Netflix - Herói da Liberdade (Emperor)

11/29/2022 10:30:00 PM |

É engraçado como podemos conhecer algumas guerras tão bem pelos filmes, e uma que já teve diversas adaptações, sempre mostrando mais de um lado é a Guerra da Secessão ou Guerra Civil Americana, mas sempre falam bem pouco dos escravos que incitaram a guerra e aonde tudo começou, ou ao menos, como foi a lenda do Imperador ou Shields Green que o longa da Netflix, "Herói da Liberdade", nos entrega agora depois de um tempo do lançamento oficial, afinal ficou pronto bem no começo da pandemia. E a história em si é bem marcante, intensa e com boas desenvolturas, porém faltou impactar mais no estilo da trama, pois tudo pareceu muito fácil na fuga, nos esconderijos e tudo sendo muito ajudado, e certamente não foi tão singelo assim. Ou seja, é daquelas tramas que contam uma boa história, tem bons momentos, mas que ficamos esperando um algo a mais para emocionar e funcionar melhor, mas vale a pena por ser bem curto e direto.

A sinopse nos conta que em 1859, Shields Green fugiu da plantação onde era escravo e empreendeu uma ousada viagem durante a qual conheceu Frederick Douglass e o abolicionista John Brown. Diante da oportunidade que lhe é oferecida de ir para o Canadá e finalmente viver sua liberdade, Green opta por continuar lutando para acabar com a escravidão.

Já disse isso algumas vezes, mas volto a frisar que produtores não servem para dirigir filmes, pois procuram economizar em tudo, sendo concisos demais em algo que precisa de desenvolvimento, e Mark Amin depois de produzir vários longas resolveu encarar as câmeras e pôr a mão na massa, e como de costume não conseguiu acertar muito bem o que desejava mostrar, ficando no meio do caminho de um filme de guerra, com ares de faroeste e misturando ainda escravos no miolo, ao ponto que sua trama tem boas dinâmicas, tem atos bem marcados, mas não atinge nenhum ápice durante os pouco mais de 90 minutos, sendo sim algo representativo, mas que falha em ser seguro demais, com eixos demais para seguir, e isso é algo que não marca num filme desse estilo.

Sobre as atuações, já havia elogiado os olhares expressivos de Dayo Okeniyi em outro longa seu lançado nesse ano, aonde foi coadjuvante, mas que trabalhou muito bem, e aqui como protagonista ele entregou muita desenvoltura cênica, trabalhou imponentes atos, e acabou sendo bem marcante durante todo o longa, de forma que praticamente não desgrudamos os olhares do que faz em cada momento, porém precisaria de algumas ajudas para representar algo a mais na trama, e isso acabou não ocorrendo, o que fez com que ele ficasse com a total responsabilidade do filme inteiro. Quem tentou chamar um pouco de atenção foi Ben Robson como o caçador de recompensas Luke McCabe, mas praticamente só correu e atirou, fazendo alguns carões, e isso não marca presença em filmes desse estilo, ao ponto que faltou ter mais atos dialogados, o que pesou um pouco em cena já que seu parceiro de busca foi bem bobo. Ainda tivemos James Cromwell como John Brown, Bruce Dern como Levi Coffin e Harry Lennix como Frederick Douglass, que são considerados os abolicionistas mais famosos dos EUA, e representaram bem seus atos, mas nada que fosse muito além.

Visualmente a trama é bem representativa, afinal como já disse misturou vários gêneros em um só filme, então temos boas cenas mostrando as colônias de escravos, as tradicionais torturas, as casas dos senhores de escravos, roubos a banco no melhor estilo western com perseguições a cavalo e muitos tiros, e claro a invasão de um forte com o início de uma guerra, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para representar tudo em cena, mas quase nada acabou sendo efetivamente usado.

Enfim, é um filme que até funciona bem dentro da história real, que tem os vários momentos bem representados, mas que faltou uma determinação maior do caminho que desejavam seguir, ficando algo muito superficial de tudo, e isso acaba não empolgando a trama como deveria. Diria que é algo que muitos até vão gostar, mas quem quiser saber mais sobre tudo vai ser melhor ler um pouco mais sobre os personagens, pois ficou bem mediano a entrega aqui. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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AppleTV+ - Spirited: Um Conto de Natal (Spirited)

11/29/2022 12:26:00 AM |

Quem conhece um pouquinho o Coelho sabe que morro de medo de dar play em comédias, pois para um filme do estilo me entreter e fazer rir é algo bem difícil, falar então de filmes natalinos é quase algo que pulo longas distâncias para não dar play, mas também sabem que morro de amores por musicais, então claro que hoje resolvi dar o play em "Spirited: Um Conto de Natal" da AppleTV+, que é uma adaptação musical diferenciada do clássico de Charles Dickens, com uma pegada meio que invertida do conto, e que quando vi lá pela metade do longa já estava dançando e cantando as canções junto, pois ficou realmente incrível, com um ar cômico bem sacado, com canções de nível perfeito no estilo de "O Rei do Show", e com atuações tão bem encaixadas na história que mesmo sabendo aonde tudo vai levar, acabamos entrando no clima inteiramente do começo ao fim. Ou seja, pode ser até bobo, ter o famoso ar de clima natalino que temos de ser bons e ajudar o próximo, conter piadas meio idiotas, mas a sacada de todo o passado, presente e futuro ser uma produção com roteiro, direção, efeitos especiais e equipe de espíritos, tendo todo um preparo para convencer o "vilão" do ano a mudar de vida é algo simplesmente genial e que vou lembrar por muito tempo, e claro recomendar para todos.

A sinopse nos conta que em todos as vésperas do Natal, o Fantasma do Natal Presente escolhe uma alma que julga perdida para receber três espíritos do Natal para que mude a vida da pessoa. Mas, nesse ano, escolheu a pessoa errada. Quem é o infortunado escolhido é Clint, que acaba recebendo os três espíritos apenas para que ele mesmo sirva de conselheiro para o próprio Fantasma do Natal Presente que revisita seu passado, presente e futuro.

Confesso que fiquei com muito medo de tudo, afinal o diretor e roteirista Sean Anders é responsável pelos últimos filmes do Will Ferrell, que sabemos que é besteirol de nível máximo, mas aqui mesmo colocando dois humoristas que gostam de tirar onda fazendo piada de tudo, acabou achando um meio termo bem coerente com a proposta, criou um roteiro incrível como já disse acima aonde temos um tipo de agência de produção de sonhos assombrados para perseguir os infortunados, e com isso vemos praticamente cinema dentro do cinema, com muita desenvoltura musical também jogando ares de Broadway na trama, e o resultado tanto para o conteúdo quanto visual da história funciona demais, sendo daquelas tramas que você acaba dançando com os personagens e encaixa o pensamento de tudo com muita dinâmica e proposição, ou seja, é um filme que muitos podem não gostar por não curtir musicais, mas quem gosta acabará entrando de cabeça em tudo.

Sobre as atuações, já tinha dito que gostei muito de Will Ferrell indo por rumos mais dramáticos com uma leve comicidade do que os tradicionais besteiróis que comumente faz lá em "Festival Eurovision da Canção - A Saga de Sigrit e Lars", e aqui ele voltou a trabalhar esse estilo, só que com mais sacadas, brincando muito com todo o ambiente e com os demais personagens, e sendo até um pouco introspectivo com seu Fantasma do Presente/Roberto, e isso se deu por a química dele com o outro protagonista ser muito bem sacada e encaixada, ou seja, se doou e agradou demais em tudo. Da mesma forma Ryan Reynolds se divertiu demais com tudo o que fez com seu Clint, de modo que as nuances mais pegadas foram bem desenvolvidas, trabalhou um certo ar maldoso, mas sem soar um vilão imponente, e com isso acabamos nos conectando demais em tudo o que entrega em cena, além de que junto com Ferrell fizeram ótimos duetos bem encaixados, dançaram e sapatearam com muita classe, ou seja, foram uma dupla muito bem encaixada. Ainda tivemos muitos atos bem trabalhados e até bem cantados por Octavia Spencer com sua Kimberly bem fechada, mas com nuances marcantes, e também com Patrick Page desenvolvendo seu Jakob bem marcando como um diretor da empresa de assombrações bem colocado, mas sem dúvida o destaque mesmo dos personagens secundários ficaram para Sunita Mani como a Fantasma do Passado e Loren G. Woods como o corpo e Tracy Morgan como a voz do Fantasma do Futuro ou Que Virá como chamaram, que foram muito engraçados em suas tiradas e estilos, dando um ar bem descontraído e muito funcional, mas tivemos muitas outras boas participações e assim o filme teve uma grande fluidez.

