Vizinhos Bárbaros (Les Barbares) (Meet The Barbarians)

12/08/2025 01:22:00 AM |

Uma das coisas mais divertidas de conferir todas as edições do Festival de Cinema Francês do Brasil, que nos anos passados se chamava Festival Varilux de Cinema Francês, é conhecer algumas pequenas vilas do país, aonde vemos conflitos entre vizinhos e situações bem particulares de um todo do país, ao ponto que em muitos longas acabam sendo até criados nomes fictícios para não explicitar ainda mais casos de xenofobia e racismo (que sabemos que ocorrem muito) e o resultado acaba brincando bastante com o lado cômico e por vezes dramáticos de algumas situações. E como disse outro dia, as histórias dos refugiados serão sempre temas muito presentes na maioria dos filmes europeus, afinal com várias guerras, ditadores e tudo mais que anda rolando no mundo, acaba sendo algo muito em pauta nas mentes dos roteiristas para criarem os mais diferentes tipos de produções, e aqui em "Vizinhos Bárbaros" posso dizer que foram bem sucintos e diretos para trabalhar toda essa dinâmica dando claro algumas pontadas mais cômicas para que tudo não ficasse tão pesado, mas ainda assim pontuando bem todo o sentimento de sair de seu país e ser recepcionado de uma forma não tão amistosa por alguns membros da pequena vila.

O longa nos conta que Paimpont é um município de uma pequena aldeia bretã cuja vida tranquila dos moradores é subitamente abalada. Num gesto de camaradagem e solidariedade, a comunidade vota em unanimidade para aceitar refugiados ucranianos em troca de subsídios governamentais. No entanto, em vez de verem os ucranianos chegarem, acabam recebendo a família Fayad – vinda da Síria. Alguns habitantes da cidade passam a ter problemas com os novos vizinhos. Porém, a família frustra todos os clichês que os franceses esperavam: são simpáticos, refinados, educados, tanto que agora, nesta pequena e movimentada aldeia, não é mais claro de que lado estão os bárbaros. Durante esse tempo, a convivência entre os recém-chegados e os antigos habitantes gera muitos conflitos.

É bacana ver o trabalho completo da diretora, roteirista e atriz Julie Delpy, pois cada ano ela vai procurando mudar um pouco seu estilo, mas sem cair em traquejos ou situações forçadas, de modo que sempre chama atenção nas três pontas, e aqui fez um roteiro bem crítico da situação dos refugiados e da forma que muitos os abrigam, fez uma direção ampla de situações e personagens sem precisar recair para o lado novelesco e fez uma atuação correta sem grandes chamarizes, deixando que os verdadeiros protagonistas se destacassem, e assim seu resultado fluiu fácil não sendo daqueles filmes bonitinhos que apenas aplaudimos e depois esquecemos, mas sim algo completo de reflexões e que entrega além de tudo um bom passatempo gostoso de conferir.

Quanto das atuações, Ziad Bakri trabalhou seu Marwan Fayad com traquejos mais fechados, afinal um pouco inseguro com tudo o que estava rolando, mas soube dosar as entregas na tela, e facilmente usou a força quando precisou. Dalia Naous foi um pouco mais solta com sua Louna Fayad, mas também aparecendo menos na tela, de modo que sua entrega ficou bacana de ver, principalmente não se abalando muito na tela. Rita Hayek foi bem segura também com sua Alma Fayad, tendo até sido uma surpresa com seus registros do celular, e até achei que realmente não tivesse uma das pernas, mas felizmente foram truques de gravação, e ela soube chamar muita atenção com tudo o que fez. Sandrine Kiberlain sempre presente em papeis mais soltos, aqui com sua Anne Poudoulec teve momentos mais explosivos e outros mais divertidos, mas conseguiu agradar com o que fez. Agora quem foi muito engraçado ver hoje foi Laurent Lafitte com seu Hervé Riou cheio de imposição, todo machão e racista, que contrapôs completamente com seu papel no filme que vi ontem aonde era alguém completamente solto para o mundo, sendo até um pouco afetado demais, mostrando seu potencial para vários estilos de papeis. Como falei no parágrafo anterior, tivemos alguns bons momentos da diretora Julie Delpy com sua Joëlle Lesourd, mas foi sutil em suas entregas para não roubar a cena de ninguém, e assim agradou com o que fez.

Visualmente o longa mostrou uma vila bem simples, com várias casas diferentes, mas aparentemente bem próximas umas das outras, tivemos muitos atos dentro da prefeitura e da escola, e também no lago da cidade, alguns momentos no restaurante e mercado da vila, e até alguns atos na zona rural aonde vão construir a casa dos refugiados vendida de forma bem barata pelo dono, ou seja, a equipe de arte pode brincar bem com toda a e conseguiu ser representativo nas dinâmicas entregues.

Enfim, é um longa simples de estrutura, com uma boa mensagem crítica em cima de tudo o que anda acontecendo na França e no mundo com o caso dos vários refugiados das guerras, e que consegue também ser divertido mesmo a diretora necessitando algumas quebras capitulares meio que desnecessárias, mas nada que atrapalhasse o resultado final agradável e interessante de ver. E assim sendo fica a recomendação para a conferida dele dentro do Festival, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais tramas dele, então abraços e até breve.


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Era Uma Vez Minha Mãe (Ma mère, Dieu et Sylvie Vartan) (Once Upon My Mother)

12/07/2025 08:19:00 PM |

Gosto bastante de conferir tramas baseadas em fatos reais para conhecer situações e personagens, e hoje foi bem bacana ver a história de "Era Uma Vez, Minha Mãe", que pode ser conferido no Festival de Cinema Francês do Brasil, entregando uma história simples, porém bonita e bem feita de uma mãe que não deixou seu filho ser um deficiente ao nascer com uma deformidade, procurando todo tipo de médico a curandeiros, e usando de muita força de vontade mudou a vida dele para algo normal e imponente. Diria que a ideia foi bem aplicada com uma dinâmica boa misturando comédia e drama, sem precisar exagerar, que de uma forma simples acabou funcionando na tela com uma entrega gostosa de curtir e se apaixonar pela ideia de uma mãe que assim como as demais buscam o melhor para seus filhos.

