Brincando Com Fogo (Jouer Avec Le Feu) (The Quiet Son)

4/29/2025 01:32:00 AM |

Sabe quando falamos que o que vale é a intenção? É literalmente para filmes como "Brincando Com Fogo", pois a proposta de mostrar o quanto o mundo está maluco com as famosas políticas extremas até foi bem colocada na tela, porém demoraram demais para entregar isso, criando um vínculo familiar com os protagonistas exageradamente longo, tanto que olhei no relógio duas vezes para saber quanto faltava ainda de filme e vi que já estava quase encerrando a trama quando tudo começou a se inverter, ou seja, o diretor perdeu a oportunidade de ser mais conflitivo amarrando demais para criar carisma e desenvoltura entre os personagens. Claro isso é algo que dá um valor emocional para a trama, mas não precisava de tanto, talvez com 30-40 minutos já acontecer logo a briga do rapaz, e com no máximo 70 minutos ocorrer seu ato de vingança, podendo ser mostrado na tela ambos os atos violentos para causar realmente algo no público, mas não tudo isso rolou com muito mais tardiamente, e com isso o filme esfria tanto (ou melhor, enrola tanto) que um rapaz que estava na fileira de trás da minha começou a roncar mais alto que o volume do som da sala, e eu chamo isso de falhar grosseiramente com o resultado, pois um filme que faz alguém dormir profundamente não tem como justificar.

O filme nos conta que Pierre tem 50 anos e é pai solteiro de dois filhos. Louis, o caçula, está prestes a sair de casa para estudar em Paris. Fus, o mais velho, vive cada vez mais recluso. Fascinado por violência, ele se envolve em grupos de extrema direita, totalmente opostos aos valores de seu pai. Entre eles, há amor e ódio, até que uma tragédia muda tudo.

Diria que as diretoras, roteiristas e irmãs Delphine e Muriel Coulin quiseram dar muito vértice para o lado dos irmãos, da comparação entre o que vai para a faculdade contra o que faz ensino técnico, da vida deles sendo criados pelo pai sozinho, e de todo o ensejo ao redor das influências, mas enfeitou demais tudo, e aonde elas deveriam explodir mais para mostrar realmente os efeitos dos extremos, ficamos apenas com o jovem bem machucado e do outro lado um morto e o julgamento já acontecendo com um pai desolado sem saber aonde errou. Ou seja, faltou colocar o acento aonde deveria para que tudo fosse mostrado e causasse, e não deixar apenas que o público imaginasse e interpretasse, pois assim acaba sendo um erro em não se direcionar, e com erros de direção não tem como fazer um filme funcionar.

Quanto das atuações, é inegável o quão expressivo Vincent Lindon é, e aqui seu Pierre Hohenberg acaba sendo desenvolvido até demais, o que acabou tendo nuances interessantes, mas que não foram usadas tanto para a serventia da trama, e isso fez com que o ator apenas fosse gasto na tela. O jovem Benjamin Voisin mostrou muita força visual nos trejeitos de seu Félix Hohenberg ou melhor conhecido como Fus, mas sua explosão cênica poderia ter sido ainda melhor usada na trama se as diretoras tivessem dado mais liberdade para que seus atos impactassem e fossem mostrados. Stefan Crepon também teve bons momentos com seu Louis Hohenberg, mas não teve tanto espaço e nem merecia muito para se desenvolver na tela, de modo que ficou sendo apenas como o irmão bonzinho. Quanto aos demais, praticamente ninguém teve muita abertura na tela, de modo que não valem grandes destaques chamativos para nenhum secundário.

Visualmente a trama também foi bem básica e morna, ao ponto que os símbolos ficaram marcados apenas pelas tatuagens, pelo jovem preparando sua "arma", pelas brigas de gangues e lutas clandestinas, mostrando o protagonista consertando as linhas de trem com seus devidos amigos sindicais, tendo uma casa bem básica, e mostrando uma faculdade clássica de esquerda, mas tudo bem subjetivo sem grandes aprofundamentos, além claro de alguns jogos de futebol, mas nada que impusesse na tela o que as diretoras desejavam.

Enfim, é daqueles filmes que você até se conecta com a essência, entende o que desejavam passar, mas que fica esperando realmente o soco acontecer, e a formatação das emoções acaba sendo básica demais para algo que precisava ir além. Ou seja, era para ser um dos filmes mais marcantes do Festival e acabou sendo morno demais para ser lembrado. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais longas do Festival de Cinema Europeu da Imovision, então abraços e até breve.


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O Último Moicano (Le Mohican) (The Mohican)

4/28/2025 08:37:00 PM |

Sempre que venho conferir tramas de festivais, torço para que surjam filmes de estilos diferentes do que comédias e dramas, mas raramente trazem tramas de ação mais pegada, e a ideia do longa "O Último Moicano" pode até parecer uma ficção maluca inventada da cabeça de um roteirista insano, mas sabemos que muitas terras mundo agora foram conquistadas na base da imposição, e mostrar um homem que acabou em um acidente matando um mafioso, sabemos bem o que aconteceria com ele. E dessa forma a fuga do pastor para não ser capturado acaba sendo intensa e bem trabalhada, aonde vemos as dinâmicas das redes sociais e de tudo que acaba acontecendo para aqueles que o ajudam, em uma trama bem amarrada e cheia de nuances, que quem curte o estilo gostará bastante, mesmo sendo um filme um pouco arrastado.

O longa conta que Joseph, um dos últimos pastores de cabras na costa da Córsega, recebe a visita da máfia local, que tem interesse em suas terras. Apesar da pressão, ele se recusa a ceder e, acidentalmente, mata o homem enviado para intimidá-lo. Joseph se torna vítima de uma caçada implacável, que se estende do sul ao norte da Córsega. Com o passar dos dias, a lenda que criou-se sobre Joseph, o último moicano, se espalha por toda a ilha como um grito de resistência.

Diria que o diretor e roteirista Frédéric Farrucci soube dosar os atos dramáticos com uma desenvoltura bem colocada na tela, de modo que seu filme não ficasse apenas na correria dos personagens, e assim por muitos momentos até parece ser uma obra biográfica, e não uma ficção qualquer, ou seja, é daqueles filmes que acabamos nos envolvendo pela ideia completa, e de certo modo nem enxergamos tanto a mão do diretor pesar, ao ponto que tudo flui e acaba funcionando, mesmo que ao final pudessem ter dado algo a mais para o público, mas que não estraga o resultado.

Quanto das atuações, Alexis Manenti trabalhou seu Joseph Cardelli com um ar bem rural, não parecendo que conseguiria fugir tanto, e seu estilo de traquejos acaba até tendo uma boa fluidez e estilo, ao ponto que convence com o que entrega na tela.  A jovem Mara Taquin com sua Vannina foi bem marcada de estilo, criando bem o perfil de jovens que acabam entregando na tela uma pontuação extra nas redes sociais, engajando e chamando a preocupação, de modo que a atriz flui e agrada com o que faz. Quanto aos demais, cada um acaba entregando boas dinâmicas, mas dando a principal base para os dois protagonistas.

Visualmente a trama entregou bem o ambiente rural da Córsega, misturando praias, montanhas e criações de cabras, vemos ambientes rústicos misturados com casas riquíssimas, e por ser bem uma fuga na tela, não vemos tanto a necessidade de elementos cênicos, sendo usados desde ferramentas a armas, vendo algumas formas de criações capinas, e claro os assassinatos a sangue frio, além de uma rebelião monstruosa quando capturam o veterinário que ajudou o rapaz, mostrando que a equipe acabou acertando na simplicidade.

Enfim, é um filme simples do estilo, mas que funciona bem na tela, não sendo algo primoroso que será muito lembrado, mas que entrega dinâmicas e pegadas bem intensas, aonde tudo sai do controle e consegue chamar a atenção. Sendo assim vale a conferida, e fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Festival de Cinema Europeu da Imovision, então abraços e até logo mais.


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Emmanuelle

4/28/2025 01:26:00 AM |

Muitos sabem, outros não, que comecei o site por ser péssimo de memória, e que sendo fanático por filmes sempre me perguntavam o que achei de algo e apenas falava legal para não ficar no vazio, alguns casos lembro mais, outros praticamente evaporam da minha cabeça, e com toda sinceridade não lembro de nada dos filmes antigos que passavam nas noites da Bandeirantes, então até brinquei na postagem do Facebook, se os longas antigos de "Emmanuelle" possuíam histórias, pois que eu saiba a garotada só curtia ver para ver a protagonista pelada, e nada mais, tanto que estranhei uma trama com tanta história aqui na refilmagem francesa, que claro ainda tem muitas cenas eróticas, mas a grande base é de uma mulher que vai para Hong Kong avaliar a estrutura de um hotel de uma rede para o seu dono, e acaba se envolvendo com algumas fantasias com as pessoas dali, tendo algumas nuances mais expressivas e algumas dinâmicas meio que apenas de conhecimento, mas sem ir muito além em nenhuma das duas facetas, ou seja, não fica sendo um drama tradicional e também não causa um despertar sensorial de uma trama erótica, ficando bem no meio do caminho das duas pontas, e assim sendo não vai além.

