Retrospectiva 2020

12/31/2020 05:14:00 PM |

Como tradicionalmente acontece no último dia do ano venho aqui falar dos melhores filmes que acabei conferindo nele, e nesse ano maluco que foi dirigido por todos os diretores possíveis de filmes de catástrofe ficamos sem cinema durante mais da metade do ano, e como resultado acabamos vendo bem mais longas no streaming do que nas salas escuras, o que de certo modo não foi de todo ruim, pois vi filmes que certamente no cinema viraria a cara e talvez nem assistisse (apesar que ainda mantenho minha regra que se estrear nos cinemas da cidade, eu vejo). Ou seja, foi um ano bem atípico com longas bem diferentes e assim sendo não dei tantas notas altas por estranhar muitos resultados.

Como todos sabem, gosto muito de números, mas esse ano não pretendo falar muitas coisas, pois mesmo conferindo 320 longas (81 no cinema, 188 na Netflix, 29 na Amazon Prime, 10 no Looke, 4 via aluguel VOD, 7 no Sesc Digital e 1 no Disney+), diria que não tive grandes momentos de empolgação como costuma acontecer nas sessões tradicionais, tendo uma ou outra surpresa, mas tudo dentro dos conformes, afinal a nota média ficou em 6,52. Dito isso, tenho muita certeza que os melhores meus não baterão com muitos outros críticos da internet, afinal como sempre digo, cada um tem seu estilo preferido.

Nesse ano dei nota máxima apenas para dois filmes, e sendo assim posso dizer que foram as duas melhores surpresas do ano e que recomendo muito:

Mas nem por isso não recomendaria todos os 28 longas que dei nota 9, pois rasparam a trave e tirei um ponto por qualquer leve besteirinha, dentre os quais destaco os 10 melhores dentre eles:

E como costumo falar tenho de pontuar também os destaques negativos do ano, e falo mais uma vez, passe bem longe dessas cinco bombas:

Enfim, poderia me estender falando das melhores atuações, de melhores trilhas, de tudo mais, mas acabaria alongando demais o texto, e não é o momento para isso. Então desejo para todos uma ótima virada de ano, e que 2021 seja repleto de bons filmes nas diversas plataformas possíveis, e que claro, possamos a voltar a nos encontrar nos cinemas com mais frequência, conforme cada um se sentir seguro para ir, e com muita qualidade, pois é assim que afirmo ser a melhor forma de ver um bom filme: numa grande tela, e claro com bons amigos acompanhando.

Esse é o desejo desse Coelho, e volto em 2021 com muito mais textos para todos! Abraços e até logo mais!
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Amazon Prime Video - O Amor de Sylvie (Sylvie's Love)

12/31/2020 01:56:00 AM |

Confesso que hoje ao mesmo tempo que estava sem ânimo algum para ver um filme, também queria ver algo diferente do usual, pois vendo a maioria dos filmes nesse ano em casa acabei vendo um pouco de tudo, mas certamente o que menos dei play foram os romances (não digo comédias românticas, mas sim os tradicionais e apaixonados romances com pitadas de dramaticidade para ter um bom clima), e ao abrir o aplicativo da Amazon Prime Video estava lá a sugestão do lançamento "O Amor de Sylvie", então resolvi conferir, e acabei bem cativado pela proposta, sendo ao mesmo tempo um bom longa de época e uma história envolvente, que chega a raspar a trave de virar algo novelesco, mas que encaixou bem no estilo, mostrou bem a tradicional vida de músico que sonha em crescer musicalmente, mas raramente consegue, e principalmente trabalhou bem o carisma do verdadeiro amor quando ambos se conectam por algo comum, além claro de trabalhar bem as dinâmicas racistas dos anos 50/60 meio que em segundo plano. Ou seja, não diria que seja daqueles filmes que os olhos brilham de tanta doçura na tela, mas é um filme bem bonito, muito bem atuado, e que acaba envolvendo tanto pela história bem executada, quanto pela ótima trilha sonora que acompanha ele do começo ao fim, valendo bem a conferida.

O longa nos mostra que o jazz é suave e o ar abafado no quente verão da Nova York de 1957. Robert, um saxofonista, passa altas noites tocando atrás de um líder de banda menos talentoso, mas conhecido, como membro de um quarteto de jazz. Sylvie, que sonha em fazer carreira na televisão, passa os dias de verão ajudando na loja de discos do pai, enquanto espera o retorno do noivo da guerra. Quando Robert aceita um emprego de meio período na loja de discos, os dois começam uma amizade que desperta em cada um deles uma paixão diferente de tudo que eles já sentiram antes. À medida que o verão chega ao fim, a vida os leva em diferentes direções, encerrando seu relacionamento. Os anos passam, a carreira de Sylvie como produtora de TV floresce, enquanto Robert tem que entender o que a era da Motown está fazendo com a popularidade do jazz. Em um encontro casual, Sylvie e Robert se cruzam novamente, apenas para descobrir que, embora suas vidas tenham mudado, seus sentimentos um pelo outro permanecem os mesmos. 

O diretor e roteirista Eugene Ashe conseguiu brincar bastante combinando romance e música em sua história, além de desenvolver bem as mudanças de tempo que rolaram nesses anos da História, e assim soube trabalhar de forma que seu filme ficasse além de interessante bem coerente e gostoso, pois tinha tudo para ser uma trama extremamente cansativa e arrastada, mas ao colocar toda a dramaticidade em cima das mudanças musicais, e das combinações preconceituosas que existiam na época, seu filme teve algo a mais além do simples romance, e não que isso tenha ficado em segundo plano, mas o amor aqui transcreveu formatos e acabou sendo envolvente em cima do verdadeiro preço do amor, e contando com boas dinâmicas em cima dos protagonistas cada ato soou bonito sem precisar ficar meloso, ou seja, um grande acerto nas mãos do jovem diretor que escolheu não focar tanto em paradigmas, não seguiu tanto a linha clichê que o estilo pede, e assim trabalhou bem demais com tudo.

Sobre as atuações, mais uma vez Tessa Thompson mostrou estilo e carisma para uma personagem, e o melhor, sem precisar sensualizar como anda acontecendo com muitas artistas, ao ponto que sua Sylvie é a clássica jovem da época que acabava se comprometendo com algum homem endinheirado, e que depois acabava se apaixonando por alguém que suas ideias amorosas batiam, e com muita doçura no olhar, mas muita vontade de tudo a atriz deu o tom para belas cenas, se mostrou direta ao se portar como uma boa assistente de produção na TV da época e agradou bastante com tudo o que fez. Nnamdi Asomugha não é muito conhecido como ator, porém já produziu diversos dramas de época envolvendo a cultura negra, e aqui ele foi sutil com olhares bem envolventes para seu Robert, e sem oscilar na personalidade deu um bom tom para seus atos, sendo simples e bem coerente para agradar sem forçar. O mais engraçado é que tivemos boas atuações nos papeis secundários da trama, ao ponto que raspou a trave do filme virar uma novela se acabassem desenvolvendo mais eles, pois foram tipos clássicos bem interessantes de ver, ou seja, se quiserem dá para brincar com uma série fácil da época usando a base do filme, e assim veríamos um pouco mais de Wendy McLendon-Covey mostrando as mulheres apresentadoras de programas culinários que eram completamente engessadas pela censura, mas que tinham muitas facetas para que os programas agradassem, veríamos mais das bandas e seus empresários malucos que mudaram o rumo de muitas carreiras como foi o caso da ricaça condessa vivida por Jemima Kirke, além claro da convivência dos membros das bandas com líderes que nem eram tão talentosos como acabou sendo vivido aqui por Tone Bell com seu Dickie, sem esquecer dos negros que ignoravam tudo o que sofriam por bons contratos com brancos para enganar as empresas anti-racismo como vemos aqui com Alano Miller e seu Lacy, mas tirando esses detalhes, os destaques do filme ficaram para as poucas cenas de Lance Reddick com seu Jay, e claro, Aja Naomi King com sua carismática Mona.

Visualmente o diretor e a equipe foram espertos demais, pois usaram muito material de arquivo nas cenas externas para não precisar ficar recriando cidades, tendo ambientes prontos para cada momento chave ser bem simples com alguns carros da época nas ruas, e assim ganhando estilo e economizando, mas foram ainda muito bem coerentes com figurinos clássicos, objetos cênicos para todos os lados, e muita classe nos shows e bailes para tudo ter um envolvimento e ainda assim agradar bastante, ou seja, é um filme de época cheio de pompa que agrada e funciona demais.

Como disse no começo um grande ponto positivo do filme ficou a cargo da escolha de trilha sonora, que envolve demais, dá ritmo para a trama, e ainda contextualiza bem a época, ou seja, vale demais ouvir ela seja durante o filme, ou depois apenas para curtir, e claro que deixo aqui o link.

Enfim, não é uma obra de arte brilhante, como disse teve muitas possibilidades de acabar saindo pela tangente e virar uma série/novela, porém funcionou com muita classe e o resultado é um bom romance agradável e leve que envolve bastante e não força tanto para os lados cômicos ou dramáticos que tanto anda acontecendo com a maioria dos filmes, ou seja, vale a recomendação para conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com uma rápida retrospectiva desse ano maluco, então abraços e até logo mais.