No longa vemos que o amor de uma mãe move montanhas para que seu filho viva uma vida normal e maravilhosa. O ano é 1963 e Esther dá luz para Roland que nasce com uma deficiência em que não consegue andar graças aos seus pés tortos. Esther promete para seu filho, apesar da opinião contrária de terceiros, que ele terá a vida que quiser, cheia de conquistas e momentos de sucesso. Esther passa a lutar para oferecer tudo que Roland deseja e cumprir a promessa. Esta é a história do amor incondicional de uma mãe por seu filho e os obstáculos sociais e físicos que ambos enfrentam durante os altos e baixos de uma jornada extraordinária.

Diria que o diretor e roteirista Ken Scott soube pegar o livro de Roland Perez e dar uma fluidez tão bem emocional, mas sem precisar apelar para que o público chorasse com sua história, de modo que vemos os ângulos bem alocados, vemos a sinceridade bem envolvente, e toda a entrega dos atores para com seus personagens, de modo que tudo flui de uma forma bonita e segura, não precisando recair para o lado novelesco que usualmente um longa desse estilo recairia. Ou seja, é uma direção firme, com classe aonde ele homenageia Esther Perez e todas as mães que se doaram para que seus filhos fossem bem além.

Quanto das atuações, Leïla Bekhti trabalhou bem sua Esther Perez, fazendo trejeitos bem clássicos daquelas mães que grudam nos filhos, cheias de ideias malucas e dinâmica bem intensas, agradando bastante do começo ao fim, sendo singela aonde precisava, mas sempre cheia de intensidade. Também tivemos boas entregas de Jonathan Cohen com seu Roland Perez adulto, bem disposto a ser diferenciada em suas cenas, sendo marcante na medida certa para que seus atos chamassem a atenção e a emoção para com sua mãe, e também nas cenas como um homem forte. Vale ainda dar bons destaques para Joséphine Japy com sua Litzie Gozlan e para o jovem Naim Naji como Roland Perez entre 5 e 7 anos, mais pelas expressividades deles, e claro a participação da cantora Sylvie Vartan que usou de maquiagem digital para aparecer nas cenas mais nova no começo do longa.

Visualmente o longa teve boas cenas no apartamento da família, mostrando todo o processo que o jovem passou para começar a andar, vemos seus estudos, danças de ballet, e claro a fascinação pela cantora trabalhando com vendas de discos depois, e claro mais ao final toda a essência do escritório de advocacia, desde o mais simples até um mais rebuscado, e também uma festa de aniversário com a cantora botando a voz para jogo, ou seja, a equipe até trabalhou bem, conseguiu fazer alguns atos simbólicos com a criança escorregando pelo chão e com uma boa maquiagem para o pé do jovem, sendo simples e efetivo na composição completa.

Enfim, é um longa bacana, que tem uma dinâmica interessante que não chega a cansar nem incomodar o espectador, mas que ficou no meio do caminho entre a comédia e o drama, não indo para nenhum dos lados e nem sendo uma famosa dramédia francesa, que pode ser que até segure o público, mas dava para ser um pouco mais conciso em alguns atos. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um longa do Festival hoje, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Jay Kelly

12/07/2025 05:12:00 PM |

Acho que pós-pandemia os roteiristas e as pessoas em geral acabaram indo para os dois extremos, emocionados demais querendo fazer diversas homenagens para dublês, agentes, animais e tudo mais, ou então partindo diretamente para pancadaria e grosseria sem conseguir se conectar com ninguém. E posso dizer que ambas as situações tem trazido bons momentos nas telonas e telinhas, de modo que o longa da Netflix, "Jay Kelly", funciona bem nesse sentido de homenagear os agentes e até mesmo os artistas que por muitas vezes acabam abandonando suas famílias, amigos e tudo mais para viverem seu sonho de estar dentro da indústria do cinema, sendo algo duro de enfrentar, de rotinas a perder, e até mesmo só percebendo isso quando chegam ao final da carreira em alguma homenagem, e isso é bem marcante de ser visto. Ou seja, é um filme que tem uma boa pegada na tela, aonde os protagonistas se entregaram por completo, mas que tem um tom meio emocional demais para uma carreira dura, que talvez pudesse ser menos floreado, mas aí não faria tanto sucesso nas premiações, então valeu a escolha do diretor.

O longa acompanha a jornada de um famoso ator de cinema chamado Jay Kelly e seu dedicado empresário Ron. Os dois embarcam pela Europa numa trajetória intensa na qual são confrontadas suas escolhas do passado, seus relacionamentos e os legados que construíram e deixarão para a posteridade.

Já conhecemos bem o estilo do diretor e roteirista Noah Baumbach pelos seus filmes anteriores, e aqui ele não tentou ousar e sair da sua base de conforto, principalmente ao adotar mais o estilo de homenagens que pautou em seu roteiro. Ou seja, vemos um filme bem regular, sem reviravoltas ou dinâmicas que chamem a atenção na tela, de tal maneira que o resultado é bonito de ver para quem conhece bastante de cinema e sabe que as vidas dos artistas famosos é bem esse caos mesmo, mas quem apenas for conferir ele procurando um drama tradicional talvez ache um pouco artificial o resultado final. Claro que volto a frisar que não é ruim se fazer homenagens na tela, mas talvez algo mais conflitivo com algumas nuances levaria o longa para um outro patamar.