Visualmente o longa é bem rico em detalhes, entregando realmente como se fossem uma fábrica/produtora de sonhos/assombrações bem detalhada, com pesquisas, estagiários, novos espíritos que ainda não sabem o que fazer, muitos dançarinos, figurinos incríveis e muita cenografia para dar ambientação para os momentos do passado, do presente e do que acontecerá no futuro, com sacadas bem trabalhadas, muitos atos de palco e apresentação aonde quer que fosse, entregando até um momento de conexão com a trama clássica de Dickens num momento mais de época, e claro atos com neve, Natal e tudo mais, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito para que o filme tivesse uma desenvoltura em vários atos, e sem precisar quebrar nada em capítulos funcionou demais, e tendo uma fotografia lindíssima em muitos momentos, com destaque para o ato das lanternas.

Como é um musical, a trama foi muito bem desenvolvida com canções próprias que fazem as vezes de vários diálogos, sendo até engraçado sabermos os momentos que entram as canções pelo apito, que até os protagonistas acabam zoando da necessidade de entrar uma canção, então só ouça após ver o filme, senão muita coisa vai acabar sendo spoiler, mas deixo aqui o link para quem quiser viciar nas ótimas músicas.

Enfim, sou suspeito para falar que adorei o filme, pois volto a frisar que sou um dos poucos críticos que adora filmes musicais, então se você não for fã do estilo é melhor ficar meio longe dele, mas do contrário entre de cabeça nas músicas, dance junto com os personagens, e claro fique com todas as canções na cabeça, pois são viciantes, então fica a recomendação para quem quiser entrar no clima natalino de uma maneira bem bacana. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - As Nadadoras (The Swimmers)

11/28/2022 01:43:00 AM |

Costumo dizer que é sempre bacana ver longas de superação com temáticas reais, e certamente veremos muitos filmes ainda dos refugiados de guerras aparecendo por aqui, afinal é um estilo que envolve o público, que emociona, e que muitas vezes mostram que um problema nosso que as vezes exageramos em tudo é pequeno frente a tudo que algumas pessoas fizeram para conseguir sobreviver. E eis que lançou nessa semana na Netflix o longa "As Nadadoras", que conta a história das jovens nadadoras profissionais da Síria que fugiram como a maioria das pessoas do país no meio do confronto, quase morrendo no meio do mar, depois passando por muitos perrengues em terra até chegar na Alemanha, aonde pode voltar a treinar e conseguiu depois integrar a equipe de refugiados nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, que certamente muitos irão lembrar de como foi noticiado na época por aqui. E felizmente é uma trama muito bem trabalhada, cheia de momentos tensos, envolventes e bem dimensionados, aonde temos ainda uma trilha sonora incrível e atuações bem marcantes que fizeram o longa chamar atenção em alguns festivais, e quem sabe não jogam até para o Oscar, pois tem estilo, tem uma fotografia primorosa em vários atos, e é um grande acerto que vale recomendar demais.

O longa apresenta a história real e emocionante das irmãs nadadoras Yusra e Sarah Mardinij e suas jornadas quase milagrosas, de refugiadas de uma Síria devastada pela guerra, até as Olimpíadas do Rio de 2016. O longa biográfico acompanha a dedicação das atletas e aborda a força transformadora do esporte, que é capaz de mudar vidas.

Diria que a diretora e roteirista Sally El Hosaini soube trabalhar muito bem a história das jovens garotas sem precisar apelar nem florear demais, pois seu filme já trabalha bem todas as dinâmicas, tem as devidas conexões com tudo, e principalmente por ser uma história que o mundo inteiro viu os atos finais, todos ficaram com muita vontade de saber tudo o que a garota passou para chegar nas Olimpíadas, e com isso foi apenas estruturar a história do livro que foi feito e desenvolver bem toda a simplicidade das jovens com ótimas imagens. Ou seja, é daqueles filmes feitos com um olhar mais técnico para que o público se sinta presente na vida e nos momentos da protagonista, e isso funciona muito bem dentro de tudo o que foi proposto, tem todo o estilo visceral para que a trama condiga com os momentos, e funciona com as boas escolhas tanto fotográficas do ambiente, quanto sonoras nas canções e trilhas para arrepiar e pegar no fundo da alma do espectador, sendo assim um filme primoroso. 

Sobre as atuações, posso dizer sem sombra de dúvida que colocar as irmãs Nathalie Issa e Manal Issa como Yusra e Sarah foi uma das melhores escolhas que os produtores já tiveram, pois mesmo que Nathalie não tenha tanta experiência cênica como sua irmã Manal, ambas tiveram muita química nos olhares, desenvolveram personalidades bem opostas e interessantes para cada estilo, com a primeira indo para o lado mais emocional e competitivo nadando e a outra indo para o lado da ajuda e do reencontro pessoal, e com isso ambas fizeram bons trejeitos, dinâmicas e marcaram presença cênica em tudo, o que acaba agradando demais. Ainda tivemos atos divertidos e carismáticos com Ahmed Malek e James Krishna Floyd com seus Nizar e Emad, trabalhando cada um da sua forma e desenvoltura para se conectar bem com as garotas, e claro tivemos bons momentos direcionados com Matthias Schweighöfer como o treinador Sven com um carisma bem trabalhado, Ali Suliman como o pai das garotas bem durão e Nahel Tzegai como uma refugiada que teve boa conexão com as garotas, de modo que cada um foi simbólico para cada momento da trama, e o resultado funcionou bem.

Visualmente a trama é bem intensa, com cenas na Síria mostrando os bombardeios, as ruas tomadas de pessoas armadas, as revistas nos ônibus, mostra também um pouco das festas aonde Nizar é DJ, vemos depois os dias em Istambul procurando um contrabandista para levar as pessoas, vários tipos, os coletes salva-vidas sendo vendidos em tudo quanto é canto e o aviso no avião que é proibido roubar os da aeronave, tivemos os duros atos no meio do mar, e depois todo o processo duro na Grécia aonde os refugiados são completamente mal vistos até com dinheiro, tivemos os duros atos na Hungria e claro depois o processo vivendo em alojamento de refugiados na Alemanha, além do centro de treinamento, e claro o fechamento ocorrendo no Rio de Janeiro, que foram bem trabalhadas todas as imagens para refazer os jogos na tela, ou seja, um trabalho minucioso da equipe de arte que funcionou muito bem, e agradou em cheio.

Enfim, é um tremendo filmão que é até longo para mostrar um pouco de tudo, mas que não cansa e envolve bastante, emociona na medida certa e que vale demais a recomendação, então fica a dica para todos verem sem preconceitos, e o resultado vai agradar com toda certeza. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Plano A (Plan A)

11/27/2022 07:36:00 PM |

Em determinado momento do filme um dos personagens pergunta para o protagonista o motivo dos judeus não revidarem, afinal eles eram milhares contra cinquenta ou cem soldados, e ele fica sem palavras, mas quando vê a possibilidade de uma vingança armada contra todos alemães, sejam eles inocentes ou não dos crimes de guerra, ele também se vê tentado. Pois bem, esse é o mote que o longa "Plano A" nos coloca em mente, afinal desde o começo eles vêm com essas frases de o que você faria se matassem toda sua família, e a resposta que mais vem na cabeça é a de vingança, e aqui vemos a história real de um grupo que preparava um envenenamento em massa na água dos alemães que estavam reconstruindo seu país após a guerra, entregando uma trama tensa pelo protagonista estar infiltrado pelos soldados que queriam vingança também, mas não algo tão gigantesco, mas também em sua mente a dor de ter perdido todos os seus parentes, e essa linha conflitiva na mente dele, toda a execução do plano e o envolvimento de tudo é o que faz ficarmos o tempo todo com os olhos na tela do filme, e que para ajudar ainda temos um fechamento completamente diferente do usual, ou seja, um tremendo filmaço que talvez pudessem ter trabalhado a tensão de forma ainda maior, mas que chama muita atenção e que vale demais a conferida.

A sinopse nos conta que no período pós-guerra, um grupo de judeus germano-poloneses e sobreviventes do Holocausto, ao mesmo tempo, planejam manipular o abastecimento de água em várias grandes cidades da Alemanha ocupada, envenenando a água potável, em retaliação ao Holocausto e outros crimes cometidos durante o período da Segunda Guerra Mundial.

Diria que os diretores e roteiristas Doron e Yoav Paz foram muito diretos no que desejavam passar para o público: seu ódio intenso por qualquer alemão que seja - e isso é algo tão marcante e presente na trama, que em alguns momentos pensamos até que o protagonista seria algum tipo de zumbi ou entidade já morta (já que os diretores fizeram já vários filmes desse estilo), e seus olhares mais secos acabaram parecendo ainda mais fortes em determinados momentos, mas não logo somos levados até alguém que sofreu mesmo com tudo, que vivenciou e que para piorar nos conta sua função nos campos, que é algo que vai contra tudo e todos. Ou seja, é uma trama bem complexa, muito bem dirigida, aonde ficamos bem amarrados em tudo o que é passado, vemos a essência completa da vida desses judeus tentando voltar para suas casas e não conseguindo, o começo da formação da Palestina, aonde acharam que seria seu país tranquilo, e sabemos bem que não é assim hoje, e dessa forma tudo funciona dentro de situações fortes bem colocadas que chama atenção e tem estilo, valendo muito o nosso olhar sobre ele.