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Disney+ - Soul

12/27/2020 08:35:00 PM |

Se existe uma companhia que sabe fazer animações envolventes é a Pixar, pois procura colocar em suas dinâmicas histórias comoventes, com um sentido a mais do que apenas uma história animada, e principalmente sabendo envolver tanto os pequenos quanto os mais velhos, de forma que já há um bom tempo conseguiram mudou o conceito de que animações é filme para criança. Porém mesmo sendo um belíssimo filme, "Soul" tem mais características para prender adultos do que crianças, de modo que os pais que derem play para os filhos no Disney+ nem verão tanto seus pequenos entretidos com a história, de modo que se "Divertida Mente" já tinha dado uma leve puxada para o ar adulto, aqui quase não vemos piadinhas bobas ou personagens carismáticos para prender a atenção dos menores, e isso não é algo ruim, é apenas uma constatação que talvez exageraram em tentar mostrar o famoso viver bem a vida, ter novas chances, conhecer um pouco mais do pós/pré-vida usando um pouco a base do espiritismo que esqueceram do que realmente sempre foram bons, que é criar um carisma divertido para que todos sem exceção se encaixassem em seus filmes, se emocionassem com as situações e assim fluísse bem com tudo. Ou seja, não estou dizendo que é um filme ruim, muito pelo contrário, tendo boas sacadas, um visual incrível como sempre, dinâmicas bem coesas e envolventes, mas faltou apertar um pouco mais para emocionar realmente os adultos, e divertir com um bom carisma e personagens bobinhos para pegar os pequeninos, e assim sendo posso dizer que o filme foi supervalorizado demais.

O longa nos questiona se você já se perguntou de onde vêm sua paixão, seus sonhos e seus interesses? O que é que faz de você... VOCÊ? A Pixar Animation Studios nos leva a uma jornada pelas ruas da cidade de Nova York e aos reinos cósmicos para descobrir respostas às perguntas mais importantes da vida.

Como bem sabemos o estilo de direção de Pete Docter é mais introspectivo, com filmes bem presos em situações que nos fazem pensar, e isso já tinha sido notado em "Up - Altas Aventuras", mas ficando bem claro em "Divertida Mente", só que em ambos os casos tínhamos personagens bem carismáticos e subtramas engraçadas que faziam os pequenos se conectarem também, enquanto aqui ele já puxou totalmente para algo bem direto e instintivo que vai fazer muitos refletirem sobre tudo o que já fizeram e desejam fazer na vida, ao ponto que até rimos um pouco das situações que a personagem 22 nos entrega, dos seus antigos mentores, e claro do que acaba fazendo no corpo de Joe, mas não chegamos a nos conectar com nenhum personagem, nem emocionar com o que acabam fazendo, e isso é uma falha grandíssima de um longa da Pixar, pois ficou parecendo que a trama não teve sentimento, e sim apenas um estilo de vida que precisamos aprender a ter. Ou seja, temos sim uma boa história, uma boa vivência e tudo mais, mas em quesito de uma animação realmente empolgante e emocionante faltou muito para acontecer.
 
Quanto dos personagens, temos Joe bem disposto a conseguir voltar para sua vida, com um visual bem bacana, clássico dos amantes de jazz, cheio de estilo, e que quando conseguiu finalmente entrar em uma banda de seu sonho, acaba caindo em um buraco e morrendo, ou seja, é o tradicional azarado em tudo, que Jamie Foxx deu uma boa personalidade, e cativou bem o personagem com um bom estilo na voz. 22 é daquelas almas que não quer nada e só quer curtir ali onde está, tendo consciência de todos os problemas da Terra pelos mentores que teve, e não querendo ir enfrentar o mundão aqui, além de não conseguir ver seu propósito, e acertaram a mão ao escolher Tina Fey para dublar a personagem por justamente ela ser uma atriz de alma livre, porém faltou um pouco mais do seu tino cômico para que a personagem explodisse mais, e aí sim o filme deslancharia melhor. O longa em si é bem focado nos dois, mas vemos ainda boas personalidades na mãe do protagonista, na alma hippie do bicho-grilo como chamaram um pescador de almas, e até mesmo os Zés (ou Jerrys em inglês) tiveram um bom tom, além do contador de almas Terry, que sei que alguns críticos irão polemizar e filosofar sobre cada personagem, mas como cinema faltaram um pouco.

Quanto ao visual, como todo bom filme da companhia, tivemos um ambiente bem desenvolvido, com uma Nova York super lotada, cheia de personagens diferentes e lugares incríveis por onde os personagens passarão na Terra, como um bar de jazz, uma barbearia, uma pizzaria, uma loja de conserto de roupas, além claro do apartamento do protagonista e a escola aonde o protagonista dá aula de música para a banda comunitária, já no ambiente espiritual tivemos boas cenas com as almas aprendendo suas personalidades, as almas-perdidas, e claro um pescador de almas completamente malucão, ou seja, muitas cores fortes para as cenas mais tensas, e pasteis para os ambientes de luz, aonde tudo bem mesclado deu um tom funcional, além claro da representatividade negra chamando a atenção em uma animação. Sendo assim temos um estilo bem pautado, funcional e que acaba agradando bastante.

Enfim, é um bom filme, que agrada bastante pela história mostrada, mas que faltou muito para emocionar e envolver como esperávamos acontecer, e que principalmente pelo tanto que acabaram falando dele, fomos com sede demais ao pote, não encontrando tanto para se envolver. Ou seja, até recomendo o longa para quem tiver com o streaming ativado, mas não vá esperando um dos grandes filmes da Pixar, pois a chance de se decepcionar é bem grande, mas como já disse não é um filme ruim, apenas não é algo que se impressione muito.

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Netflix - Pequenos Grandes Heróis (We Can Be Heroes)

12/27/2020 12:56:00 AM |

Certamente você não verá falando que o longa da Netflix, "Pequenos Grandes Heróis", é a melhor opção para se conferir, porém certamente passa bem longe de ser uma bomba como imaginava só de ver o pôster, pois trama envolvendo crianças, super-heróis estranhos, e ainda ter na sinopse algo como uma continuação indireta de Sharkboy e Lavagirl é algo no mínimo preparado para uma grande fuga. Mas como costumo dizer, se não assistirmos não podemos opinar, então resolvi dar a chance para o longa, e até me surpreendi com alguns estilos das mensagens de união, boas sacadas com poderes, e principalmente por funcionar de maneira bem irônica com as personalidades de cada um, de modo que o filme é completamente apelativo e exagerado como todo longa de Robert Rodriguez, mas souberam dosar os atos e fazer funcionar principalmente para a criançada que deverá curtir alguns momentos e sacar um pouco antes as surpresas que acabam ocorrendo. Ou seja, não vou dizer que você saia correndo e dê o play no filme, mas quem estiver com medo de ser uma bomba imensa e nem passar perto pode ficar tranquilo que certamente você já viu muita coisa pior no streaming.

A sinopse nos conta que quando invasores alienígenas sequestram os super-heróis da Terra, seus filhos são levados para uma casa segura do governo. Mas a esperta adolescente Missy Moreno não vai parar por nada para resgatar seu pai super-herói, Marcus Moreno. Missy se junta ao resto dos superkids para escapar de sua misteriosa babá do governo, a Sra. Granada. Se eles vão salvar seus pais, eles terão que trabalhar juntos usando seus poderes individuais - da elasticidade ao controle do tempo e prever o futuro - e formar uma equipe de outro mundo.

O mais engraçado de tudo é que praticamente todos os fãs do filme "As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl" de 2005 sempre sonharam com uma continuação, e o pior ainda é que a maioria adorava os efeitos toscos da produção, então o diretor Robert Rodriguez (que também dirigiu o original) preferiu não apenas trazer de volta seus personagens, como criar algo maior para a produção, com mais desenvoltura, colocando muitos outros personagens heroicos, e criando um bom motivo para a junção com mensagens bacanas e bem colocadas, ou seja, temos aqui efeitos bizarríssimos, situações completamente insanas, e claro lutas bobas, mas tudo bem encaixado para funcionar dentro da história. Ou seja, é um filme que talvez alguns vão odiar só pela proposta, e nem irão dar o play, outros irão cansar com o começo meio bagunçado e enrolado de apresentações, mas quem sobreviver a essa parte irá curtir o andamento geral, e principalmente os momentos finais bem conjuntos que funcionam e agradam bastante.

Sobre as atuações, basicamente temos como protagonista mesmo da trama a jovem YaYa Gosselin que tenta segurar o andar da trama com sua Missy tentando liderar os jovens heróis sem ter nenhum poder, e ela sendo um pouco insegura também como a personagem, o resultado fica levemente amarrado nas ajudas dos demais personagens, ou seja, talvez para o papel alguém mais imponente chamaria mais atenção. E falando em atenção praticamente os olhos se vertem totalmente para a filha de Sharkboy e Lavagirl, Guppy, que com um carisma fora do padrão vivida pela pequenina Vivien Lyra Blair acabamos envolvidos demais com cada momento seu, até torcemos por mais cenas suas, pois a jovem soube dosar estilo, movimentos, e claro envolver a todos com seus atos. Priyanka Chopra Jonas trabalhou bem a sua Sra. Granada, com olhares meio que bobos e atitudes clássicas que sabemos sempre no que vai dar e apenas ficamos esperando, mas não chega a ser apelativo seus atos, e o resultado acaba agradando. Quanto aos demais, diria que todos os jovens foram bem no que fizeram, uns aparecendo mais, outros menos, mas dá para ficar bravo com as cenas lentas do jovem Dylan Henry Lau, e com a soberba de Nathan Blair, mas tudo bem sutil que acaba funcionando com as personalidades dos superkids, agora os pais foram exagerados demais, e que junto de figurinos forçados acabou ficando ainda pior, então era melhor ter trabalhado tudo um pouco mais para não forçar tanto a barra, ao ponto que até Pedro Pascal acabou ficando escondido na produção.