O longa acompanha uma jovem mulher em busca de uma sensação de prazer desconhecida que a persegue. Constantemente exposta ao luxo, ela precisa visitar um hotel em Hong Kong e avaliá-lo. Sozinha na viagem de negócios, Emmanuelle enxerga a situação como a oportunidade ideal para encontrar a satisfação que tanto procura. Com isso, ela passa a se envolver com diversas pessoas da luxuosa e sensual Hong Kong. Entre os numerosos encontros, ela conhece Kei, um homem misterioso que se mantém distante e lhe escapa em momentos cruciais, atraindo maior curiosidade dela.

Posso dizer que o estilo da diretora Audrey Diwan é polêmico, pois no seu longa anterior trabalhou com a questão do aborto, e agora vem trazer uma nova versão de um clássico do cinema erótico, então assim como a personagem que tem suas regras, mas que não gosta de segui-las, a diretora quis trabalhar um algo a mais dentro do conceito de mulheres liderando e dominando alguns ambientes, como é o caso da gerente do hotel que oculta a prostituição liberada nos cantos do estabelecimento, e de uma inspetora que procura algo a mais do que apenas queimar o que anda dando errado no local para o dono. E sendo ousada, mas sem reinventar a roda, ela soube dosar os pontos quentes com uma história mais ampla, e assim o resultado até tinha chances de ir mais além, mas acabou não sendo tão grandioso e chamativo, pois não convenceu como precisava para um bom drama, deixando tudo literalmente aberto demais.

Quanto das atuações, Noémie Merlant trabalhou sua Emmanuelle com um estilo até bem sedutor, mas sem que precisasse interpretar nas dinâmicas mais amplas, pois ficou muito insegura nos traquejos, e assim se perdeu um pouco na tela. Naomi Watts costuma pegar grandes papeis imponentes e desenvolver eles na tela, mas aqui sua Margot é uma gerente de hotel que quase não se vê na tela, tendo um grande momento com a protagonista para mostrar cadência, mas sem ir muito além. Will Sharpe até foi bem misterioso e cheio de nuances com seu Kei, mas talvez se o papel fosse mais desenvolvido, o resultado seria mais forte para com a protagonista, e assim apenas deixou ela na vontade. Jamie Campbell Bower até teve dois atos bem dialogados com seu Sir John, mas é um papel meio que involuntário e jogado na tela, que não flui nem leva nada a lugar algum. E sendo assim quem teve um pouco mais de desenvoltura nos papeis secundários foi Chacha Huang com sua Zelda, botando o corpo pra jogo e sendo firme no charme sedutor que soube entregar em suas cenas, mas para o que o filme pedia, não foi muito além também.

Visualmente a trama teve atos bem luxuosos, começando com um voo de primeiríssima classe e uma cena pegada de sexo no banheiro do avião, depois vamos para um hotel imponente, com banheiras e quartos cheios de detalhes, um restaurante bem marcante, piscina e até mesmo uma cabaninha afastada aonde cenas quentes rolam foi bem trabalhado dentro do contexto visual da trama, ou seja, tudo teve seus elos, até mesmo um cassino ilegal foi bem representativo, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante, tendo inclusive uma grande tormenta destruindo parte do hotel em reforma, e com isso um belo jantar/baile a luz de velas e lamparinas acabou ocorrendo.

Enfim, é um filme mediano em todos os planos, que poderia ter sido bem quente e marcante como um drama erótico, ou então trabalhado mais o lado imponente da postura feminina de liderança em cima dos prazeres, que daria um vértice diferente para tudo, mas acabou ficando no meio de tudo, e a nota também será na média. Fica então a dica para quem quiser arriscar enxergar algo a mais quando ele for lançado comercialmente fora do Festival de Cinema Europeu da Imovision. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Síndrome da Apatia (Quiet Life)

4/27/2025 09:06:00 PM |

Pensar como fica a cabeça de uma criança que vivencia uma guerra ou um trauma de um conflito é algo bem difícil de se imaginar, e o longa "Síndrome da Apatia" trabalha com essa essência dramática bem pautada na tela, aonde tudo flui de uma forma dura, silenciosa e densa, aonde os pais tentam primeiramente não usar as crianças para conseguir asilo, mas depois o desenrolar se verte para algo inimaginável de se pensar na separação familiar e tudo o que pode acontecer a partir daí. Diria que o filme poderia ter uma pegada mais forte e densa, mas ainda assim o filme choca e consegue funcionar.

O longa nos conta que Sergei e Natalia são refugiados políticos que imigraram para a Suécia com suas duas filhas, Katja e Alina, em busca de uma nova vida. Suas esperanças são destruídas quando o pedido de asilo deles é rejeitado. Sua filha Katja, traumatizada por esse episódio, desmaia e subitamente entra em um "coma", desenvolvendo uma condição conhecida como Síndrome de Resignação ou Apatia, explicada como uma autoproteção contra o sentimento de medo. Sergei e Natalia, então, tentarão de tudo para conseguir o asilo e criar a atmosfera segura que sua filha precisa para despertar. Nos últimos anos, mais de 700 crianças foram diagnosticadas com a síndrome na Suécia e suas causas continuam um mistério.

Diria que o diretor e roteirista grego Alexandros Avranas ("Crimes Obscuros") soube aproveitar bem o momento, das guerras e traumas de vários tipos, das desenvolturas e tudo mais para criar o seu próprio estilo, e a trama usa bem a essência para mostrar a entrega de uma família que sente o peso de não poder morar e vivenciar aquilo. Ou seja, é um filme que facilmente veremos e ouviremos muito sobre essa doença de se desligar da realidade, mas o diretor ao mesmo tempo que pesou na tela, também não trabalhou tanto quanto poderia a densidade dramática do momento em si.

Quanto das atuações, diria que a expressividade de Chulpan Khamatova com sua Natalia foi algo até estranho de se pensar como mãe, mas a atriz segurou bem o momento na tela e agradou com o que fez.  Dá mesma forma, Grigory Dobrygin desenvolveu seu Sergei com uma personalidade séria demais, quase como um desânimo apático e inexpressivo, mas que funciona dentro da proposta, ou seja, não foi muito além, mas cumpriu com a premissa. Agora sem dúvida as garotinhas, Naomi Lamp com sua Alina e Miroslava Pashutina com sua Katja conseguiram segurar muito bem toda a tensão na tela, ficando imóveis em diversos atos e sem ir além conseguindo marcar. Ainda tivemos Eleni Roussinou com sua Adriana sendo ao menos gentil com os personagens, enquanto as demais atendentes apenas ignoravam eles.

Visualmente o longa nos mostra um pouco do processo num centro de imigração da Suécia, o formato de entrevista quase que seco de cadeiras e um telefone, vemos a casa modelo aonde os protagonistas moram com coisas de vidro quase como algo para observação, a escola com o coral da menorzinha e a piscina de mergulho da garota maior, além de uma clínica muito estranha, e por fim o porão aonde vão morar nos atos finais, sendo tudo bem básico.

Enfim, é um filme seco de entregas, mas com emoções diretas que podem ser bem estranhas de ver, mas que funciona dentro da proposta toda, e chama atenção com o que o diretor tinha para mostrar. Então fica a recomendação para quando estrear comercialmente conferirem ele, e eu fico por aqui agora, mas volto mais tarde com outro texto, então abraços e até logo mais.


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Um Pai Para Lily (Bob Trevino Likes It)

4/27/2025 05:20:00 PM |

Sinceramente estou aqui escrevendo do filme "Um Pai Para Lily" pensando em todos os possíveis gatilhos que o longa trará para algumas pessoas, pois a essência em si é bem simples, sem grandes atos emocionais ou dinâmicas que lhe levem para o mote por completo, mas quando vem o fechamento (até talvez esperado) tudo vira uma bola de emoções na nossa cabeça, pensando na vida, nos amigos, nos familiares, e a essência da trama consegue funcionar bem mais do que apenas um filme realmente. Ou seja, é daqueles que você se pega na jornada da protagonista, que mesmo sem ter grandes atos fluindo, tem sentimentos, tem dinâmicas e principalmente tem fluidez, aonde cada singelo momento funciona e a composição completa de fechamento mostra algo muito maior do que apenas um encontro, valendo a mensagem e a dimensão que a diretora encontrou para traduzir algo que vivenciou um pouco.

No filme vemos que a jovem Lily se decepciona mais a cada dia buscando a validação do seu pai. Por conta do egocentrismo dele, eles se afastam cada vez mais e uma situação inusitada acaba transformando a vida dela. Ao encontrar no Facebook um homem com o mesmo nome do seu pai, Lily e o novo Bob Trevino criam uma linda relação de amizade, conseguindo encontrar um no outro a dose de carinho e afeto que faltava.