Sobre as atuações, posso falar que deram um ar totalmente acabado para a maioria dos personagens, de forma que até surpreende seus olhares, rostos e até os corpos magros e bem sofridos, mostrando um trabalho de preparação e de maquiagem muito marcante e bem feito em todos. E dito isso, August Diehl entregou um Max com muita personalidade, cheio de coisas em sua mente, trabalhando de forma intensa com cada nuance, sendo sutil nos atos que precisava e imponente em outros, mas tudo sem tirar o ódio da cara, o que acaba agradando bastante com a surpresa do final, e assim sendo deu seu show particular. Sylvia Hoeks trabalhou sua Anna com ares bem diretos de seu objetivo, mas também com nuances tristes e envolventes, de modo que sua cena vendo as crianças bebendo a água já disse tudo o que iria fazer nos atos finais, e assim sendo acabou sendo marcante e bem colocada também. Michael Aloni conseguiu dar nuances mais típicas de alguém pronto para comandar a tropa realmente, tanto que seu Michael nos primeiros atos é direto nas ordens de matar os envolvidos do nazismo, mas quando muda de posição ele já fica mais propenso a querer a ordem sem vinganças e rebeliões, e isso mostra atitude e ele fez muito bem. Ainda tivemos atos bem colocados de Oz Zehavi com seu Menash pronto para matar uns nazistas da forma mais sofrida possível, Ishai Golan bem amplo com seu Abba Kovener organizando todo o processo de vingança, e até mesmo Nikolai Kinski com seu Tzvi e Milton Welsh com seu Belkin conseguiram chamar muita atenção, sendo um filme de personagens mais coesos, mas bem trabalhados e chamativos.

Visualmente a trama mostra uma Alemanha tentando se levantar após toda a destruição da guerra, temos os judeus vivendo e tramando tudo em um sótão abandonado, temos cenas bem intensas no começo numa floresta, a casa do protagonista com alemães morando que lhe tomaram, temos outros apartamentos com judeus tentando voltar para algo seu e não conseguindo, festas por conseguir retomar o abastecimento de água após os trabalhadores sofrerem muito para refazer as tubulações, vemos figurinos sujos e bem marcantes, e até um cinema mostrando antes do filme as coisas feitas durante o período do nazismo, ou seja, a equipe de arte foi bem direta em tudo e conseguiu agradar bastante.

Enfim, é um filme bem denso, cheio de atos marcantes e interessantes de ver, que funciona dentro da proposta e até ousa com um final diferente do esperado, e que claro sendo algo baseado em atos reais traz um sentimento maior ainda durante toda a exibição, então acabo recomendando bastante o filme para todos assistirem a partir do dia 01 de dezembro quando entra em cartaz nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Força Bruta (Beomjoidosi 2) (The Roundup)

11/27/2022 01:54:00 AM |

Sabe quando você vê um trailer e fica na dúvida de se um filme já não é uma continuação, aí você vai conferir e fica o tempo todo parecendo que faltou uma apresentação maior, já que todos praticamente são meio que conhecidos? Pois bem, isso aconteceu hoje comigo vendo "Força Bruta", e agora pesquisando um pouco mais para escrever já descobri que o longa é a continuação de um filme sul-coreano de 2017 que nem chegou a passar por aqui, mas que agora sua continuação chega com muita divulgação após todos já conhecerem um pouco mais de Don Lee (Ma Dong-Seok) que foi muito bem em "Eternos" tendo praticamente o mesmo estilo de força. Ou seja, não é um filme ruim, principalmente se você gosta de muita pancadaria e filmes de policiais socando os criminosos violentos, mas ficou faltando muitas explicações sobre quem é o protagonista, sobre as conexões que ele tem e tudo mais, pois já começamos com todos esperando ele, em seguida já vendo alguns conhecidos em outros países, e tendo sacadas que não chamam a atenção mesmo parecendo ser algo comum, e isso pesa um pouco para gostarmos do que vemos, mas quem sabe vendo o original (que é baseado em fatos reais) melhore depois a ideia desse.

A sinopse nos conta que a Unidade de Crimes Graves do Departamento de Polícia de Geumcheon tem a tarefa de repatriar um criminoso que fugiu para o Vietnã. Embora não haja acordo de extradição com as autoridades locais, ele se entregou na embaixada sul-coreana. Já a caminho do Vietnã, os policiais experientes, o detetive Seok-Do Ma e o capitão Il-Man Jeon concordam que há algo errado com a vontade repentina do suspeito de desistir assim que pode. Assim que chegam, os oficiais e seus companheiros são atraídos para os crimes de um temível assassino chamado Hae-Sang Kang. Mesmo que ele não tenha autoridade legal no exterior e nem mesmo tenha permissão para portar uma arma, Ma segue os rastros sangrentos que Kang deixa para trás e imediatamente inicia a investigação - claro, à sua maneira especial...

Não posso dizer que esse se conectou perfeitamente ao original, afinal nem vi ele, mas foi mudado o diretor, e aqui Sang-yong Lee soube trabalhar bem as dinâmicas entre os personagens, de forma a serem bem conectados como uma equipe forte e bem coesa, aonde o protagonista tem uma força bruta descomunal e os demais são todos franguinhos bem desesperados, tivemos cenas de ação bem imponentes e cheias de facadas e socos (por incrível que pareça teve uma arma de fogo que foi usada mais como enfeite do que como algo de apreensão mesmo), e que não chega a incomodar tanto não sabermos o que rolou no primeiro filme, sendo algo básico que mais deve ter sido apresentado quem é quem do que algo interessante mesmo para dar funcionamento aqui, e assim sendo se você não se incomoda facilmente em não se conectar com os personagens, o resultado da história embora seja corrido, funciona. Ou seja, é o tradicional filme oriental de pancadaria, felizmente sem personagens que voam no ar, e que tem uma trama até que bem desenvolvida de crimes sendo resolvidos sem muita organização, com mercenários e policiais malucos.

Sobre as atuações vou falar basicamente do protagonista Ma Dong-Seok ou Don Lee como prefere ser chamado, que é gigantesco e muito forte, mas que abusam também parecendo que ele é um super-herói tacando os criminosos bem longe apenas com seu soco, outros falando que parece que o prédio está em obras com suas marretadas, e ele fez ares charmosos e bem canastrões tradicionais do gênero, de forma que funciona e diverte dentro da proposta. Choi Gwi-Hwa foi daqueles capitães que não tem autoridade alguma, que só soam engraçados e que como parceiros mais atrapalham do que ajudam o protagonista, e serviu bem na sua função de fazer rir, pois de resto foi enfeite. Sukku Son trabalhou bem o sequestrador assassino, com muito sangue no olho e desenvoltura com um facão no melhor estilo dos joguinhos de luta, ao ponto que se impõe em todas as cenas e chama muita atenção, sendo daqueles vilões que marcam um filme, e isso é muito bom de ver. Quanto aos demais, a maioria foi encaixe, com todos tendo até que bastante falas, mas sendo mais um grupo meio atrapalhado tanto de vilões/capangas quanto dos demais policiais, então é melhor nem dar destaque para nenhum deles, valendo apenas os ares bem cômicos e jogados de Ji-hwan Park que fez um Jang Isu bem trabalhado, mas que certamente teve uma importância maior no primeiro filme.

Visualmente o longa foi interessante por se passar em 2008, então temos várias pessoas com os celulares de flip antigos (fizeram a limpa nos depósitos!), vemos ambientações interessantes e bem violentas com facadas e machadadas para todos os lados, de forma que a equipe de arte precisou de muito sangue falso, boas perseguições com carros de todos os tipos, e brincaram bem com as repartições públicas do Vietnã, com a polícia de lá e tudo mais, de forma que deve ser meio que rixa entre os orientais. Ou seja, temos bons elementos cênicos e cenas rápidas em locações sem grandes chamarizes, mas que agradam dentro da proposta.

Enfim, não chega a ser um filme excepcional, mas para quem gosta do estilo de pancadaria é capaz que ache tudo sensacional, e claro que talvez se visse o primeiro antes desse teria notado mais detalhes, mas é divertido, entrega boas cenas, e funciona no que se propõe, então se você curte o gênero policial mais agressivo e com ares cômicos, fica a dica para conferida, do contrário fuja. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Sol

11/26/2022 08:21:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes introspectivos servem para a reflexão com nós mesmos, pois abrem espaço para pensarmos como vivemos com nossos familiares, o que nos separou de alguém e até mesmo pararmos para olhar um pouco mais nos que convivem ao nosso redor, e com o filme "Sol", que estreia no próximo dia 08 de dezembro, podemos ver bem essa dinâmica de uma pessoa que tem um convívio bem difícil com a filha, mas que numa viagem para ver a situação do pai que está morrendo e ele não vê há mais de 30 anos passa a ter uma conexão muito maior e sentimental de confronto e desenvolvimento. Ou seja, é um filme bem amplo de ideias, porém bem fechado num road-movie quase sem conversas pelo sertão baiano, que traz bons momentos e olhares, e que fala até mais com o sentimental do que com as palavras. Não diria que seja algo perfeito, mas é daqueles que envolvem bem e tem um bom resultado fotográfico na tela.