Visualmente a trama tem muitas cores, muitas cenas com poderes bizarros (como o garoto que estica o pescoço e braços, a garota que canta e faz as coisas e pessoas voarem, os gêmeos que retrocedem e aceleram o tempo), e claro os alienígenas com tentáculos que atacam de inúmeras formas, mas tirando esses detalhes estranhamente mal feitos, o filme tem até uma certa grandiosidade de estilo, com muitos elementos amplos, ambientes cheios de luzes e modelagens, e que chega a passar até uma certa tridimensionalidade, ou seja, o filme traz as características do original de 2005 evoluídas, mas sem tirar o exagero característico. 

Enfim, é um filme que confesso que fui conferir já preparado para odiar, que tem tudo o que pode dar errado em uma trama: crianças, muitos efeitos, aliens e super-heróis, e que de tão bizarro acaba sendo divertido e interessante. Ou seja, tirando a demora no começo para apresentar todos os muitos personagens, o resultado final funciona, e quem gostar de uma composição bem maluca pode ver e se divertir, mas não espere nada além de um filme infantil de super-heróis, pois senão a chance de odiar é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky)

12/24/2020 01:40:00 AM |

Quando vamos ver um bom drama ficcional queremos surpresas, intensidade e principalmente muita emoção durante a execução da história, ao ponto que quando ocorre o clímax da trama tudo faça muito sentido e nos envolva demais, então diria que esse é o mínimo que esperava ver do novo longa da Netflix, "O Céu da Meia-Noite", que até trabalha bem toda a ideia de buscar um novo planeta para vivermos enquanto as coisas aqui pioraram tanto que nem dá mais para sobreviver. Porém o grande problema do filme ficou em termos duas histórias tão separadas (que já imaginávamos alguma conexão final) que não se desenrolam tanto, de forma que ficamos o longa inteiro esperando um algo mais e não acontece, até chegarmos nos 20 minutos finais que resolvem colocar tudo para jogo. Ou seja, é um filme bonito, que até chega a envolver pelo tema espacial, mas que não atinge nenhum grande ápice, mesmo com cenas bem feitas e imponentes, resultando em algo enrolado e alongado demais que não chega a ser ruim, porém não empolga, e nem emociona, cansando levemente quem não estiver preparado.

A trama pós-apocalíptica acompanha a jornada de Augustine, um cientista solitário no Ártico que tenta impedir que Sully e sua equipe de astronautas retornem para a Terra após uma misteriosa catástrofe global.

Acho que já falei isso outra vez, e volto a frisar que George Clooney como diretor é daqueles que quer mostrar até mais do sua trama possui e acaba errando ao exagerar demais, de forma que usando como base o livro de Lily Brooks-Dalton, "Good Morning, Midnight", ele nos apresentou praticamente duas histórias, uma de um homem tentando sobreviver num Ártico abandonado, junto de uma garotinha para chegar até uma torre de comunicação abandonada numa Terra destruída, e a segunda de um grupo de astronautas tentando voltar para a Terra (sem saber que ela foi destruída) após chegar num possível e maravilhoso novo planeta. E claro que em ambas as histórias diversos problemas ocorrendo, muita ação e desenvoltura, cenas belíssimas e muito bem planejadas para envolver, porém ao não conectar logo de cara tudo, nem dar um sentimento a mais para que tudo estivesse ocorrendo, o filme fica enroscado demais, e não flui de forma alguma, de maneira que no miolo já não estamos mais nem interessados no homem na Terra, nem nos astronautas, e mesmo os dois ápices de cada história sendo bem fortes, nada faz com que o filme seja sutil e inteligente. Ou seja, volto a frisar que não é algo ruim de ver, mas não chega a lugar algum, e acabou sendo daqueles que até vamos esquecer que o diretor fez e atuou, mostrando uma certa falha de escolhas na montagem.

Já falando sobre as atuações, vemos que Clooney está bem velho, e aqui seu Augustine tem uma personalidade bem impactante, com olhares dispersos, uma desenvoltura mais centrada e dura, além de vermos que já está variando com a doença e com a bebida, ao ponto que funciona bem o papel, mas entrega pouco, já sua versão jovem vivida por Ethan Peck não disse a que veio, sendo quase um enfeite. Felicity Jones deu uma boa serenidade para sua Sully, mostrando um ar doce e interessante para sua astronauta, e trabalhando bem pouco os olhares, mas sabendo dosar os momentos junto com os demais da nave. E falando neles, David Oyelowo foi simples demais como um capitão de nave com seu Adewole, não se impondo muito, e até mesmo Kyle Chandler e Demián Bichir com seus Mitchell e Sanchez se mostraram mais fortes na missão, parecendo que a nave estava meio a deriva de bons personagens, e apenas navegando no espaço, ao ponto que as cenas com Tiffany Boone com sua Maya acabaram mais chamativas que a de todos juntos, e olha que foram poucas as dela. A garotinha Caoilinn Springall foi de uma graciosidade com sua Iris, que mesmo não dizendo uma palavra (ou melhor, só fala algo bem rápido em um sonho) se entregou maravilhosamente e encantou demais com tudo, de forma que poderiam ter usado até mais ela. Ou seja, temos um elenco até que bem encontrado, mas as cenas foram tão mornas que nenhum se destacou.

Visualmente a trama se recupera da falha de montagem, direção e roteiro, pois temos cenas belíssimas no espaço, com muita movimentação fora da nave, com ambientes incríveis no planeta explorado rapidamente no começo do longa, temos um Ártico monstruoso jogando neve e gelo aos montes para cima do protagonista, temos muitos elementos cênicos importantes como a máquina de hemodiálise, e claro os dois laboratórios bem explorados, cheios de equipamentos de ponta para que o protagonista pudesse usar e abusar de tudo. Ou seja, temos um filme com muito conteúdo cênico, mas que não souberam desenvolver e usar tudo ao favor da trama, de modo que o filme até chama atenção, mas não agrada bem.

Enfim, diria que recomendo a trama apenas pelo visual, e que talvez se forem conferir esperando nada do longa é capaz que goste um pouco mais do que verá na tela, pois volto a dizer que não é um filme ruim, só não foi explosivo como uma boa ficção deveria ser, nem dramático demais como um bom drama acabaria resultando, e sendo assim posso dizer que eu particularmente não gostei muito e esperava bem mais de algo do porte do Clooney, mas fica a dica que talvez alguém veja a trama com outros olhos e se empolgue mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Netflix - Destemida (Jak Zostac Gwiazda) (Fierce)

12/22/2020 12:20:00 AM |

Sim, esse que vos escreve sempre gostou de programas de talentos de outros países (e sim, no Brasil os jurados forçam mais para aparecer que os candidatos, então eu fujo), e a ideia do longa polonês da Netflix, "Destemida", pareceu bem interessante ao trabalhar com um concurso musical, um drama familiar interessante, e claro alguns atos cômicos meio bobinhos, que ao juntar tudo até consegue divertir e entreter mesmo que saibamos exatamente o que vai acontecer em quase todos os momentos da trama (tirando um desfecho bem imponente próximo ao final que não estava esperando de forma alguma, mas que funcionou bem). Ou seja, é um filme simples que serve como um passatempo na tela da TV, que não vai fazer você pensar nem refletir em nada, mas que é divertido pela ideia, e agrada pelas músicas escolhidas para a protagonista cantar, então se está com tempo, dê o play.

A sinopse nos conta que talento e paixão pela música podem levar alguém ao topo. No caminho, porém, haverá armadilhas do showbiz. Há dinheiro, fama e fãs envolvidos. Uma jovem será capaz de lutar por seus sonhos neste mundo sem barreiras onde a fama é tão evasiva? Um polêmico show de talentos chamado "Corrida Musical" continua procurando cantores talentosos em todo o país. A decisão sobre quem iniciará a carreira e quem tomará um banho frio fica sempre com os três jurados: um cantor outrora popular, Olo, a rainha das redes sociais, Ewa e a dama do jazz polonês, Urszula Dudziak. Durante uma audição realizada na cidade natal de Olo, houve uma confusão. A pessoa que começa é "Ostra". A adolescente rebelde está indignada com o comportamento arrogante e desdenhoso do jurado em relação à mãe. O pequeno escândalo agrada ao produtor do show, que empurra "Ostra" para a próxima fase. Lá, vai descobrir que a garota não tem apenas um temperamento explosivo, mas também uma ótima voz. O sucesso, porém, tem um preço. Ser popular não é tão agradável quanto muitas pessoas pensam. Nossa heroina adolescente terá que enfrentar um teste genuíno de integridade e caráter. A jovem estrela está prestes a enfrentar sua competição no palco, o mundo implacável do show business e, o mais importante, seus próprios sentimentos.

