já no passado de "Monstros S.A.", e não bastasse uma boa modelagem cênica para o personagem, o carisma, suas dúvidas, e claro, as encrencas em que se mete, nos faz ficarmos cada vez mais conectados com ele. O humano Percy também é bem interessante, e nos lembra bem dos desafios que produtores de conteúdo tem, de que as vezes estão por cima, outrora as dívidas mais comem as pernas do que tudo, mas a trama mostra muito bem que mentir não é o melhor negócio (a não ser que seja para salvar alguém!) e o funcionamento do personagem recai muito bem para tudo o que possamos imaginar. Além dos dois protagonistas, é bacana olharmos para o Guardião das Pedras, com seu tom mais sério, e claro, com motivos bem sólidos para expressar sua fé nos demais, de tal maneira que vemos muito por aí como alguns ocultam informações, mudam tudo para que todos passem a crer somente na sua verdade, ao invés de tentar chegar no bom senso para que todos tenham uma vida com menos medo, ou seja, um personagem bem reflexivo. Quanto aos demais, todos foram bem graciosos, com Meechee sendo o par romântico bem colocado, mostrando a força e a coragem das mulheres audaciosas, e comandando bem a liga dos malucos do PPM, que agradaram bastante no contexto visual e deram um bom humor para a trama.

No contexto visual, a trama trabalhou bem os dois mundos, o dos humanos com cidadelas pequenas, mas toda voltada para o turismo no meio da neve, com muitas luzes, e bares semi-vazios aonde as pessoas pegam os microfones para cantar, mas a graciosidade do longa fica por conta da vila dos yetis, com muitos detalhes em movimento, e que são completamente bem explicados quase no final para que cada coisa servia, com muita graciosidade e simbolismo de primeira linha, agradando demais o resultado. Quanto do 3D, temos alguns bons momentos, mas a função foi mais de textura e modelagem, fazendo com que os personagens tivessem movimentos quase teatrais pelas boas sombras, aonde enxergamos eles bem encaixados, do que realmente com coisas saindo para fora da tela (tirando claro a neve e sua sensação visual), ou seja, poderiam ter abusado até um pouco mais para agraciar as crianças e quem gosta do estilo.

Como toda boa animação, as canções são envolventes e agradam demais ouvir e acompanhar, dando sentido para a trama, e fazendo com que o público se envolva vendo os personagens dançando e trilhando seu caminho, e claro que procuro buscar ela para que todos possam ouvir, mas a trilha sonora nacional não foi liberada online, apenas a música "Maravilha é Viver" que você pode ouvir aqui, e claro quem conseguir conferir na versão original o filme, pode ouvir todas as canções aqui.

Enfim, um longa muito gracioso que envolve demais e que com certeza recomendo para todos, irei tentar ver ele legendado também, não pela dublagem ter ficado ruim, muito pelo contrário, todos procuraram entregar bem as piadas com contexto, tiveram boas vozes, e tudo mais, mas ao ver o elenco completo cheio de grandes estrelas, acredito que o longa deve ter ficado bem bacana também. Portanto levem as crianças para o cinema, lembrando do que disse no começo que as muito pequeninas provavelmente não irão curtir tanto, e boa sessão, pois eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Primeira Noite De Crime (The First Purge)

9/29/2018 02:18:00 AM |

Pois bem após o original e mais duas sequências, muitos sempre se perguntavam, e como começou essa loucura toda, quem foi o doido que criou uma noite para que todos expurgassem sua raiva/ódio matando todos que visse pela frente, e principalmente aqueles que te atrapalharam em algo, e eis que os produtores/roteiristas ouviram o apelo e resolveram criar "A Primeira Noite De Crime", que basicamente usa o mesmo molde dos outros três filmes (ou melhor dois, pois o primeiro só ficou dentro da casa!), mas consegue contar bem como tudo começou, e o que parecia um leve experimento acabou saindo fora do controle ao cair nas mãos de pessoas incompetentes, ou seja, até dei um leve spoiler, mas a trama mostra bem um molde político do que anda acontecendo em nosso país e até no mundo atualmente, de modo que um viés de discórdia pode ocasionar dissidências tão fortes que fica difícil controlar, e claro que gera confrontos com as pessoas mais carentes, e claro, com aqueles que mandam nas comunidades. Ou seja, um longa de terror, que flui bem como drama politizado e que envolve com muita ação e tiros para todo lado, então se você gosta disso, esse é seu filme, caso contrário, a chance de reclamar e/ou ficar no celular incomodando os demais é alta demais, então evite.

A sinopse nos conta que quando um novo partido político, o New Founding Fathers of America, ascende, é anunciado um novo experimento social. São 12 horas sem lei, em que o governo incentiva as pessoas a perderem toda e qualquer inibição. A participação não é obrigatória, mas como estímulo, 5.000 dólares é dado para quem fica na cidade, e mais prêmios para quem participa.

Como é de praxe, sabemos que ao mudar a direção de uma franquia, muita coisa acaba se perdendo no caminho, e após James DeMonaco ter roteirizado e dirigido os três longas anteriores, aqui ele apenas criou o roteiro e entrou em campo toda a equipe de Gerard McMurray que até transformou o longa em um plano maior, que mesmo preso dentro de um pedaço dos EUA, levou muito mais confusão para as ruas, para um condomínio vertical e com atrocidades bem insanas de serem mostradas, mas que diferente do que costumávamos ver com pessoas aleatórias, aqui o par romântico praticamente dominou o longa, e por bem pouco não desandou todo o restante. Diria que faltou um pouco mais de atitude de Gerard para criar mais, e com isso ele se prendeu na fórmula e apenas esboçou um início de tudo nos mesmos moldes sem muita desenvoltura. Claro que aqui ele foi até mais politizado do que o último filme que era voltado para uma eleição, e com isso a trama tem um desenvolvimento que muitos vão olhar com outros olhos, mas certamente ele poderia ter ido ainda mais longe nesse exagero, que sairia do conforto e entregaria um daqueles filmes de arregalarmos os olhos do começo ao fim.

Uma faceta interessante da equipe de produção foi arrumar um elenco praticamente desconhecido das telonas para que o filme não remetesse a ninguém dos outros longas, e ao mesmo tempo que isso é interessante para não ficarmos tentando lembrar quem é quem, o resultado também acaba ficando mais dependente dos protagonistas que não são tão impactantes de expressões, ou seja, todos até se esforçaram para não fazer muita besteira na tela, mas também não foram muito longe no que fizeram. Y'lan Noel entregou seu Dimitri como um grande líder do tráfico, mas que ao demonstrar amor pela ex-namorada, vai pra cima de tudo e de todos, defendendo não apenas os seus, como também toda a comunidade que compra seus produtos, e o ator certamente se inspirou em muito do que se vê nas comunidades mundiais para incorporar alguém forte e coeso nas atitudes, mas poderia ser menos melado sua paixão platônica, afinal ele é o cara do longa, e não precisaria de tanta paixonite. Lex Scott Davis entregou sua Nya como aquelas humanitárias completamente contra os políticos, e conseguiu dar ares bem fortes de personalidade, de modo que sua melhor cena sem dúvida é a que vai tirar satisfações de D, e ali a atriz mostrou força e chamou a responsabilidade do longa para si, pena que não manteve. Joivan Wade até fez bem seu Isaiah, mas falhou na personalidade, e ficou apático demais na maior parte do longa, parecendo quase sumir, e isso não é bom para alguém do primeiro time do filme. Rotimi Paul ficou muito maluco para seu Esqueleto, e com uma maquiagem incrível, incorporada à sua loucura, fez do personagem alguém que merecia até mais tempo de tela. A dupla do governo interpretada pela sempre boa Marisa Tomei, e Patch Darragh foi coeso no que pretendiam mostrar, mas fizeram caras e bocas demais para atitudes de menos, e isso num filme de ação acaba ficando em segundo plano, e não resulta em nada.

Diria que a equipe de arte aqui foi a que mais ousou em fantasias para a trama, criando personagens incríveis, grandiosas festas com todos com roupas com elementos de LED, lentes tecnológicas bem elaboradas (que não tem nos demais filmes, sendo que esse se passa antes dos outros!!) que deram um tom esquisito, mas bem interessante para os olhares dos personagens e figurantes, e claro muitas armas de calibres altíssimos, com tiros explodindo paredes e fazendo tudo voar pelos ares, ou seja, a equipe de efeitos precisou trabalhar muito também, e juntamente criaram um filme visualmente impecável de elementos. A fotografia é claro que por ser um longa tecnicamente de terror foi bem escura, mas com tantos LEDs para todos os lados, tivemos um colorido até que bem detalhado, que acaba criando grandes vértices e chamando a atenção para onde a equipe desejou.

Enfim, é um filme que diverte quem gosta desse estilo, que trabalha bem o início da franquia, mas que não cria nada de muito novo, de tal maneira que parece mais uma sequência do que uma explicação melhorada de como tudo começou. Diria que funcionou bem pelo vértice politizado e pela atitude em si, mas que talvez nas mãos do diretor antigo, o resultado fosse bem melhor. Ou seja, recomendo ele com ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Que De Verdade Importa (The Healer)

9/28/2018 09:31:00 PM |

Se existe uma doença que vai sempre deixar o público triste nos cinemas, e na vida real, é o tal do câncer, ou como é chamado no longa "marshmallow", e é com essa proposta mais fantasiosa, quase cheia de efeitos "mágicos" que o longa "O Que De Verdade Importa" nos entrega uma trama simples, que tenta mostrar um dom de cura, como algo possível de existir, mas que permeia ao final com a grandiosa mensagem de que todos podem ser curadores, basta entregar amor aos doentes, tratando eles vem, levando-os para se divertirem com o que gostam, junto de seus familiares, com sorrisos, e certamente viverão melhores seus momentos, que podem ser poucos ou muitos, mas serão grandiosos quando bem tratados felizes, e não sendo tratados como doentes/quase mortos. E embora a sacada seja bonita, e o filme tenha uma proposta ainda maior, afinal 100% da renda do longa será doada para hospitais que tratam de câncer infantil, tenho de ser crítico e pontuar que ele possui muitos defeitos técnicos, que até raspam a trave de destruir a graciosidade da trama, mas quem relevar momentos bobinhos demais e entrar no clima, conseguirá curtir o resultado final, se emocionar, e claro, ajudar a causa.

