É engraçado o julgamento que fazemos quando vemos os trailers nos cinemas, pois quando vi o do longa "Sombras No Deserto" meio que de relance, falei: "nossa que filme abstrato estranho", bem a cara dos filmes sem base alguma que o Nicolas Cage anda pegando, mas como me interessei pela loucura que apareceu na tela, fui pesquisar depois, e aí a coisa fez um bom tanto de sentido, principalmente por não lembrar de nenhum filme que tenha mostrado a adolescência de Jesus, sempre na maioria das vezes vemos ele bebê fugindo com a família dos romanos, vez ou outra mostrando alguns anos antes da crucificação, e centenas das famosas últimas horas e dias. Mas eis que chegou o dia de assistir, e fui com um medo monstruoso do que iriam entregar na tela, pois o longa foi classificado como gênero de horror, e misturar história bíblica com um estilo desse é perigosíssimo, porém felizmente o longa é bem interessante, mostrando várias tentações e provações que o jovem rapaz com seus 15 anos precisou passar, sendo colocado diversas vezes contra sua família, e se testando com curas de pessoas teoricamente que não deveria se aproximar, tudo com um Satanás bem colocado para sua idade, ou seja, um filme que os religiosos vão achar meio estranho, mas que valeu pela ideia trabalhada em cima de um livro mais antigo.
A sinopse nos conta que no Egito antigo, uma família vive escondida, tentando escapar de um passado que não pode ser revelado. O Carpinteiro, sua esposa e o Menino sobrevivem entre a fé e o medo de serem encontrados. Quando uma presença sombria cruza seu caminho, o Menino começa a questionar tudo o que acredita, despertando forças que nem ele é capaz de compreender. À medida que seu dom cresce, o confronto do sagrado com o desconhecido se inicia.
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A sinopse nos conta que no Egito antigo, uma família vive escondida, tentando escapar de um passado que não pode ser revelado. O Carpinteiro, sua esposa e o Menino sobrevivem entre a fé e o medo de serem encontrados. Quando uma presença sombria cruza seu caminho, o Menino começa a questionar tudo o que acredita, despertando forças que nem ele é capaz de compreender. À medida que seu dom cresce, o confronto do sagrado com o desconhecido se inicia.
Diria que o diretor e roteirista Lotfy Nathan se arriscou bastante, primeiro por mexer em um vespeiro gigantesco que é falar de religião, segundo por trabalhar isso em um estilo de terror, e principalmente por ousar adaptar elementos do Evangelho Apócrifo da Infância segundo Pseudo-Tomé, pouquíssimo conhecido do grande público. Ou seja, tinha tudo para dar muito errado, mas que acabou funcionando, ao menos para os não tão religiosos, pois na sessão que estava ao sair o burburinho era que tinham gostado do que viram na tela, e me senti impactado pela entrega do personagem mostrado, afinal pouco sabemos da infância de Jesus, se ele já cresceu formado com sua ideologia, como aconteceram suas tentações, e por aí vai, que o diretor facilmente poderia ter feito um drama mais denso, porém optou por brincar com o terror, com muita maquiagem para os leprosos, feridas, cenas escuras e grandes impactos na concepção dos personagens em atos fortes. Sendo assim, o que posso afirmar é que deu certo na tela, e que funcionou a loucura toda.
Quanto das atuações, é estranho que Nicolas Cage depois de tantos personagens bizarros tem encontrado papeis interessantes para pegar, e aqui o seu Carpinteiro tem pegada, tem um estilão meio bagunçado entre a fé e a dúvida, de tal forma que chama atenção e não fica apenas jogado na tela, ou seja, é mais um dos papeis bons que guardaremos do ator que tanto faz grandes bombas. Noah Jupe trabalhou seu personagem (que fizeram questão de não chamar nem de Jesus nem de Yeshua até momentos antes do final) com um ar curioso, variando bem entre o bem e o mal que ainda não estava tão formado na sua personalidade, e com isso conseguiu chamar a atenção mesmo que um pouco retraído demais, e assim pareceu mais os jovens modernos que vivem mais perdidos que tudo, do que realmente os adolescentes das antigas, mas não decepcionou ao menos. Agora quem botou banca com trejeitos e dinâmicas tão bem chamativas quando bem dialogadas numa interpretação imponente foi a jovem Isla Johnston com sua "A Estranha", chamando para si a responsabilidade de muitas cenas fortes e não deixando que os demais sobrepusessem ela, ou seja, é um nome para ficarmos de olho. Já FKA Twigs não mostrou a que veio com sua Mãe, fazendo algumas expressões fortes no parto, mas depois ficando bem apática e meio que em segundo plano. E finalizando os principais, Souheila Yakoub trabalhou sua Lilith de uma maneira interessante e bem colocada, principalmente nas cenas que precisou estar possuída.
Visualmente o longa foi bem sujo, não sei se era essa a proposta do diretor, mas usando muitos tons marrons para dar a nuance de deserto na locação, com casas bem rudimentares, mas cenas de crucificação e prisões bem marcantes para os diferentes, doentes e impuros, tendo aulas de religião no meio da floresta, e até uma espécie de jaula aonde o jovem vai ficar durante a noite, tivemos muitas cenas com cobras saindo das gargantas das pessoas, e como já disse no começo maquiagens estranhas para dar as feridas dos leprosos e dos machucados pelas correntes também. Só poderiam ter melhorado um pouco os efeitos especiais, que ficaram bem artificiais, mas como é uma produção não tão grandiosa, o resultado não poderia ir muito além também.
Enfim, é um filme que eu não estava esperando nada, muito pelo contrário, estava esperando uma grande bomba, que acabou me surpreendendo e agradando bastante, então mesmo não sendo uma produção em si perfeita, o resultado final acaba sendo algo que valha recomendar, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


