Quanto das atuações, não teria como ter falhas, afinal chega até ser engraçado que o personagem principal fala várias vezes que é difícil interpretar a si mesmo, porém George Clooney faz com seu Jay Kelly quase que uma representação própria sua, de alguém extremamente famoso, que vive cheio de compromissos e filmagens, e que praticamente nem ouvimos quase falar das suas relações familiares, ou seja, quase que idêntico ao longa, e ele segurou com pulso firme e muita classe para que o papel fosse emocional na medida e com muita responsabilidade cênica agradasse do começo ao fim. Já falei outras vezes que tenho gostado muito de ver Adam Sandler em personagens mais sérios do que fazendo seus tradicionais besteiróis, e aqui seu Ron tem estilo, tem momentos cheios de imposição, e demonstrou uma segurança bem chamativa para com seu papel, mostrando conhecer bem a vida dos diversos agentes de Hollywood, conseguindo passar bem toda a sinceridade de encontrar os devidos olhares e marcar seu território na tela. Ainda tivemos outros bons personagens, mas a base completa ficou em cima dos dois protagonistas, valendo leves destaques para Laura Dern com sua Liz bem agitada, Billy Crudup com seu Timothy revoltado pelo o que aconteceu no passado e até tendo algumas nuances rápidas de Greta Gerwig com sua Lois e Patrick Wilson com seu Ben Alcock, mas sem irem muito a fundo em seus papeis, valendo então dar um destaque rápido para Charlie Rowe e Louis Partridge como Jay e Timothy jovens em seus testes e aulas de atuação.

Visualmente o longa teve um bom início num set de gravações, algumas cenas na mansão do protagonista, um funeral bem tradicional de um grande amigo dele, algumas cenas em bares, e depois muitos momentos em aviões, trens e carros, passando por Paris até chegar na Itália, aonde vemos um festival com bailes e exibições, sendo tudo simples, mas com um ar luxuoso bem encaixado para representar cada momento.

Enfim, é um bom filme do estilo, que tem pegada e que certamente vai cair no gosto dos artistas e votantes do cinema hollywoodiano, afinal muitos irão se conectar com tudo o que acontece na tela, mas não é nada grandioso o suficiente para impressionar o público que talvez não irá se conectar tão facilmente com os personagens, justamente por ver mais deles mesmos na tela, então fica a dica para uma curtida leve sem esperar muito, que aí é capaz de gostar do que verá. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou hoje ainda ver mais dois filmes do Festival de Cinema Francês, então abraços e até mais tarde com outros textos.

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A Mulher Mais Rica do Mundo (La Femme La Plus Riche Du Monde)

12/07/2025 02:08:00 AM |

Costumo dizer que nós seres normais do mundo nunca saberemos como é viver igual alguns grupos de ricaços que sequer pensam em seu dinheiro, do tipo que pega um cheque de 1 milhão e dá de presente ou então que gosta de uma foto e pergunta se algumas centenas de milhares paga, ou então como aparece no longa "A Mulher Mais Rica do Mundo" a seguinte frase dita pela filha da protagonista que antes da aparição do golpista nunca sequer haviam falado de dinheiro dentro da família, pois é muito óbvio, esse pessoal tem tanto dinheiro que não precisam falar, compram o que quiserem, a hora que quiserem, e se você fizer cara feia, eles também te compram, ou seja, é um mundo fora da realidade total que praticamente inexiste, ou melhor existe e nunca nem veremos falar deles, afinal não precisam e nem gostam de serem notados, e o longa brinca justamente com isso, pois quando a vida da ricaça entra no rumo de alguém chamativo demais, esse alguém quebra facilmente os rumos daquilo que era normal para eles, e vira de ponta cabeça toda a base familiar. Ou seja, é um filme que tem uma base realista, mas que florearam demais todo o restante, colocando algo quase tão novelesco que até chega a sair do comum, e isso não é algo que funcione tanto, ao ponto que o miolo do filme acaba sendo até cansativo demais (como toda novela!), mas que fecha bem ao menos.

O longa nos conta que Marianne Farrère é dona da Windler e considerada a mulher mais rica e influente do mundo. Ao conhecer Pierre-Alain Fantin, um ambicioso jovem escritor e fotógrafo francês, a mulher desenvolve uma grande amizade com o rapaz. Com pitadas de romantismo, o novo amigo mexe com o coração da milionária e desencadeia um esquema de corrupção jamais visto em territórios parisienses. Uma doação de milhões coloca em risco sua família e toda a história da empresa. A história é inspirada no caso de Liliane Bettencourt, herdeira de uma importante marca de cosméticos.

É até interessante como o diretor e roteirista Thierry Klifa usou bem a história da dona da L'Oreal para recriar seu filme com nuances mais floreadas, pois a base foi bem fundamentada, e sendo um escândalo que chocou o mundo na época muitos quiseram usar os direitos e claro que sendo uma família riquíssima, tudo acabou sendo meio que apagado, e dava para fazer um filme menos artificial e mais comercial, mas como a maioria curte novelas no mundo, ele optou por esse estilo que até entretém bem nos primeiros minutos, depois acaba se tornando algo arrastado e repetitivo que cansa bastante no miolo, e só quando entra no conflito mesmo que poderia surpreender, nem é mostrado muito. Ou seja, quem curte esse estilo até talvez vai gostar, mas pela primeira vez em um filme de festival vi sair tanta gente da sala e ir embora como aconteceu hoje, e isso mostra que faltou o diretor impactar mais com o conflito familiar e/ou mais com os processos rolando com a mídia se batendo para conseguir detalhes.