A sinopse nos conta que Alec Bailey é um engenheiro frustrado que vive em Londres. Ele trabalha consertando eletrodomésticos, mas o dinheiro que ganha não é suficiente para pagar as suas contas. Tudo muda quando um tio distante aparece em sua vida com uma proposta irrecusável: pagar todas as dívidas de Alec desde que ele se mude para Nova Escócia, no Canadá, por um ano. Sem muitas alternativas, o jovem aceita o acordo e inicia uma nova fase em sua vida, agora em um novo país e prestes a conhecer mais sobre sua família e a si mesmo.

A direção de Paco Arango é digamos algo um pouco confusa, pois ele entrega em alguns momentos um filme cheio de nuances mágicas, logo na sequência ele já permeia momentos mais sérios, e depois ainda brinca com situações fictícias, mas que são sérias, ou seja, ele não consegue que seu filme fique dentro de um único patamar, mas de uma coisa ele consegue passar, que é a mensagem principal da trama, sobre a vida das crianças com câncer necessitam ser melhoradas, e assim sendo, ele que sempre foi voluntário em hospitais, e que já doou mais de meio milhão de sua produção anterior para o Hospital de Câncer de seu país, o México, agora veio para mostrar que pode ajudar outros hospitais dos países que seu filme está sendo lançado, e com isso sua obra mesmo errônea ganha um valor maior, e consegue soar bonita de se ver, mas claro, que para isso temos de relevar diversos momentos absurdos, diálogos bobinhos, e até quebras cênicas, porém como é um tema que mexe conosco, certamente muitos irão se emocionar, e assim sendo, o resultado final acaba sendo o que de verdade vai importar para o diretor.

Quanto das atuações, é muito intrigante ver Oliver Jackson-Cohen como Alec, e nem é pelo personagem em si, mas sim pelo seu carisma em cena, que aparentemente parecia que não iríamos gostar dele, depois ele passa a ser interessante, para ao final ser muito bem colocado, de modo que certamente a química com as demais garotas encaixou bem demais para que seu resultado empolgasse, mas ele poderia ter sido um pouco mais expressivo nas suas cenas, para não ser apenas um rostinho bonito nas telonas. Jonathan Price acabou sendo mais figurante do que deveria, pois, seu Raymond de certo modo é quem nos explica o dom do protagonista, mas ele fica sempre duro demais nas suas cenas, e isso não foi bom de ver. Camilla Luddington entregou uma Cecilia bem colocada, que enxergamos rapidamente seu final, e que acaba sendo bem desenvolvida, mas nada que impressione muito. Jorge Garcia também foi meio que jogado com seu Padre Malloy, e poderia ter ido além, mas sua cena de "morte" e sua cena explicativa de fé foram bem bacanas de ver. Agora sem dúvida alguma o grande destaque da trama vai para Kaitlyn Bernard com sua Abigail, pois a jovem deu um show de expressividade, entregou diálogos bem direcionados, e ainda por cima fez olhares incríveis de se emocionar com ela, ou seja, perfeita.

No conceito cênico, encontraram uma locação incrível, com o lago compondo a cenografia, e dando ares incríveis para todo o restante, a picape também foi bem icônica, e claro embora tudo seja bem simples, o resultado visual de torna agradável pela essência completa do abandono da cidade grande pelo campo, e claro que com efeitos modestos e até exagerados de tão novinhos, o formato acaba agradando e até poderia ter sido melhor usado, como o porão com as diferentes gerações de curadores, mas aí o foco mudaria. A fotografia também deveria ter ficado mais nas cenas externas que foram bem coloridas e agradam visualmente, mas como necessitavam de interiores para criar uma certa tensão, o resultado acabou um pouco estranho.

Enfim, como filme mesmo ele é simples demais, e acaba tendo defeitos que poderiam ser minimizados, mas volto a dizer que a proposta e a causa são tão boas que vale a pena conferir e sair feliz por ajudar ao menos, portanto quem puder vá, releve os erros, e ajude! Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou conferir outro hoje, então abraços e até logo mais.

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10 Segundos Para Vencer

9/28/2018 12:56:00 AM |

Já está até ficando chato o tanto que falo que o cinema nacional tem crescido, mas se tem um estilo que ultimamente o pessoal tem acertado bem a mão é no feitio de biografias, pois conseguiram encaixar um molde de homenagear bem as pessoas e ainda fazer com que o público que não conheça nada da história, ou até aqueles que conhecem tudo do personagem curtam o resultado bem feito de uma grande produção, e aqui em "10 Segundos Para Vencer" podemos dizer que foi algo de primeiro nível, com grandes lutas, uma cenografia de época que saiu fora dos eixos, e com atuações minimalistas dos protagonistas para ninguém botar defeito. Porém para ficar melhor só tinha de ter feito uma coisa: editar melhor, pois não necessitava ter duas horas de projeção com o que é mostrado na telona, podendo ser retirado uns 20 minutos do miolo que ainda assim passaria toda a tensão e teria uma dinâmica melhor para comover, ou então colocar mais lutas filmadas ao invés de materiais de arquivo, pois aí sentiríamos realmente a pressão, e o resultado seria ainda melhor, pois bem longe de falar que a trama foi ruim, digo que o filme é impressionante e emociona com tudo o que é entregue na telona, valendo a pena conferir mesmo quem não for tão fã de lutas.

A cinebiografia conta a história do pugilista Éder Jofre que tem uma infância difícil no bairro do Peruche, em São Paulo, e com a ajuda do pai, Kid Jofre, vai batalhando até chegar onde quer. Seu destino está nos ringues, onde fica conhecido como Galinho de Ouro, por ter sido o maior peso galo da história do boxe mundial, trilhando o sucesso com o título de bicampeão mundial.

O mais interessante é que o diretor José Alvarenga Jr. possui um estilo próprio que sempre consegue nos entregar a contextualidade da trama bem escrita sem precisar forçar ou apelar para sentimentalismos, criando cada situação no seu tempo e desenvolvendo sua trama com um ar de luxo, no melhor estilo de longas de lutas hollywoodianos, e com isso sua trama se assemelha muito a de "Rocky", mas com um teor clássico dos longas antigos nacionais, parecendo até que foi filmado na época com muita textura na fotografia, e somente lançado agora depois de aprimorar alguns efeitos, e essa grande sensibilidade artística para criação da história é algo que vale a pena ser bem observado por quem for conferir, pois geralmente esse estilo é daqueles que somente homens vão por gostar de lutas, mas aqui a trama foi desenhada para ser levada com um bom tom que todos podem conferir e conhecer um pouco mais da vida regrada que o garoto teve com seu pai e treinador bem autoritário. Como falei no começo o maior problema da trama está em enrolar um pouco para querer mostrar coisas demais que não acrescentaram em nada no longa, como a época em que Jofre ficou fora dos ringues, que poderia ser bem mais resumida, alguns momentos jogados, e que com isso ganharia mais ritmo se fossem cortados, mas é a velha história, se filmam tantas cenas, que na hora da montagem, queremos colocar tudo na telona, e com isso, o resultado cai um pouco, mas nada que atrapalhe o final, então é apenas gosto pessoal mesmo que com 100 minutos a trama seria perfeita.

Sobre as interpretações, novamente Daniel de Oliveira mostra o motivo pelo qual é considerado um dos nosso melhores atores do cinema nacional, entregando sempre uma personalidade completamente diferente para cada personagem que lhe é entregue, e aqui seu Edinho, como é chamado na maioria das cenas, é principalmente humano, e não uma máquina de socos como costumeiramente acontece nos protagonistas de filmes de lutas, e com isso o ator acabou se entregando para o personagem, deu uma boa mudada no visual corporal, e conseguiu com boas dinâmicas criar um personagem bem interessante de acompanhar, sem forçar em nada o que é o melhor de ver. Agora quem deu show de expressões, sem dúvida alguma foi Osmar Prado com seu Kid Jofre, conseguindo criar um sotaque incrivelmente forte, expressões duras e bem colocadas, diálogos pontuados com muita ânsia e com um emocional que foi além de tudo o que podíamos imaginar, mostrando que um treinador pode mudar a vida e conseguir que seu atleta atinja o que tanto almeja, e com isso o ator está ganhando prêmios atrás de prêmios merecidamente. Ricardo Gelli também entregou um carisma além do esperado para seu Zumbanão e conseguiu trabalhar bem desde o começo com seus ares exagerados, mas foi com grandes diálogos fortes junto do protagonista que se mostrou preciso e encaixado como elo de seguimento para o personagem crescer. Ravel Andrade entregou um Doga bem feito, mas poderia ter feito menos expressões jogadas para baixo, pois mesmo que doente não necessariamente precisava ser um personagem tão triste, e poderiam ter trabalhado melhor ele. As mulheres da trama foram bem colocadas para dar as quebras de força do longa, e todas ganharam certos ares calmos e que complementaram bem a dinâmica que o longa precisava, de modo que tanto Sandra Corveloni, como a mãe do protagonista, quanto Keli Freitas, como Cida, a esposa do protagonista, entregaram personalidade e força expressiva nos olhares para demonstrar exatamente o que estavam sentindo nos atos dos maridos e filhos, igualmente vemos em nossas vidas, ou sejam, precisas.