Não diria que o trabalho da diretora Anna Wieczur seja algo excepcional, pois ela praticamente ambientou um show de talentos com uma história mais fluída, e assim o resultado até chega a acontecer e funcionar, mas não é nada que nossos olhares vá muito além, nem algo que vamos lembrar daqui a alguns dias que vimos, e sendo assim o resultado até empolga em alguns atos pela boa trilha sonora escolhida (que aparentemente não é cantada pelos protagonistas reais, ao menos não identificaram nos créditos) e pelas dinâmicas interessantes de ver, mas faltou um pouco a mais de imposição e personalidade para que o filme não fosse só um episódio cênico de um reality musical. Ou seja, talvez um pouco mais de dramaticidade e realismo nos momentos de cada um dos personagens agradaria mais, não precisando forçar tanto com os protagonistas, e ainda mais com os secundários.

Sobre as atuações, a jovem Katarzyna Sawczuk até foi bem destemida como o título nacional acabou colocando, trabalhando bem olhares imponentes e se entregando bem na mudança de personalidade, mas assim como todo filme de mudança, o resultado ficou simples demais de acreditar, e assim sendo faltou um pouco mais de força para seus atos. Maciej Zakoscielny também foi bem chamativo com seu Olo, ao ponto que tentaram algo meio Simon Cowell dos programas musicais americanos e britânicos, mas com um topete que não desmanchou nem nas cenas mais tensas (aliás ali poderiam ter bagunçado um pouco seu cabelo para ficar mais convincente!), e faltou também um pouco de imponência para ele funcionar. E se falamos em exagero, tivemos isso com Julia Kaminska com sua Ewa, ao ponto que chega a irritar o tanto de hashtags e surtos que a personagem tem, ou seja, poderiam ter minimizado seus ataques. Quanto aos demais, tivemos o namoradinho sonhador vivido por Adrian Majewski, o produtor maluco vivido por Tomasz Karolak e claro a mãe tristonha da garota vivida por Anita Sokolowska, mas ninguém conseguiu chamar tanta atenção e assim é melhor nem reparar neles. 

O visual da trama também é bem simples, tanto que nem se esforçaram para fazer um programa de auditório com muitos figurantes, tendo uma bancada bem simples, uma banda de fundo e um palco aonde nem tentaram mostrar muitos personagens cantando, apenas os protagonistas para nem gastar muito tempo, uma festa em uma boate, e algumas cenas nos quartos do hotel, além claro das cenas na casa da protagonista e na escola da cidade (inclusive com um personagem aleatório correndo sem necessidade alguma). Ou seja, até trabalharam bem os figurinos dos protagonistas com um certo luxo para chamar a atenção, mas não quiseram ir muito além na cenografia para não precisar gastar muito, embora usaram alguns carrões para ostentar.

Enfim é como falei no começo, uma trama bem simples, que serve de passatempo, e assim sendo como um bom passatempo nem vemos muito o desenrolar das quase duas horas que o longa tem, e que quem gostar do estilo até irá se divertir, mas não espere nada indo muito além, senão a decepção é certa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Som do Silêncio (Sound of Metal)

12/20/2020 11:48:00 PM |

O sentimento principal de conferir a aposta da Amazon para as premiações de 2021 é que ficou faltando algo a mais no roteiro para dar aquele soco no estômago e emocionar, pois "O Som do Silêncio" tem uma trama bem interessante, tem um fechamento preciso na ideia que foi passada, e principalmente tem atores bons que nos convencem da ideia completa, que é a de que você precisa aprender a ser surdo, pois muitos acham que uma cirurgia ou um aparelho vai devolver sua vida completamente à normalidade, e não é bem assim que vai ocorrer. Ou seja, o nome do filme em português diz até muito da trama, que é tentar aprender o quanto o silêncio é algo bom, como sentir aquilo, como vivenciar o seu redor, e talvez se o diretor tivesse conseguido apostar mais nisso, ampliando o ambiente fechado, mostrando mais sentimento em alguns atos, e até criando algum momento com mais emoção, certamente o resultado seria ainda mais imponente, pois falta aquela chave que faz o público se conectar com o longa, ficando falho em tantos aspectos que quem não entrar completamente no clima do filme acabará mudando na metade, o que não é algo bom para filme algum.

Durante uma série de shows de uma turnê cheia de adrenalina, o baterista itinerante de punk-metal Ruben começa a ter perda auditiva intermitente. Quando um especialista diz que seu estado vai piorar rapidamente, ele pensa que sua carreira musical - e com ela sua vida - acabou. Sua colega de banda e namorada Lou leva o viciado em heroína em recuperação em uma casa para surdos na esperança de evitar uma recaída e ajudá-lo a aprender a se adaptar à nova situação. Mas depois de ser recebido em uma comunidade que o aceita como ele é, Ruben tem que escolher entre seu equilíbrio e o impulso de recuperar a vida que ele um dia conheceu. 

O diretor Darius Marder pecou um pouco em sua estreia na função, pois ele acabou não indo a fundo em nenhum dos temas trabalhados, seja da surdez ou da vida de um roqueiro viciado, ao ponto que tudo fica sem muito sentimento, e fazendo com que o público até entre bem na experiência de Ruben para recriar vividamente sua jornada em um mundo raramente examinado através de um design de som interessante, mas se isso fosse melhor desenvolvido junto da história, certamente encontraríamos algo a mais no longa, e o resultado encantaria por completo. Ou seja, é a famosa velha história de que diretores estreantes raramente acertam em filmes que necessitam um algo a mais, e sendo assim o longa até tem um potencial para chamar a atenção dos votantes das diversas premiações pela sensação passada, mas dificilmente conseguirá fazer alguém se emocionar realmente como poderia.

Sobre as atuações, diria que Riz Ahmed trabalhou bem a sintonia de seu personagem Ruben, não forçou trejeitos, e principalmente soube passar o ato de estar surdo, pois facilmente os olhares acabariam entregando que ele estava ouvindo e apenas "fingindo" não ouvir para que sua atuação fosse mais realista, e dessa forma seu resultado agrada bastante, mas nada que seja impressionante demais. Olivia Cooke trouxe para sua Lou semblantes desesperados demais, ao ponto que não conseguimos entender o que está se passando na cabeça dela apenas pela interpretação entregue, ou seja, vemos uma dinâmica sua até que coerente por não saber realmente o que fazer com o namorado baterista, mas acabou faltando um pouco mais de sentimento pelo tempo juntos, e isso não deu o tom no segundo ato. Paul Raci deu um bom tom para seu Joe, usando bastante da linguagem dos sinais, trabalhando olhares diretos com envolvimento, mas seu personagem não foi tão usado como poderia, pois como o diretor não focou tanto na surdez, os atos na casa pareceram quase rápidos flashbacks, e isso é algo que pecou um pouco o resultado, mas Raci fez bem seus atos ao menos. Quanto aos demais, praticamente todos são usados em cenas rápidas, trabalhando bastante as conversas em libras com o protagonista, mas sem nenhum grande destaque, ao ponto que mais próximo do final temos uma cena com Mathieu Amalric numa participação também rápida como o pai da protagonista, mas que apenas revela poucas coisas sem ir muito além também.

No conceito visual a trama entrega inicialmente bons shows de rock explosivos em pequenos bares, como algo mais íntimo e forte, algumas boas cenas dentro do trailer dos protagonistas, algumas dinâmicas bem colocadas na casa de recuperação e numa escola de crianças surdas, com atos bem bonitos e bem trabalhados, uma cena de cirurgia, e finalizando na casa do pai da protagonista, tendo poucos elementos cênicos importantes, claro tirando o implante, mas tudo com uma boa simbologia de momento, funcionando para o resultado que o filme pedia.

Um dos pontos mais cruciais da trama, e que vale toda atenção é a forma que o diretor trabalhou o som do filme, com cenas abafadas, outras com elementos robóticos e cheios de sujeira sonora, muitos momentos em silêncio, além de um começo explosivo de bateria, de forma que tudo nesse sentido faz mais parte da trama que o próprio conteúdo do longa.

Enfim, é um bom filme, e o tema é melhor ainda do que a história mostrada, ao ponto que vale bem pela discussão passada que você precisa aprender a ouvir com o silêncio, criar o seu clima e tudo mais, ou seja, talvez faltou um pouco mais de experiência para o diretor encontrar algo a mais na trama, mas não é algo ruim de ver ao menos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - A Voz Suprema Do Blues (Ma Rainey's Black Bottom)

12/19/2020 01:31:00 AM |

Sempre costumo dizer que quando uma peça teatral é adaptada para o cinema precisam abrir a ideia toda senão o filme acaba ficando amarrado demais e dependendo 100% de boas atuações, e com o lançamento da semana da Netflix, "A Voz Suprema do Blues", felizmente temos dois grandiosos atores que se entregam de corpo e alma para seus personagens e acabam fazendo um filme intenso, forte, e com diálogos incríveis que certamente lhe darão indicações para todas as premiações possíveis, porém mesmo a peça tendo sido bem premiada, o longa acabou não deslanchando tanto quanto poderia, pois temos sim um ótimo visual da Chicago dos anos 20 começando a nascer, com todo o racismo explícito e com um texto maravilhoso e emocionante, mas queríamos ver algo a mais da vida da Ma, de Levee, do ambiente que sofreram para chegar aonde chegaram, não apenas de um conflito gigantesco dentro de um estúdio, pois vemos dois grandes atores dando seus shows (e sim são ótimos shows dignos de aplausos e prêmios), mas não temos um filme propriamente dito como poderia ser. Ou seja, não digo em momento algum que seja algo ruim de conferir, pois os 94 minutos passam voando, mas certamente o longa com uma história realmente bem trabalhada seria algo lindo de ver, e funcionaria muito mais do que apenas uma peça executada no streaming.