A trama traz a história de Theo, um homem tentando reatar conexões de sua vida. Depois de um ano sem a ver, ele está novamente com sua filha pequena, Duda, mas o passado bate à sua porta. Telefonemas insistentes de uma desconhecida avisam que seu pai, Theodoro, está em estado delicado num hospital, numa pequena cidade do interior da Bahia. Desse reencontro, feridas mal-resolvidas do passado reemergem, e pai e filho precisam acertar essas contas. Entre eles, um novo elemento: a pequena Duda, uma menina esperta que se apega ao avô, e, por meio desse novo laço, pode o aproximar de seu pai, um homem calado e distante.

Já tinha dito no longa de estreia de Lô Politi, "Jonas", que o estilo dela era de muita presença de olhares e de conexões de personagens com o público, e aqui ela ampliou ainda mais todo esse envolvimento, pois o filme mostra a tensão de um homem que já não tem mais vontade de viver por ter perdido a companheira, outro homem que não tem qualquer laço com o pai que não vê há muito tempo, e uma garotinha que está ficando com o pai nas férias pela primeira vez depois de um ano separada, ou seja, também quase sem conexão, e essa viagem de encontros, reencontros e ajustes é conflitiva pelo fato de vermos através do olhar dos personagens, o olhar da diretora sobre como um tempo junto, uma viagem mesmo que sem muitas palavras, ou até mesmo um confrontar de olhares pode mudar as vidas delas. Ou seja, a diretora brinca com o ambiente através das dinâmicas da viagem seca, das estradas por onde eles percorrem, e até mesmo da simplicidade dos desenhos e da escultura, que acaba tendo um apreço e uma conexão entre todos do ambiente, e assim o resultado é bem interessante e chamativo, mostrando que vamos ver ainda muitos filmes introspectivos bem dimensionados pela diretora.

Sobre as atuações, posso dizer o trio de protagonista teve uma química meio de choque, mas que funcionou dentro do que era proposto, ao ponto que Rômulo Braga deu boas nuances para o seu Theo, criando uma personalidade meio dura, meio sem jeito do que fazer tanto com o pai quanto com a filha, mas que trabalha tão bem as dinâmicas que acabamos nos conectando a ele. Everaldo Pontes fez atos mais fechados ainda, com olhares meio de desistência da vida, meio que de um peso imenso que precisa carregar, que chega até parecer meio maluco, mas chama bem a atenção. E claro a estreante Malu Landim tem um jeito singelo de se entregar, de modo que sua Duda acaba sendo também bem fechada, cheia de dúvidas, com uma tosse de nervoso meio estranha, mas que literalmente faz a conexão familiar funcionar, o ato de falar com o pai no banheiro é genial pelo método descritivo leve e bem colocado, e o resultado flui bem demais com o que faz, agradando bastante. Quanto os demais, a maioria apenas figura na tela, mas tivemos alguns atos bem marcantes de Luciana Souza como Dona Regininha, que ajuda na conexão inicial do filme, mas nada muito chamativo.

No conceito visual a trama entregou muito envolvimento tanto nos atos dentro do carro que vamos vendo todo o sertão com uma vegetação semi-morta, meio que transmitindo as sensações do protagonista, vemos casas bem simples na cidadezinha, nos é passado as lembranças do protagonista quando garotinho brincando no rio ao fundo da casa, temos o ateliê do pai com várias esculturas e rascunhos de sua amada, um hospital simples, vemos um asilo bem abandonado com pessoas mal trapilhas, e claro vemos um apartamento estúdio do protagonista, de elementos cênicos tivemos a escultura que fica passeando no carro com eles, o skate da garotinha que é fã do esporte, e a briga do protagonista com o fio do carro, tudo muito significativo e com muito simbolismo para a trama.

Enfim, é daqueles filmes recheados de sentimentos, que possuem uma estrutura bem definida de estilo, mas um envolvimento que oscila bastante, e o resultado como já disse é bem reflexivo, valendo a recomendação para assistir sem estar preocupado com muitas coisas, pois necessita de entrar no clima e vivenciar os momentos, pois mesmo não sendo cansativo, ele entrega muitos símbolos ao invés de diálogos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Ligação Explosiva (Balsinjehan) (Hard Hit)

11/26/2022 02:29:00 AM |

Antes de falar do filme sul-coreano, "Ligação Explosiva", preciso ser bem direto que não conferi nem o original espanhol de 2015 ("El Desconocido") no qual ele é baseado, muito menos a refilmagem alemã dele de 2018 ("Direção Explosiva"), mas que certamente verei a americana que está sendo gravada com Lian Neeson como protagonista, afinal é o cara e ele vai se sair bem. Dito isso, posso começar falando o que fui esperando ver da trama, que seria mais um filme de ação em um carro, com o desespero de um pai com os filhos presentes junto dele com uma bomba prestes a explodir, e claro dinâmicas envolvendo toda essa tensão, e o filme até entrega isso, mas exageraram demais na carga dramática e economizaram um pouco na ação, de modo que vemos um filme que não chega a ser tão tenso quanto o esperado, sendo algo até que intrigante para sabermos quais motivos o cara teve para aprontar isso com o gerente do banco (claro que de cara imaginamos algum tipo de investimento ruim indicado, mas é algo um pouco pior que só é revelado nos últimos minutos), mas que poderia ser mais forte todas as dinâmicas, pois a polícia logo de cara entra em ação e o filme perde um pouco a vitalidade, o que não é ruim, pois temos algo bem trabalhado pelos atores, mas poderia ter muito mais cenas impactantes e menos conversação.

A sinopse nso conta que o gerente de banco, Sung-gyu, está a caminho do trabalho com seus dois filhos quando recebe uma ligação de um número restrito. A pessoa na linha afirma que Sung-gyu está sentado em uma bomba e avisa que se ele sair de seu assento, a bomba explodirá... Inicialmente, Sung-gyu ignora a ameaça, mas quando ele vê outra pessoa morrendo em um carro-bomba bem na frente de seus olhos, ele percebe que a situação é real. Como se isso não bastasse, a polícia começa a considerá-lo o principal suspeito do ato de terrorismo. Desesperado, Sung-gyu está em uma encruzilhada, pois ele não pode desligar e precisa manter seus filhos seguros.

Diria que o diretor e roteirista Changju Kim soube pegar o roteiro espanhol e dar suas vertentes, ao ponto que o longa tem todas as características tradicionais dos filmes coreanos, e ainda foi dimensionado para trabalhar algo mais amplo que é o mundo dos fundos de investimento, e dessa forma seu filme tem uma boa pegada, tem atores razoáveis (um pouco exagerados demais), e consegue funcionar dentro da proposta maluca de um carro-bomba, aonde alguém ameaçado vira um possível sequestrador assassino, e que nas minúcias finais até tem uma certa culpa no cartório, mas não ao ponto de precisar trabalhar tanto da forma desenvolvida. Ou seja, é daqueles filmes que até empolgam um pouco, mas que não chegam a serem tão chamativos para lotar salas, que talvez daqui um tempo até tenham um público marcante na TV, mas que poderiam ter trabalhado um pouco mais de tudo para realmente fazer com que suássemos com toda a tensão.

Sobre as atuações, posso dizer facilmente que o Jo Woo-Jin tem muita personalidade, e conseguiu segurar todas as pontas que seu protagonista precisava, de modo que até torcemos para ele em diversos momentos, mas que ainda precisava de muita coisa para que seu Sung-gyu fosse carismático ao ponto de chamar o filme todo para si, mas seus atos finais foram bem expressivos e emocionais com a filha, e isso fez valer ao menos os desesperos trabalhados. Quanto aos demais, diria que foram bem, com os garotinhos sendo bem expressivos e cheios de desenvolturas, não sendo daqueles que vamos lembrar os nomes futuramente, mas que não destoaram tanto, e talvez a chefe do departamento de bombas entregasse atos mais marcantes, pois pareceu mais com medo de tudo do que até mesmo os protagonistas sentados em bombas.

Visualmente a trama fica praticamente toda dentro de um carro bem imponente e cheio de detalhes luxuosos, temos basicamente três telefones e um fone de ouvido como base para as conversas, e muita perseguição e corridas por toda a cidade, com as tradicionais cenas clichês passando no meio de cruzamentos intensos sem nem dar uma mera relada em nenhum outro carro, mas tivemos boas interações, bombas de explosão bem intensas com duas cenas violentíssimas, e toda uma cidade bem movimentada, o que acaba funcionando como um bom trabalho da equipe de arte.