No conceito cênico o longa também foi muito bem montado, numa produção grandiosa que conseguiu juntar imagens de arquivo das lutas reais de Éder, que por serem propriedade de uma das grandiosas distribuidoras de filmes dos anos 70, certamente estavam em ótima qualidade de película, com criações bem moldadas para representar bem a época, com carros bem escolhidos, casas e academias simples muito bem caracterizadas com ótimos elementos cênicos, e até mesmo quando o protagonista passou a ganhar dinheiro, seu apartamento foi bem emblemático para mostrar o momento em que o país passava, e claro que os ringues foram montados com muitos figurantes e cheios de amplitude cênica para um ganho ainda maior de ângulos para não ficar devendo para nenhum longa americano do estilo, ou seja, um ótimo trabalho da equipe artística. A fotografia, assim como quase sempre ocorre em longas de época trabalhou bem os tons de sépia, e juntou alguns momentos em preto e branco, mas o grande destaque ficou pela granulação da imagem, que lembrou os bons tempos das películas, e com um bom desgaste acabou ficando nem rude para soar estranha e nem fina demais para parecer um longa rodado atualmente, o que acabou dando um charme a mais para o filme.

Enfim, é um longa que possui alguns leves defeitos técnicos, e que falhou mais no ritmo do que na história em si, e por ser bem feito e conseguir transmitir boas sensações, certamente acabo recomendando ele para todos que gostam do estilo, e até mesmo para aqueles que não são tão fãs de longas de luta, pois o resultado dramático funciona até mais do que a pancadaria mostrada na trama, ou seja, um longa que muitos irão gostar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal felizmente veio para o interior uma boa quantidade de estreias, então abraços e até logo mais.

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BraveStorm

9/27/2018 12:46:00 AM |

O gênero de ação japonês já vive em nossa mente desde quando assistíamos na nossa infância Jaspion, Jiraya, depois fomos aprimorando para Power Rangers, e por aí vai, mas a idade foi passando e acabamos ficando meio longe desse estilo, mas por lá ele não morreu, e agora com "BraveStorm" que mistura duas séries dos anos 70 em um único longa (ou melhor, mais que um, afinal terá continuação!) o resultado é uma junção de muitos estilos, pois temos tiros laser para todos os lados que não acertam nenhum dos protagonistas, temos robozões imensos de luta, temos viagem no tempo, temos alienígenas estranhos, temos personagens com roupas robóticas lutando contra robôs, ou seja, tudo o que se possa imaginar num longa de ação japonês. E embora tenha um começo enrolado para explicar quem é quem, a trama deslancha nas lutas e até resulta em um filme razoável de acompanhar, mas que deixou pontas abertas para ser resolvido num segundo momento, e que poderia ser menos explicativo para agradar mais, mas ao menos funcionou como filme, tendo seu começo, meio e fim encontrado dentro de tanta loucura.

A trama nos mostra que no ano de 2050, os únicos humanos que ainda estão vivos são os cinco irmãos Kasuga, que planejam voltar no tempo e exterminar os invasores Killgis antes deles exterminarem as pessoas da Terra. Eles voltam para 2015, e, com a ajuda de um roboticista, eles constroem o robô gigante Barão Vermelho para lutar com o Barão Preto, dos invasores.

A sacada da trama foi montar algo bem colocado, e não errar na mistura dos estilos, pois sabemos bem a bagunça que pode dar nas famosas viagens no tempo se não forem bem orquestradas num molde bem coeso, e aqui conseguimos até torcer para que os garotos consigam derrotar o mal, que no caso são alienígenas estranhos que desejavam um planeta que já estava se matando sozinho pelo próprio povo (acho que escolheram perfeitamente!!). O diretor Junya Okabe é especialista nesse estilo, e por ter nascido em 65, certamente assistiu muito as duas séries ("Super Mask" e "Super Robot Red Baron") na sua infância, de modo que ficou tão marcado que agora resolveu escrever uma história só compondo ambas as séries e transformando numa história interessante envolvendo um super-herói viajante no tempo e robozões de briga, e volto a frisar que embora seja uma história bem maluca que demora a engrenar, o resultado visual nos remete bem a tudo o que vimos também em nossa infância, que queríamos fazer lutinhas de robôs, espadas e tudo mais, e essa conexão ainda funciona como algo que vale a pena ser explorado. Não digo que o resultado em si seja funcional, mas talvez se já tivesse montado algo até maior, mas já envolvendo os dois longas é capaz que o filme seria perfeito.

Posso estar sendo extremamente preconceituoso, mas as atuações dos japoneses são muito exageradas, e ainda colocam dubladores mais exagerados em cima, fazendo com que uma cena simples pareça a terceira guerra mundial pelos olhares arregalados durante a luta, juntamente com o griteiro que o dublador apronta, ou seja, algo que fica sempre muito forçado de ver. Diria que cada um conseguiu encontrar bem os moldes para seus personagens, mas longe de termos algo que impressione, ou que cada um conseguisse destacar-se sozinho, a trama funciona na composição de todos, tendo claro alguns momentos marcantes no início com o jovem lutador Ken, mostrando ser bem ágil e espirituoso, mostrando rapidamente sua amizade com Shu, mas o que acaba destacando nele como protagonista da trama toda é seu ego muito forte, que pode dar grandes conflitos na continuação ao estar junto da equipe, mas isso só mais para frente para sabermos, enquanto por aqui cabe a ele um leve destaque.

Uma coisa que sempre achei muito divertido em filmes desse estilo é ver prédios sendo destruídos pelos robôs gigantes, tiros e tudo mais, mostrando o quão bem feitas são as maquetes, mas claro que na nossa infância não sabíamos disso, e apenas ríamos falando que povo maluco é esse. Aqui o efeito ficou bem claro, e é notável ver tudo sendo quebrado com claras intenções do estilo, e com muita ambientação apocalíptica, os momentos mostrados de 2050 também ficaram bem interessantes de ver. Quanto das lutas de chão, os personagens poderiam ter usado alguns elementos mais convincentes para envolver mais, pois parecia um longa de baixíssimo orçamento, mas quando víamos os detalhes dos robôs, o contraponto aparecia, ou seja, um trabalho digamos bagunçado da equipe de arte. A fotografia brincou bem com os tons escuros, para mostrar um momento mais de guerra, e o resultado embora falte sangue nos personagens que apanham bastante, conseguiu funcionar para criar uma certa tensão.

Enfim, é um longa que chama a atenção, mas que cansa muito pelo ritmo lento de desenvolvimento, e com um excesso de falhas técnicas talvez precisará incorporar muito mais na continuação para que o filme funcione completamente. Diria que ele até agrada bem quem gosta do estilo, mas poderia ser imensamente melhor caso quisessem trabalhar melhor o ritmo e os efeitos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas já volto amanhã com mais estreias por aqui, então abraços e até logo mais.

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22 Milhas (Mile 22)

9/25/2018 01:38:00 AM |

Já virou algo quase que certeiro que ao juntar o diretor Peter Berg com o ator Mark Wahlberg é adrenalina a mil com situações empolgantes, que mesmo que sejam absurdas conseguem empolgar o público. E se adicionar ainda um estilo desenfreado psicótico para a personalidade do protagonista, de modo que seus mandamentos acabem virando piada cômica para os demais, fazendo com que o público rache de tanto rir? Pronto, receita completa para um longa funcionar bastante, de modo que mesmo com absurdos e furos exagerados no conteúdo da trama, o resultado de "22 Milhas" é um filmão daqueles que veríamos tranquilamente mais do que uma vez nos diversos horários da TV, e claro que no cinema ainda a ação fica maior, pois é tiro, soco e bomba pra todo lado, para no final sermos até razoavelmente surpreendidos por algo que soou um pouco frouxo, mas que no mundo atual não é de se duvidar que possa acontecer. Outro detalhe negativo é terem deixado margem para um segundo filme, mas não sei se ocorrerá, então o melhor é conferir e ficar bravo com o final mesmo, pois o longa vale a pena.

O longa nos mostra que o agente da CIA James Silva tem a missão de conduzir um importante informante do centro da cidade até ao aeroporto. Mas a tarefa não é nada fácil, pois nesse percurso de 35 km ele tem de encarar criminosos bem armados e ainda policiais corruptos, todos querendo achar uma forma de silenciar o informante.

A parceria entre o diretor Peter Berg e o ator Mark Wahlberg já pode se dizer consolidada, pois em 5 anos já são 4 filmes juntos, e todos com o ator entregando muita ação e impacto para o público ficar com muita adrenalina e ansiedade em cada cena, e além disso, a grande sacada aqui foi trabalhar a personalidade do protagonista num nível além do esperado, criando quase um antagonista no próprio protagonista, de modo que certas atitudes dele no início farão com que muitos fiquem até bravos, mas logo em seguida já passamos a rir das mesmas coisas por tão absurdas que alguém possa estar fazendo aquilo (e o pior que sabemos que tem muitos agentes que são exatamente desse jeito!). Ou seja, o diretor conseguiu extrair boas qualidades de todos os lados para que seu filme ficasse cheio de dinâmica e o resultado impressionasse, mas claro que para isso ele precisou fazer o maior clichê de filmes de ação: as paias nível master que não temos como acreditar nem que os caras fossem capazes de tantas maluquices nos governos/exércitos/agências, muito menos nos erros dos mesmos, mas isso como costumo falar, que relevamos em consideração aos grandes filmes cheios de paias do nosso cinema mundial, e sendo assim, isso não incomoda, mas sim faz rir ao menos, e diversão nunca é demais.