O longa nos mostra como as tensões e as temperaturas aumentam ao longo de uma sessão de gravação vespertina na Chicago dos anos 1920, enquanto uma banda de músicos espera a artista pioneira, a lendária "Mãe do Blues", Ma Rainey. No final da sessão, a destemida e impetuosa Ma se envolve em uma batalha de vontades com seu empresário e produtor branco pelo controle de sua música. Enquanto a banda espera na claustrofóbica sala de ensaio do estúdio, o ambicioso trompetista Levee - que está de olho na namorada de Ma e está determinado a reivindicar sua própria vida na indústria musical - incita seus colegas músicos a uma erupção de histórias que revelam verdades, e isso mudará para sempre o curso de suas vidas.

Diria que o diretor George C. Wolfe foi preguiçoso, pois pegar uma adaptação de uma peça, e transformar em outra peça é algo que nem o mais cansado diretor faria, afinal é fácil entregar um bom texto para que os atores desenvolvam e se entreguem ao máximo, porém ambientar cada momento, fazer com que o realismo cênico seja passado completamente junto com boas atuações, aí já entra algo que separa os homens dos meninos. Ou seja, é claro que muitos jamais viram a peça que ganhou muitos prêmios importantes, e ela contém um tema duríssimo de segregação racial e que mesmo tendo a artista ganho títulos importantes e sua música ficar mundialmente conhecida, para os brancos ela era nada principalmente na Chicago dos anos 20, porém faltou sair do palco realmente e criar uma história maior sobre a personagem, ou até mesmo sobre o trompetista, afinal tinha espaço para isso, seria bacana ver algo mais sobre a formação da banda, sobre o crescimento do blues, e assim atingiria um ponto a mais e talvez até encantasse um público maior, sem ser os curiosos que darão play no filme pelos protagonistas, ou por ser o lançamento da semana da Netflix, mas veremos como sairá nas premiações em breve.

E já que falei dos protagonistas que certamente irão aparecer muito nas premiações, diria que Viola Davis se entregou tanto para sua Ma Rainey que nem chegamos a ver a atriz no papel, mas sim uma mulher cheia de ornamentos, bem chamativa, que com uma desenvoltura corporal acaba chamando atenção do começo ao fim nas cenas que aparece, trabalhando os diálogos num ponto tão incrível que praticamente a sentimos falando, ou seja, perfeita. Já Chadwick Boseman apresenta aqui seu último filme gravado antes de sua morte, e com grandes chances pode levar um Oscar póstumo assim como ocorreu com Heath Ledger, pois o ator está memorável no papel de Levee, tendo não uma, nem duas, mas sim três cenas brilhantes que chegamos a quase grudar na tela para presenciar o que faz (a primeira contando de sua mãe, a segunda numa discussão sobre Deus, e a terceira com o fechamento do longa), ou seja, é até difícil imaginar que ele não ganhe as premiações, afinal não tivemos um ano com grandes atuações masculinas, e com toda certeza os votantes irão juntar morte mais grande atuação e lhe dar o prêmio, e sendo assim será até difícil pensar em outro nome. Sobre os demais, tivemos bons momentos com Colman Domingo com seu Cutler, tivemos um carisma e um envolvimento monstruoso de Glynn Turman com seu Toledo, e Jeremy Shamos trouxe alguns atos marcantes para seu Irvin, mas a diversão certamente recairá quando Dusan Brown começar a falar com seu Sylvester, pois foi icônico.

Visualmente friso que não atingiram o potencial que o longa poderia, de forma temos ao fundo toda a transformação do Norte dos EUA, com as pessoas indo construir um novo futuro na Chicago dos anos 20, vemos diversas construções começando, vemos claro toda a segregação das pessoas de cor com olhares e ações (como é o caso da batida de carros, que poderia ter sido mostrada por completo com um envolvimento incrível, poderiam ter mostrado mais da cena da compra da Coca-Cola na mercearia que daria um ótimo momento), mas não, preferiram socar todos os protagonistas e coadjuvantes dentro de um estúdio com 3 salas (um camarim principal, uma sala de gravação e um porão para banda), todas bem ambientadas, com os devidos símbolos para cada cena, mas que não se impõe, e mesmo mostrando a forma legal e complexa de como era o processo de gravação de discos na época, acabaram não dando o devido valor a tudo que a equipe de arte fez.

Enfim, volto a ser incisivo, não é um filme ruim de forma alguma, sendo daqueles que vemos numa tacada só, que passa super rápido, que tem uma dinâmica incrível por parte dos artistas para que mesmo cansados conseguíssemos conferir tudo maravilhosamente, mas que peca por não acreditarem no potencial completo da história, deixando apenas a peça aparecer num formato diferente, e assim sendo não envolvendo tanto quanto poderia. Ou seja, recomendo o longa pelas ótimas atuações e pelo desenvolvimento mostrado na tela, mas quem quiser saber mais quem foi Ma Rainey, quem foi a sua banda de apoio e tudo mais da história do blues, pode procurar outro material, que aqui não será o lugar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman

12/17/2020 01:17:00 AM |

Um tremendo filmaço! Essa é a melhor definição do novo filme da DC, "Mulher-Maravilha 1984", pois é daqueles que vemos tudo de bom que foi o primeiro filme, junto das várias coisas que reclamamos que ficaram faltando lá. Ou seja, é o verdadeiro fanservice, mas com uma boa história, com bons personagens, com uma trama que envolvesse bastante, e principalmente com grandes momentos, ao ponto que tudo acaba surpreendendo conforme vai aparecendo, desde a cena de abertura grandiosa com a pequenina "garotinha-maravilha" Diana participando de uma competição gigantesca em Themyscira, até chegarmos na cena incrível no meio dos créditos que quem tiver mais de 40 anos provavelmente irá vibrar na sala do cinema. Sendo assim é daqueles filmes que fazem valer a conferida na sala do cinema, pois são cenas grandiosas, com um visual impecável, muitas dinâmicas e principalmente sem muitas piadinhas, o que faz toda a característica dos longas da DC, além de um contexto moral muito bem usado que funciona muito para tudo o que a proposta da super-heroína precisava, tem bons vilões, e felizmente não se faz necessário nenhuma conexão com os demais personagens de outros filmes da empresa, entregando algo que só de ter visto o primeiro filme da heroína já dá o excelente encaixe, e sigamos para muitos outros.

A trama acompanha Diana Prince/Mulher-Maravilha em 1984, durante a Guerra Fria, entrando em conflito com dois grandes inimigos - o empresário de mídia Maxwell Lord e a amiga que virou inimiga Barbara Minerva/Cheetah - enquanto se reúne com seu interesse amoroso Steve Trevor.

Não diria bem que seja uma sinopse o que a empresa forneceu, afinal esconderam até o último minuto o que veríamos no longa, e isso foi bom, pois sem saber metade das surpresas acabam sendo geniais, e isso só mostra o potencial da diretora Patty Jenkins, que se antes do filme de 2017 não tinha um grande nome, agora já está preparando um filme épico e um longa da saga mais imponente dos cinemas, ou seja, explodiu. E não por menos, pois aqui ela soube conduzir tão bem a trama, criar tantas boas possibilidades, que muitos em alguns momentos até vão se perguntar se foram ver um longa de ação ou uma trama comum, pois temos boas cenas com diálogos, temos muita interação visual, e claro também as famosas cenas inacreditáveis, mas que como é um filme de super-herói acaba funcionando, afinal nos remete ao que já lemos nos quadrinhos, ao que já vimos nas animações de antigamente, e assim acabam fazendo com que acreditemos em tudo o que ocorre. E ao brincar com a famosa frase de que para ganhar algo você precisa perder algo também, o longa acaba soando interessante pela proposta, brinca com a perca de força da protagonista, brinca com o empoderamento feminino atual, e principalmente, não força tanto a barra para algumas situações, dando claro a moral que se todo mundo puder fazer o que desejar, o caos acaba tomando conta, ou seja, é necessário ter regras para tudo. Ou seja, é um filme intenso, bem desenvolvido, e que felizmente tem a formatação tradicional de começo/meio/fim, ao ponto que não vamos precisar ficar esperando algo daqui sabe lá quantos anos para vermos uma continuação, já que tudo aqui é resolvido, e funciona demais.

