Muitas vezes quando estamos refletindo sobre a morte, qual legado iremos deixar, se as pessoas irão se lembrar que um dia você existiu e fez algo de bom (ou de ruim), raramente paramos para pensar como ficarão nossos amigos de pelos, afinal esses sim sentirão muito a nossa falta, ficarão esperando chegarmos na porta para abanar o rabo ou pular em cima de nós, e claro das coisas que gostavam de fazer, como no caso do filme, a leitura diária para ele, ouvir a voz em tons diferenciados que lhe proporcionava um conforto emocional. E usando dessa base aonde um cachorro gigantesco é deixado de "herança" para uma ex-mulher/amiga, o longa "O Amigo" chega para locação nas principais plataformas de streaming com uma trama bonita do tratamento do luto, de como um suporte emocional como um animal pode diminuir ou aumentar essa essência, e que de uma forma gostosa e bonita de ver acaba sendo colocado em pauta as permissões ou não de alguns animais em lugares públicos e apartamentos. Ou seja, é um filme sutil e bem trabalhado, aonde o elenco principal soube usar a essência como um todo e acaba agradando com a entrega completa.
A sinopse nos conta que a romancista e professora de escrita criativa Iris vê sua vida confortável e solitária em Nova York ser desorganizada depois que seu melhor amigo e mentor comete suicídio e lhe deixa seu amado Dogue Alemão. O animal majestoso, porém intratável, chamado Apollo, imediatamente cria problemas para Iris, desde a destruição de móveis a avisos de despejo, além de problemas mais existenciais, com sua presença iminente lembrando-a constantemente da escolha do amigo de tirar a própria vida. No entanto, à medida que Iris se vê inesperadamente ligada ao animal, ela começa a se reconciliar com seu passado, seu amigo perdido e sua própria vida interior criativa.
Leia Mais
A sinopse nos conta que a romancista e professora de escrita criativa Iris vê sua vida confortável e solitária em Nova York ser desorganizada depois que seu melhor amigo e mentor comete suicídio e lhe deixa seu amado Dogue Alemão. O animal majestoso, porém intratável, chamado Apollo, imediatamente cria problemas para Iris, desde a destruição de móveis a avisos de despejo, além de problemas mais existenciais, com sua presença iminente lembrando-a constantemente da escolha do amigo de tirar a própria vida. No entanto, à medida que Iris se vê inesperadamente ligada ao animal, ela começa a se reconciliar com seu passado, seu amigo perdido e sua própria vida interior criativa.
Diria que os diretores e roteiristas Scott McGhee e David Siegel foram bem sintéticos para que o livro da vida real de Sigrid Nunez ficasse marcante sem soar cansativo na tela, de modo que a essência do luto, da amizade, e claro do afeto para com os animais fossem bem diretos e envolventes, pois dava para o longa ir por diversos lados, dava para ser mais seco de atitudes, dava para virar algo cheio de conflitos interiores, e também dava para ser uma comédia bagunçada e cheia de traquejos bobos na tela, porém souberam dosar um pouco de tudo e criar algo que envolvesse e emocionasse na medida, ao mesmo tempo que divertisse com toda a entrega dos personagens. Ou seja, é um filme aonde os diretores nos colocam numa situação que certamente já pensamos outras vezes, mas que viver na prática acaba sendo impensável e nesse sentido o longa pesa bastante na tela.
Quanto das atuações, Naomi Watts já trabalhou com diversos animais na tela, e sempre soube passar muito de sua essência de vida para seus personagens, ao ponto que consegue convencer o espectador daquilo que está sentindo, e aqui sua Iris tem personalidade, tem paixão e também cria a desenvoltura total para envolver de modo fácil, ou seja, brilha sem precisar se expandir ou forçar na tela, o que é bonito de se ver. É engraçado falar das atuações animais, mas o cachorrão Bing trabalhou seu Apollo com tanta personalidade, cheio de facetas expressivas marcantes e com uma postura tão bem trabalhada que certamente seu treinador ficou muito orgulhoso de conferir ele na tela. Bill Murray tem sempre uma boa pegada em papeis dramáticos, pois ele entrega dinâmicas mais tristes e sombrias no que faz, mas também sabe passar bem a imposição quando precisa, de modo que aqui seu Walter aparece pouco, mas quando vem, entra com tudo. Ainda tivemos outros bons momentos com as atrizes Sarah Pidgeon com sua Val, Ann Dowd com sua Marjorie e Constance Wu com sua Tuesday, mas sem dúvida quem dentre os secundários pode brincar um pouco mais na tela foi Josh Pais como o zelador do prédio da protagonista.
Visualmente a trama mostrou alguns momentos fúnebres como o velório do escritor, e o momento de jogar as cinzas de um barco, teve muitos atos no apartamento minúsculo da protagonista, e algumas cenas em ruas, parques, e também no consultório do psiquiatra, além de um belo jantar de amigos aonde vemos o protagonista contando como achou o cachorrão, e claro que toda a dinâmica dos elementos cênicos como a camisa do protagonista que o cachorro sempre carrega para sentir seu cheiro, dentre outros bons elos na casa acabaram mostrando a situação íntegra da trama que a equipe de arte conseguiu trabalhar.
Enfim, é um filme gostoso e interessante de ver na tela, que traz uma boa reflexão e ainda consegue envolver, mesmo trabalhando um tema complexo, ou seja, vale a recomendação para todos, mesmo sendo a base o tradicional clichê do estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.