É engraçado como podemos conhecer algumas guerras tão bem pelos filmes, e uma que já teve diversas adaptações, sempre mostrando mais de um lado é a Guerra da Secessão ou Guerra Civil Americana, mas sempre falam bem pouco dos escravos que incitaram a guerra e aonde tudo começou, ou ao menos, como foi a lenda do Imperador ou Shields Green que o longa da Netflix, "Herói da Liberdade", nos entrega agora depois de um tempo do lançamento oficial, afinal ficou pronto bem no começo da pandemia. E a história em si é bem marcante, intensa e com boas desenvolturas, porém faltou impactar mais no estilo da trama, pois tudo pareceu muito fácil na fuga, nos esconderijos e tudo sendo muito ajudado, e certamente não foi tão singelo assim. Ou seja, é daquelas tramas que contam uma boa história, tem bons momentos, mas que ficamos esperando um algo a mais para emocionar e funcionar melhor, mas vale a pena por ser bem curto e direto.
A sinopse nos conta que em 1859, Shields Green fugiu da plantação onde era escravo e empreendeu uma ousada viagem durante a qual conheceu Frederick Douglass e o abolicionista John Brown. Diante da oportunidade que lhe é oferecida de ir para o Canadá e finalmente viver sua liberdade, Green opta por continuar lutando para acabar com a escravidão.
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Já disse isso algumas vezes, mas volto a frisar que produtores não servem para dirigir filmes, pois procuram economizar em tudo, sendo concisos demais em algo que precisa de desenvolvimento, e Mark Amin depois de produzir vários longas resolveu encarar as câmeras e pôr a mão na massa, e como de costume não conseguiu acertar muito bem o que desejava mostrar, ficando no meio do caminho de um filme de guerra, com ares de faroeste e misturando ainda escravos no miolo, ao ponto que sua trama tem boas dinâmicas, tem atos bem marcados, mas não atinge nenhum ápice durante os pouco mais de 90 minutos, sendo sim algo representativo, mas que falha em ser seguro demais, com eixos demais para seguir, e isso é algo que não marca num filme desse estilo.
Sobre as atuações, já havia elogiado os olhares expressivos de Dayo Okeniyi em outro longa seu lançado nesse ano, aonde foi coadjuvante, mas que trabalhou muito bem, e aqui como protagonista ele entregou muita desenvoltura cênica, trabalhou imponentes atos, e acabou sendo bem marcante durante todo o longa, de forma que praticamente não desgrudamos os olhares do que faz em cada momento, porém precisaria de algumas ajudas para representar algo a mais na trama, e isso acabou não ocorrendo, o que fez com que ele ficasse com a total responsabilidade do filme inteiro. Quem tentou chamar um pouco de atenção foi Ben Robson como o caçador de recompensas Luke McCabe, mas praticamente só correu e atirou, fazendo alguns carões, e isso não marca presença em filmes desse estilo, ao ponto que faltou ter mais atos dialogados, o que pesou um pouco em cena já que seu parceiro de busca foi bem bobo. Ainda tivemos James Cromwell como John Brown, Bruce Dern como Levi Coffin e Harry Lennix como Frederick Douglass, que são considerados os abolicionistas mais famosos dos EUA, e representaram bem seus atos, mas nada que fosse muito além.
Visualmente a trama é bem representativa, afinal como já disse misturou vários gêneros em um só filme, então temos boas cenas mostrando as colônias de escravos, as tradicionais torturas, as casas dos senhores de escravos, roubos a banco no melhor estilo western com perseguições a cavalo e muitos tiros, e claro a invasão de um forte com o início de uma guerra, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para representar tudo em cena, mas quase nada acabou sendo efetivamente usado.
Enfim, é um filme que até funciona bem dentro da história real, que tem os vários momentos bem representados, mas que faltou uma determinação maior do caminho que desejavam seguir, ficando algo muito superficial de tudo, e isso acaba não empolgando a trama como deveria. Diria que é algo que muitos até vão gostar, mas quem quiser saber mais sobre tudo vai ser melhor ler um pouco mais sobre os personagens, pois ficou bem mediano a entrega aqui. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.