Sobre as atuações, Gal Gadot é maravilhosa, tem um carisma incrível maior ainda que sua beleza, e que conquista a todos com cenas cheias de boas desenvolturas, com uma movimentação precisa nas cenas de ação, e mais do que se entregar para a personagem, ela segurou muito bem os diálogos e trejeitos, ao ponto que o filme não fica nem engessado, nem forçado nas funções dramáticas, ou seja, a atriz faz de sua Diana/Mulher-Maravilha, não apenas uma mulher com poderes, mas sim uma mulher poderosa em todos os sentidos, e agrada demais. Kristen Wiig trabalhou muito bem sua Barbara, mostrando duas facetas completamente opostas de personalidade, e sabendo encontrar com seus atos algo envolvente para chamar a atenção, ao ponto que após o seu desejo ela vira uma mulher muito mais poderosa, porém perde sua humanidade, e assim até virar a Cheetah vemos toda sua mudança acontecer em trejeitos e tudo mais, ao ponto que até fui preparado para ver uma computação ruim no seu visual, mas a até que não ficou ruim, e o resultado visual mais atriz funcionou bem, chamando atenção e não sendo apenas algo jogado. É até engraçado o visual que Pedro Pascal acabou ficando para seu Max Lord, pois se antes chegaram a cogitar o brasileiro Wagner Moura para o papel acabamos vendo um personagem muito parecido com o ator nacional, ou seja, procuravam esse biótipo dele mesmo, mas pela não aceitação do brasileiro, deram uma engordada no chileno e Pedro que é um tremendo ator deu uma imponência monstruosa para o empresário maluco, conseguiu trazer todas as atenções possíveis para suas negociações, além de incorporar trejeitos tão fortes que chegamos a ver algo fora do comum no que faz, mostrando muito serviço e agradando demais. Chris Pine foi o elo cômico da trama com seu Steve, ao ponto que era nossa maior curiosidade de como iria aparecer no longa depois do que ocorreu com ele no filme anterior, e a sacada foi muito bem colocada, embora estranha, pois não usaram nem o efeito prático do personagem real, nem mostrar seu outro visual em outras cenas, assim configurando algo que pode ser considerado um erro técnico (digo isso nas cenas aonde outras pessoas sem ser Diana o veem também), ou seja, vale para rir das coisas que faz, e o ator agrada bastante, mas poderiam ter pensado um pouco mais, e aí o acerto seria ainda melhor. Quanto aos demais, praticamente todos foram encaixes nas negociações de Max, e sendo assim nem valem tanto destaque, mas certamente temos de pontuar a imponência da garotinha Lilly Aspell como a jovem Diana (novamente, afinal já apareceu no primeiro longa), mostrando força e muita desenvoltura tanto expressiva como corporal, e claro da grande surpresa da personagem que aparece na cena do meio dos créditos, que não vou dar um spoiler direto, mas possui 71 anos!

Visualmente temos um filme cheio de cenas grandiosas, com muitas lutas corporais bem colocadas, festas, figurinos clássicos dos anos 80 dominando nas ruas e academias, uma imponente abertura com uma competição de mulheres em Themyscira retratando toda a característica competitiva de muita força e destreza das personagens com um visual lindíssimo de ver e acompanhar, temos o famoso jato invisível que tanto acompanhamos nos desenhos, temos muitos objetos cênicos da época também como TVs de tubo, computadores antigos demais, câmeras gigantescas dos programas de TV, boas sacadas dentro de um museu com vários artefatos, e claro duas grandiosas perseguições num shopping e na Casa Branca, além disso tudo, ainda temos uma destruição monstruosa por toda a guerra que acaba ocorrendo após todos fazerem seus desejos, criando uma bagunça já no Egito, e depois algo ainda maior nos EUA, aparecendo objetos para todos os lados possíveis, ou seja, um filme que faz valer a conferida numa tela bem grande, pois como todo blockbuster de super-heróis o resultado visual chama muito mais atenção que a história (embora aqui o empate ocorra). Além disso, volto a frisar a pena que está sendo não termos 3D devido a pandemia, pois conferi o longa numa tela Imax, e é notável a quantidade de cenas que a diretora filmou usando técnicas de profundidade e de coisas saindo da tela, principalmente nos momentos de voo da protagonista, e assim sendo o pessoal que for conferir em casa quando sair as versões digitais 3D certamente irá gostar do resultado.

Enfim, não diria ser um longa perfeito, afinal pontuei no texto até alguns defeitos técnicos aparentes, porém é daqueles filmes que nos transmitem tantos sentimentos, que me vi emocionado pela grandeza técnica de praticamente um blockbuster realmente que chamasse atenção, além de funcionar demais tanto como um longa de super-heróis, quanto um drama de época consistente e interessante pela moral passada, ou seja, até poderia dar a nota máxima e recomendar ele com todos os louvores possíveis, mas vou tirar um ponto para ser coerente como crítico, mas como público me apaixonei por tudo o que vi acontecer na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã já volto com mais textos dos streamings, e devo seguir somente com streaming até o ano que vem, pois não temos acho que mais nenhum lançamento nos cinemas nas próximas semanas deixando a Maravilha fazer a bilheteria máxima possível no meio do caos que estamos vivendo, então abraços e até logo mais meus amigos.


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Netflix - Ava

12/16/2020 12:57:00 AM |

Sempre que vemos um longa de ação com uma protagonista mulher socando tudo e todos, matando como profissão e tudo mais, acaba sendo inevitável a comparação com o que Charlize Theron fez em "Atômica", Angelina Jolie em "Salt", e até mesmo Scarlett Johansson em "Lucy", porém se nos outros tínhamos histórias envolvente, lutas imponentes e personagens fortes, não podemos dizer o mesmo do novo lançamento da Netflix, "Ava", pois aqui a protagonista Jessica Chastain até é imponente nos seus atos, porém a história é fraca, o desenvolvimento todo praticamente ocorre na abertura (ou seja, preste atenção ali, senão a chance de não entender quem é a personagem é bem alta!), e quando realmente a situação ia começar a pegar fogo o longa acaba. Ou seja, é um filme com uma boa dose de ação, tem alguns bons momentos, mas ficou parecendo tão artificial tudo, com algo rápido demais e sem muita desenvoltura, que o resultado final acaba nem empolgando como poderia, nem chamando atenção, de forma que talvez nem lembremos dele mais para frente, a não ser pela como sempre bela e imponente protagonista.

A sinopse nos conta que letalmente bela e incrivelmente eficiente em sua perigosa linha de trabalho, Ava, uma loba solitária taciturna e assassina de sangue frio, está começando a desenvolver uma consciência. Tendo vencido sua dependência de álcool e substâncias com a ajuda de Duke, seu mentor grisalho da morte e da figura paterna, cada vez mais a instável Ava deixa a culpa atrapalhar o fechamento de seus "negócios", atraindo atenção indesejada ao quebrar o protocolo. Como resultado, após uma tentativa fracassada de liquidar um alvo de alto perfil, Ava se reúne com sua família afastada após oito longos anos de ausência, sem saber que ela acabou de assinar sua sentença de morte. Agora, enquanto Ava tenta acertar velhas contas e se reconectar com seus entes queridos, todos os assassinos do ramo estão atrás dela. Ava pode contar com Duke para tê-la de volta?

Sabemos muito bem da capacidade do diretor Tate Taylor, afinal já dirigiu excelentes dramas e até um bom terror, porém aqui ao tentar uma trama de ação acabou que não lhe deram um orçamento decente, ou melhor, exigiram dele algo curto demais sem um bom desenvolvimento, pois certamente o roteiro de Matthew Newton teria algo a mais para ser trabalhado, e não apenas a dinâmica rápida que foi entregue. Ou seja, o que vemos na tela provavelmente merecia um desenvolvimento maior, tipo algo parecido com uma minissérie ou quem sabe dois ou três filmes que mostraria um pouco mais da vida da protagonista, um pouco mais da associação de assassinos, e até mais do treinamento dela, pois da forma que foi jogada na tela, não conseguimos acreditar em quase nada, e o resultado acaba falho e exagerado demais. Porém friso que não é um filme ruim, pois tem atitude ao menos, e assim sendo dá para curtir as lutas corporais, mas que com certeza seria muito melhor um pouco mais alongado pelo menos.

Sobre as atuações, sabemos bem o potencial de Jessica Chastain, isso é algo inquestionável, e a atriz que é muito boa tanto em diálogos quanto em cenas de ação, soube trazer para sua Ava uma mulher camaleônica com muita atitude e interação, ao ponto que acabamos seguindo bem o que ela faz, porém como já disse faltou um desenvolvimento maior da personagem, e assim sendo a personagem até acaba sendo bacana dentro do longa, mas como não a conhecemos bem, não torcemos tanto para ela. Colin Farrell basicamente poderia ser chamado de vilão com seu Simon, e isso ocorre muito bem nas cenas finais, porém ele meio que surge do nada como líder dos assassinos, e com situações meio que jogadas ficou parecendo até que o longa é uma continuação de algo, ou seja, o personagem até poderia ir mais além, mas não acontece, porém suas duas lutas acabaram sendo bem trabalhadas, e se o ator não usou dublê mostrou poder ser chamado para mais filmes de ação. John Malkovich caiu bem como o mentor da protagonista Duke, e tem um estilo chamativo meio lento e cadenciado que até agrada bastante, porém faltou um pouco mais de história para que tudo se encaixasse melhor. Quanto aos demais, todos foram razoáveis e apareceram apenas para dar conteúdo na trama, tendo leves destaques para Common como um ex-namorado da protagonista e atual namorado da irmã, a mãe vivida pela grande Geena Davis, mas sem muita função na trama (tendo apenas uma emocionante cena no miolo), além de outros que brotaram para praticamente nada, como a filha do vilão que começa o filme em cima de uma moto e termina o filme caminhando atrás da protagonista, ou seja, faz jus a dizer que a trama deve ter mais capítulos.