Sobre as atuações, é fato que você irá ter diversos tipos de sentimentos com o personagem James Silva de Mark Wahlberg, pois irá ficar bravo com o tratamento que ele dá para a personagem de Laura Cohan, irá rir muito, principalmente na cena em que todos de uma sala resolvem dar adjetivos para sua loucura, e irá se desesperar nas cenas de ação que ele nos entrega, e sempre com olhares e interjeições precisas que nos fazem sempre gostar demais do que faz em cena, ou seja, perfeito para o papel. Da mesma forma, Laura Cohan foi muito imponente no seu papel, entregando uma Alice disposta a tudo para fazer acontecer, mesmo sofrendo pela filha que está com o pai e a madrasta em outro país, e com ótimas cenas de olhares e muita ação, a atriz fez tudo para ser considerada a protagonista da trama. Iko Uwais entregou um Li muito sereno e interessante para o papel, de modo que mostrou grande feitio nas lutas, mas também impôs diálogos precisos com muita meditação e serenidade. A lutadora Ronda Ronsey colocou personalidade para sua Sam, lutando muito (alguém tinha dúvidas disso?) e tendo até um grande momento na trama para chamar de seu, ou seja, tem melhorado nos trejeitos, e quem sabe ainda vai se sair bem no cinema. E para finalizar os mais importantes da trama, John Malkovich nos entregou um Bispo bem colocado, e cheio de força nas ordens, de modo que conseguimos nos conectar a ele, mas ficamos sempre com uma pontinha de insegurança nos seus atos, ou seja, o tradicional do ator.

No conceito cênico a trama foi bem desenvolvida e cadenciada por quase um mini-road-movie, afinal o nome do longa é o percurso que eles tem de fazer para levar o informante da embaixada até o aeroporto, e com isso muitas cenas de ação com carros e motos bem equipadas, com personagens com armas imponentes, uma ótima luta incorporada de tiroteio em um conjunto de prédios e bons elementos nos QGs de informações, de tal maneira que o filme até parece bem sério e real em alguns momentos, mas bem pouco, pois é aparecer uma cena de luta que a paia já vem com tudo, mas longe disso ser ruim, mostrou que a equipe de arte foi bem coesa nos efeitos para que as explosões não soassem tão falsas, mas fossem bem fortes e interessantes, com a maquiagem trabalhando também muito bem para os tiros à queima-roupa bem diante dos olhos do público. E embora a fotografia fosse bem escura em alguns momentos, para criar tensão, o resultado da trama com tantos tiros, acaba saindo mais dinâmica do que tensa, e isso é algo que merece ser bem analisado, pois é raro um filme de ação ser escuro, e aqui se ficamos parados em cena, foi algo de no máximo 5 a 10 minutos.

Enfim, é uma trama bem agitada que agrada bastante, e quem gosta de longas de ação policial, não ligando para mentiradas, certamente irá sair bem feliz ao final da sessão, vibrando com cada cena, e ficando muito bravo também com o final do longa, afinal merecia mais uns 10 a 15 minutos com muita força para não necessitar ter uma continuação. Sendo assim, recomendo ele mais para quem gosta do estilo policial, pois os demais vão se cansar com tantos tiros, e a chance de não gostar é até alta, mas ainda assim o longa não é daqueles dispensáveis de perder umas horinhas vendo em casa quando passar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na quarta com o último longa do Festival de Ação Japonês, então abraços e até logo mais.

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O Mistério Do Relógio Na Parede (The House With a Clock in its Walls)

9/24/2018 12:39:00 AM |

É engraçado como alguns filmes são feitos atualmente, mas lembram tanto de outros do passado, que ficamos pensando que não é possível ser apenas referências, é algo que o roteirista desejou copiar mesmo para entregar tanta semelhança. Digo isso, pois "O Mistério do Relógio Na Parede" lembrou tanto "Castelo Ratimbum" e "Goosebumps", que chega a ser até piada vermos uma cena no filme lembrando tanto o trailer da continuação de Goosebumps que passou antes de começar o longa de hoje, e a sintonia com personagens, o feitio de aprender a ser feiticeiro, livros e objetos que passeiam ainda lembraram outros longas como "O Aprendiz de Feiticeiro", e por aí vai, ou seja, temos muitas conexões que o formato de histórias com bruxos sempre vão nos conectar, e não podemos fugir, mas o pessoal que escreve precisa urgentemente dar umas recicladas, pois senão a chance de que daqui a pouco tenha uma cópia completamente escancarada está bem perto de acontecer. Tirando esse detalhe, o filme consegue ter dois vértices bem interessantes, o primeiro é tentar ser infantil, e com isso ter situações tão bobas jogadas no miolo que chega a dar pena, e o segundo é que se caso quisessem, com tantos personagens bizarros no porão da casa, conseguiriam facilmente fazer um longa de terror dos bons, ou seja, a trama foi trabalhada de muitas maneiras para conseguir divertir, que ficamos na dúvida de como ela funcionaria, e embora não seja um filme engraçado, ele consegue ser bem feito, com bons efeitos, e até agradar bem de leve.

O longa nos mostra que Lewis, de apenas 10 anos, acaba de perder os pais e vai morar em Michigan com o tio Jonathan Barnavelt. O que o jovem não tem ideia é que seu tio e a vizinha da casa ao lado, Sra. Zimmerman, são, na verdade, feiticeiros.

Outro ponto bem engraçado é ver um diretor de filmes de terror tentando fazer um longa infantil, pois quem conhece o currículo de Eli Roth sabe que seus filmes são do nível mais alto de terror, e claro que aqui mesmo o filme não sendo tenso, temos algumas cenas bem propícias do estilo, mas como a trama é baseada em um livro infantil, o diretor não incorporou mais tensão, e até tentou puxar um pouco o lado cômico usando Jack Black, mas nessa mistura toda de lados, o resultado ficou um pouco aquém do que poderia, aparentando uma indecisão maior do que o filme desejava seguir. Não digo que o filme tenha ficado ruim de conferir, mas ao mesmo tempo que vemos pessoas se assustando com coisas aparecendo do nada, e um certo ar tenso com cenas escuras, também temos pessoas sorrindo (apenas, pois rir mesmo não teve um na sala) com algumas situações bobas, o que mostra a falta da escolha de lados. Ou seja, tivemos alguns momentos bem bonitos, como a cena dos planetas, tivemos algumas cenas bem trabalhadas como a cena do relógio, e tivemos muitos momentos perdidos, como as cenas na escola, e sendo assim, vai ter público gostando e reclamando do que o diretor fez em todos os momentos.

Sobre as atuações, o jovem Owen Vaccaro até se esforçou bastante para parecer um jovem prodígio que lê muito o dicionário, e que acaba aprendendo magias de forma bem fácil com seu Lewis, mas aparentou ser bobinho demais para empolgar e deixarem a responsabilidade do longa em suas mãos, de modo que toda cena que precisava de um pouco mais e era dele o enquadramento, o filme parecia afundar, e isso é algo que o diretor poderia ter corrigido, mas não ocorreu. Jack Black é aquele ator que vamos conferir já sabendo o que vai fazer em cena, e seu Jonathan é cheio de trejeitos, faz alguns feitiços interessantes, mas é desengonçado e bobo demais para ser alguém que impressione, e isso acaba chamando atenção demais, o que não é legal de ver. Cate Blanchett mesmo fazendo um personagem praticamente abobado, com sua Sra. Zimmerman, consegue se destacar, manter a pose de dama, e incrivelmente chama uma desenvoltura até maior para o seu papel, o que é comum de vermos em seus filmes, mas claro que está longe de ser perfeita como costuma, afinal é duro misturar comédia e suspense, e ainda ser clássica. Quanto aos demais, a maioria só participou das cenas, tendo um ou outro destaque por parte das crianças e da vizinha, mas nada que impressione para ser destacado.

No conceito cênico, a trama foi bem moldada, cheia de detalhes com personagens/objetos que se mexem, diversos relógios de todos os tipos, e muita cenografia de composição para que a trama ficasse composta na época que se passa (anos 50), e ainda tivesse todo um vertente mágico, afinal estamos falando de bruxos e feitiços, e com isso, tudo tem um impacto visual bem maior do que o imaginado, e sendo assim, o trabalho da equipe de arte se mostrou bem primoroso e cheio de nuances, de modo que mesmo o longa não sendo 100% para as crianças, esses efeitos conseguiram segurar até os mais pequenos nas poltronas numa sessão legendada, ou seja, o efeito de cores e objetos passeando ficou ao menos atrativo. Agora o porão da casa, é daqueles que o diretor com certeza desejava fazer um belo filme de terror ali, pois os bonecos não são nada amigáveis nem visualmente, nem nas suas atitudes. A fotografia foi bem escura, mas como tivemos muitos efeitos, os tons acabaram brincando bastante com o dourado, laranja e até algumas nuances roxas, o que acabou fazendo com que o filme brincasse bastante com o olhar do público para vários pontos da tela.