Quanto das atuações, como toda "novela", temos muitos bons personagens e atores, e claro que a dominante no caso foi a principal atriz francesa de todos os festivais, Isabelle Huppert, que com sua Marianne Farrère soube ter toda a classe e a compostura esperada, deu densidade para a personagem, porém não explodiu como costumeiramente faz em cena, trabalhando meio que de uma forma segura na tela, e assim diria que ela meio que quis "defender" a personagem real com algo mais sutil. Agora quem não foi nem um pouco sutil na tela foi Laurent Lafitte com seu Pierre-Alain Fantin, sendo daqueles aproveitadores espalhafatosos que marcam presença aonde quer que apareçam, e acabou sendo bem interessante e irritante suas cenas, ao ponto de querermos assim como a herdeira pegar ele pelo colarinho, ou seja, o ator chamou toda a atenção do filme para si, e se era isso que o roteiro pedia, fez com precisão. Claro que o papel de Marina Foïs com sua Frédérique Spielman pedia alguém bem séria na tela, mas a atriz acabou abusando um pouco, ficando até monótona em muitos atos, de forma que faltou presença para chamar o filme para si, e isso não é muito bom de acontecer. O jovem Raphaël Personnaz trabalhou seu Jérôme Bonjean com olhares e entregas tão bem encaixadas, com uma serenidade perfeita de mordomos, que até esperava algo a mais do personagem, pois o ator não ficou apagado na tela, e isso é algo muito legal de ocorrer, principalmente em tramas desse estilo. Como disse tivemos muitos bons atores e personagens na tela, e se eu fosse o diretor usaria esse mesmo elenco e montaria uma série mais completa, pois os fãs do estilo adorariam ver mais desenvolvimentos de todos os demais, então não vou destacar nenhum dos demais.

Visualmente a equipe de arte foi muito esperta, pois não precisou de locações gigantescas para representar a mansão, o conselho e tudo mais, usando ângulos mais fechados nas salas, quartos, piscinas e por aí vai, apenas representando o luxo pelas roupas e elementos ao redor, de modo que tudo funciona bem na tela, tem as devidas nuances e agrada, mostrando claro uma vida de rico, mas sem fazer um filme de produtor rico.

Enfim, é um longa bem feito, bem representativo do mundo imponente dos ricaços, que dava para ter ido além sem precisar alongar tanto como acabou acontecendo, sendo algo bacana de ver se não for esperando muito dele, então fica a dica. E é isso meus amigos, amanhã volto com mais dicas de filmes, mas hoje eu fico por aqui deixando meus abraços com vocês.


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Eternidade (Eternity)

12/06/2025 02:57:00 AM |

Alguns filmes são tão leves e gostosos de assistir que mesmo tendo uma reflexão em segundo plano acaba sendo envolvente e divertido, e desde quando vi o trailer de "Eternidade" senti que seria algo interessante com boas nuances, mas que talvez recairia para algo bobinho demais na tela, e hoje após conferir posso dizer que tem seus atos mais bobinhos, mas a ideia por completo é tão genial que não tem como você não sair da sessão com um sorriso no rosto, e até sonhando com a possibilidade de quem sabe o pós-morte ser nesse estilo (será que tem cinema na eternidade?). Ou seja, pode até parecer daquelas comédias românticas bem sessão da tarde, mas que trabalha até que bem a ideia de um pós-morte menos religioso, aonde as nuances funcionam para que nos afeiçoemos com os personagens, e até ficar com uma certa torcida para um dos lados, e assim o resultado funciona até mais do que parecia.

No longa vemos que todas as almas, após a morte, mudam-se para uma espécie de limbo chamado Junction, onde tem uma semana para decidir onde querem passar a eternidade. Ao lado de seus coordenadores do pós-morte, cada um precisa escolher a maneira como (e com quem) quer passar esse tempo infinito. Quando Joan morre, ela é confrontada com uma escolha impossível entre Larry, o homem com quem passou a vida junto, ou Luke, seu primeiro amor e marido que morreu na guerra muito jovem e esperou por ela por 60 anos no limbo da eternidade.

Diria que o diretor e roteirista David Freyne foi bem criativo tanto na ideia da trama quanto na execução, pois é um filme que se olhado bem de perto é simples de essências, mas que consegue se desenvolver tão facilmente que acabamos rapidamente envolvidos com toda a entrega dos personagens e do ambiente em si, ao ponto que mesmo tendo uma pegada cômica não fica como algo jogado ou forçado para que o público ria das situações, mas sim que estejam sempre com o sorriso no rosto mesmo nos atos mais densos de dúvida da protagonista. Além disso pode parecer simples a história principal que rola na tela, mas foram criadas as diversas eternidades no melhor estilo de um Mercadão de frutas, foi feito o lance do Arquivo aonde os protagonistas veem suas histórias a qualquer momento para relembrar boas dinâmicas, e no ato da correria vemos ao fundo toda a confusão com os momentos mais tensos da vida da personagem, ou seja, são vários outros mini-filmes rolando ali, além de toda a estação Encruzilhada com centenas de figurantes mortos das mais diversas maneiras voltando ao seu melhor momento para escolher sua Eternidade, e assim posso dizer que o diretor teve trabalho a beça, e acertou.

Quanto das atuações, o longa tem um quinteto fantástico de personalidade e entrega, começando por Miles Teller com um Larry não tão bonito, mas com um gracejo bem jogado, uma expressividade bem chamativa e sendo leve dentro da proposta que quis colocar na tela, contando com um charme mais romantizado. Do outro lado tivemos Callum Turner com um estilão mais imponente de galã com seu Luke, com todas nuances trabalhadas em cima da perfeição e tendo até mais pegada para saber puxar a protagonista para seu lado. Claro que no meio disso tudo tivemos Elizabeth Olsen com uma doçura bem colocada para sua Joan, cheia de personalidade e dúvidas de seguir com um casamento de muitos anos ou experimentar a vida que poderia ter acontecido no passado, e a atriz soube ser bem confusa mesmo para dar essa ideia de uma maneira leve e divertida. E claro que tivemos os Coordenadores do Pós-Morte (ou CPM como abreviam a todo momento) com a sempre bem pontuada Da'Vine Joy Randolph mais durona e cheia de bons traquejos com sua Anna, sabendo vender bem suas ideias, mas sendo bem atrapalhada, e do outro lado John Early fazendo um Ryan com mais classe e requinte, mas cheio de dinâmicas mais direcionadas, ou seja, divertiram o público com suas entregas e se divertiram com o que fizeram.