É bem raro diretores e roteiristas estreantes se darem bem num primeiro filme, pois por vezes tentam ir mais além do que conseguem, ou acabam enrolando em dinâmicas desnecessárias para alongar algo que talvez num curta ou média funcionariam melhor, porém Tracie Laymon não quis apenas ficar no simples, e usando de uma conversa que teve com alguém que tinha seu mesmo sobrenome na internet acabou desenvolvendo um filme cheio de nuances e sentidos, contando com algo que muitos apenas no final de sua vida podem parar para refletir, mas que por muitas vezes a pessoa que você ficou pouco tempo junto pode agregar mais sensações do que alguém que você sempre viveu junto. Ou seja, a diretora escolheu muito bem o estilo para começar, pois dramas sensoriais funcionam bem na tela, principalmente se já teve a experiência para compartilhar com outras pessoas as dinâmicas, e assim o resultado flui fácil, e sendo bem rápido não temos enrolações cênicas, ao ponto que quando você ver já estará com os olhos mareados, mostrando o acerto da diretora.

Quanto das atuações, num primeiro momento achei que iria me irritar com o estilo meio que jogado de Barbie Ferreira com sua Lily Trevino, pois conhecemos muitas pessoas que tem uma certa necessidade de afeto, e acabam cansando os demais ao seu redor, e num primeiro ato a protagonista entregou uma Lily dessa forma, mas conforme vamos nos apegando a ela, a atriz consegue tirar muito de si, consegue fazer fluir suas emoções, e ao final se joga por completo agradando bastante em cena. Não diria que sou o maior fã de John Leguizamo, mas ele soube ter estilo e representar bem seu Bob Trevino, mostrando aqueles que ajudam muito mais quem está ao seu redor do que a si mesmo, e segurando uma essência mais fechada, ele acabou dando o fim exato para pessoas desse estilo, contando com trejeitos mais sérios, porém bem funcionais. Já French Stewart trouxe para o seu Robert Trevino, aquele ser que você pensa não existir, mas que se aproveita dos outros para sair jogando só algo para si, e quando ouve um não, cria um monstro em cima da outra pessoa, fazendo olhares e trejeitos de coitadinho e assim incomodando como um bom acerto expressivo. Ainda tivemos Lauren 'Lolo' Spencer com sua Daphne e Rachel Bay Jones com sua Jeanie, mas ambas apenas deram conexões (algumas bem boas) sentimentais para os dois protagonistas, e assim acertaram em não tentar puxar o filme para si.

Visualmente o longa é simples como todo bom drama sentimental deve ser, tendo muitos atos mostrando as conversas dos protagonistas no celular ou no computador, tendo alguns momentos na casa de Daphne e na casa de Bob, indo até um retiro de idosos, alguns momentos em cafeterias e restaurantes, e também em um centro de adoção de animais, além de um parque e o escritório do protagonista, e tendo como elementos cênicos mais precisos o álbum de recordes de Jeanie, que ao final vai funcionar bastante.

Enfim, é um longa simples, bonito e que não erra na formatação desenvolvida, que pode não pegar a todos, mas quem tiver qualquer gatilho do estilo se prepare para se emocionar. Então fica a dica de conferida nos cinemas a partir do dia 01/05, e eu fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Atômica Lab Assessoria e da Synapse pela cabine de imprensa, mas volto mais tarde com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Until Dawn - Noite de Terror (Until Dawn)

4/26/2025 11:47:00 PM |

Todos sabemos bem o quanto "Resident Evil" e "Silent Hill" vem tentando ano após ano convencer os fãs das franquias tão bem sucedidas de jogos de terror virar uma trama que convença nos cinemas e decole de vez, mas sempre acabam falhando em detalhes que acabam virando até mais jogadas do que realmente algo que empolgue e chame a atenção. E quando vi o nome do filme "Until Dawn - Noite de Terror" em um primeiro momento não lembrei absolutamente nada do jogo, tanto que por um momento até pensei nunca ter jogado ele, e aí o diretor veio e colocou na tela alguns momentos tão icônicos do jogo que falei agora sim estou vendo uma adaptação bem trabalhada na tela, pois até pra mim que esqueço coisas frequentes vir memórias tão lá de trás foi realmente um orgulho. Ou seja, ainda não é daqueles filmes baseados em jogos que vamos aplaudir, aliás é dificílimo competir contra computações e dinâmicas tão bem amarradas na tela que convencesse o público com algo a mais, mas o resultado na tela aqui é satisfatório tanto em violência visual quanto em estilo "jogável", e dessa forma agradará tanto os fãs da franquia de jogos, quanto quem quiser ver apenas um bom longa de terror.

Na trama, um grupo de amigos adolescentes decide passar um fim de semana em uma estação de esqueci, onde tem uma cabana isolada em Blackwood Mountain, Canadá, um ano após o desaparecimento misterioso de duas irmãs gêmeas que faziam parte do grupo. No entanto, o que era para ser uma noite comum, em um feriado descontraído, acaba se tornando uma verdadeira cena de terror, pois um serial killer começa a rondar as proximidades por onde eles estão até começar a persegui-los, colocando a vida do grupo em risco. A história do terror slasher promete promover ao espectador uma experiência imersiva, como se tivessem no jogo, uma vez que no mesmo os jogadores assumem o controle das ações e decisões dos personagens.

Diria que o diretor David F. Sandberg ("Annabelle 2", "Quando as Luzes se Apagam", "Shazam!") soube pegar a essência do jogo e criar algo que não ficasse vazio na tela, e mostrando que sabe assustar sem precisar de exageros de sustos gratuitos, aqui ele até poderia usar isso a seu favor, afinal o jogo tem muitos atos assim e não seria ruim, mas como não é o estilo do diretor, ele criou momentos bem colocados e soube ousar nas explosões corporais e na tensão dos personagens em se perderem na ideia de tentarem se salvar o grupo por completo (diferente da maioria que se salvaria e se lascasse o resto!). Ou seja, o estilo do diretor foi bem criativo nas cenas, soube gastar o orçamento com muito sangue e próteses, e mesmo tendo um tom escuro, não forçou cenas mais fechadas, ao ponto que o filme ficou funcional na tela, e a densidade cênica conseguiu chamar muita atenção, mostrando o nome dele para tramas desse estilo, que faz tão bem, ao invés de ficar com as tramas de ação cômica que lhe deram uma leve queimada.

Quanto das atuações, diria que Ella Rubin soube ser criativa nas cenas de sua Clover, não chamando tanto para si, mas brincando com as facetas expressivas mais diretas e agradando com o estilo bem colocado ao menos. O jovem Michael Cimino deu um bom para que seu Max tivesse momentos chamativos, sempre estando bem presente e agradando na tela. Ji-young Yoo acabou sendo um pouco irritante com sua Megan, mas desenvolvendo atos mais fortes para que segurasse a onda, tanto que não ficou omissa na tela. Odessa A'zion acabou exagerando um pouco com sua Nina, tendo alguns atos meio que gritantes demais, mas não atrapalhou tanto o resultado. Já Belmont Cameli com seu Abe é o elo irritante mesmo no grupo, sendo daqueles que se deixassem teria sobrevivido e deixado o restante lá brigando. Tivemos alguns momentos mais soltos de Maia Mitchell com sua Melanie, mas não teve tanto tempo de tela para se desenvolver, ficando mais aparente com a cara deformada do que atuando realmente. Já Peter Stormare até tentou dar um algo a mais com seu Dr. Hill, mas o personagem precisaria de um desenvolvimento maior para que o ator fosse além.

Visualmente a equipe de arte gastou muito dinheiro com sangue cenográfico, próteses corporais e máscaras bem chamativas, de modo que é notável que não quiseram usar tantos elementos de computação gráfica, e isso em um bom filme de terror acaba sendo envolvente e chamativo, de modo que as explosões corporais foram o show a parte, tivemos atos bem nojentos com os vermes nas caras, e poderiam até ter trabalhado um pouco mais com os wendigo (os monstrões dos jogos), mas tivemos alguns famosos atos do jogo bem colocados, então valeu o trabalho entregue.

Enfim, é um filme que acabou acertando bastante na tela, sendo chamativo e não deixando que fosse mais uma franquia de jogos apenas jogada nos cinemas, agora é ver se vão avançar mais com continuações, ou se vai ficar apenas com essa entrega bem feita, que não é perfeito, mas que ao menos não desaponta. Então fica a dica de conferida para quem curte um terror bem trabalhado sem fazer com que você saia com medo ou chocado da sala (o que é uma pena). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Looney Tunes - O Filme: O Dia Que a Terra Parou (The Day the Earth Blew Up: A Looney Tunes Movie)

4/26/2025 04:48:00 PM |

A ideia base dos Looney Tunes era a de transformar desenhos fofinhos em lunáticos com toda a bagunça que os personagens faziam ao tentar arrumar tudo, e grande parte disso era feita nos desenhos que tinham o Patolino, então para voltar a franquia nos cinemas em "Looney Tunes - O Dia Que a Terra Explodiu" de uma forma bem sagaz nada melhor que o diretor tomar uma boa dose de algo insano e entregar um filme só dele e do Gaguinho tentando salvar o planeta de zumbis, fora que a reviravolta é ainda mais maluca, porém brilhante! Ou seja, é daqueles que você entra imaginando ver uma animação tradicional e volta na época em que os desenhos faziam parte da rotina diária e animada, com o tradicional desenho 2D sem noção alguma funcionando bem demais.