Enfim, é um filme que como disse no começo acabou ficando bem em cima do muro, mas que agrada tanto adultos como os mais pequenos, lembrando bem os longas que citei. Confesso que esperava um pouco mais dele, pois aparentava ser uma história mais próxima de algo infantil e gostoso de ver, e como ficou meio propenso a ser uma cópia de "Goosebumps", o resultado decepcionou um pouco. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Coração de Cowboy

9/22/2018 08:04:00 PM |

Alguns estilos sempre são tentadores de atacar e o mote musical costuma funcionar bem com o ar sertanejo/country, mas para se fazer um musical ou drama musical se necessita um pouco mais do que apenas boas canções inseridas na trama, mas sim uma dinâmica voltada para que as canções nos conte a trama, e não o inverso. Dito isso, posso colocar "Coração de Cowboy" como sendo uma homenagem bacana para o sertanejo raiz, aquele que com boas canções nos emocionava, nos remetia uma esperança em algo, e não a cornomusic pop que anda hoje tocando nos rádios, e a trama é bem funcional e explicativa para mostrar essa ideia, conseguindo agradar pela essência sertaneja, porém ficou com ares novelescos demais, faltando uma forma mais avançada para empolgar como cinema mesmo, mas longe do longa ser algo dispensável, conseguimos acompanhar tudo de uma maneira feliz, gostosa, com boas músicas, e que até consegue emocionar na cena mais impactante, contudo poderiam ter trabalhado um pouco mais o roteiro para que o filme virasse quem sabe realmente um musical nas telonas, e quem sabe até ser transportado algum dia para palcos no melhor estilo Broadway de ser, pois um pouco mais apurado conseguiriam esse resultado. Portanto, quem gosta da boa música sertaneja das antigas, e curte um romance novelado, pode ir conferir a trama que irá ficar bem feliz com o resultado, mas se não faz seu estilo, e for esperando um musical mesmo como a senhora que estava atrás de mim, pode fugir, pois a chance de resmungar de tudo é alta.

O longa conta a história de Lucca, um cantor sertanejo explorado por sua empresaria Iolanda que o induz a gravar músicas de apelo comercial, com uma pegada puxada para o pop e que fogem completamente de suas raízes. Lucca tenta voltar as suas origens musicais, mas se sente bloqueado devido a um trauma de seu passado no qual ele se sente culpado. Após um desentendimento com Iolanda, Lucca larga as gravações de seu novo projeto e parte para sua cidade natal, no interior, em busca de inspiração pra voltar a compor músicas intimistas. Em sua cidade natal, Lucca reencontra Marcelle, sua antiga parceira de composição, que incentiva Lucca a voltar a gravar canções de raíz. Lucca também conhece e se apaixona por Paula, a nova dona do bar da cidade. Nesse retorno para suas origens, Lucca tenta reatar os laços afetivos com seu pai Joaquim, o qual ele possui uma relação distante e cheia de magoas.

Em sua estreia na direção de longas metragens, Gui Pereira conseguiu trabalhar bem a história de modo que funcionasse como deveria, pois como frisei no começo, ela passa longe de ser algo que tradicionalmente chamaríamos de cinema de cunho mesmo, mas também passa bem longe de ser um novelão enrolado, ficando no meio do caminho, então como costumo colocar funcionou como uma homenagem bem produzida para a música, e sendo assim, todo o enredo e o carisma próprio da trama acabou sendo funcionando, e vemos que Gui possui um tino de direção bem apreciado para dinâmicas mais elaboradas, agora só falta acertar melhor o estilo de corte, pois é notável que todas as cenas possuíam muito mais tempo do que o que foi exibido no corte final, e é notável as quebras ficando levemente estranho de ver em alguns momentos. Diria que o bar country foi uma boa escolha para o desenvolvimento da trama, mas ficar a todo momento com vários cantores conhecidos cantando músicas quase que na totalidade, para aí vir puxar para o ator que está sentado por perto até teria uma funcionalidade se as canções dissessem mais sobre cada momento, e entrasse como algo de fundo para o momento, mas elas sendo cantadas ali acabam cansando um pouco, e talvez esse tenha sido o maior erro do diretor em não pensar no roteiro como algo mais aberto do que uma homenagem. Ou seja, volto a afirmar que podemos analisar a trama de duas formas, como um filme realmente cheio de erros e já citei os motivos, ou como uma homenagem musical com uma história de fundo, que aí sim posso dizer que o resultado beira a perfeição, pois as escolhas musicais foram perfeitas, a historinha comove, e o resultado fica bem feito, basta então você escolher o que quer ver, e aí sairá feliz ou triste com o que verá.

As atuações foram todas bem colocadas e embora algumas pareçam meio fora de contexto do filme acabaram agradando bem no resultado final. Para começar a escolha de Gabriel Sater foi na medida, pois seu visual é o típico cantor sertanejo atual, que é bonito, tem um porte atlético, cabelinho da moda, fazendo canções chiclete, mas que pela essência sertaneja, afinal é filho de um dos maiores cantores sertanejos de raiz na vida real, conseguiu encarnar bem a personalidade sertaneja que o papel de Lucca necessitava, e sabendo dosar bem as expressões, cantou bem as músicas que lhe foram designadas e agradou tanto na parte de ator como de cantor, ou seja, funcionou para o papel completamente. Thaila Ayala entregou uma dona de bar também de raiz, meia brucutu, mas bem bonita, e claro, perfeita para encaixar como par romântico na trama, de modo que os olhares de sua Paula embora entregassem o não, ela mostrava que sim, e fez bons momentos também, o que mostra que sua experiência artística tem melhorado cada vez mais. Jackson Antunes fez o que sabe fazer na telona, velhos ranzinzas sertanejos natos que não dão perdão quando você erra, e o seu Joaquim foi feito na medida para o estilo que o ator costuma entregar, ou seja, emocional nas frases e preciso nos olhares, e seu momento cantor também foi bem pontuado e emocionante. Thaís Pacholek colocou um ar bem tradicional na sua Marcelle, de modo que pareceu até mais tímida do que a personagem poderia, talvez pelo casamento mais tradicional, e assim ficou meio que de segundo plano, mas soube entregar boa personalidade nos momentos que precisou cantar, e talvez pudesse até ter trabalhado mais isso. Quanto aos demais, a maioria foi enfeite, aparecendo para dar complementação, tendo claro um leve destaque para Françoise Forton fazendo a tradicional empresária que só quer ganhar dinheiro e não liga para as escolhas do cantor. Além claro que temos de dar alguns leves créditos para as crianças que fizeram os cantores quando pequenos, que foram bem graciosos e conseguiram chamar atenção.

No conceito cênico, a produção foi bem minuciosa e conseguiu fazer (ou encontrar - pois não sei se foi feito em algum lugar real mesmo) um bar muito bem moldado, nos moldes tradicionais de bares americanos aonde cantores vão para se apresentar para os que estão ali bebendo, lembrando muitos filmes americanos de estrada, o que acabou sendo um presente visual para quem gosta de olhar detalhes na decoração, além de casas simples de fazenda, e caminhonetes bem encorpadas, mostrando todo o trabalho da equipe de arte, e até mesmo no começo com shows gigantescos, ônibus plotado de turnê, estúdios e personagens midiáticos, conseguiram ser bem encontrados, somente uma pontuação que poderia ter sido eliminada foi a cena do programa da Silvia, que ficou algo muito fraco e mal-feito. A fotografia trabalhou bem a iluminação natural do campo e conseguiu imagens incríveis de ver, de modo que a trama ganhou até uma densidade dramática puxada para o vermelho que encanta os olhos, ou seja, também pesquisaram bem para escolher os melhores momentos da cidade.

A trilha sonora escolhida por Lucas Lima foi bem trabalhada nas canções de Chitãozinho e Xororó, e conseguiu encaixar com cada momento de forma acertada, mesmo que não fosse algo mais visceral e funcional como disse no começo do texto, mas como sonoridade elas foram incríveis e agradam demais. Só é uma pena, que para variar como a maioria dos longas nacionais, ela não foi disponibilizada online para compartilharmos.

Enfim, confesso que esperava algo mais novelesco, e fui levemente surpreendido, mas ainda faltou muito para ser um longa perfeito que eu recomendasse realmente como cinema, valendo mais como uma homenagem que aqueles que gostam de sertanejo mesmo (não essas modinhas bobas que andam tocando nas rádios) irá curtir e até se emocionar com alguns momentos. Fica assim sendo minha recomendação de público, pois se você for esperando algo diferente, é capaz de se decepcionar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Buscando... (Searching)

9/21/2018 12:39:00 AM |

Muitas vezes ficamos nos perguntando: "Nossa, tal filme estreou nos EUA em determinado festival no começo do ano, já não era para ter aparecido por aqui?", e alguns filmes até temos de reclamar, pois é apenas firula da distribuidora para ver o desempenho por lá para imaginar quantas cópias vai jogar no mercado nacional, mas quando vemos o trabalho técnico feito em um filme como o que ocorreu em "Buscando..." diria que poderiam demorar quanto tempo quisessem, pois é INCRÍVEL ver TUDO traduzido na tela, de modo que se você for pego desavisado entrando numa sala dublada, vai achar que o John Cho é brasileiro e o longa foi gravado aqui, pois vemos a tela tradicional do Windows e do Mac aparecendo toda hora na tela com as páginas todas traduzidas, com comentários aparecendo em português par lermos, mensagens nos vídeos subindo tudo traduzido com minúcias, os letreiros dos vídeos, e tudo mesmo que quem nem quiser prestar atenção no longa pode ficar perdido lendo sem parar tudo o que aparece na tela, mas isso não ocorrerá, ou melhor, ocorrerá parcialmente, pois a história investigativa é tão boa, que nos vemos junto com o protagonista analisando detalhes dos vídeos e conversas para tentar "ajudar" na busca pela garota desaparecida, quem foi o responsável, quem é culpado, quem poderia estar blefando, torcemos para que o pai soque quem ofende, e na melhor forma que andamos discutindo política nas redes sociais acusando tudo e todos, e brigando até mesmo por algo que não nos faz jus, a trama consegue ir se modelando (e volto para o começo do texto) toda traduzida para que pudéssemos brincar realmente de detetives, criando tensão, se especulando muito de tal forma que ao chegarmos na revelação final, e na forma calma com que tudo é entregue, até brochamos um pouco, pois como somos um pouco mais estourados (e não temos o sangue oriental zen do protagonista) certamente socaríamos todo mundo e no mínimo explodiríamos tudo ao redor, pois é de dar muita raiva com tudo.