Já falei no começo das grandes nuances visuais da trama, mas tenho que aplaudir a equipe de arte, e mal posso esperar o longa sair na AppleTV+ (pois é um longa da companhia) para ver com todas as cores possíveis, afinal hoje o longa estava em uma sala de baixa iluminação do projetor, mas ainda assim vemos muitas sacadas com o céu do ambiente fechado sendo pintado e com cortinas caindo para mudar de dia para noite, vemos hotéis gigantescos aonde as pessoas passam seus sete dias escolhendo para aonde vão, mostrando que morrem muitas pessoas por dia, temos todas as várias eternidades sendo vendidas, os programas nas TVs dos quartos mostrando algumas sugestões de realidades, e claro toda a estação de junção dos trens, além da praia e das montanhas aonde os personagens vão para o teste VIP que ganham, ou seja, a equipe de arte trabalhou duro e o resultado funcionou na tela.

Enfim, é um filme que fui conferir esperando que gostaria do que me seria entregue, mas acabei sendo surpreendido com um algo a mais na tela que me envolveu e fez com que saísse da sessão bem feliz com o que vi, pensando como seria a eternidade que escolheria para meu pós-morte, e agora irei refletir mais sobre tudo o que foi mostrado. Sendo assim, recomendo ele com toda certeza para todos conferirem, só sendo uma pena estar em uma única sessão na cidade, então quem puder ir conferir é uma boa, senão vamos torcer para logo chegar na plataforma da AppleTV. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, pois ainda faltam muitos filmes do Festival Francês para conferir, além de estreias, então abraços e até breve.


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Mãos à Obra (A Pied D'œuvre) (At Work)

12/05/2025 09:40:00 PM |

Hoje tive três sentimentos fortes assistindo "Mãos à Obra" no Festival de Cinema Francês do Brasil, o primeiro de achar estar conferindo um documentário pelo início narrado e meio pausado sem ter lido nada, ficando até um pouco irritado, depois com um miolo um pouco lento demais cheguei a ficar com sono fortíssimo e cansado pela entrega do personagem, porém ao chegar no fechamento a emoção bateu por ver o amor do personagem pelo que faz tendo reconhecimento da pessoa que mais desejava e ver que todo o trabalho duro valeu a pena. Ou seja, muitas vezes nos vemos apanhando para conseguir alcançar sucesso ou satisfação com o que fazemos, e muitos nem veem por tudo o que passamos para chegar lá, mas por dentro sabemos que valeu a pena, é isso emociona realmente. Diria que o longa tem uma pegada meio lenta e cansativa pelo estilo escolhido quase que documental, porém é algo que funciona bastante com a proposta se analisado como deve, e assim acaba sendo daqueles que se você não entrar no clima e se entregar para ele também acabará não chamando tanta atenção, mas como um filme de festival é agradável e acerta bem.

O longa acompanha uma história radical em busca da liberdade, mais especificamente sobre um fotógrafo, que no auge de sua carreira, decidiu largar todo o seu sucesso profissional e se dedicar totalmente a sua verdadeira paixão: a escrita. Enfrentando problemas relacionados à sua vida financeira e aos seus problemas pessoais, ele precisa persistir no seu objetivo para finalmente, ser feliz, mesmo que isso custe muito caro.

É interessante que a diretora e roteirista Valérie Donzelli escolheu um formato que pouquíssimos diretores escolheriam para trabalhar na tela, pois o estilo semi documental com uma pegada quase intimista acaba tendo que segurar demais o espectador para não perder tempo, e para isso acontecer o personagem precisa ser muito bom e o ator se entregar ao máximo para convencer o público do que está vendo, e ela não teve na maior parte do tempo nenhuma das duas coisas, resultando em um miolo que você raspa de dormir ou desistir do longa, porém foi bem feliz na escolha de como fechar o longa, pois praticamente esquecemos os defeitos e entramos na mesma onda emocional da trama toda. Ou seja, é um filme que ela poderia ter feito de inúmeras maneiras mais fáceis tanto para as filmagens quanto para o envolvimento do público, mas não foi essa a escolha, então acabamos sofrendo um pouco com todo o resultado que vemos.

Basicamente o filme é de Bastien Bouillon com seu Paul, de tal forma que como disse acima, ele precisava ter pego o personagem e assinado seu nome com seu sangue, mas foi apenas simbólico em suas entregas, desenvolvendo uma pessoa pronta para fazer diversos trabalhos, mas não tendo a força necessária para que nos apaixonássemos por ele, ou seja, ficou morno demais na tela, entregando dinâmicas mais simples que até agradam, porém pedia bem mais. Quanto aos demais, acredito que usaram até pessoas reais para a maioria dos papéis, apenas pedindo autorização para aparecerem na tela, então não temos nada demais que chamasse atenção.

Visualmente a trama também não foi muito ousada nos ambientes, pois como falei até parece que colocaram realmente o ator para fazer os diversos serviços e foram filmando, tendo um porão/estúdio bem bagunçado, um ato com um cervo e uma livraria como cernes fora dos trabalhos, é assim não tivemos nada muito chamativo.

Enfim, é um filme com uma proposta e um roteiro bem chamativo, mas que não foi além quanto poderia, sendo interessante de conferir, desde que não esteja com sono, pois o miolo é cansativo demais. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas como é sexta vou encarar mais um longa no cinema, então abraços e até logo mais.


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Mercato - Os Donos da Bola

12/05/2025 02:22:00 AM |

O longa de hoje do Festival de Cinema Francês do Brasil era no mínimo curioso, pois é estranho vermos tramas envolvendo os bastidores do esporte mais famoso do mundo, pois geralmente entregam histórias de superação, dinâmicas de crescimento de algum atleta, jogos complexos e tudo mais, mas eis que chegou "Mercato - Os Donos da Bola" para vermos a vida maluca de um agente de futebol envolvido com dívidas e tendo jogadores bem difíceis de negociar e dar certo. Ou seja, é uma trama ágil, bem cheia de nuances, que consegue empolgar na entrega, mas que sai bem do eixo tradicional de filmes de festivais, então nem sei se muitos amigos irão curtir, mas foi bem bacana toda a entrega do protagonista, mesmo sabendo bem como a trama iria terminar.