Enfim, é um filme simples, correto e que tem suas virtudes, mas que facilmente dava para ter ido muito além, e assim sendo vale mais como um bom passatempo para uma tarde de domingo em casa do que realmente uma trama que empolgue numa telona, mas ainda assim fica a dica, pois não é ruim de forma alguma. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Mundo Estranho em 3D (Strange World)

11/25/2022 12:39:00 AM |

Já vou começar o texto sendo bem direto dizendo que quem ficar de mimimi falando que não vai conferir o novo longa da Disney, "Mundo Estranho", só pelo fato do garotinho ser homossexual, vai perder uma das melhores histórias atuais da companhia, aonde saem completamente da bolha de filmes bobinhos para algo muito mais pensante, de tal forma que os adultos vão se arrepiar com a revelação completa do que é o mundo estranho inteiro e a criançada vai se divertir horrores com as cores, com os bichinhos estranhos e tudo mais que é entregue. Ou seja, a trama não é daquelas bobeiras jogadas apenas para fazer bilheteria, mas sim um algo a mais que dá para se pensar na vida, no nosso planeta como um todo, nas relações familiares, e principalmente no funcionamento de todas as conexões possíveis, pois é um filme que tem uma cara totalmente diferente de tudo o que a companhia do Mickey já fez, indo quase para os mesmos rumos que sua parceira Pixar, mas com vértices mais singelos e carismáticos, de tal forma que mudou totalmente minha ideia de onde eles estavam nos levando, pois num primeiro momento confesso que quando vi o trailer falei nossa que bichos bizarros, mal acabados, parecendo que tudo o que tinha dado errado nos demais filmes tinham jogado ali, mas quando vem a cena reveladora já bem próxima ao final, com um 3D de imersão incrível aonde a navezinha fica ainda menor solta na tela com toda a profundidade do fundo que é mostrado em perspectiva, não teve um pelo do corpo que não tenha arrepiado e o cérebro ligado na velocidade máxima para ligar todos os pontinhos da mesma forma que os protagonistas, e aí o fechamento ficou completo. Sendo assim, espero talvez que consigam pensar numa continuação, pois não vejo por onde poderiam atacar, mas gostaria muito de ver.

A sinopse nos conta que a família Clade não é muito igual as outras. Eles são exploradores que desbravam novas terras e estão em uma missão para explorar um mundo estranho e não conhecido. Porém, as diferenças entre os membros da família podem por sua nova missão em risco. Jaeger Clade e seu filho Searcher são aventureiros que desbravam o deserto para explorar novos mundos. Ao tentar atravessar uma montanha que circunda a terra de Avalonia, Searcher descobre uma planta que emite energia, chamada de Pando que pode ser usada como fonte de energia para Avalonia. Porém pai e filho acabam desconcordando e um continua uma missão solo enquanto o outro usa a nova espécie para ajudar o mundo. 25 anos depois, Callisto Mal, líder de Avalonia, aparece urgentemente para informar que a Pando está perdendo seu poder. Para descobrir o que está acontecendo, a família Clade monta uma equipe especializada para ir atrás da fonte de Pando, nas suas raízes mais profundas.

O diretor Don Hall já emocionou e desenvolveu muito envolvimento com filmes como "Raya e o Último Dragão", "Moana - Um Mar de Aventuras" e "Operação Big Hero", e agora junto do estreante no posto Qui Nguyen, que escreveu a história aqui, deram um salto gigantesco no mundo da biologia e quiçá da vida com o que entregaram dentro de um roteiro tão bem fechado que em momento algum você se desconecta da aventura completa para ficar pensando, tanto que estava curtindo toda a ideia como um bom longa de expedição, com os personagens em busca de como manter sua fonte de energia, se divertindo com as palhaçadas do bichinho Splat com o garoto Ethan e seu cachorro Legend, vendo as bobeiras do seu pai Searcher e o avô Jaeger tentando se entender, mas aí boom, tudo muda de uma forma tão impressionante, que o longa que era singelo e até bobinho demais virou algo sério com uma nuance tão imponente de conteúdo e de visual que acabou parecendo até que tinha entrado em outro filme, mas sem perder a essência, e esse fato mostra um trabalho de pesquisa tão grande na criação do roteiro que tenho certeza que os diretores seguraram o máximo para passar todos os detalhes para a equipe, pois é brilhante ver tudo na tela, e o acerto deles certamente vai ser memorável entre as histórias de animação, mas que infelizmente não acredito no sucesso de bilheteria, o que é uma pena por grupos de cancelamento, mas fazer o que, como costumo dizer: as melhores histórias são para um público seleto, e aqui isso vai ser mostrado mais uma vez.

Sobre os personagens, como todo bom longa de aventura temos exploradores fortes e imponentes como é o caso de Jaeger Clade com toda sua astúcia e boas sacadas, temos o todo certinho e disposto a fazer as coisas fluírem como é o caso de Seacher Clade, e temos o curioso, que quer fazer tudo e conhecer melhor o mundo como é o caso do jovem Ethan, e toda a sacada em cima da família bagunçada, com muita disposição e desenvoltura foi muito bem trabalhada com boas dublagens, com muita personalidade, e principalmente com representatividade, afinal temos sim um garoto assumidamente gay, sua família o apoiando e até querendo conhecer mais de sua paixão, mas também temos muito romance e danças tradicionais familiares dentro da casa, ou seja, um filme que não força como muitos estão dizendo, e com personagens muito bem colocados nos seus devidos lugares. Além desses ainda temos a líder da cidade como uma mulher bem forte e direta nos atos, tivemos uma mãe aventureira, e vários personagens bacanas bonitinhos para dar graça em tudo como é o caso do bichinho azul Splat e do cachorro Legend, ou seja, um filme perfeito de personagens de todos os tipos, formas, corpos e com texturas incríveis de pele, de cabelo, de elasticidade e tudo mais.

Visualmente o longa é algo completamente maluco, que num primeiro momento vemos formas estranhas, animais estranhos, coisas muito coloridas com movimentos sincronizados, alguns animais atacando outros revivendo tudo, e claro personagens muito bem trabalhados com tudo tendo texturas perfeitas e bem chamativas, e tudo com tons de vermelho bem interessantes que depois que tudo é explicado fica ainda mais marcante, ou seja, a equipe de arte caprichou bastante, tendo momentos em desenho simples no começo, letras com fontes bem diferentes também, e formas incríveis com sombras e tudo mais. Quanto do 3D, temos bons momentos em vários atos, mas sem dúvida o ato da revelação é o com maior profundidade de campo, com a motonave parecendo ser minúscula fora da tela, e ao fundo vemos toda a exuberância do mundo por completo, temos ainda vários voos bem trabalhados, ou seja, a animação vai fazer a alegria de quem gosta da tecnologia em muitos atos.

Enfim, um filme que fui conferir esperando ser bom, afinal a Disney decepciona bem pouco, mas que não esperava me surpreender tanto, me arrepiar e emocionar com alguns atos, e tudo mais, sendo um longa que certamente vou recomendar para muitas pessoas, então veja assim que possível, e veremos o futuro que a companhia deve seguir, afinal andam caminhando por rumos bem ousados, e isso mexe com os bolsos deles também, então é aguardar. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Breve História do Planeta Verde (Breve Historia del Planeta Verde) (Brief Story from the Green Planet)

11/23/2022 10:11:00 PM |

Costumo dizer que se você sonha em fazer cinema na vida assista muitos longas argentinos, pois além de entregarem sempre boas obras, eles não gostam de enrolação. Digo isso com muito orgulho após ter assustado com a ideia do filme "Breve História do Planeta Verde", pois envolvia temas complexos da sociedade, misturado com ficção científica, e ainda por cima tinha equipe brasileira no miolo, mas como vi que tinha mão dos nossos vizinhos fiquei mais aliviado, e contando com pouco mais de 70 minutos, o filme é diretíssimo, trabalha muito bem a vasta gama de seres que temos na Terra, com os diferentes tipos de emoções, de preconceitos e vivências, e que junto de uma espécie de fora do planeta trabalha todo esse simbolismo de uma maneira envolvente e bem coerente. Ou seja, é um filme diretíssimo, bem denso e bem desenvolvido, que mesmo trabalhando alguns atos meio que abstratos consegue chamar muita atenção e agradar com o resultado final, então minha recomendação é abolir qualquer tipo de preconceito, abrir a mente e entrar de cabeça na ideia da trama, pois mesmo tendo muitos símbolos, toda a reflexão funciona com poucos olhares, e isso é algo genial de se ver na tela.

A sinopse nos conta que um dia, Tania recebe uma ligação dizendo que sua avó morreu. A mulher trans se reúne com os dois melhores amigos, Daniela e Pedro, para viajarem até o local do enterro, quando descobrem que a falecida passou os últimos anos de sua vida na companhia de um amigo inusitado: um pequeno alienígena roxo. O último pedido da avó era que Tania levasse a criatura de volta ao local onde foi encontrada. Começa uma jornada para o trio de amigos.