Visualmente é até engraçado pensar que gastaram tanto com cenas no frio, cenas em carros de luxo, boates, hotéis, parques, muitas armas, lutas corporais, festas e tudo mais para apenas um longa, ao ponto que ou a equipe de arte ficou maluca e saiu estourando o orçamento, ou já gravaram dois filmes e logo mais vemos a continuação, pois é irreal toda a cenografia bem preparada, tudo o que acaba ocorrendo nas cenas finais e terminar ali, ou seja, temos um filme imponente visualmente, mas que não precisaria nem de metade do que apareceu em cena.

Enfim, é um filme bem interessante, porém muito mal executado, ao ponto que vemos boas cenas com dublês, mostrando que o diretor de dublês funcionou até melhor que o próprio diretor do filme, e que certamente vamos esperar muito em breve uma continuação para provar que o conteúdo da trama iria funcionar de forma estendida, mas que sendo apenas ele solto, é algo que não vale a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Caderno De Tomy (El Cuaderno De Tomy) (Notes For My Son)

12/15/2020 12:39:00 AM |

É até engraçado o tanto que já vimos longas bem semelhantes ao que o argentino "O Caderno de Tomy" mostra, porém a nova trama da Netflix tem um teor tão leve e despretensioso, que quando menos esperamos já estamos com os olhos marejados, e se não for forte o suficiente já fica a postos para lavar o quarto, sala ou onde estiver, pois o filme trata não a doença em si, mas a sutileza dos amigos e do marido em vivenciar os últimos dias de uma mulher já em câncer terminal, enquanto ela escreve um livro para seu filho, e conta sua vida com textos irônicos em sua conta no twitter. Ou seja, é uma trama que se olharmos a fundo não tem muita coisa nova, mas é muito bem feito, tem um carisma incrível, e transporta o público quase para ao lado do marido, tentando fazer os últimos desejos tristes da esposa, que acaba ficando famosa pelos seus twits, e assim sendo, emociona na medida certa com a proposta, e agrada por mostrar como tentar passar seus últimos momentos.

A sinopse nos conta que quando María Vázquez fica sabendo que tem uma doença terminal, ela decide enfrentar o triste fim à sua maneira: com emoção e um humor sarcástico que a caracteriza. Ele passa boa parte do tempo escrevendo um caderno para Tomy, seu único filho de 4 anos, com a ideia de que a imagem de sua mãe o acompanhará por toda a vida. Além disso, María conta sua experiência nas redes sociais, com seu estilo único, e sua história de vida se torna muito popular. Em seu caminho, cheia de sentimentos contraditórios, ela é acompanhada por seu querido marido, Federico, e seu grupo de amigos próximos que a acompanham no que chamam de "A Festa Final".

O diretor e roteirista Carlos Sorín foi simples e objetivo, e é isso o que falta para a maioria dos diretores, pois certamente um filme com a mesma temática nos EUA ou até na Europa iria ter um desenvolvimento de como a mulher foi antes de ser internada, todas as possibilidades que teve, e tudo mais, mas não, aqui o argentino pegou já ela sendo internada, o marido conseguindo um bom quarto, e ela já conversando com o médico para saber quantos dias, e como serão esses dias, aonde foi se desenvolvendo, escrevendo nos diversos lugares, uma entrevista aqui, vários presentes ali, e pronto, desenvoltura final. Ou seja, diretamente vemos o filme, choramos, pensamos na vida, pensamos como aconteceria se estivéssemos em um dos três pilares (a própria doente, o marido ou os amigos) e nem coloco a criança, pois essa mesmo com o caderno não lembrará das situações vividas ali, e pronto fim. Ou seja, algo que soa gostoso nem tanto pela essência em si, mas sim pelo desenvolvimento bem feito, pelo carisma bem encontrado no decorrer da trama, e assim ser funcional, e claro reflexivo, ao ponto que merece muito ver, e com certeza todos gostarão do que verão, pois não tem grandes falhas, nem espaço para isso, e assim o acerto do diretor em escolher esse estilo foi perfeito.

Sobre as atuações, Valeria Bertuccelli foi precisa demais com sua María, trabalhando olhares, sentimentos, e principalmente entonação para que seus diálogos fossem bem encaixados, ao ponto que o texto do roteiro não é dela, mas ela conseguiu se apropriar com um envolvimento tão bacana que acabamos acreditando na atriz, que passa a ser a personagem real, de forma que nem a vemos mais como Valeria, e isso é algo muito bonito quando ocorre, pois mostra personalidade e acerto no papel. Esteban Lamothe trouxe para seu Fede algo que chega a ser até bobo de ver, mas é a sintonia para com o personagem, mostrando um marido ao mesmo tempo triste com tudo, mas disposto a fazer as vontades da esposa mesmo sendo algo que vá tirar sua vida, e seus olhares entregam tudo, e o ator manda muito bem nas atitudes e trejeitos para cada momento seu. Mauricio Dayub trabalhou bem seu Dr. Vigna ao ponto que entrega mais do que um médico, mas alguém disposto a ouvir o paciente, pronto para passar a mensagem de uma forma correta e com postura, mesmo que use métodos que alguns não queiram ver, e assim o ator até teve bons encaixes nas suas cenas. O jovem Julian Sorín (neto do diretor) é doce e bem trabalhado, passando aquela mensagem característica da ingenuidade versus sabedoria das crianças, que no meio de um clima triste ainda acha uma forma de transmitir felicidade para a pessoa doente, ou seja, o garotinho caiu muito bem no papel e agradou bastante. Quanto aos demais, a maioria serviu apenas como conexões, de modo que entregam pouco nos seus atos, mas sempre funcionando bem nas atitudes, valendo claro o destaque para Malena Pichot com sua Maru, e Beatriz Spelzini como Dra. Molina.

Visualmente o longa se passa praticamente todo dentro do hospital, seja no quarto da protagonista ou no balcão de atendimento ou ainda na cafeteria de lá, com todos os personagens passando por esses ambientes, e claro usando algumas imagens antigas dos protagonistas para reviver alguns momentos, mas usando bem o simbolismo de presentes e tudo mais em detalhes ali, e um grande detalhe, que não vi se ocorre nas demais versões, é que traduziram os tuites, traduziram o escrito no caderno, ou seja, você vê tudo acontecendo em português brasileiro, mesmo com a protagonista falando em espanhol, e já disse isso várias vezes que as empresas que fazem isso merecem mais do que parabéns, pois colocam o longa como algo nativo, que funciona e agrada demais. Ou seja, tudo ali faz parte de um contexto sofrido e triste, mas agrada demais cada símbolo, cada festa, cada elemento.

Enfim, é uma história triste, porém bonita de ver, que muitos irão chorar demais com cada situação, mas que temos de levar a vida como a protagonista, sabendo que a morte é a única coisa que sabemos realmente que vai acontecer na nossa vida, e talvez sabendo a data podemos nos preparar, nos despedir, e até viver um pouco mais (mesmo que dentro de um hospital), e assim sendo o resultado final acaba valendo bastante a conferida, mesmo que seja algo simples e que já até vimos em outras obras. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Incrível História da Ilha das Rosas (L'incredibile storia dell'Isola delle Rose) (Rose Island)

12/13/2020 07:17:00 PM |

Sabe quando você começa a ver um filme e aparece o escrito "baseado em uma história real", e durante toda a exibição você não se convence que tudo aquilo ocorreu daquela forma? No longa da Netflix, "A Incrível História da Ilha das Rosas", você vai ter praticamente a certeza de que sim, tudo aquilo pode ter ocorrido daquela forma, porém com muito menos comicidade, pois transformaram a trama em algo meio que pastelão com situações absurdas, com políticos fazendo quase um circo por conta de uma ilhota de ferro, com conversas de bastidores que parecem a piada do nosso governo atual (e que certamente nos anos 60-70 não eram bem assim!). Ou seja, não é um filme ruim, mas também não é algo muito bom, pois o longa mostra a famosa ideia do querer é poder, basta ter vontade, que foi o que fez com que esses dois engenheiros malucos fizeram construindo sua própria ilha, seu carro e tudo mais, mas que certamente a história original embora cômica pela loucura foi bem mais densa e interessante do que o que foi mostrado, valendo talvez buscar algum outro tipo de material para entender melhor.

A sinopse nos conta que um engenheiro idealista constrói sua própria ilha na costa italiana e a declara uma nação, atraindo a atenção do mundo. Os valores são testados quando o governo italiano o declara inimigo, mas para mudar o mundo é preciso correr riscos.

Diria que o diretor Sydney Sibilia teve uma boa ideia para seu filme, afinal é uma história que certamente pouquíssimas pessoas já ouviram, talvez alguns italianos, mas acredito que nem eles, afinal é algo meio maluco de se acreditar, porém esse roteiro nas mãos de um bom dramaturgo traria um filme incrível, cheio de emoções e situações de julgamento e tudo mais, pois ele quis dar um tom exageradamente cômico por ser uma situação digamos um tanto quanto bizarra, e assim o resultado do filme acabou ficando inverossímil demais, não dando para acreditar em nada do que aconteceu ali. Ou seja, o resultado do filme embora não soe cansativo, acaba soando tão falso que nem mesmo como ficção dá para acreditar na maioria dos atos, quanto mais ser baseado em algo real (e olha que acabamos acreditando na realidade de "Sem Dor, Sem Ganho"!), e assim sendo podemos assumir o erro quase que integral ao diretor/roteirista, pois os atores fizeram seus atos com vontade ao menos.