No longa vemos que os personagens do clássico desenho se tornam a maior e única esperança da Terra diante de uma invasão extraterrestre, tornando-se heróis quando suas trapalhadas dentro de uma fábrica de chicletes do bairro revelam uma tentativa secreta de controle mental alienígena. Lutando contra os inimigos mais improváveis para acabar com o plano secreto de dominação das criaturas, os dois precisam encarar outro desafio: conviverem de forma tranquila sem enlouquecerem um ao outro. Contra todas as expectativas, Gaguinho e Patolino precisam salvar o mundo de uma ameaça aterrorizante, criando o próprio plano infalível nessa aventura hilária e perigosa.

O mais bacana de tudo é que o diretor e roteirista Peter Browngardt já fez outros desenhos da turma maluca para a TV, mas aqui é sua estreia em longas, e mais do que apenas criar um episódio maior para a telona, ele soube brincar com a essência completa dos personagens, colocando a história deles desde quando eram bebezinhos, e suas loucuras até chegar aonde precisariam trabalhar para sobreviver e claro entrar na loucura completa. Ou seja, um pacote completo na telona, aonde a diversão impera seja de forma limpa, ou bem errada, e o melhor é que isso não desmerece o mundo cotidiano, e agradará tanto quem é das antigas, quanto os mais novos.

Outro ponto muito bem sacado foi o fato da equipe nacional trazer os dubladores originais antigos dos personagens para a telona, ao ponto que Manolo Rey como Gaguinho, Márcio Simões como Patolino e Carol Crespo como Petunia conseguem nos transportar para os anos 90 ao vermos toda a interação maluca na tela, com os personagens batalhando e quebrando tudo o que era bem planejado, tendo sacadas e dinâmicas bem fora do normal, mas sendo interativo, bem desenhado e cheio das nuances clássicas que esperava ver na tela, com Patolino ainda mais maluco e vendo também um Gaguinho apaixonado e disposto a salvar sua amada.

Visualmente não temos nada fora do comum, e isso é bacana principalmente por nos levar de volta aos clássicos desenhos da infância, com tudo explodindo em cores fortes, gosmas alienígenas, e tudo sem qualquer senso de responsabilidade, mostrando que os personagens atravessaram gerações sem perder a essência e o estilo, então tudo funciona e sai do controle como deve ocorrer.

Enfim, é o básico muito bem feito que esperava ver na telona, não tendo nada que vá muito além, mas também sem ser jogado apenas para isso, compondo bons momentos e divertindo, valendo a indicação principalmente para quem era das antigas e via o desenho na TV. Então fica a dica, e eu fico por aqui agora, mas hoje ainda volto com mais filmes, então abraços e até mais tarde.


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A Luz (Das Licht) (The Light)

4/26/2025 03:01:00 AM |

Quem me conhece sabe que gosto demais de conferir filmes sem saber absolutamente nada, muitas vezes nem lendo sinopses ou vendo trailers, e se tem algo que gosto muito de fazer é bater o olho em um pôster e ser comprado pela embalagem, ao ponto que muitas vezes alguns filmes já me ganham ali, e ultimamente como já acostumei que em festivais mais alternativos tem de escolher para não cair em algumas furadas, desde o primeiro dia que saiu os longas que participariam do Festival de Cinema Europeu da Imovision falei que "A Luz" tinha uma pegada que talvez me agradaria muito, porém não imaginava que o filme teria uma base espírita, muito menos que fosse algo completamente fora do usual, misturando desde Bohemian Rhapsody em animação com viagem fora do corpo, ou seja, uma loucura completa na tela, que muitos vão achar que o diretor tomou um bom chá de cogumelos para entregar tudo isso, enquanto outros irão sentir bem toda a essência maluca que o filme consegue entregar nos seus longuíssimos 165 minutos, que diferentemente de cansar numa última sessão de sexta, me deixou acelerado e ansioso para saber como tudo poderia acabar, o que é bom, enquanto para outros, a fuga com menos da metade foi uma opção.

O longa nos mostra que a família Engels está se desintegrando em silêncio — pais esgotados, filhos desconectados, uma rotina sem afeto. Até que Farrah, uma empregada recém-chegada da Síria, entra em cena. Misteriosa e magnética, ela se torna o centro silencioso da casa. Um a um, todos se aproximam dela... sem saber que ela os escolheu. E que sua chegada não foi coincidência.

O diretor e roteirista Tom Tykwer ficou muito famoso em 98 com seu longa "Corra Lola, Corra", mas foi com seu filme mais maluco de 2012, "A Viagem", junto com as irmãs Wachowsky e depois com a série "Sense8" que ele trabalhou mais essas nuances de conexões entre passado, presente, futuro, pessoas e acompanhantes de planos, e aqui diria que ele jogou muito do que já vimos nos seus outros momentos, porém de uma forma ainda mais direta para o lado espiritual, pois fica bem claro que o lance da empregada/terapeuta é algo para com sua família presa em algum ambiente não muito real, e as conexões que tenta fazer para com a família que vai trabalhar vem mostrar que o diretor desejava sentir realmente a essência de vida daquelas pessoas complexas, mas que pudessem se entregar para o outro lado. Ou seja, é um filme que vemos o diretor tentando a todo momento nos pegar com as sínteses da vida, levando até para um lado meio que musical em alguns atos, mas que você precisa se conectar com algo ali, senão a chance de dispersão é muito alta, e isso é um risco que ele correu.

Quanto das atuações, diria que o elenco completo se jogou do começo ao fim, tendo Nicolette Krebitz com sua Milena Engels mais surtada como uma workaholic que praticamente não dá mais abertura para o marido e para os filhos, sendo intensa e cheia de dinâmicas, mas que a atriz soube passar sensibilidade em muitos trejeitos, e isso chamou atenção. Embora o musical de Lars Eidinger com seu Tim Engels seja falando da preocupação com o corpo, ele se deixou ficar nu em diversos momentos, e trabalhou bem as dinâmicas de alguém que tem uma mentalidade, mas que se mascara para ter o emprego que tem, e isso é algo que vemos muito no mundo contemporâneo. Tala al Deen trabalhou sua Farrah com muitas nuances e dinâmicas, sabendo se posicionar mais como uma terapeuta do que como uma empregada, e a atriz deu as sacadas mais comuns desse estilo de personalidade, chamando muito a responsabilidade do filme para si. Os mais jovens Julius Gause com seu Jon Engels e Elke Biesendorfer com sua Frieda Engels trabalharam a modernidade tóxica que temos hoje em muitos adolescentes, vivendo de jogos e rebeldias, mas perdidos para a vida realmente, não sabendo aonde se encaixar na sociedade e no momento. Agora o jovem Elyas Eldridge trouxe uma imposição cênica para seu Dio interpretando a clássica canção do Queen como se fosse sua, jogando em desenho animado convertido, com cenas conectadas e dinâmicas que vou ficar de olho no que pode surgir futuramente dele. 

Visualmente posso dizer que quase saí da sessão ensopado de tanta chuva na trama, que chega a ser irritante com o protagonista usando capa e andando de bicicleta a todo momento, mas tivemos dois apartamentos bem cheios de detalhes, mostrando a casa da família como uma verdadeira bagunça, aonde ninguém nem se acha, e nem vê o corpo da outra empregada no chão, e o quarto do garoto nem que ele quisesse acharia algo de tanta coisa jogada, já o da empregada mostra uma família diferente, cheia de pessoas que sempre comem juntas, se conectam, conversam, e depois até ficamos sabendo mais quem são. Tivemos cenas num estilo de prisão, que depois nos atos finais vemos o que era realmente aquilo, com uma cena do passado bem marcante, tivemos alguns protestos e boates da garota, alguns jogos de realidade virtual do rapaz, um escritório moderno do marido, e as muitas viagens da protagonista. E claro o aparelho que emite luzes e faz o povo viajar, e alguns atos dentro de uma piscina e de um barco, ou seja, uma produção bem grandiosa.

Tivemos alguns atos musicais bem interessantes, mas sem dúvida o que mais teve nuances foi a música do Queen, "Bohemian Rhapsody", que nunca tinha botado muita atenção na letra completa, e que fez muito sentido com o desenvolvimento na tela em forma de animação, chamando muita atenção e imposição cênica.