Diria que o diretor e roteirista Santiago Loza foi muito preciso nos sentimentos que desejava passar em sua obra, ao ponto que o filme num primeiro momento pode parecer estranho, mostrando a vida meio que bagunçada dos protagonistas, seus atos e desenvolvimentos, ver cada personagem que passa por suas vidas, e tudo parece meio desconexo sem muito eixo, mas se você for refletindo junto com ele, você vai sentindo todas as amarguras, todos os preconceitos e dores que cada um tem, seus anseios atuais e passados, e com isso ele não apenas dá voz ao alienígena sem falar uma palavra sequer, como coloca como se todos fôssemos alienígenas, cada um com uma maneira de viver, cada um com uma perspectiva e passando por diversos momentos. Ou seja, o diretor foi muito amplo em pouquíssimo tempo de tela, foi simbólico, porém direto no que precisava, e assim chamou muita atenção em um filme diferente de tudo que já vimos, mas que mesmo sendo bem simples agrada tanto quanto um filme muito complexo.

Sobre as atuações diria que não teve um grande destaque por nenhum dos três protagonistas, de forma que Romina Escobar deu boas nuances emocionais para sua Tania cheia de envolvimento, Luis Soda trabalhou um ar mais depressivo com seu Pedro, mas amplo para sempre ajudar e cuidar de Tania, além de estar meio em conflito com si mesmo, e Paula Grinszpan também recaiu para ares mais fechados, mas está mais aberta a tudo dos seus desejos, e assim acabamos entrando bem na viagem dos três, acompanhando seus sentimentos e fluindo muito bem em cada ato mostrado na tela. Quanto aos demais nem posso falar que foram coadjuvantes, mas sim figurantes de luxo com algumas falas e desenvolturas, sempre conectando aos atos dos protagonistas, o que acaba sendo muito útil e interessante de ver também.

Visualmente o longa foi bem simples como um road-movie deve ser, sem enfeitar nada, mas passando por muitos ambientes, trajetos no meio da floresta, bares e restaurantes dos mais variados estilos, casas destruídas, e até mesmo o alienígena roxinho foi bem simpático e interessante de ver, de forma que não temos nada muito elaborado, mas que repleto de símbolos acaba sendo bem funcional e correto.

Enfim, é um filme que muitos com toda certeza vão olhar torto e nem pensar em assistir, mas que trabalha tudo tão bem, que mesmo tendo um ar mais simbólico funciona e envolve, e assim sendo recomendo com certeza para os mais variados públicos, pois se abrir a mente para toda a discussão não vai nem estranhar qualquer fato mostrado na tela. E é isso meus amigos, ele estreia dia 01/12 nos cinemas, então fica a dica de conferida, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Bem-vindos a Bordo (Rien à Foutre) (Zero Fucks Given)

11/22/2022 10:29:00 PM |

O mais engraçado de viver alguns dias como uma comissária de bordo ou chefe de cabine como a protagonista vivencia em "Bem-vindos a Bordo" é que a mulher ou o rapaz não pode demonstrar nada de seu íntimo, da sua vida pessoal, tendo praticamente de ao vestir o uniforme botar uma máscara e esquecer completamente tudo o que lhe aconteceu, estando ali disposta para atender e resolver os devidos conflitos/problemas que possam aparecer, e o mais bacana do filme que chegou a ter até o nome "Carpe Diem" inicialmente é que ele nos mostra que como cada dia na vida da jovem no ar ou na terra é diferente, ela precisa se dosar e fazer acontecer, não se importando com parentes, com como aconteceu algum acidente no passado, ou qualquer outra coisa em sua vida, apenas estando pronta para sorrir (mesmo que forçadamente) por 30 segundos ou mais para quem precisar. Ou seja, é um filme que quem desejar a profissão pode pensar até duas vezes antes, mas que acaba sendo emotivo e muito bem trabalhado pela protagonista, tendo dinâmicas interessantes bem colocadas, e que mesmo parecendo um pouco cansativo por ficar apenas nisso, consegue agradar bastante no resultado final, só diria que daria para cortar pelo menos uns 15 a 20 minutos de cenas que não agregam tanto na trama, mas não atrapalha.

O longa acompanha Cassandre, uma comissária de bordo de uma companhia aérea doméstica que leva a rotina do trabalho do modo mais sereno possível e precisa camuflar seus sentimentos para executar suas demandas. Ao ser dispensada pela empresa, a jovem se vê obrigada a descartar antigos hábitos e lidar com o que a vida lhe preparou em seu retorno para casa, inclusive sua caótica vida pessoal.

Diria que os diretores e roteiristas Emmanuel Marre e Julie Lecoustre possivelmente já trabalharam em companhias aéreas ou pesquisaram tanto que facilmente hoje seriam contratados para a profissão, pois é notável tudo o que ocorre no filme, cada elemento está bem presente nos atos da trama, e principalmente souberam dar todas as nuances para a vida da personagem, ao ponto que vemos as desenvolturas da moça entre festas, entre romances rápidos de uma noite, seu trabalho completamente conectado à sua vida, e mesmo quando em casa a vemos dormindo, saindo e vivendo seus dias como únicos, sem apego à praticamente nada, o que é um grande reflexo que muitos costumam encarar por ser mais fácil. Ou seja, é um filme que se olharmos a fundo é bem simples, mas que tem uma vivência bem encaixada, envolve bem quem está conferindo e tem todo funcionamento bem resolvido, que não abre margens para erros, mas que também não tem como falhar, e assim acaba agradando bastante.

Sobre as atuações basicamente só tenho de falar que mais uma vez Adèle Exarchopoulos se preparou incrivelmente para o que precisava mostrar em cena, pois mesmo os diretores sabendo conduzir brilhantemente cada momento, ela deu para sua Cassandre toda a essência de uma jovem que sabe viver bem sua vida, ajustar seu tempo e dar as dinâmicas necessárias para que cada dia funcione, e ali realmente vemos uma comissária de bordo perfeitamente como a vemos sentados na poltrona do avião, e mais do que isso, vemos elas vivendo do outro lado e vendo os passageiros, então ela foi perfeita em todas as cenas e chama muita atenção em tudo. Quanto aos demais, temos vários personagens secundários que praticamente nem se entregam tanto na trama, então acaba valendo mais os atos finais junto do pai e da irmã da protagonista, em atos mais introspectivos que foram bem desenvolvidos por Alexandre Perrier e Mara Taquin, mas nada que chamasse muita atenção, e assim o filme ficou praticamente só de Adèle.

Visualmente o longa trabalha muitas cenas dentro de aviões, com muitas vendas de produtos (algo que não vemos muito por aqui, mas que achei interessante e até duro demais com as metas que as moças tem de cumprir), vemos treinamentos que elas têm de fazer para ter suas promoções, mesmo que continuem fazendo as mesmas coisas, mas sendo "chefes" das demais do voo, vemos várias festas em cidades diferentes, paisagens diferentes, e claro a sua casa com coisas ainda abandonadas desde que a mãe faleceu, toda a sintonia de sair com amigos que querem se apegar enquanto a protagonista apenas quer viver, e para fechar foi bacana olharmos uma Dubai diferente no meio da pandemia, com pessoas bem isoladas para assistir o show de águas todas cada uma no seu quadradinho, que torcemos para não voltar a precisar ser assim.

Enfim, é um filme com uma proposta bem direcionada, já que alguns podem nem se conectar tanto e achar algo meio que chato, mas que chama atenção tanto pela simplicidade quanto pela boa pesquisa da equipe, pois praticamente nos sentimos na pele das moças do voo por toda a exibição do longa, vemos suas vivências, desafios e cobranças, vemos e notamos seus sentimentos que precisam ser maquiados e escondidos para conseguir o emprego, e assim o resultado é bem bacana de ver, então recomendo o longa para todos verem a partir do dia 01 de dezembro nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Yaya e Lennie - The Walking Liberty

11/20/2022 11:55:00 PM |

É engraçado ver que até as animações italianas seguem uma ode contra o fascismo que tanto assombrou o país, e brincando de maneira séria, o longa "Yaya e Lennie - The Walking Liberty" trabalhou o sonho de liberdade, o não entendimento de algumas coisas, o desaparecimento de pessoas, os que são fãs do movimento e tudo mais com uma história até que leve de pegada, mas que trabalhou alguns atos tensos, algumas dinâmicas imponentes, e um design diferenciado na selva, com elementos abstratos e uma velocidade até que acelerada demais, ao ponto que chega até a dar um pouco de vertigem, mas que sabiamente diverte dentro de todo o apelo mais rígido, tendo os personagens revolucionários como os mais divertidos, os desesperados e sem preparo apenas achando tudo lindo, e até as vilas mistas que se perdem nas ideias, além dos lugares devastados, as famílias separadas e tudo mais. Ou seja, é um filme intenso, cheio de momentos controversos, que impactam de certa forma, mas que para uma animação tão bem desenhada poderiam ter trabalhado um pouco mais toda a história para que o filme fluísse melhor sem tantas alegorias e símbolos duplos.