Já que comecei a falar das atuações, diria que Elio Germano é um ator que sempre passa um carisma sem tamanhos para seus personagens, de forma que acabamos acreditando em suas loucuras (foi assim também em "Homem Sem Gravidade", que da mesma forma acabou sendo uma história mal trabalhada e não um erro seu), e seus trejeito acabam sendo convincentes e bem encontrados para o que os filmes pedem, ao ponto que seu Giorgio até seria visto como um maluco, mas também como um visionário. Leonardo Lidi acabou trazendo para seu Maurizio uma vertente até que bem bacana, meio inconsequente nos primeiros atos, mas funcional e coerente num segundo momento, ao ponto que o ator se encaixa bem e faz bem seus atos malucos. Matilda De Angelis até teve alguns atos envolventes com o protagonista, mas sua Gabriella praticamente evapora na maior parte do longa, ao ponto que quase esquecemos dela, ou seja, poderiam ter investido mais nas cenas deles, que ainda traria um ar romântico para a produção. Agora sem dúvida alguma, não temos como compactuar com as insanidades que deram para os políticos vividos por Fabrizio Bentivoglio com seu Franco e Luca Zingaretti com seu Giovanni, ao ponto que chega a ser decepcionante ver suas cenas. Quanto aos demais, tivemos alguns bons atos com Tom Wlaschiha com seu Neumann malucão, alguns atos simples e bem feitos com Violetta Zironi e sua Franca, mas o destaque mesmo recai para as poucas cenas de François Cluzet com seu Toma', pois ele inicialmente não acreditando no que lia, depois acaba bem empolgado e mostra isso com expressões bem convincentes, ou seja, mesmo aparecendo pouco se saiu bem.

Visualmente o longa foi interessante por usar material da época em alguns momentos, foi coerente com a forma de construção da ilhota de ferro, e até mostrou bem alguns atos práticos, mas como alguns personagens dizem transformaram o visual da ilha em uma boate no meio do mar, com muitas pessoas dançando de roupas de banho, regadas a muita bebida, e claro mostrando também o verão das praias italianas com todos ao sol, ou seja, poderiam ter trabalhado um pouco mais o visual em outras épocas, para dar um conteúdo maior para a trama, além de mostrar um pouco mais da construção completa, não apenas das estruturas no começo, ou seja, a equipe de arte até foi coerente, mas não foi além.

Enfim, é um filme simples, com uma história que merecia uma valorização mais representativa, mas que acabou ficando bobo demais, e assim até chegamos a entrar no clima e conhecer um pouco mais dessa pequena ilha que durou pouco tempo na Itália e foi a única coisa que fez o país entrar em conflito realmente contra outra "nação", mas que volto a frisar, erraram no desenvolvimento, fazendo algo cômico demais, sendo que a história não foi nada cômica. Sendo assim, não digo que recomendo o longa, mas também não o desprezo, pois é algo que se não visse o filme nunca saberia da existência dessa ideia maluca desses engenheiros, mas quem sabe algum dia acho um documentário ou filme sério sobre o tema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Mank

12/13/2020 02:33:00 AM |

Diria que "Mank" é daquelas obras clássicas que as premiações pedem para surgir, que acaba contando uma história envolvente sobre determinada obra ou época do cinema, que consegue servir tanto como entretenimento quanto uma aula de história do período, ou seja, certamente veremos muito o nome do projeto nas premiações, veremos talvez bons prêmios saindo, mas muito mais do que isso, quem nunca estudou sobre essa época do cinema deve pegar o longa e vasculhar muito mais, pois foi uma tremenda época, cheia de grandes nomes e grandes projetos, e muitos fracassos também, mas que principalmente funciona bem como filme, ao ponto que o diretor soube criar uma trama bem cadenciada, cheia de situações bem colocadas, que muitos nem irão entender por nem saber o que foi o filme "Cidadão Kane", mas que de uma forma bem trabalhada, com excelentes atuações e uma desenvoltura de montagem bem picada fez com que o filme fluísse bem e agradasse demais. Ou seja, é uma obra que certamente alguns vão estranhar, por ser em preto e branco, por ter personagens demais, por não ir direto ao ponto, mas que quem for amante de cinema realmente vai curtir cada detalhe da trama, e assim sendo valendo demais a conferida.

O longa nos situa em 1940 quando o estúdio cinematográfico RKO contrata o prodígio Orson Welles, de 24 anos, sob um contrato que lhe dá total controle criativo de seus filmes. Para seu primeiro filme, ele chama o alcoólatra Herman J. Mankiewicz para escrever o roteiro. Esse filme é "Cidadão Kane" e esta é a história de como o filme foi escrito, todas as turbulências que passou, e claro flashbacks do passado de Mank.

Sabemos bem o estilo do diretor David Fincher, e dificilmente ele erra quando pega um bom projeto, e aqui é daqueles projetos que certamente um diretor de cinema tem orgulho de ter feito, pois ele além de contar a história de como foi feito um dos maiores filmes do cinema mundial, ele soube escolher técnicas tão incríveis que mostra tão bem a época, trabalha bem uma fotografia lindíssima filmada em preto e branco (ou seja, não temos um filme rodado colorido que depois é convertido para preto e branco, ao ponto que cada detalhe de luzes fez toda a diferença), e que com um carisma próprio acabou sendo daqueles filmes que envolvem e vemos todo um trabalho preciso e incrivelmente dirigido, que representa demais todo o processo e a vivência do período, sendo quase uma aula que o diretor soube mostrar e agradar. Ou seja, é daqueles filmes que envolvem não com uma simplicidade cênica, mas sim com aquele algo a mais que traz cinema para dentro do cinema, que acabou não sendo lançado numa telona, mas que ainda passa muito bem a mensagem histórica da sétima arte, e que agrada bastante mesmo sendo um filme mais lento, mostrando que o diretor ainda tem muita bagagem para queimar, e que vai chamar atenção.

Sobre as atuações, um ponto que chama muita atenção é que o filme tem tantos personagens bem colocados, e praticamente todos são importantes para o momento, que seria até exagerado ficar falando de cada um, tanto que recomendo o texto do AdoroCinema para que quem não conhece os personagens fique mais inteirado de tudo, e até saiba um pouco mais antes de conferir o filme. Dito isso, como é de praxe em todos os seus filmes, Gary Oldman simplesmente dá um show com seu Mank completamente maquiado com próteses e tudo mais, ao ponto que nem mais conhecemos o ator sem maquiagem, pois cada filme seu é alguém completamente diferente e inusitado, e claro sempre com muita imponência nos trejeitos e nos diálogos, agradando demais com tudo, e sendo preciso com a personalidade que Mank tinha, ou seja, grandes chances nas premiações novamente. Diria que o diretor fez um milagre gigantesco com sua produção, transformando a inexpressiva Amanda Seyfried em uma personagem bem colocada, cheia de dinâmicas, e belíssima ainda por cima como foi Marion Davies, de forma que finalmente vimos a atriz ter desenvoltura num papel e conseguir chamar a atenção para si, ou seja, a atriz caiu muito bem na personalidade do papel e agradou muito com o que fez. Lily Collins também foi bem precisa com sua Rita Alexander, sendo mais do que uma ajudante do roteirista, mas sim aquela pronta para ouvir e ajudar a escrever todo o pensamento do artista, além de dar bronca nos momentos precisos, e dar o famoso apoio de presença, e a atriz além de singela foi bem colocada na trama. Tom Burke trabalhou bem seu Orson Wells nas poucas cenas que apareceu, afinal o longa é meio contra as atitudes do jovem diretor, mas aqui foi bem lúcido e direto, embora todos sempre falassem que ele era completamente maluco. Todos os demais tiveram boas participações, umas mais imponentes que as outras, mas de um modo geral bem colocados e chamativos, com destaques claros para Arliss Howard com seu Mayer imponente, Tuppence Middleton como a esposa do protagonista Sara, entre outros, pois cada um a sua maneira procurou chamar atenção agradando bem no conceito do longa.

Visualmente o longa é algo a parte, pois filmado inteiramente em preto e branco, com figurinos clássicos da época, carros, e uma ambientação incrível dos estúdios da MGM, além claro de festas nas mansões dos executivos, em sets de filmagens, e do quarto isolado aonde o protagonista escreveu um dos filmes mais incríveis da época estando acidentado, ou seja, tudo trabalhado em minúcias para ter muita representação cênica e claro muito envolvimento com cada detalhe da trama, sendo realmente um luxo tanto artístico quanto fotográfico, ao ponto que conhecendo a Academia vão facilmente escolher esse por cada sombreamento perfeito que a direção de fotografia escolheu para que tudo tivesse volume e envolvimento.

Enfim, um filme muitíssimo interessante pela história, e belíssimo de visual, sendo daqueles quase perfeitos para tudo, que só diria faltar um pouco mais de ritmo e talvez eliminar uns 15-20 minutos, pois começa a cansar em determinado momento, mas nada que atrapalhe o resultado final, e sendo assim recomendo muito ele tanto para quem é da área (para conhecer um pouco mais dos bastidores da época), quanto para quem apenas procura um bom filme, pois tem conteúdo e visual de sobra para entreter a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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