Enfim, é um filme que recomendo pela essência, e pela simbologia presente para refletirmos sobre nós e nossas conexões com familiares e pessoas ao nosso redor, mas que também é um filme que muitos não irão se conectar com o que é mostrado na tela, então tem de estar preparado para aceitar e se envolver, então fica a dica para quando for realmente lançado comercialmente seja assistido, ou para as cidades que ainda forem exibir ele no Festival irem aos cinemas. E é isso meus amigos, amanhã volto com mais textos, e fico por aqui hoje, então abraços e até breve.


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Em Qualquer Lugar, A Qualquer Hora (Anywhere, Anytime)

4/25/2025 08:21:00 PM |

Ando dizendo que já virou praxe todo Festival ter algum filme com refugiados tentando sobreviver de modo legal sem os papéis do país aonde estão, e "Em Qualquer Lugar, a Qualquer Hora" usa bem esse mote de uma forma simples, porém bem representada na tela, aonde vemos que quando a coisa desanda, ir pelo pior caminho é um rumo que não vai melhorar, e assim mesmo sem ter grandes atos, o filme acaba entregando algo bem leve e chamativo na tela, pelos olhares de um diretor que consegue enxergar bem a vida de imigrantes.

O longa nos conta que Issa é um jovem imigrante senegalês sem documentos, que tenta sobreviver como pode em Turim, na Itália. Quando é demitido por seu antigo empregador, que teme ser multado pela polícia, um amigo o ajuda a começar a trabalhar como entregador de aplicativo. Esse novo trabalho lhe dá uma sensação de segurança e liberdade, pedalando pela cidade e no controle de seu próprio destino. Porém, essa recém-adquirida estabilidade desmorona rapidamente quando, durante uma entrega, a bicicleta na qual ele gastou todo o seu dinheiro é roubada.

Diria que o diretor e roteirista iraniano Milad Tangshir soube transportar o que anda vendo em muitos países da Europa, de modo que a entrega na trama italiana é bem focada no jovem protagonista em seu dia conflito, aonde talvez pudesse ser até mais emocional na tela, pois de cara já dá para saber o que vai acontecer em menos de 20 minutos de filme, e a simbologia trabalhada pelo diretor nem vai por rumos mais autênticos. Ou seja, é uma trama básica que já vimos muitas vezes, mas que tem seu desenvolvimento bem colocado na tela ao menos, o que acaba agradando.

Quanto das atuações, Ibrahima Sambou trabalhou seu Issa como qualquer outro agiria como tudo que ocorre com ele, ficando inicialmente agoniado, depois revoltado, passando pelo ódio, e a revolta, e sabendo desenvolver bem o que o diretor precisava mostrar acabou sendo simbólico e funcional na tela. Quanto aos demais atores, praticamente todos são apenas elos de conexões, então nem vale falar muito de cada um valendo apenas citar Moussa Dicko Diango com seu Mário carismática e disposto a ajudar o "amigo".

Visualmente a trama trabalha a Itália vista pelo olhar dos imigrantes, indo em feiras, conjuntos habitacionais, prédios de aglomerações, e claro o mundo das entregas de delivery com muitas bicicletas.

Enfim, é um filme bem básico, que não impressiona tanto quanto poderia, mas que tem sua boa pegada, valendo como dica para quem for conferir ele. E fico por aqui agora meus amigos, mas lá vou eu conferir mais um longa do Festival de Cinema Europeu da Imovision, então abraços e até daqui a pouco.


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O Contador 2 (The Accountant 2)

4/25/2025 01:15:00 AM |

Uma coisa eu que posso falar com toda certeza sobre "O Contador 2" é que depois de 9 anos da estreia do primeiro filme, eu mal lembrava que o protagonista era o Ben Affleck, mas felizmente não diria que seja algo extremamente necessário de lembrar, pois o filme funciona bem sozinho, só que não tem mais todas as explicações que tivemos no primeiro filme, de quem é o cara, qual seu trabalho, e todo o blábláblá que teve por lá, misturando cenas de precisão com dinâmicas de ação, então dito isso, o que você precisa saber nesse é que o cara é o contador do crime, tem autismo, luta e atira bem demais, e agora mataram o melhor amigo dele, e ele vai terminar o serviço do cidadão. Pronto, o restante é tudo muito novo, e como estou com meu nível de humor ruim no máximo, posso mudar o nome do personagem para Batman que vai ficar tudo certo, pois tem o ator que fez o Batman, é muito rico, tem seus assistentes de inteligência para melhorar o que ele já tem de bom, e ainda soca os criminosos, ou seja, é o Batman sem a fantasia de morcego. Piadas a parte, o longa é bem interessante, mas bem abaixo do primeiro filme, pois aqui diria que tudo ficou mais morno na tela, não sendo uma pegada de ação mais chamativa, mas ainda assim é um bom filme que empolga e não cansa, mesmo tendo mais de duas horas de duração, então quem curte o estilo vai valer a pena a conferida.

O longa nos conta que Christian Wolff tem um talento para resolver problemas complexos. Quando um velho conhecido é assassinado, deixando para trás uma mensagem enigmática para “encontrar o contador”, Wolff se sente compelido a resolver o caso. Percebendo que medidas mais extremas são necessárias, Wolff recruta seu irmão distante e altamente letal, Brax, para ajudar. Em parceria com a Diretora Adjunta do Tesouro dos EUA, Marybeth Medina, eles descobrem uma conspiração mortal, tornando-se alvos de uma rede implacável de assassinos que fará qualquer coisa para manter seus segredos enterrados.

O mais engraçado é que o diretor Gavin O'Connor foi mantido no projeto, e se em 2016 ele revolucionou fazendo um estilo pegado e cheio de nuances, depois no seu filme também com o ator Ben Affleck ("O Caminho de Volta") ele já tirou o pé para algo mais calmo e sintético ao ponto que agora ele decidiu que é melhor não explodir e trabalhar com calma cada elo da trama. Claro que isso numa franquia que talvez pedisse um pouco mais de ação vai fazer com que muitos reclamem, porém o formato investigativo e a forma dinâmica escolhida até tem o seu gracejo na tela, prendendo bem o espectador. Ou seja, veremos se terão fôlego para um novo filme daqui uns anos, ou se vão optar parar por aqui, pois o papel de herói não coube muito bem no personagem, mas como chama atenção pelas conexões, ainda dá para brincar com outras facetas, afinal alguns personagens do primeiro não voltaram, e a moça principal aqui ficou meio que de lado, então veremos as cenas no próximo capítulo.

Quanto das atuações, um feito gigantesco da equipe de elenco foi escolher Jon Bernthal já lá para fechar o primeiro filme como irmão de Ben Affleck, e se lá não tinha reparado tanto nas semelhanças dos dois, aqui ficou muito chamativo isso. Mas começando a falar de Ben Affleck, não sou muito fã dos seus estilos expressivos, pois ele exagera na seriedade, tanto que no começo do longa aonde seu Christian está num evento de relacionamento, mostrar a foto com um sorriso exagerado acabou sendo algo que é muito de sua personalidade, de parecer ter sempre o mesmo semblante sério, porém, como o papel pedia algo meio que desse estilo, para mostrar um pouco de seu autismo, um pouco de sua loucura e claro seu modus operandi imponente, o que acaba sendo um acerto dentro do que é proposto. E agora falando de Jon Bernthal com seu Brax, ele se deixou levar de uma forma tão solta e explosiva que parecia estar na própria casa, inclusive andando de roupa íntima mais do que uma vez, e trabalhando trejeitos meio que canastrões, mas com uma boa pegada para se impor quando precisava, acabou acertando com o que fez. Um fato engraçado de se pensar é que o papel de Cynthia Addai-Robinson é a de diretora adjunta do Tesouro Nacional, Marybeth Medina, e num cargo como esse você espera que a pessoa apenas tenha que saber lidar com números e algumas investigações financeiras, mas aqui na cena que precisou lutar por sua vida parecia treinada pela própria SWAT, ou seja, a atriz se jogou em cena, e fez bons traquejos expressivos que acabou agradando com o que teve de fazer. Quanto aos demais, vale uma rápida menção para Robert Morgan com seu Burke medroso demais, Daniela Pineda com sua Anaïs ágil, porém bem estranha e sem quase desenvolvimento algum (tirando as cenas no hospital), mas valeria um bom aplauso para os vários jovens que são da equipe de hackers do protagonista, pois chega a dar um medinho com tudo o que fazem em questão de minutos.

Visualmente a trama teve alguns bons momentos mostrando inicialmente um bingo que talvez entre em alguma sala dublada para ver a narração do cantador de bingo cheio de sacadas com os números, depois um encontro de grupos de relacionamento em algo bem estranho, vimos o trailer aonde o protagonista vive, um necrotério bem básico, um motel tradicional americano, a casa que era alugada por Ray e passa a ser da protagonista, vemos um mercado de peixes e o mais chamativo mesmo do orfanato/sala de operações dos hackers, além da moto ultrasônica do protagonista, que foi bem chamativa, também tivemos armas de todos os portes e tudo mais que o gênero pedia.