A sinopse é simples e também vou evitar falar muito, pois qualquer coisa que disser estragará a experiência, então o que o longa nos conta é que David Kim (John Cho) fica em pânico com o desaparecimento de sua filha adolescente. As horas vão passando e nenhuma pista do que aconteceu. O pai então decide verificar o computador da jovem em busca de pistas antes que seja tarde demais.

Como todo bom filme de suspense/investigação policial falar qualquer detalhe é entregar o resultado final, e felizmente será bem raro alguém que mesmo lendo tudo o que aparecerá na tela, ouvindo os personagens falando, e tudo mais, conseguirá decifrar a trama por completo, mas também felizmente não somos jogados de bobos com o resultado final, e isso é o que mais surpreende e/ou emociona, e por ser seu primeiro longa como diretor e roteirista, o indiano Aneesh Chaganty está colhendo resultados incríveis nos diversos festivais que passa seu filme, como por exemplo Sundance aonde abocanhou dois excelentes prêmios, e é fácil conseguir entender o motivo das premiações, pois o longa é completo, é polêmico e mesmo não querendo se envolver, a pessoa na segunda tela que o pai abre já está lá lendo e falando: "foi essaí... não não, foi aquela... esse é suspeito demais" e vamos juntando cada detalhe para tentar ser até mais rápido que a polícia e o pai da garota juntos, ou seja, difícil quem nunca tenha brincado de detetive quando criança, e o longa é um deleite para todos fazerem isso, pois volto no quesito técnico da produção que foi caprichosa demais em traduzir tudo (detalhe, nem no pôster, muito menos no trailer abaixo está tudo traduzido, e no filme tudo foi incrivelmente transformado!!), e com isso o resultado da história fica melhor ainda. Não vou entrar fundo no conceito da trama em si, pois dizer qualquer coisa sobre o que mais me incomodou, que foi a forma calma do fechamento, estaria estragando a conferida de todos, e quero que todos vejam, e saiam surpreendidos com o que o diretor fez, pois é um longa para ficar na memória.

Sobre as atuações, basicamente temos de pontuar toda a serenidade de John Cho para com seu David que tirando algumas cenas mais exaltadas, foi extremamente sereno, investigativo e perfeito nas estratégias para descobrir o que aconteceu com sua filha, como qualquer pai faria, e trabalhando bem as expressões, movimentos de mãos no computador (a análise do movimento do mouse também conta) e tudo o que vai entregando nos diálogos com os demais personagens, fez com que se mostrasse um ator exemplar. Debra Messing também faz um excelente trabalho como a Detetive Vick, sendo sempre serena com interjeições claras, auxiliando na medida o protagonista na busca, e criando ótimas conversas pontuadas para cada ato, de modo que a atriz que sempre fez comédias românticas mostrou personalidade para um papel mais denso também. Todas as atrizes que fizeram Margot em suas diversas idades também se mostraram bem interessantes para ressaltar os momentos felizes e tristes da família, mas Michelle La que finaliza as cenas de desaparecimento entregou uma personalidade bem séria e dura nos seus últimos momentos que ficamos pensando em muitas possibilidades, de forma que conseguiu entregar a expressão completa de ponto de interrogação para que não descobríssemos quase nada, ou seja, foi muito bem também.

É até engraçado falar bem do conceito visual da trama, pois praticamente só temos parte da casa do protagonista, o quarto da detetive, a sala e cozinha do irmão do protagonista, o lago, um memorial de velório, e algumas cenas espaçadas na rua, nos quartos de estudantes, e por aí vai, mas a interligação tecnológica é tão grande, mostrando tantos aparatos, redes sociais, e conexões da internet que estamos tão acostumados a ver no nosso cotidiano, que o filme foi extremamente bem construído na ideia, e depois reconstruído em cada país que foi lançado (volto a recomendar, que sei que muitos baixam na internet filmes, mas esse aqui, tente ver a versão do cinema nacional - não digo dublada - mas sim a versão para os cinemas brasileiros, que contém tudo traduzido em minúcias e mostra tudo da forma que vemos no nosso computador diariamente). Ou seja, um trabalho da equipe de arte primoroso e incrível de ver. A fotografia foi mais escura propositalmente para criar tensão no público, mas em momento algum temos cenas jogadas na tela, de modo que tudo é completamente funcional, visível e perfeito para quem desejar montar o quebra-cabeça completo.

Enfim, um filme que posso classificar como incrível, que pensei seriamente em dar nota máxima, mas que mesmo sendo impactante, faltou ser chocante (ao menos para mim, que não sou pai, talvez outros sintam mais!), de modo que recomendo o longa por demais para todos que gostem de um longa investigativo de primeira linha, e vou parar de falar, que daqui a pouco conto o final do filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Daria 9,5 se tivesse forma de dar nota quebrada, mas não faço picadinhos de coelhos, então vai ser 9, mas que bem que raspei a trave de dar 10.

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Tokyo Ghoul (Tôkyô gûru)

9/20/2018 01:36:00 AM |

É engraçado como o mundo dos filmes baseados em mangás e animes consegue ser completamente diferente do que estamos acostumados a ver normalmente nos cinemas, pois sempre criam alegorias, efeitos e até histórias que poderíamos imaginar num filme fantasioso comum, mas tudo soa tão forte, impactante, que necessite de confrontos, que acabamos adentrando em tantas peculiaridades que ou você embarca de vez, ou acaba cansando do que está sendo mostrado. No filme anterior do Festival de Ação Japonês, confesso que raspei de dormir por não entender quase nada do que estava acontecendo, afinal o longa era parte contínua de algo seriado, mas hoje com "Tokyo Ghoul", que é uma adaptação de um famoso mangá, agora em live-action, o resultado já foi completamente diferente, e embora bem maluco, consegue empolgar bastante com uma história bizarra sobre um rapaz humano que transplantado os órgãos do bicho que tentou lhe comer, vira um bicho também, e passa a ajudar outros a sobreviverem de uma agência que os caça, ou seja, uma loucura total, com efeitos mais loucos ainda, lutas estranhas, mas que na junção completa fica interessante de ver, e até lembra uma mistura de "O Predador" com "X-Men" e até um pouco de "Crepúsculo" (acho que viajei demais!), e quem gosta de um pouco de cada coisa dessa talvez goste do que é mostrado na tela também.

A sinopse nos conta que durante um encontro, o tímido Kaneki Ken é atacado pela menina com que saiu mas ele consegue fugir. Não demora muito tempo para Ken perceber que ele também se tornará uma carniçal, criatura que se alimenta de carne humana. Enquanto está aprendendo a viver com essa nova condição, ele começa a ser caçado pela divisão Ghoul da polícia.

Nem vou entrar na famosa briga de se os fãs vão gostar ou não, pois a sala até estava razoavelmente com bastante público, mas não vi nenhuma emoção, aplausos ou qualquer atitude que expressasse algo incrível para com o filme, mas também não vi ninguém reclamando ao sair da sessão, ou seja, as pessoas conferiram o filme de uma forma como veriam qualquer outro longa comum, e sendo assim, o trabalho do diretor Kentarô Hagiwara pode ser descrito como uma trama bem moldada que conseguiu entregar uma história completa, pois vemos um filme com começo, meio e fim, que até assusta um pouco pela duração de quase duas horas (algo incomum em filmes desse estilo), mas que consegue passar toda a essência da trama, mesmo que os personagens tenham atitudes bem estranhas em cada momento. Como já falei também, não conheço a fundo histórias e mitologias asiáticas, mas aqui vemos algo que certamente bem fantasioso funciona como qualquer outro longa de ficção, apenas poderiam ter trabalhado melhor os atores para não se expressarem tão exagerados, e também entregassem mais personalidade para que pudéssemos torcer para algum, pois não consigo enxergar nem que os "monstros" estão fazendo seu papel de trabalhar bonitinho no café, comer um humano aqui, outro acolá como fazemos com os animais normalmente, ou se torcia para a agência que caça os bichos, mas só tem paspalhos estranhos e bizarros, ou seja, tivemos uma bagunça tanto nas atuações, quanto nos personagens, e acredito, que nos mangás isso deva ser bem mais montado e interessante.

Como disse, as atuações foram bem fracas de personalidade para cada personagem realmente, e a dublagem nacional conseguiu deixar ainda mais estranho tudo, apesar que ouvir japonês não é algo muito fácil, pois eles acabam sendo expressivos demais nas falas, e talvez o longa legendado ficasse ainda mais estranho (como podemos ver no trailer legendado abaixo), ou seja, diria que os personagens em geral foram bem entregues, tiveram uma moldagem incorporada e bem explicada de quem é quem no mundo deles ali, mas talvez um desenvolvimento maior apenas nos protagonistas agradaria até mais.

Um dos maiores defeitos da trama ficou a cargo da equipe visual, pois como dependeu demais dos efeitos especiais/visuais, a trama teve tanto furo de continuidade que assusta, com cenas seguidas de minutos começando de dia, ficando de noite logo em seguida (tipo embaixo de uma ponte), voltamos pra cima com mais dia, e de repente tudo está de noite, ou seja, poderiam ter melhorado isso, mas tirando esse detalhe de continuísmo, os personagens tiveram figurinos bem interessantes, poderes fortes, lutas bem colocadas, e locações até bem encaixadas para parecer algo quase de videogame, ou seja, boas escolhas cênicas para que os elementos cênicos tivessem até bons destaques.

Enfim, é um filme que prende mesmo sendo bem estranho, e que passa bem longe de ser algo primoroso, e que alguns vão gostar mais pela essência, outros conferirão pelos mangás, e alguns vão apenas começar vendo tanta loucura e sairão correndo, mas que como costumo dizer, se conseguiu passar uma história completa dentro do tamanho proposto, no caso aqui 115 minutos, o resultado já se faz por valer, então fica a dica para quem gosta do gênero conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas já volto amanhã com mais textos das estreias da semana, então abraços e até logo mais.