A sinopse nos conta que após uma reviravolta misteriosa, o mundo como o conhecemos hoje acabou. A natureza recuperou o planeta com força e agora a selva cobre toda a terra. Dos escombros do mundo que foi, uma nova sociedade está tentando se reerguer. Estamos falando de "A Instituição", cujos seguidores tentam restaurar a ordem pré-estabelecida impondo seu conceito de lei aos povos livres da selva. Mas há quem se oponha veementemente ao seu processo de "civilização": os dissidentes preparam a sua revolução! Esta é a história de dois espíritos livres que querem encontrar seu lugar no mundo. Yaya, uma garota de caráter rude e espírito indomável e Lennie, um jovem com mais de dois metros de altura e que sofre de retardo mental. Unidos por um vínculo profundo, eles cuidam uns dos outros tentando que não lhes seja tirada a única riqueza que lhes resta verdadeiramente: a liberdade.

Diria que o estilo do diretor e roteirista Alessandro Rak foi bem determinante na proposta que passou em seu filme, pois ele que gosta de traços fortes deu vida ao seu filme com um ar bem dramático e cheio de nuances bem abertas, inteligentes e com uma diretriz política e social bem marcada ele conseguiu chamar bastante atenção para tudo, fez as situações serem interessantes de ver, e trabalhou ainda bons personagens com entregas clássicas e estilosas. Claro que é um filme que não explodiu tanto nas diretrizes mais duras do tema, mas passou tudo de um modo bem sutil e chamativo, aonde o diretor pode abusar do estilo e dar suas pinceladas sem ficar forçado, e isso acaba agradando tanto pelo tema, quanto pelo visual imponente, só poderia ser mais calmo no ritmo, pois alguns podem se perder na trama e acabar não entendendo nada.

Quanto dos personagens, diria que a jovem Yaya é meio exagerada, cheia de atos gritantes, mas que tem suas dinâmicas bem encaixadas e consegue chamar atenção, já o grandalhão Lennie entrega algo meio bobo, mas com desenvolturas bem trabalhadas na personalidade, o que acaba tendo uma certa estranheza num primeiro momento, mas depois acaba sendo interessante de ver. O militar André fica claro logo de cara o interesse da protagonista nele, e claro que a sensualidade ajuda a mostrar um pouco de tudo, mas sem dúvida o personagem mais divertido é o guerrilheiro Rospoleòn com suas ideias fortes e malucas. Os demais personagens apenas têm conexões, com leves chamarizes para o Capitão Lux, mas todos encaixados nas dinâmicas completas do filme, e claro bem desenhados também para dar as devidas nuances.

Visualmente o filme é bem colorido, com traços marcantes e emblemáticos, sendo uma mistura de 2D clássico com um 3D sem muita profundidade, mas que na velocidade acaba sendo bem representativo, com elementos tecnológicos mistos com elementos mais rústicos, uma selva gigantesca com casas espalhadas em pontos aleatórios, uma instituição cheia de indústria e muitos personagens trabalhando para movimentar a estrutura toda, e vilas espalhadas de personagens rebeldes que se recusam a ir para a instituição, ou seja, algo bem amplo com armas e fardas e tudo bem diferenciado do usual em uma animação, o que acaba chamando atenção.

Enfim, é um filme com uma proposta diferenciada que chama bastante atenção, que tem estilo, tem dinâmica, tem envolvimento e principalmente tem história para ser mostrada e refletida, de modo que muitos que derem o play no longa no Festival de Cinema Italiano podem nem se conectar tanto, mas que vale a intenção e todo o respeito pelo que fizeram, então fica a dica já que está gratuito até o dia 04/12. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Antes da Primavera (如果有一天我将会离开你) (Ru guo you yi tian wo jiang hui li kai ni) (Before Next Spring)

11/20/2022 05:27:00 PM |

Costumo dizer que embarcar em uma Mostra de filmes é poder principalmente ver as culturas de determinado país, conectar semelhanças e até entender um pouco das simbologias que um diretor tenta passar com seu filme, e no primeiro que escolhi ver da 7ª Mostra de Cinema Chinês, que pode ser conferida até dia 30 de novembro inteiramente de graça pela internet, foi o filme "Antes da Primavera", que mostra um jovem chinês que vai fazer intercâmbio no Japão e trabalhando num restaurante chinês se conecta com todos lá, passa a conhecer mais pessoas, e com isso vemos algo bem semelhante em nossa vida, que temos muito mais contato e carisma com pessoas que trabalham conosco do que realmente com nossa família, afinal passamos a maior parte do tempo no serviço, e no Japão isso é ainda maior, afinal muitos tem dois, três ou até quatro serviços no mesmo dia, aonde dividem experiências, carinhos, alimentos, e isso as vezes pode até passar dos limites, mas no filme tudo foi bem dimensionado para ser simples e bonito de ver. Ou seja, é uma trama sem grandes atos de ousadia, mas que reflete bem o mundo atual moderno e suas interações, anseios e até personalidades, que funciona e felizmente não cansa, mesmo não tendo grandes atos de impacto.

A sinopse nos conta que o estudante Li Xiaoli vai passar um ano no Japão como intercambista. Desajeitado, ele só encontra emprego num restaurante chinês graças à ajuda de uma colega. A gerente o recebe bem, outros funcionários nem tanto. A chegada de Li Xiaoli mexe com a vida de todo mundo. Quando chegar a primavera, uns vão ficar e outros vão partir, mas o que acontecerá com os laços recém-formados?

Diria que o diretor e roteirista Gen Li foi bem simples e direto em seu primeiro filme, de modo que vemos as relações dos jovens e velhos em outro país, vemos a importância das amizades e as devidas conexões bem encaixadas dentro do limiar que é um país oriental, também vemos a quantidade de trabalhos diferentes que muitos acabam se entregando para conseguir dinheiro num intercâmbio, mas a grande simbologia ficou mesmo nas relações afetivas entre funcionários que viram amigos, aqueles que se aproveitam um pouco mais, mas sempre com muito envolvimento e boas conexões. Ou seja, não é nenhum filme memorável, cheio de nuances e desenvolturas, mas tem sua simbologia bem encaixada, e uma direção segura para não deixar o longa sair do eixo que desejava.

Sobre as atuações, diria que todos foram muito bem no que passaram, sem grandiosas e chamativas interpretações, mas todos com boas representatividades dos seus anseios, como da dona do restaurante tentando curar um câncer para conseguir engravidar e ter seu visto definitivo, do rapaz que trabalha e rouba do pai bêbado para se vingar, dos velhinhos que mantém seus rituais de jantar mesmo sendo bem pobres e usando cupons para fazer algo diferente do que a comida de casa, e principalmente o protagonista simples que conecta todos com seu carisma meio que atrapalhado, mas que envolve e tem suas dinâmicas bem colocadas. Não botei os nomes de cada um, pois certamente iria errar, já que são nomes difíceis e nos créditos vem sempre os mil caracteres da linguagem deles, mas foram bem, e isso é o que importa.

Visualmente a trama também é bem simples e direta, com um restaurante bem pequeno, vários pratos interessantes, os esconderijos da polícia imigratória sendo comparado com um aquário de fundo aonde os peixes sabem que serão os próximos a ir para a panela, casas cubículos, passeios de bicicleta e claro os tradicionais karaokês para comemorar a virada de ano. Ou seja, tudo dentro do tradicional, que chama a atenção, mas não vai muito além.

Enfim, é um filme honesto de proposta, que tem bons momentos e chama a atenção pelos simbolismos colocados, não sendo algo muito grandioso, mas que funciona e emociona dentro do que é trabalhado na tela, então fica a dica para quem gosta de conhecer um pouco mais de outras culturas, afinal está de graça, e eu fico por aqui agora, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Milagre (The Wonder)

11/20/2022 01:32:00 AM |

Hoje com a tecnologia muitas vezes alguns supostos milagres ou coisas intrigantes que acontecem mundo afora são desmascarados mais rapidamente com câmeras de inspeção com coletas de elementos no local e tudo mais, porém no passado não havia tudo isso, então as pequenas cidades contratavam pessoas para vigiar e analisar os possíveis casos. Dessa forma vemos uma história bem intrigante de 1862, quando algumas garotas de cidades costumavam fazer grandiosos jejuns que a igreja da vila colocava como sendo um milagre, mas nessa cidadela irlandesa resolveram contratar uma enfermeira que não iria deixar passar tudo muito fácil, ou seja, vemos um filme intenso, com uma proposta ousada e cheia de tensão, que por vezes ficamos imaginando o que se passa na cabeça de uma família ou até mesmo de uma garotinha para fazer isso, e mais ainda na astúcia de uma mulher para também enganar a todos, e com isso temos o que alguns veem no ato, e também o que não veem, e a sacada do brinquedo que o jornalista dá para a garotinha é bem a forma ousada que o diretor/roteirista brinca com o público, e assim o filme mesmo sendo um pouco arrastado, envolve e se desenvolve.