Enfim, acredito que fui esperando mais do que o longa me entregou, e como costumo dizer ir com expectativas é algo que acaba sempre estragando o resultado final, porém ainda assim é um bom entretenimento, cheio de pegadas e interações, que poderia ser menos calmo para agradar mais, então fica a dica para não conferir ele com muita empolgação, pois senão a chance de não curtir é alta, e vamos esperar se irá rolar mais continuações, e que se for acontecer que não demore tanto. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã para mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Explosão no Trem-Bala (新幹線大爆破) (Bullet Train Explosion)

4/24/2025 12:53:00 AM |

Fazia um bom tempo que não conferia um longa japonês, mas se tem algo que gosto de ver nas tramas do país é a regularidade metódica que eles colocam até em tramas de ação com catástrofes, pois facilmente o longa da Netflix, "Explosão no Trem-Bala", entregaria algo caótico com uma pegada completamente diferente cheia de nuances e tensões se fosse um longa de qualquer outro país, mas com os japoneses tudo foi calminho, tudo foi bem arrumado na tela, e assim o resultado agrada, mas não causa a tensão necessária para que o espectador surte com o que é mostrado, pois a base do longa é algo que já vimos em muitos filmes do estilo "Velocidade Máxima", que acaba sendo divertido de acompanhar e ficar esperando saber quais são as intenções de quem sequestrou e/ou instalou a bomba que não pode fazer o veículo parar para nada. Ou seja, vemos boas interações entre a linha de comando do trem, vemos atitudes bem marcadas dos personagens lá dentro, e pasmem uma revelação até bem fora de todas as possibilidades para quem estava por trás de tudo, sendo meio forçado o motivo, mas que funcionou na proposta.

A trama ainda gira em torno de um trem-bala que precisa estar sempre acima dos 100 km/h, pois uma queda na velocidade resultaria em uma terrível e angustiante explosão. Com cuidado para não deixar os passageiros a bordo em pânico, as autoridades precisam agir rapidamente para trazer todos de volta com vida e sem traumas, sejam eles claustrofóbicos ou emocionais.

Detalhe bem básico é que o filme é uma refilmagem de um clássico dos anos 70 no Japão, e mais do que apenas uma refilmagem básica, o longa tem vários atos usando o passado, colocando as situações conhecidas da época, e também optando para o motivo do final, e assim o diretor Shinji Higuchi soube brincar com tudo, trabalhar muito envolvimento com os personagens, e principalmente tendo agora muito mais tecnologia conseguiu utilizar bons recursos e dinâmicas de modo que o filme flui fácil. Claro temos muitos exageros cênicos, temos alguns atos aonde valeria desenvolver com mais intensidade, mas o básico bem feito sempre funciona como um bom passatempo, e aqui vemos isso com classe e estilo, mostrando que o diretor não jogou contra a sua trama, e assim o resultado agrada.

Um grande problema da trama ficou para á grande quantidade de personagens com "protagonismo" na trama, pois até temos algo mais chamativo para o lado do condutor vivido por Tsuyoshi Kusanagi, mas diferente de um trem comum, aqui ele é meio que alguém que apenas está lá para resolver problemas, não ficando mesmo nas suas mãos, e ele fez o básico para chamar o filme para si. Tivemos alguns momentos mais chamativos da política que Machiko Ono e do ator vivido por Jun Kaname, com um pouco mais de expressividade cênica, mas nada que fosse empolgar na tela. Ainda tivemos alguns personagens mais soltos como da garotinha que fica no trem, a professora, o outro condutor, a maquinista, os técnicos do lado de fora, um assessor do governo e tudo mais que fizeram um ou outro momento mais imponente, mas sem chamar tanta atenção quanto deveriam.

Visualmente foi bem engraçado ver os operadores mexendo e pensando com alguns trens em miniatura bem parecidos com o da telona, o que mostra como fizeram para as cenas de ação com o gigante funcionarem na tela sem precisar destruir ou explodir tudo, tendo uma sala de comando lotada de pessoas e muitos painéis com números dos trens e as agulhas que passam os trens, tivemos dentro situações tradicionais com coisas caindo nas movimentações, algumas interações com gravações de celulares sendo básicos, mas chamativos ao menos.

Enfim, é um filme honesto que facilmente poderia chamar muito mais atenção com um pouco mais de tensão nos personagens, e talvez algum salvador mais chamativo, mas serve como um passatempo interessante de ver, principalmente para quem curte o estilo de velocidade e ação, ficando como uma boa dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Sneaks - De Pisante Novo (Sneaks)

4/22/2025 12:54:00 AM |

Quando acho que o pessoal das animações não tem mais o que inventar, eles dão um jeito de surgir com alguma loucura nova, e agora pasmem tivemos um filme de tênis falantes!!! Claro que fui conferir "Sneaks - De Pisante Novo" com um preconceito monstruoso esperando ser algo tão bobo que iria me irritar com menos de 10 minutos de projeção, mas as sacadas foram bem trabalhadas, e os personagens mesmo não tendo grandes carismas para com o público conseguem convencer na tela, divertindo e fazendo a história funcionar. Claro que passa bem longe dos motes de animações da Pixar, Illumination e Dreamworks, mas consegue chamar atenção, ter estilo, e brincar com a moda atual de alguns colecionadores de tênis que apenas tem eles para guardar ao invés de pôr para bater/jogar por aí, usando artifícios com falsificados, saltos-alto e até tênis de boliche contra outros de basquete, então o resultado acabou tendo estilo, e sendo bem dinâmico na telona.

O longa nos conta que Téo e Beca são um par de tênis de grife que vivem protegidos em sua caixa, até que Edson, um jovem humilde com o sonho de se tornar jogador de basquete, os ganha em um sorteio. Quando são roubados por um colecionador, o sonho de Edson é ameaçado e os tênis se separam. Determinado a reencontrar seu par, Téo se vê perdido nas ruas de Nova York, onde conhece Beto, um tênis de rua cheio de atitude. Juntos, embarcam em uma aventura repleta de surpresas, e Téo descobre que o mundo fora da caixa é muito maior e mais emocionante do que imaginava.

É interessante observar que os diretores Rob Edwards e Christopher Jenkins conseguiram criar um projeto bem diferente do usual, pois juntaram equipes americanas, britânicas e indianas, ou seja, as três potências de filmes mundiais para desenvolver algo que chega a ser bacana pelo mote de pensar fora da caixa, o que é meio difícil para alguns tênis, e sabendo usar de traquejos de rua como skate, basquete e até os mais clássicos como boliche e casamentos acabou brincando com fluidez e inteligência, que mesmo tendo alguns elos mais infantis, puxassem para sacadas com gírias e imposições, ou seja, não deixaram que as suas estreias sobrepusessem a ideia de algo maior, e o resultado acabou ficando leve e gostoso de ver. Claro que não é algo memorável o que eles fizeram acontecer, principalmente por estarmos acostumados com tramas mais emocionais e bonitas como acontecem com os outros grandes estúdios de animações, mas o filme não falha em erros bobos como vemos em algumas animações fora dos três grandões, e assim o resultado agrada, diverte e faz o tempo passar de uma forma interessante.

Diria que os personagens foram bem divertidos dentro das proporções cênicas, tendo os humanos com três bases diferentes, sendo o garotinho ganhador do sorteio que sonha em ser um grande jogador de basquete, o grandão colecionador que quer ter todos os tênis raros para si após um evento traumático do passado, e o maluco falsificador que tem seus meios digitais para copiar sem garantia tudo o que deseja. Do lado dos tênis, tivemos os riquíssimos Téo tentando encontrar sua irmã Beca, e a irmã tentando fugir do cofre do Colecionador, ambos usando traquejos de muita empolgação e claro tentando não ficarem com muitas marcas de guerra. Junto do rapaz vem o malandro Beto que quer as joias de Téo, levando o jovem para rodar por toda a cidade que conhece, conhecendo crias dos tênis de basquete de rua, e também as belezas dos sapatos de casamento (que ironicamente são saltos que as mulheres tiram para aliviar os pés!), além de um galpão de sapatos perdidos numa pista de boliche, ou seja, tudo muito bem colocado e divertido de ver. Das dublagens tivemos Jottapê, Christian Malheiros e até Raíssa Leal (que interpreta sua voz tanto na versão original quanto na nacional) como um tênis de skatista que serve para levar os personagens em um skate por toda a cidade.

Visualmente a trama não é muito rica de texturas, tendo um estilo tridimensional meio chapado com boas sombras e movimentos, que talvez ficassem legais com a tecnologia de óculos, mas que acabou não acontecendo, porém em quantidade de cores e personagens diferentes, a trama literalmente deu show, pois tem na tela todo tipo de tênis que imaginarmos, cores, marcas, estilos e tudo com boas sacadas para dar a devida dimensão técnica na trama. Quanto aos eventos diria que ficaram meio que jogados na tela, como o festival de tênis e o jogo dos humanos, de modo que valeria ter trabalhado um pouco mais nas coisas dos objetos, mas isso é exigir demais.