No longa acompanhamos os bastidores sombrios do esporte mais amado e celebrado do mundo. O futebol moderno é mais do que um jogo, é uma indústria bilionária global onde os interesses e jogadas valem milhões. Durante uma das janelas de transferência, um dos períodos mais importantes para as operações financeiras dos clubes, Driss Berzane é um agente de jogadores na beira de um colapso e da falência. Devendo 300 mil euros para outro agente que o ajudou com a troca de um jogador para o Paris Saint-Germain, Driss tem sete dias para salvar a própria pele e pagar o que deve antes que o mercado de transferências se feche. Enquanto isso, Driss precisa provar que é um bom agente, ainda gerenciando a carreira e as vidas de seus clientes.

Não conhecia o trabalho do diretor Tristan Séguéla, mas posso dizer que gostei do seu estilo, pois sua trama teve personalidade e dinâmica, sem deixar de lado algo meio artístico na proposta, e menos ainda ficar longe do jeitão comercial. Ou seja, ele soube escolher um tema bem atual ao trabalhar as negociações milionárias do mundo do esporte, jogar com um lado mais obscuro e criminoso e envolver com boas sacadas e entregas, ao ponto que talvez pudesse ter um personagem menos estranho para protagonizar que daria nuances melhores, mas ainda assim o resultado funcionou bem com boas técnicas, ambientes bem ricos e muitas viagens para representar tudo na tela.

Quanto das atuações, já conferi outros longas com o ator Jamel Debbouze, e não consegui ver ele combinando bem como um grande negociador para o papel de Driss, de modo que ele parecia mais um trambiqueiro do que realmente um agente de grandes jogadores, e isso me incomodou um pouco em alguns atos dele como protagonista, mas tirando esse detalhe teve boa personalidade e se jogou com o que tinha, fazendo a dinâmica acontecer na tela. O mais interessante é que os demais personagens todos são usados apenas para as conexões com o protagonista, e praticamente nem atuam para chamar atenção, desde o filho vivido por Milo Machado-Graner, passando pelo principal jogador que agencia que Hakim Jemili entregou no melhor estilo dos grandões brasileiros que vivem mais em festas do que jogando, até chegar no cobrador gigante que Ismaël Sy Savané faz, valendo um leve destaque para Vincent Rottiers que faz o amigo do protagonista e Monia Chokri como uma patrocinadora do grande nome do futebol no longa, mas sem grandes expressividades também.

Visualmente o longa brincou com um escritório/casa do protagonista, vemos cenas em várias casas bem ricas de jogadores, hotéis chiques, negociações com xeiques donos de clubes da Inglaterra e claro também negociações com o futebol árabe no melhor estilo que vimos nos últimos anos, além claro de uma partida de crianças, restaurantes, viagens em trens e até uma partida gigante no estádio do PSG, ou seja, tudo bem representativo dentro do mundo do futebol, aonde claro a equipe não precisou criar nada, tendo apenas locações "caras", mas que funcionaram para o resultado final.

Enfim, é um longa simples e bacana, que acredito que em festivais não sei se irá acertar muito o público, porém quando sair na Netflix que é coprodutora do longa acredito que fará um bom sucesso, pois esporte é algo que o pessoal costuma curtir ver, e assim sendo deixo já a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Five Nights at Freddy's 2

12/04/2025 08:59:00 PM |

Gosto quando continuações ouvem os fãs e colocam mais sentido nas entregas, de modo que "Five Nights at Freddy's 2" entregou muito mais personagens, mais terror e claro que também muitos humanos burros como é de praxe em filmes de terror adolescentes. E falando em adolescentes, assisti ao filme com uma leva de fãs, acredito eu do jogo, que praticamente tiveram orgasmos a cada aparição na tela, sendo algo que cativou eles, mas que foram até sinceros no final falando que poderiam ter ido mais além, mesmo sendo melhor que o primeiro, ou seja, ainda existem alguns que pensam nessa nova leva. Ou seja, se você for fã do jogo é bem capaz de se apaixonar, mas do contrário até que dá para tomar alguns sustos e curtir o que é mostrado na tela, claro que desde que tenha visto o primeiro, senão não irá entender nada.

O longa nos conta que um ano se passou desde o pesadelo trágico no restaurante Freddy Fazbear’s Pizza. Rumores distorcidos e histórias exageradas e sensacionalistas sobre o que aconteceu ali viraram lendas locais, dando origem ao primeiro Fazfest da cidade. Enquanto o vigia noturno Mike e a policial Vanessa escondem a verdade da irmã de 11 anos de Mike sobre o destino dos animatrônicos, a jovem Abby recebe um chamado dos terríveis brinquedos. Ao se reconectar com Freddy, Bonnie, Chica e Foxy, a menina desperta um mal trágico na cidade, desencadeando uma série de eventos assustadores. No meio desse horror há muito esquecido, segredos sombrios sobre a origem da pizzaria Freddy’s são revelados.

Um ponto muito bacana da produção foi a de manter a diretora Emma Tammi e o roteirista Scott Cawthon que fizeram o original, então não temos excessos para reapresentar algo na tela, mas sim desenvolver mais do que mostraram, e trazer novidades na tela, de modo que a essência funciona bem nesse estilo, e aqui eles mostraram que estavam dispostos a brincar com o público e entregaram cenas ainda mais fechadas para assustar o espectador desprevenido, e também souberam aproveitar a ideia para mostrar de onde veio toda essa loucura com um início lá em 1982, mas como toda franquia necessita de dinheiro já deixaram aberto para o terceiro que já está sendo desenvolvido, então vamos aguardar que funcione também.