A sinopse nos mostra que inspirado no fenômeno do século 19 das "garotas em jejum" e adaptado do aclamado romance de Emma Donoghue, na Irlanda de 1862, uma jovem para de comer, mas permanece milagrosamente viva e bem. A enfermeira inglesa Lib Wright é levada a essa pequena vila para observar Anna O'Donnell, de onze anos. Turistas e peregrinos se reúnem para testemunhar a menina que teria sobrevivido sem comida por meses. Nesse thriller psicológico, o grande mistério gira em torno dessa aldeia, que pode estar abrigando um santo - ou mistérios mais sinistros do que parecem.

O diretor e roteirista chileno Sebastián Lelio sempre teve muitos filmes emblemáticos em sua carreira, mas explodiu mesmo com "Uma Mulher Fantástica" em 2017, e seu nome é conhecido como o diretor de criar polêmicas em seus filmes não iria entregar algo fácil demais para a Netflix, de forma que seu filme começa e termina nos bastidores da produção, então não se assuste ao dar play e ver algo moderno, cheio de andaimes, num salão cinza quando colocou para ver um filme dos anos 1800, pois ali vai estar uma das grandes sacadas da trama, a outra é colocar de frente à uma comunidade religiosa, que talvez dê play no filme para ver algo milagroso que acredita em pessoas fazendo jejum há meses e não morreu, e ele coloca uma enfermeira cética com certos problemas pessoais para investigar tudo. Ou seja, é um filme com nuances duplas, aonde tanto a garota acredita no que está fazendo, quanto a enfermeira também tem sua própria ideia, e nós temos a nossa, que tudo foi um belo filme tenso e denso, que funciona por brincar com coisas bem impactantes, e o resultado embora alongado chama muita atenção, mostrando mais uma vez que o diretor tem seu estilo, e vai sempre causar algo!

Sobre as atuações, Florence Pugh mais uma vez entrega uma ótima personagem com sua Lib Wright, de modo que ela pega uma essência forte de mulher e impacta com nuances bem próprias de uma enfermeira que participou de uma guerra, que perdeu um bebê e um marido juntos, e que não vai acreditar que uma garota possa viver de luz, e esse seu ceticismo é brilhante em olhares, em trejeitos e nas dinâmicas que se joga, ao ponto de acharmos até que está maluca, mas ela vai e faz muito bem tudo. Tom Burke trabalhou bem seu jornalista Will Byrne, com um ar meio desconfiado, mas astuto ao ponto de chamar muita atenção e criar as devidas perspectivas para o papel, só faltando ir um pouco além em alguns trejeitos, mas agradou no que fez. A jovem Kíla Lord Cassidy deu nuances bem marcantes para sua Anna, mesmo doente aparentou ares felizes e expressivos, dialogou com muita imposição e chamou a responsabilidade em muitos atos para as câmeras, o que mostra um futuro bem promissor na carreira. Ainda tivemos bons momentos com Toby Jones como um médico meio diferente, Ciarán Hinds como o padre da vila, Josie Walker como uma freira que acompanha também a garota e muitos outros bons atores colocados com poucas cenas, mas sem dúvida vale destacar a mãe da garotinha vivida por Niamh Algar pelo estilo duro imposto na tela, e claro por ser a narradora em alguns momentos da trama.

Visualmente a trama é bem imponente, com um ar de uma vila bem estranha, figurinos pesados, uma casa bem isolada da vila, um quarto estranho com poucos elementos, um clima meio de terror com suspense em tudo o que as pessoas fazem, e muitos símbolos espalhados nos costumes e nos ambientes, ao ponto que a equipe de arte quis fazer mistério com tudo e conseguiu, retratando a medicina antiga com elementos bem estranhos e cores bem escuras que deram um tom ainda mais pesado para o longa.

Enfim, é um filme interessante e intrigante, mas que tem um ritmo lento demais, que poderia ter sido melhor trabalhado para causar mais do que fazer o público questionar, e assim o resultado certamente seria outro, mas de certa forma não foi algo ruim, nem cansou com a forma entregue, então se você gosta de filmes polêmicos esse é um bom exemplar para dar play, mas do contrário se não gosta de pensar muito é melhor procurar outro filme. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Nada é Por Acaso

11/19/2022 08:57:00 PM |

Costumo falar que alguns gêneros funcionam muito bem para o público, e como no Brasil muitos gostam de novelas e séries, aonde todo mundo é muito conectado e cidades com populações imensas como uma Curitiba praticamente seria impossível as pessoas ficarem se trombando por encarnações, mas não para o filme espírita "Nada é Por Acaso", aonde vemos duas histórias com quatro personagens bem conectados entre si, aonde um terapeuta descobre coisas sobre sua nova namorada com um paciente, e tudo mais, ou seja, o filme é bonito, bem trabalhado, com atuações interessantes, mas não dá para se convencer de tudo o que acontece, ao ponto que ficou parecendo uma novelona daquelas que você vê algo e fala: "nossa mas que facilidade de tudo se conectar". Diria que é daquelas tramas que poderiam ser mais amplas, trabalhar mais o sentimental e o envolvimento, que até agradam pela história completa em si, mas faltou um pouco mais para que acreditássemos em todas as conexões.

A sinopse nos conta que Marina volta de uma viagem com cinco milhões de reais em sua conta. Agora, ela só quer seguir em frente sem olhar para trás e encarar o que fez. Contudo, os encontros constantes entre Marina, Maria Eugênia, Henrique e o filho do casal, não podem ser apenas uma coincidência. As duas mulheres vão descobrir que estão unidas por um laço de amor e amizade que remontam a um passado distante na história do Brasil.

Em seu primeiro longa metragem depois de muitas séries e novelas, o diretor Márcio Trigo não conseguiu sair do estilão delas, pois mesmo não tendo lido o livro blockbuster de Zíbia Gaspareto imagino que daria para não fazer conexões tão rápidas com tudo como acabou acontecendo na trama, mas ao menos ele trabalhou bem a produção por completo com ambientes bem interessantes, teve uma fotografia bem bonita com nuances e desenvolvimentos chamativos, e felizmente seu elenco não soou artificial, pois a história daria para ficar um dramão mexicano de novela de emissora ruim, mas ele soube segurar a ideia toda e o resultado ficou como uma boa novela de emissora mais rica. Ou seja, é uma história que comove, que quem acredita em reencarnações sabe das possíveis conexões entre pessoas, mas que ficou meio exagerado tantas sub-conexões entre tantos personagens interligados, que não dá para imaginar sem pensar numa novela, que claro teve gente chorando emocionada no cinema (umas senhoras atrás de mim), teve pessoas saindo refletindo e comentando, mas no meu caso esperava um pouco mais de um livro tão famoso.

Sobre as atuações, acabei gostando de ver Giovanna Lancelotti bem segura com suas Marina e Sofia, de modo que a atriz fez trejeitos marcantes, dosou suas atitudes e até desenvolveu um certo ar de pessoa determinada, ou seja, foi a protagonista que o longa precisava. Da mesma forma Mika Guluzian trabalhou suas Maria Eugênia e Maria, porém dando já um estilo de insegurança mais forte para suas personagens, um ar meio desequilibrado e até dinâmicas mais fechadas, mas isso era o que o papel pedia, não parecendo erro da atriz, o que acabou chamando bem a atenção, e agradando de certa forma. Rafael Cardoso fez os famosos ares de terapeutas com seu Rafael, enchendo sempre as pessoas de perguntas, falando com muita calma e desenvolvendo bem suas atitudes, de forma que até passou um ar de galanteio em algumas conversas, mas foi bem certo no que precisava fazer também. Tiago Luz foi dos quatro protagonistas o que menos teve cenas, de modo que seu Henrique até tem alguns atos explosivos marcantes e acertados em cena, mas não foi muito além. Quanto aos demais, diria que cada um teve sua participação bem encaixada na trama, mas sem grandes chamarizes e envolvimentos, o que acaba pesando um pouco toda a responsabilidade nos quatro protagonistas, não valendo dar destaque  positivo para ninguém mais não, e negativo ficou um pouco para Fernando Alves Pinto com seu Pierre, pois ficou um francês falso demais para qualquer filme.

Visualmente o longa é bem bonito, com ambientes chiques e caros, com carrões importados para todos os lados, restaurantes de luxo, livrarias de luxo, mansões e tudo mais, parecendo que é um filme de classe altíssima, inclusive o centro espírita tem um visual bem trabalhado que parece ser de classe alta, ou seja, tudo bem imponente, mas que funcionou dentro da proposta, então está valendo.

Enfim, já vi muitos filmes espíritas melhores (inclusive acho que fui esperando demais desse e por isso enchi mais de reclamações do que de elogios), mas também já vi alguns bem piores, então posso dizer que o resultado é bom de história, mas mediano de envolvimento, não sendo daqueles que vamos lembrar por ter se emocionado com a entrega, mas sim daqueles que exageraram demais em tudo. E é isso meus amigos, digo que recomendo ele com muito mais ressalvas do que elogios, então fica a dica somente para quem seguir a doutrina espírita que aí pode ser que acreditem mais nas conexões exageradas do filme, e assim eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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