Enfim, é uma animação bacana, que não pode ser vista esperando muita coisa, que deve agradar os jovens adolescentes e alguns menorzinhos pelas cores, mas que passa longe de ser algo jogado como imaginei que fosse, sendo assim uma boa opção de passatempo para quem curte o estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Nas Terras Perdidas (In The Lost Lands)

4/21/2025 01:43:00 AM |

Todos que me acompanham sabem que reclamo demais quando um diretor resolve enrolar e enfeitar demais o doce para chamar atenção, porém também reclamo demais quando algo que merece ser desenvolvido acaba virando uma correria para entregar 100 minutos na tela (tempo considerado ideal para a maioria dos produtores/exibidores), e com o visual cenográfico impecável criado para o longa "Nas Terras Perdidas", o resultado foi deprimente na tela, pois mesmo sendo um conto curto de George R.R. Martin, a trama merecia desenvolver cada personagem, cada ambiente riquíssimo que tinha, pois pareceu que o diretor criou algo para dois ou três filmes, mas entregou tudo ali cortando partes explicativas, partes emocionais e tudo mais, ficando numa correria tão grande que ao final tudo até é bem sacado que você vê a grande visão da bruxa protagonista, mas pensa "é só isso?" e a resposta do diretor, "é e fique feliz". Ou seja, é um filme que precisaria de no mínimo uns 200 minutos para funcionar, mas que contando com 101 minutos não entrega nem metade do que poderia acontecer, e apenas foi um grande gasto da equipe de arte.

O longa acompanha uma rainha que contrata os serviços de uma temida e poderosa feiticeira chamada Gray Alys com o objetivo de enviá-la para uma terra fantasmagórica chamada Terras Perdidas. Essa perigosa missão consiste em obter um poder mágico capaz de alterar a forma física das pessoas e dos objetos. Gray, porém, carrega um segredo: cada desejo que realiza possui consequências devastadoras. Ao lado de Gray, um misterioso caçador de nome Boyce ajuda a bruxa a navegar e a lutar com as forças sombrias e os inimigos dessa terra amaldiçoada. Apesar de seu jeito reservado e sério, Boyce se tornará um importante e valente aliado enquanto enfrentam criaturas épicas e sombrias e inimigos inimagináveis nas Terras Perdidas.

Tenho para mim que quando o agente do diretor Paul W.S. Anderson começa a procurar diretores de arte, ele não pode falar o nome do diretor, senão todos fogem, pois seu estilo cheio de ação e desenvoltura costuma onerar muito os orçamentos, precisando sempre de muitos elementos cênicos e ambientes gigantescos, e aqui ele conseguiu adaptar bem a história de George R.R. Martin para as telonas, sabendo criar o ambiente hostil, os personagens e tudo mais, porém esqueceu de um detalhe, fazer com que a história ficasse crível na tela do começo ao fim, não sendo apenas algo comum, mas sim um épico como deveria ser. Ou seja, o diretor fez com que a trama ficasse imponente tecnicamente, com algo que facilmente poderia ser memorável como um livro do autor virando uma grande longa e não séries alongadíssimas, mas acabou não brincando com tudo o que poderia resolvendo acelerar na tela algo que não precisava, pois um filme técnico de 180 minutos venderia bem e explodiria na tela como algo criativo e bonito de se ver. Sendo assim, o que acabamos vendo na tela é mais um dos seus grandes gastos que não impactam como poderia, aonde usa sua mulher sempre como protagonista, e não vai arrecadar o tanto para pagar o prejuízo.

E já que joguei no ventilador a esposa do diretor, vamos falar sobre as atuações, diferente do usual quebra quebra que Milla Jovovich costuma fazer junto das suas dublês, aqui sua Gray Alys sendo uma bruxa usou mais o olhar e alguns efeitos dinâmicos para botar banca, e conseguiu chamar atenção, afinal como uma boa protagonista brincou com os elos, mas dava para ir mais além se melhor desenvolvida. Costumo dizer que Dave Bautista é um dos atores mais esforçados de Hollywood, e aqui ele trabalhou uma personalidade forte e também emocional para que seu Boyce fosse bem interessante, e tendo uma boa inversão no final, mas alguns atos acabaram exagerados até demais para ele, e nem por sua culpa, mas sim do roteiro, que o fechamento virou a zona completa na tela. Ainda tivemos outros bons papeis na tela, mas como nenhum foi praticamente desenvolvido, Arly Jover foi que conseguiu aparecer mais com sua Executora cheia de traquejos fortes, mas sem ter algo para impor na tela, e Fraser James foi o inverso com um Patriarca bem imponente, mas pecando por trejeitos forçados, e assim sendo A Rainha e seu amante vividos por Amara Okereke e Simon Lööf conseguiram ficar menos importantes que Deirdre Mullins e Sebastian Stankiewicz como dois personagens numa estação no meio do nada.

Visualmente a trama é incrivelmente cheia de elementos cênicos e ambientes gigantescos, ao ponto que com toda certeza muita coisa é computacional (ou não), mostrando que o diretor de arte botou o orçamento para jogo e fez quase realmente um jogo de RPG amplificado na telona, tendo o mapa aparecendo toda hora na tela, o relógio lunar mudando durante os dias até formar a lua cheia, e claro cada lugar do mapa muito bem representado com torres, montanhas, esqueletos e tudo mais que fosse ser possível imaginar, até um trem gigantesco e uma travessia de um ônibus por uma corda, ou seja, um show visual cheio de bons efeitos e que valeriam ser melhores vistos em algo maior.

Enfim, volto a frisar que não é um longa ruim, mas é tão mal desenvolvido na tela, que dificilmente alguém sairá feliz da sessão, sejam eles fãs de George Martin ou apenas fãs de bons filmes de ação, e isso é um peso muito ruim para algo que poderia ser mais chamativo, então fica a dica de ser apenas um passatempo, aonde muitos irão ignorar o que verão e outros sairão da sessão sem entender nada do que viram, e assim o resultado é algo bem mediano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Sobreviventes

4/18/2025 07:37:00 PM |

É bem interessante se pensar em lugares aonde o mote social como conhecemos acaba sendo mudado, de modo que como seria se um barco cheio de escravos naufragasse e um dos senhores liberassem eles, um padre desejasse a morte de um dos negros e a dona dos escravos que tem seu próprio negro que engravidou sua filha precisassem interagir para sobreviver numa ilha deserta em pleno século XIX? A ideia do longa luso-brasileiro, "Sobreviventes", nos mostra essa pegada e consegue ser bem representativa dentro dos diálogos e dinâmicas, de modo que funciona bem como um filme de proposta ousada, porém antes de elogios vai a minha maior reclamação, que é da não necessidade de se trabalhar em preto e branco, que claro tem toda a ideologia metafórica para funcionar, mas a técnica já está ficando batida demais, e funciona mais para esconder possíveis erros da equipe de arte do que algo simbólico realmente, e aqui se o filme tivesse tons fortes marcaria certamente muito mais na tela do que o tom apagado da fotografia. Ou seja, vemos na tela algo muito bom, mas também vemos erros que não necessitariam existir, e assim o resultado possui vértices demais para a reflexão de quem for conferir o longa a partir do dia 24 de abril como sendo o último trabalho do diretor José Barahona que morreu em novembro do ano passado.

A sinopse nos situa em meados do século XIX, aonde um grupo de sobreviventes do naufrágio de um navio negreiro, brancos e negros, dão um ar diferente a uma ilha deserta, perdida em algures no Oceano Atlântico. A luta pela sobrevivência e pelo poder vai inverter os valores morais e sociais da época. Isolados, será possível que deixem de lado o passado das relações de poder e subjugação e encontrem uma nova forma de viver em harmonia?

Não posso dizer que conhecia o estilo do diretor José Barahona antes do filme de hoje, pois filmes portugueses raramente aparecem por aqui sem ser nos Festivais do Sesc, pois tem um costume infelizmente repetitivo e cansativo, então mesmo nos streamings são raros os casos que aparecem por lá, porém a ideia do roteiro do diretor e de José Eduardo Agualusa é algo que vale demais para se refletir, pois e se no Brasil tivesse ocorrido o inverso, com os negros escravizando os brancos, se uma revolta maior tivesse ocorrido para mudar os motes sociais? E a estrutura narrativa que o diretor consegue desenvolver até tem seu gracejo, não é algo que cansa, e deu boas dinâmicas entre os personagens, ou seja, se o filme fosse colorido com presença maior e intensa dos diálogos finais, talvez víssemos uma grandiosa obra reflexiva, mas como a trama "enrolou" demais nos conflitos dos próprios brancos no começo e usou de uma fotografia preto/branco apenas para minimizar falhas, o resultado acaba não chamando tanta atenção quanto poderia.