Quanto das atuações, achei Josh Hutcherson meio que desanimado com seu Mike, não entregando um personagem empolgado com o que tinha de fazer, sendo bem diferente do primeiro longa aonde saiu quebrando tudo, de modo que o resultado acaba sendo meio que deixado de lado, e sendo mais necessário outros personagens se entregar na tela. Já Piper Rubio fez com que sua Abby tivesse muita presença na tela, porém sem explodir muito, sendo também um pouco tímida demais em seus momentos, mas sem errar ao menos. E Elizabeth Lail acabou ficando com a responsabilidade maior da trama, já que sua Vanessa estava envolvida no passado da trama e agora ainda mais, e o melhor, será ainda mais no terceiro, ou seja, se preparou bem para segurar tudo, e acabou funcionando. Ainda tivemos alguns outros bons personagens na tela, valendo claro toda a entrega dos Animatronics, e no caso dos humanos ainda tivemos alguns bons momentos para destacar Freddy Carter com seu Michael e as jovens Audrey Lynn-Marie com sua Charlotte e Miriam Spumpkin como Vanessa jovem.

Visualmente tivemos alguns bons momentos no começo mostrando os anos 80 com a pizzaria em seu auge, com a lotação bem colocada de pais e crianças em festa na matriz, depois voltando para os dias atuais tivemos mais animatronicos e toda a pegada de elementos quebrados que vimos no primeiro longa, tivemos um festival também rolando na cidade com pessoas fantasiadas, é assim a equipe de arte trabalhou bem a entrega mais fechada para não precisar de muitas locações, é assim o resultado agrada meio quase como um jogo mesmo.

Enfim, é algo bem divertido que funciona bem, aonde os fãs do jogo irão a loucura, e os demais que forem pelo terror meio trash acabarão curtindo também o resultado. Então fica a dica, mesmo com a ressalva máxima, que sendo uma trama adolescente, as salas estarão lotadas deles com suas gritarias tradicionais. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou ver mais um longa hoje, então abraços e até mais tarde.


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Foi Apenas Um Acidente (Yek Tasadef Sadeh) (Un Simple Accident) (It Was Just an Accident)

12/04/2025 02:06:00 AM |

O mais interessante dos filmes do diretor Jafar Panahi é que ele sempre entrega temas sérios e polêmicos com uma desenvoltura por vezes até inocente demais, que de um modo geral ataca pelos cantos e quando vemos já estamos no meio do conflito, e isso é bem legal de ver. E diria que o ganhador da Palma de Ouro de Cannes desse ano, que provavelmente irá brigar bem com nosso candidato nacional nas premiações de filme internacional, "Foi Apenas Um Acidente", é o seu filme mais fácil de se conectar, que pode ser que alguns até achem que nem é a cara do diretor, pois ele não vem com um tiroteio monumental contra o governo iraniano, mas com sutileza acaba pontuando bem todo o drama de um passado, e coloca até em cheque o famoso "olho por olho, dente por dente" que faz você refletir como agiria com alguém que lhe prejudicou no passado, principalmente se você tem dúvidas se é realmente aquela pessoa que você está frente a frente. Ou seja, é um filme dinâmico, com uma boa pegada e conflitos até um pouco exagerados, mas que funciona na tela pela proposta em si.

A sinopse nos conta que um mecânico chamado Vanid foi, certa vez, aprisionado pelas autoridades iranianas, interrogado de olhos vendados e torturado sem escrúpulos. Um dia, anos após os traumas do seu passado, um homem entra na oficina onde Vanid trabalha, após um acidente envolvendo um cachorro danificar seu carro, o colocando no caminho de Vanid, numa artimanha do destino que irá mudar por completo a vida de ambos. Vanid reconhece como o seu torturador pelo som da perna prostética que ele ainda ouve nos seus pesadelos. Determinado a se vingar do sujeito, o mecânico busca ajuda de outros prisioneiros para tentar descobrir se o homem com quem cruzou é, de fato, o agente do Estado que o dilacerou emocional e fisicamente.

Quem conhece um pouco do diretor e roteirista iraniano Jafar Panahi sabe que ele já foi condenado em seu país, já foi preso, já foi proibido de gravar em seu país, mas ainda assim continua ousando a fazer suas críticas ao passado (e também um pouco do presente) do país, tanto que mesmo ganhando prêmios mundo afora disse que voltará ao país para cumprir sua nova pena (diria que é um pouco maluco), e aqui ele foi simples ao conflitar pessoas comuns que foram torturadas no passado, que já estavam com suas vidas novamente entrando nos eixos, mas que quando veem a possibilidade de se vingar ficam com a grande dúvida se fazem aquilo, se é realmente a pessoa, se devem reviver o passado, e tudo isso brinca com o espectador também, pois num primeiro momento apenas achamos que o protagonista foi exagerado, mas o desenrolar foi tão bem dinâmico (bem diferente de outros filmes iranianos) que tudo flui bem, e tudo se encaixa bem com a ideia, e com toda sinceridade, esse novo longa dele é o que menos deveria entrar nas suas penas, de modo que era só ter filmado em qualquer outro país parecido que nada iria acontecer, mas ele é meio doido, então, veremos o que vai rolar.

Um fator que me incomoda muito no cinema oriental é o dos atores não parecerem estar atuando, mas sim serem muito parecidos com pessoas comuns que tipo alguém da produção pegou na rua e levou para gravar, e aqui o protagonista Vahid Mobasseri que já esteve em outros filmes do diretor foi bem direto nos seus traquejos, sendo imponente para atacar, mas com tantas dúvidas do que estava fazendo, que lá pro meio do caminho parecia um misto de arrependido com preocupado demais, mas que ao menos soube segurar o tom na tela. Já Mariam Afshari trabalhou sua Shiva com uma pegada meio desconfiada, mas querendo justiça e resolver tudo quando se vê no miolo, ao ponto que fez de seus atos sempre com um pé meio atrás, mas não errou ao menos. Outro que foi bem, mas extremamente explosivo foi Mohamad Ali Elyasmehr, que parecia estar numa briga de boteco com suas entregas, mas acabou sendo divertido ver o que fez em suas cenas. Quanto aos demais nem vale falar tanto, pois apenas deram conexões ou surtaram junto com os demais, mas quanto a personagens ri muito de algo que possa ser cultural do país de dar agrados (ou propinas como preferir) e as pessoas que recebem possuem até maquinetas de cartão, para não falarem que estão sem dinheiro, ou seja, algo bem colocado na tela.