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O Homem Que Parou o Tempo

9/18/2018 12:57:00 AM |

É interessante como alguns novos diretores optam por trabalhar reflexões no formato mais abstrato possível em seus longas, e com isso conseguem permear até boas ideias, incorporam planos interessantes visualmente falando, mas raramente conseguem atingir algum ápice dentro da filosofia que procuraram empregar para chegar no resultado que imaginaram, e assim sendo, seu filme acaba ficando vazio, ou melhor, podendo ser resumido pela metade, quiçá por um terço do tamanho, que ainda assim não resultaria em algo muito produtivo. Digo isso com um leve pesar sobre "O Homem Que Parou o Tempo", pois aparentemente o diretor desejava entregar uma brincadeira com o carpe diem, e o viver o presente apenas, mas o resultado acabou floreado demais, e enrolado demais para ser algo interessante de conferir realmente, de modo que os 61 minutos aparentam bem mais na telona, e certamente com 15 a 30 minutos, ele entregaria o mesmo filme bem mais dinâmico e com uma perspectiva mais coesa, mas aí não seria lançado nos cinemas (ou seja, já que é assim vamos encher linguiça nos roteiros até falar chega, para poder vender mais!). Ou seja, continuarei falando que o filme está bem longe de ser algo ruim, pois a essência é interessante, mas a forma escolhida e o formato repetitivo de cenas acabou sendo errado demais para mostrar o quão bom de estética o diretor entendia para passar seus pensamentos.

Segundo o diretor, o longa é um drama psicológico que flerta com a ficção científica e aborda o delicado universo de João um cara que tenta pôr em prática um plano um tanto insólito - conseguir parar o tempo. Só que para isso ele terá que cometer uma espécie de "suicídio social". Isolado em seu micro-apartamento de fundos, num Rio de Janeiro distópico, abandonado e ao mesmo tempo ocupado pelos únicos que não conseguiram ir embora antes da grande crise, mostra que conseguir parar o tempo torna-se uma difícil viagem solitária e que levará João até as últimas consequências.

Em seu longa de estreia, o diretor e roteirista Hilnando SM flertou bem com a proposta, entregou um longa bem reflexivo, e principalmente mostrou que não brinca em serviço com planos esteticamente perfeitos para divagar e pensar na ideia da trama, trabalhando a reclusão social do protagonista, os ambientes para pensar e até mesmo suas teorias penduradas na parede, e floreando em planos extensos, bem abertos aonde tudo parece fluir em algo maior ainda, o resultado de seu vértice é funcional. Ou seja, como costumo dizer, se ele tivesse arrumado mais situações e não repetisse tanto as mesmas coisas, talvez seu "longa" tivesse conseguido formar uma essência mais ampla e entregaria sim um resultado mais promissor, e não apenas um filme singelo que não chega a lugar algum, pois muitos nem ficam para ver a frase bem colocada após subir todos os créditos, o que é uma pena, pois resume bem a trama, mas como a maioria se cansou de repetições, ninguém nem espera para ver se terá algo a mais.

Sobre a interpretação de Gabriel Pardal com seu João, só tenho de dizer que ele entregou um semblante sincero, foi bem preparado para o papel, e conseguiu expressar bem a ideia do que a solidão desejada é algo que a pessoa tem de querer muito e forçar para conseguir, pois muitos virão contra sua ideia e tentarão mudar muito isso, e trabalhando olhares (alguns bem tristes, pensando até em mudar sua opinião, no caso com a garota dando bola para ele, outros satisfatórios por conseguir o que desejava, quando colocava mais um papel na parede, outros desesperadores quando não conseguia o que almejava, e por aí vai) conseguiu entregar uma personalidade bem colocada e muito interessante de se ver na telona, ou seja, mostrou o que um bom ator pode fazer até mesmo com uma história simples e repetitiva. Das participações, Camila Márdila foi a mais útil com sua Mai, mas poderiam ter trabalhado mais sua personagem e não ser apenas um elo que apareceu praticamente do nada, e que deram um jeito de eliminar rapidamente, pois a atriz é boa, foi bem conectada para ajudar na formação do pensamento, mas se ficou 10 minutos em cena foi muito, e certamente ela daria muito mais para o filme, agora os demais atores melhor nem comentar, pois expressividade jogada sem nada a acrescentar, apenas deixando os momentos mais chatos e jogados no longa.

Quanto do visual da trama, conseguiram representar completamente como é o isolamento, apenas água e nada mais, pois ir ao mercado é ter interação, comprar algo de alguém faz se ter interação (tanto que na compra da droga, quase ocorre uma desconexão completa com a ideia!), e o apartamento inteiro desorganizado deu um tom muito bem colocado para a trama, ou seja, a equipe de arte foi sutil e incrível na montagem cênica ali, já nas cenas da praia, foram bonitas para dar o ar filosófico apenas, e nada mais, pois repetidas a exaustão acabaram mais cansando do que ajudando. A fotografia também foi bem coesa em ter planos bem abertos, sempre em tons mornos para criar uma leve tensão de tempo, o que acabou alongando um pouco a trama, mas funcionou para com a proposta ao menos.

Enfim, é um filme diferente dos padrões, que usa muito da ideia formatada de experimentação e que até fica interessante em diversos momentos, mas que se alonga demais sem necessidade, e ousa de abstrações para forçar a barra em alguns momentos. Diria que recomendo ele numa versão resumida, pois na sua totalidade mais exagera do que agrada, e como nota, se fosse um curta certamente daria 8 para ele, mas como média/longa não posso passar de 5, pois o filme acaba sendo bem mediano. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana tem um longa do Festival de Ação Japonês, então ainda volto com mais um texto, então abraços e até breve.

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O Predador em Imax 3D (The Predator)

9/15/2018 02:53:00 AM |

Se você tem menos de 30 anos provavelmente não sabe o que é ficar tenso e rir quase que na mesma proporção em um único filme, mas a partir dessa semana poderá conferir "O Predador" e descobrir como um filme violentíssimo, de um bichão esquisito que praticamente mata por esporte (ou melhor será "explicado" seu motivo no longa), mas que sempre trabalhando alívios cômicos encaixados com tanta naturalidade na trama, juntamente com cenas bizarras de tiros para todo lado, saltos em naves em movimento, acabam resultando em algo tão gostoso de acompanhar, que mesmo rindo das bobagens, e se chocando com as violentas mortes, certamente você sairá feliz da sessão com o que viu. Ou seja, a galera das antigas que estava saudosa por filmes desse estilo irá vibrar e rir muito a cada cena de morte, e os mais novos poderão experimentar como eram bizarros e ao mesmo tempo bons os longas malucos dos anos 90. Certamente o 3D foi feito apenas para vender ingresso mais caro, pois nada temos que surpreenda, mas como filme, o longa vale muito a conferida.

O longa nos mostra que uma perseguição entre naves alienígenas traz à Terra um novo predador, que acaba sendo capturado por humanos. Antes disso, ele tem seu capacete e bracelete roubados por Quinn McKenna, um atirador de elite que estava em missão no local onde a nave caiu. A bióloga Casey Brackett é então chamada para examinar o ser recém-descoberto, mas ele logo consegue escapar do laboratório em que é mantido cativeiro. Ao tentar recapturá-lo Casey encontra McKenna, que está em um ônibus repleto de ex-militares com problemas. Juntos, eles buscam um meio de sobreviver e, ao mesmo tempo, proteger o pequeno Rory, filho de McKenna, que está com os artefatos alienígenas pegos pelo pai.

Ao mesmo tempo que o diretor Shane Black fez uma homenagem aos longas originais de 1987, 1990 e 2010 (e até mesmo os com o Alien em 2004 e 2007), ele conseguiu trabalhar entregando um quase reboot da franquia, e ainda por cima dar um ar de continuação dos originais, trabalhando em algo mais evoluído com diversas conexões, ou seja, ele não apenas trouxe a ideia de volta a tona, como brincou com tudo auxiliado é claro por muito mais tecnologia, para que os bichões feios não ficassem tão horrendos e ainda tivessem mais conexões com o mundo atual, ou seja, a trama mesmo sendo "fraca" de conteúdo e reviravoltas, conseguiu trabalhar tão bem todo o formato da trama, que desde as situações de lutas cheias de violência gratuita que tanto gostamos, passando pelas boas cenas de piadas icônicas (sem dúvida as do ônibus com os malucos, depois eles na casa do protagonista, ou até mesmo na festa foram de rachar o bico de tanto rir), e até mesmo nas mais carinhosas com os cachorros e com o garotinho e sua "deficiência", mostraram uma eficiência de escolhas do diretor que acabou entregando algo que embora seja abaixo do formato original, nos remete aos bons momentos que tivemos vendo os originais, e com isso acabamos nos divertindo demais e saindo completamente satisfeitos com o que o diretor fez, torcendo até para que faça continuações.

