Volto a frisar que gosto muito de ver biografias, e o Festival de Cinema Francês do Brasil costuma sempre trazer alguns bons nomes que nunca tinha nem ouvido falar, e assim acaba sendo bacana conhecer suas histórias e o que fizeram no mundo. Porém se o diretor não souber desenvolver bem a trama na tela acaba virando algo alongado e quase interminável para o público que vai assistir, de modo que "Fanon" pareceu transformar seus 133 minutos em algo que ficamos presos por dias dentro da sala do cinema, e não é uma história ruim, mas tudo ficou tão amarrado, tão cheio de situações, e com uma dinâmica conflituosa tão sem rumo que o resultado acabou desandando um pouco na tela. Ou seja, é um filme que precisava de uma mão mais forte na direção para que o filme impactasse não apenas pela história, mas também pela formatação entregue, aonde o público acabaria conhecendo mais do personagem, mais do conflito na Argélia e consequentemente mais da história mundial com um bom filme chamativo na tela.
O longa nos conta que Frantz Fanon é um psiquiatra francês originário da Martinica cujo próximo desafio profissional é chefiar os serviços do hospital psiquiátrico de Blida, na Argélia. Rapidamente, seus métodos inovadores e tratamento humanístico atrai os olhares estranhos e a ira de seus colegas de trabalho e do diretor da instituição. Determinado e assertivo, Fanon não abandona seus princípios. Num contexto de colonização e de constantes conflitos entre o exército francês e as forças de resistência, as ideias do médico atrai a atenção da Frente de Libertação Nacional e de seu líder Abane Ramdane. Ao lado de sua esposa Josie, Fanon é pego num vórtex de violência e confrontos que o faz se unir às causas de resistência colonial argelinas.
Quanto das atuações, podemos dizer que Alexandre Bouyer fez uma bela entrega com seu Frantz Fanon, convencendo o público de sua personalidade, tendo dinâmicas bem colocadas na tela, e sendo bem imponente tanto como médico quanto como pensador, e assim seu resultado foi característico o suficiente para marcar o papel. Já Déborah François fez de sua Josie Fanon uma personagem meio que apagada demais, quase como uma secretária do médico, e isso não fica legal num filme atual, de modo que talvez se usada melhor chamaria mais atenção. Um ator que ficou um pouco confuso com sua atuação foi Stanislas Merhar com seu Sargento Rolland, pois talvez tenham cortado algo a mais de sua loucura, e ele ficou meio abobado do nada, parecendo não ser alguém tão imponente como deveria. Ainda tivemos bons momentos de Mehdi Senoussi com seu Hocine, e Arthur Dupont com seu Jacques Azoulay, mas quem chamou mais atenção mesmo com poucas cenas foi Salem Kali com seu Abane Ramdane, que trabalhou momentos junto do protagonista com mais imposição, mas sem ir muito além também.
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O longa nos conta que Frantz Fanon é um psiquiatra francês originário da Martinica cujo próximo desafio profissional é chefiar os serviços do hospital psiquiátrico de Blida, na Argélia. Rapidamente, seus métodos inovadores e tratamento humanístico atrai os olhares estranhos e a ira de seus colegas de trabalho e do diretor da instituição. Determinado e assertivo, Fanon não abandona seus princípios. Num contexto de colonização e de constantes conflitos entre o exército francês e as forças de resistência, as ideias do médico atrai a atenção da Frente de Libertação Nacional e de seu líder Abane Ramdane. Ao lado de sua esposa Josie, Fanon é pego num vórtex de violência e confrontos que o faz se unir às causas de resistência colonial argelinas.
Diria que o diretor e roteirista Jean-Claude Flamand-Barny até teve uma desenvoltura interessante para contar toda a história do personagem, mas esqueceu que estava fazendo um filme e não uma série televisiva, pois se tivesse fracionado em três partes toda a história daria uma série bacana, contaria bem toda a história que ele conseguiu pesquisar e gravar, e ficaria lindo, mas ele tinha o contrato para um longa-metragem, e assim faltou um poder que faz toda a diferença que é a edição, e isso são poucos diretores que sabem usar bem a tesoura para deixar seu filme enxuto sem perder detalhes, e/ou acelerar os momentos (por exemplo as duas cenas no final, aonde ele e a esposa ficam se olhando por mais de um minuto, e o enterro dura intermináveis dois a três minutos, parecendo que algo a mais iria acontecer na tela). Ou seja, infelizmente muitos diretores se acostumaram com séries e/ou filmes longuíssimos e acham que isso é algo bonito de acontecer, mas quem dominar o poder de síntese futuramente vai conseguir ir bem além na tela.
Quanto das atuações, podemos dizer que Alexandre Bouyer fez uma bela entrega com seu Frantz Fanon, convencendo o público de sua personalidade, tendo dinâmicas bem colocadas na tela, e sendo bem imponente tanto como médico quanto como pensador, e assim seu resultado foi característico o suficiente para marcar o papel. Já Déborah François fez de sua Josie Fanon uma personagem meio que apagada demais, quase como uma secretária do médico, e isso não fica legal num filme atual, de modo que talvez se usada melhor chamaria mais atenção. Um ator que ficou um pouco confuso com sua atuação foi Stanislas Merhar com seu Sargento Rolland, pois talvez tenham cortado algo a mais de sua loucura, e ele ficou meio abobado do nada, parecendo não ser alguém tão imponente como deveria. Ainda tivemos bons momentos de Mehdi Senoussi com seu Hocine, e Arthur Dupont com seu Jacques Azoulay, mas quem chamou mais atenção mesmo com poucas cenas foi Salem Kali com seu Abane Ramdane, que trabalhou momentos junto do protagonista com mais imposição, mas sem ir muito além também.
Visualmente gostei bastante da recriação de época da equipe de arte, mostrando inicialmente a forma deprimente que se encontravam os pacientes do hospital psiquiátrico aonde o protagonista vai trabalhar, com a maioria presos por correntes num quartinho fechado aonde faziam as necessidades ali mesmo, depois vemos mais dos ambientes do hospital e como passaram a ser tratados até tendo jogos de futebol, vemos a casa requintada que o médico é alocado na cidade, e também nos é mostrado um pouco das vilas da Argélia aonde a resistência preparava suas lutas e o médico vai participar, com tudo bem fechado, tendo cenas no escuro também, e por fim algumas cenas na Tunísia, ou seja, um filme bem completo e chamativo para representar tudo, além claro de momentos com uma saudosa máquina de escrever, que se a esposa datilografou na velocidade que o marido falava, ela certamente bateu recordes na época.
Enfim, é um filme interessante de proposta, que acabou sendo alongado demais e resultou em algo que incomodou bastante, mas que envolve bem e passa uma reflexão de racismo, de luta e de muita sabedoria em uma época tensa em um país que estava sendo colonizado fortemente pela França, então fica a dica de conferida mais como elemento histórico de reflexão, pois quem for conferir apenas como um bom drama certamente irá cansar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dois filmes do Festival, então abraços e até logo mais.




