Quanto das atuações, vale dar um bom destaque para Miguel Damião com seu Fradique Mendes por saber segurar a dinâmica na tela, ser político nas relações do ambiente, e se conectar bem com o negro para desenhar a estrutura ali, de modo que o ator teve atos de impacto e chamou bem a cena para si nos momentos que precisava, agradando sem precisar forçar na tela. Allex Miranda também entregou a boa base com seu João Salvador impondo regras e traquejos sociais, como o único ali que sabia realmente fazer as coisas, e o mais bacana foi ver a sua invertida quando vê no meio de duas "famílias" e o que tinha que fazer realmente, ou seja, o ator é o miolo de tudo e entregou bem o que precisava fazer. Ainda tivemos Paulo Azevedo entregando tudo que um padre nunca deveria pensar, mas como bem sabemos no passado a maioria era extremamente racista, Anabela Moreira com sua D. Emília achando que no meio de um conflito ainda teria suas posses e classes, Roberto Bomtempo fazendo um Gregório clássico de um marujo sem rumos e escrúpulos pronto para atacar a qualquer momento, e Kim Ostrowskij fazendo uma jovem Inês meio que jogada na tela, mas que trouxe um ar mais alocado na tela.

Visualmente o longa não entrega nada a mais que uma praia, alguns bem poucos destroços do navio como uns 2 ou três baús, aonde acham um jogo de xadrez, algumas roupas e uma sombrinha, uma barrica de vinho, um facão, algumas cordas e nada mais, aonde os personagens fazem algumas armas para pescar, e depois é só andam (com um erro meio que estranho, pois usam a corda para subir o morro, e na cena seguinte estão andando pela praia novamente), aí chegando aonde estão os demais negros que escaparam do naufrágio vemos já artefatos de pesca que fizeram e como a "colônia" está mais desenvolvida.

Enfim, é um longa de proposta interessante que talvez poderia ter ido mais além, mas que funciona na tela e passa uma boa reflexão dentro do tema. Deixo então a dica para a conferida nos cinemas a partir do dia 24/04, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Pandora Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine, então abraços e até breve com mais textos.


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Pecadores (Sinners)

4/18/2025 03:07:00 AM |

Acho muito engraçado quando alguns filmes possuem mais do que um trailer e as reações que temos de um filme acabam mudando por completo, pois quando vi o primeiro trailer de "Pecadores" já pensei que filmão de segregação racial, envolvendo a Klan e tudo mais, de modo que fiquei bem interessado na proposta, aí veio o segundo trailer e já peguei de cara que era um filme com vampiros, pensa numa brochada de nível gigantesco, num ponto que já coloquei na mente que ia ser daquelas bombas que sairia xingando da sessão e tudo mais, afinal é um tema batido e geralmente com tramas bem ruins. Pois bem, cá estou eu após duas cenas pós-créditos, junto com uma meia dúzia (da sala Imax com um bom público para uma sessão das 21h50) que ficou esperando na sala, aplaudindo um filme de vampiros! Pois é meus amigos, nunca na minha vida imaginei que fosse ver uma tremenda trama bem amarrada, com blues, soul music, religiões africanas e cristãs juntas, ku klux klan, índios, lavouras de algodão, trapaças, segregação racial, assombrações e pasmem vampiros tudo junto e misturado, ainda tendo o protagonista fazendo gêmeos em muitas cenas juntas, com diálogos imponentes e tudo mais. Ou seja, pacote completo para envolver, não cansar nem um pouco em 137 minutos depois de uma semana cansativa e pesada, e assim vir embora muito feliz para curtir o feriadão.

No longa vemos que dois irmãos gêmeos voltam à sua cidade natal com o objetivo de reconstruir a vida e apagar um passado conturbado. Esses acontecimentos, porém, voltam a atormentá-los quando uma força maligna passa a persegui-los, trazendo para a superfície medos e traumas. Esse mal busca tomar conta da cidade e de todos os cidadãos, obrigando-os a lutar para sobreviver. Mais do que contornar os demônios dominadores e famintos por poder (e sangue), Fumaça e Fuligem terão que lidar com as lendas e os mitos ameaçadores que podem estar por trás desse terror.

Ainda irei um dia entender a mente de um roteirista, pois adaptações literárias, biografias, e até alguns romances e comédias são coisas aceitáveis de se pensar e criar uma boa história para ser contada nos cinemas, mas quando recai para o terror e ainda joga pitadas dramáticas com toda a mistura que falei acima, isso não pode ter saído da cabeça de uma pessoa normal, e o mais interessante de tudo é que o diretor e roteirista Ryan Coogler começou com uma biografia crítica fortíssima, se aventurou numa continuação/reboot de uma franquia consagrada que ninguém nem sonhava em botar as mãos, foi para um dos longas da Marvel mais emblemáticos, quase foi linchado por uma continuação fraca da Marvel, e vem com algo totalmente fora da caixa como trouxe aqui, ou seja, que já a maioria dos críticos tem colocado como o filme que lhe dará seu nome mundo afora, e não duvidaria disso, pois ele foi muito ousado, trabalhou com as câmeras gigantes Imax, pois todos os personagens para dançar muito, trabalhou canções originais sem precisar fazer uma trama musical, fora os milhares de ângulos que filmou toda a sua loucura cênica, isso ainda trabalhando com o protagonista fazendo dois papéis bem semelhantes visualmente, mas de gênios praticamente opostos. Ou seja, uma direção impecável de um roteiro inimaginável, que posso estar errado, mas mesmo estando em Abril, poderá ser lembrado nas premiações do próximo ano.

Quanto das atuações, Michael B. Jordan fazendo dois papeis foi algo icônico, pois num primeiro momento você fica se perguntando se é ele mesmo fazendo Fumaça e Fuligem, pois são muitas cenas juntas lado a lado, mas quando começa a aparecer eles separados você pega bem que é o próprio ator se doando duplamente e recebendo só um cachê, e ele se joga por completo, entregando diálogos fortes, dinâmicas bem trabalhadas e mostrando imponência na tela, ao ponto que também podemos dizer que é um dos seus melhores filmes pelo que fez. O longa é a estreia de Miles Caton nos cinemas, mas o que ele faz com seu Sammie, o tom e o timbre de voz nas canções e toda a expressividade do começo ao fim, faz dele um ator que certamente veremos mais nas telonas, pois o jovem fez seu nome na tela. Com toda sinceridade, estou com medo de sonhar com o Remmick de Jack O'Connell, pois ao mesmo tempo que tem um ar sereno nas canções, ao se transformar na tela acaba sendo quase que o diabo em pessoa, com traquejos fortes e dinâmicas tão bem encaixadas que valeria até mais tempo de tela pro rapaz. Ainda tivemos cenas bem boas e expressivas de Wunmi Mosaku com sua Annie, toda uma imposição chamativa de Hailee Steinfield com sua Mary, a explosão de dança e canto de Jayme Lawson com sua Pearline, e claro os atos fortes de Li Jun Ji com sua Grace, mas quem se jogou nos diálogos bem trabalhados foi Delroy Lindo com seu Delta Slim. Ou seja, um elenco que botou literalmente pra quebrar, e olha que nem falei da metade dos personagens.

Visualmente o longa tem a maioria dos atos numa antiga serraria que é transformada num clube de blues, com palco para os shows, comida, bebidas, jogos e muita dança, sendo de um modo visual simples, mas contando com tantos personagens, fora a abstração insana do diretor de misturar presente, passado e futuro numa dança desconcertante de ritmos sendo dançados com fogo para todo lado que a tela chega a impactar, tivemos atos numa cidadezinha dividida pela segregação, com um lado para os negros e outro para os brancos, com mercados, bares e tudo mais, carros da época, uma pequena igreja do pai do jovem cantor, atos malucos no ataque dos vampiros, e muita maquiagem forte, figurinos ensanguentados, tiros, explosões e tudo mais numa pirotecnia incrível e muito bem usada na tela, que sendo filmado com as câmeras Imax ficou ainda maior na telona.

A trilha sonora é um espetáculo a parte, com muitas canções autorais cantadas pelo próprio elenco, fora as batidas e sonoridades para cada momento na tela, sendo algo que impressiona pelos ritmos usados, de um lado o blues dos negros e do outro o folk dos vampiros, que acabam valendo demais ouvir tanto no filme quanto depois em casa, e claro que deixo aqui o link.

Enfim, é um filme que talvez até daria para tirar um ponto ali ou aqui, mas certamente é algo que irei lembrar muito, ficando marcado na minha memória por ser algo completamente diferente do estilo, que não vou remover nada, deixando o longa com a nota máxima, pois tem dinâmica, tem expressividade, e me surpreendeu com toda a loucura. Então fica a dica para conferir nas telonas maiores possíveis, e eu fico por aqui hoje, dando um leve descanso, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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