Sobre as interpretações, temos de ser sinceros que os coadjuvantes conseguem certamente chamar muito mais atenção do que os protagonistas, e isso se deve pelas partes cômicas serem tão bem encaixadas na trama, que o grupo 2 é daqueles que até torceríamos por um filme prequel daqueles bem malucos que só seria risada em cima de risada, mas como isso não é possível, só iremos nos lembrar de Thomas Jane com seu Baxley, Keegan-Michael Key com seu Coyle, Augusto Aguilera com seu Neetles como um trio muito louco, que juntamente com Trevante Rhodes entregando um Nebraska cheio de personalidade, botaram a loucura de lado (juntamente com suas armas) e saíram botando os bichões pra correr, ou seja, foram incríveis. Agora indo para o protagonista Boyd Holbrook com seu Quinn McKenna, podemos dizer que ele conseguiu (ou melhor, a equipe de maquiagem conseguiu) aparentar bem mais velho, como um atirador experiente e que cheio de personalidade de impacto acabou tendo uma boa dinâmica de interação com todos, funcionando bem como elo, e não deixando que suas cenas ficassem vazias, mas certamente um ator mais icônico, ou talvez alguém mais velho e com ares mais rudes conseguiria cravar as cenas com um pouco mais de realismo e menos firulas, mas nada que tenha atrapalhado demais. Olivia Munn praticamente caiu na trama com sua Casey, sendo tipo a cota feminina que o longa precisava para não ficar sem nenhuma "heroína" na trama, de modo que faltou personalidade para a bióloga que corre e atira como profissional, pois ela não mostrou nada que funcionasse como um grande motivo para estar ali. Jacob Tremblay é daqueles que já falei tanto que torço, que fica difícil ver um filme seu e não elogiar, de tal maneira que embora aparente um personagem bobo, de uma criança num filme de predadores, cheios de tiros e tudo mais, o jovem ainda tem capacidades de puxar frases bem colocadas com olhares ainda melhores fazendo com que seu Rory funcione e fique incrível, ou seja, ainda falarei muito dele com toda certeza. Sterling K. Brown veio como um agente do governo marrento, mas que com muita atitude acabou entregando boas cenas, mas poderia ter sido mais impactante nos momentos finais para que mostrasse ainda mais sua força. E para finalizar, não vemos sua cara real, mas o dublê de profissão Brian A. Prince entregou um Predador ágil, cheio de desenvoltura e claro cheio de força para arrancar pedaços quase como se tivesse dando um peteleco com dois dedos, ou seja, embora dependesse muito da computação, o ator foi muito bem colocado em cena.

O conceito visual do longa foi composto de muitas cenas escuras, mas que foram filmadas com muita tecnologia para que tudo aparecesse, ou seja, mesmo com os óculos escuros 3D, a trama consegue ser bem realçada e mostrar em detalhes toda a pompa das naves, os detalhes dos predadores, dos cachorrões alienígenas, das armas e claro de toda a selva e orgãos do governo aonde o longa se passa, entregando uma trama futurista, mas que se passa praticamente na época atual, com bons detalhes e cheio de elementos visuais bem colocados para que o longa funcionasse, tivesse a homenagem e boa colocação para com o original, e ainda revitalizasse a obra, ou seja, um trabalho primoroso da equipe de arte. Como disse, a fotografia foi muito esperta em criar luzes falsas de contraponto em praticamente todas as cenas, de modo que mesmo o filme se passando praticamente só a noite, e com muitas locações escuras, os tons foram realçados para que não sumisse nenhum personagem, nem detalhe que o diretor desejava mostrar, criando muitos bons ângulos e trabalhando sempre em plano funcional para cada cena, além claro do sangue verde dos bichões cheios de efeitos para que os tons ficassem fortes e bem visuais, além claro da equipe de maquiagem sendo auxiliada para que tivéssemos muito sangue nas diversas mortes dignas de bons longas de terror. Quanto do 3D do longa, diria que é algo praticamente inútil, não tendo quase nenhuma cena com algo de impacto nem de profundidade, e talvez a única utilidade mesmo da conversão tenha sido esse realce para que as cenas escuras não ficassem apagadas, ou seja, dá para economizar quem quiser (mas confesso que quem for na Imax vai vibrar com toda a potência sonora que o filme faz valer!).

Enfim, é um filme que quem desejar ver uma história mais impactante, que faça reflexões, ou até mesmo traga algum conceito novo para a arte cinematográfica sairá completamente decepcionado com o que verá, mas quem for disposto a curtir uma aventura cheia de diversão, violência e muito sangue, remetendo aos bons longas dos anos 90, certamente sairá da sessão vibrando completamente feliz com tudo o que foi mostrado na telona, dizendo em alto som ser talvez até um dos melhores da franquia, ou seja, um filme nostálgico que agrada muito quem gosta do estilo, e sendo assim essa acaba sendo minha recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Só não dou uma nota maior pela falta de um 3D melhor, e pelas diversas paias exageradas num nível fora da realidade (a dos personagens em cima de uma nave que atravessa portais à velocidade da luz, se segurando como se fosse num trenzinho de montanha russa foi para rir demais!)

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Ilha dos Cachorros (Isle Of Dogs)

9/14/2018 12:16:00 AM |

É sempre interessante observar o cinema de Wes Anderson, pois ele ao mesmo tempo que entrega algo muito bonito visualmente, ele consegue insinuar situações politizadas cheias de opiniões próprias bem colocadas, que juntamente com a essência de sua trama acabamos podendo discutir muitas coisas ao final da conferida, e com "Ilha dos Cachorros", além de tudo isso, ele ainda nos permeia (mais uma vez) com uma animação em stop-motion perfeita, cheia de detalhes, de personagens bem encaixados, e que acaba resultando em um filme que vai muito além da telona, mostrando o seu trabalho preciso e bem montado, e que mesmo abusando de estéticas extremamente explicativas, ainda consegue evoluir de uma forma diferenciada, inteligente e ousada, ou seja, entramos na sessão prontos para ver uma animação de cachorrinhos, e saímos pensando em política e em muitos absurdos do mundo todo, fazendo com que a sessão seja ainda mais valiosa do que apenas parecia no começo. Diria que apenas o início é um pouco alongado e cansativo demais, mas quando engrena nos divertimos tanto que queremos até mais filme, de modo que nos vemos até torcendo para os protagonistas.

O longa nos mostra que Atari Kobayashi é um garoto japonês de 12 anos de idade. Ele mora na cidade de Megasaki, sob tutela do corrupto prefeito Kobayashi. O político aprova uma nova lei que proíbe os cachorros de morarem no local, fazendo com que todos os animais sejam enviados a uma ilha vizinha repleta de lixo. Como não aceita se separar do cachorro Spots, Atari convoca os amigos, rouba um jato em miniatura em parte em busca de seu fiel amigo, aventura que transforma completamente a vida da cidade.

O diretor e roteirista Wes Anderson conseguiu colocar um teor forte na concepção da trama, de modo que vamos oscilando nosso humor durante praticamente todo o filme, passando indignação com o prefeito, se assustando com algumas atitudes dos cachorros, que embora soem simpáticos no decorrer do longa, no começo o visual acaba sendo forte e estranho demais para acharmos tudo bonitinho (e mesmo os filhotinhos acabaram saindo bem feinhos!!), também rimos em muitas cenas, e com isso o longa brinca com nossos sentimentos, entregando diversos vértices que podemos aceitar seguir ou não, de tal maneira que assim como anda acontecendo em várias discussões politizadas, alguns vão dizer que sim, os cachorros devem ser exterminados, e que somente essa verdade importa, enquanto outros irão pesquisar remédios para poder salvar seus amigos, e mostrar que aquela verdade mostrada não passava de um plano oculto, ou seja, o tradicional de Wes, que não vai facilitar sua vida.

Um ponto a ser meio que discutido é o filme ser quebrado em diversos capítulos, meio que explicativos, e que na montagem ficou parecendo ser algo que o próprio diretor assistiu seu longa linearmente e não entendeu alguns pontos, e resolveu filmar mais algumas cenas, inserindo explicações com flashbacks, mas conhecendo seu trabalho, sabemos que os flashbacks além de explicativos, servem como sátiras bem encaixadas para realçar seu ponto de vista, ou seja, um trabalho maluco e muito bem colocado.

Outro show do longa ficou a cargo da expressividade dos animais, juntamente com as ótimas dublagens de diversos atores dirigidos em outros filmes por Wes, e desde Bryan Cranston como o protagonista ranzinza Chief, passando pela cachorrinha revolucionária Nutmeg interpretada pela bela Scarlett Johansson, tendo ainda Bill Murray, Edward Norton, e até mesmo uma personagem feita na medida para Yoko Ono, a trama vai nos entregando bem dinamicamente o carisma de cada um dos cãezinhos, de modo que vamos nos conectando a eles pelas vozes bem diferenciadas, e claro suas personalidades, ou seja, algo que uma animação sempre necessita, mas que poucas vezes vemos de uma forma tão impactante.

Embora a trama tenho um conceito visual bem abstrato, tudo tem texturas, cores e ambientações cheias de detalhes e muita vida, para representar cada momento e funcionar dentro da proposta, de modo que conseguimos enxergar muito além de uma simples cidadezinha do Japão e sua ilha de lixos, vendo qualquer metrópole ou país que deseje expurgar seus problemas para bem longe de onde possa ser mostrado o que de bom tem no local, e claro que numa ilha abandonada cheia de detalhes também tudo passa a ser funcional, como as brigas/disputas, as fábricas antigas, e claro aparecendo muita tecnologia também afinal somos situados num futuro próximo, ou seja, souberam incorporar muito no visual, entregando um trabalho incrível de modelagem, e claro, de pesquisa de materiais, afinal um stop-motion necessita de muita criatividade nas escolhas para que as texturas funcionem. A fotografia da trama até possui alguns tons coloridos, mas sempre procurando um ar mais denso consegue envolver e emocionar o espectador, ao mesmo tempo que diverte também.

Enfim, uma trama bem ousada, com grandes sacadas e que consegue agradar na medida certa, mesmo que demore para engrenar, afinal como disse Wes quis explicar bonitinho em cada ponto sua opinião, e assim a trama é desenvolvida sem solavancos e com muita criatividade. Recomendo a trama não só para quem gosta de animações, mas sim para quem gosta de pensar e refletir sobre política, sobre animais e tudo mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até logo mais.

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