Visualmente o longa andou por algumas ruas da cidade, um hospital, uma livraria e claro a oficina, mas a grande base ficou num ambiente meio que desértico aonde é cavado a cova e vários momentos dentro do furgão andando para lá e para cá, com toda a desenvoltura rolando ali dentro, mas mesmo sendo simples foi bem representativo na tela.

Enfim, é um filme para se pensar, mas que dá para se divertir assistindo, mostrando que nem toda trama multipremiada precisa ser chata de ver na tela, então fica a dica para conferirem já a partir dessa quinta 04/12 que entra em cartaz nos cinemas. E eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Palavra Assessoria e da Imovision pela cabine, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Eu, Que Te Amei (Moi Qui T'Aimais) (C'est Si Bon!)

12/02/2025 02:08:00 AM |

Já disse várias vezes aqui no site o quanto gosto de biografias, pois acabo conhecendo mais sobre algumas pessoas que marcaram época ou foram importantes em suas áreas, e conhecia bem pouco sobre Simone Signoret, a não ser que foi a primeira mulher francesa a ganhar um Oscar, mas nunca me aprofundei sobre sua história e saber o quanto seu marido a traia e suas recusas de aparecer na mídia justamente por isso. Porém hoje com o longa "Eu, Que Te Amei", que pode ser conferido na programação do Festival de Cinema Francês do Brasil, me foi entregue uma trama envolvente com muita representação da história do casal, que para leigos do cinema antigo francês (como é o meu caso) acabei sem saber muito bem quem era quem além dos protagonistas, mas ainda assim foi possível sentir toda a dinâmica na tela, tendo como apenas duas críticas bem negativas a duração do filme que é alongadíssimo e chega a cansar, e a maquiagem que começam o longa nos mostrando como que os atores se transformaram nos personagens, mas que conforme foram envelhecendo mais eles, o resultado foi ficando bem ruim, mas nada que atrapalhasse o resultado final.

A sinopse nos conta que ela o amava mais do que tudo, ele a amava mais do que todas as outras. Simone Signoret e Yves Montand foram o casal mais famoso de seu tempo. Assombrada pelo caso de seu marido com Marilyn Monroe e ferida por todos os que vieram depois, Signoret sempre recusou o papel de vítima.

Diria que a diretora e roteirista Diane Kurys fez bem a homenagem para os personagens, os retratando bem em suas épocas, porém faltou para ela ser mais sucinta com a entrega ou então trabalhar mais a essência direta dos casos e dos problemas, pois como disse no primeiro parágrafo, se você desconhecer por completo qualquer um que apareça na tela acabará sendo apenas mais um na vida deles, e isso infelizmente acaba sendo apenas uma enrolação maior. Claro que estou falando isso como alguém que já conferiu muitos longas franceses, então imagino quem viu menos ainda que certamente não conhecerá nem os protagonistas, ou seja, é um resultado bonito de se ver na tela, mas com uma história falha nesse sentido para um público mais amplo. Aliás, acredito que até mesmo na França atual, muitos nem saberiam nomear 10% de todos os personagens que aparecem na tela.

Quanto das atuações, já tinha falado muito bem de Roschdy Zem nessa semana com seu outro filme no Festival, e agora com seu Yves Montand posso dizer de cara que foi muito bom mostrar a transformação do ator no personagem com a maquiagem, pois em um primeiro momento ele ficou irreconhecível, mas depois conforme vai atuando vemos seu estilo tradicional, e sabemos como o ator entrega seus diálogos e trejeitos, então foi bem desenvolvido e soube segurar bem suas cenas com um traquejo mais galanteador. Outra também que ficou irreconhecível com a maquiagem foi Marina Foïs com sua Simone Signoret, de modo que sua entrega foi intensa e marcante, cheia de nuances para que a protagonista tivesse um ar emocional, mas sem ser uma vítima dos galanteios do marido, e essa essência que a atriz conseguiu botar nos seus atos foi tão bonita de ver que até esquecemos dos demais ao seu redor. Como disse, não conheço os demais personagens, então diria apenas que Cécile Brune trabalhou bem com muito carinho de sua Marcelle, a empregada da casa para com a protagonista, e tivemos muitas cenas com Thierry de Peretti com seu Serge Reggiani, mas sem ir muito além na tela.

Visualmente o longa teve um estilo bem clássico, mostrando a casa da família em Paris e a casa de campo, com algumas reuniões na área externa e alguns atos dentro delas, além de alguns restaurantes, spas e até atos de algumas gravações, tendo claro um ar de época bem trabalhado, figurinos marcantes e uma maquiagem de envelhecimento que por vezes falhou bastante na tela, mas isso é algo que não chega a ser um grande incomodo.

Enfim, é um longa bem interessante pela proposta em si, mas que talvez vá funcionar mais em sessões com fãs realmente do cinema francês mais antigo, que conheçam bem os personagens para ver as devidas interações, mas que fique preparado para algo mais lento na tela, pois a trama é alongada, e sendo assim recomendo com algumas ressalvas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Os Bastidores do Amor (Le Beau Rôle)

12/01/2025 09:04:00 PM |

Não existe quem me convença que as comédias românticas francesas não são as melhores para se envolver, pois conseguem ir além até mesmo quando tudo parece bem bobinho na tela. E o mais bacana de tudo é que "Os Bastidores do Amor" parecia que não iria engrenar no começo, que iria ver algo básico e fraco, mas que depois que temos alguns bons pontos de virada, o resultado consegue fluir fácil e encantar com a entrega dos personagens, mostrando bem todas as dinâmicas na tela, aonde a fluidez encaixa e envolve bem o público com as facetas da trama. Ou seja, é daqueles filmes até meio bobinho de conferir, mas que acaba funcionando e agradando até mais do que o esperado.

A sinopse nos conta que há anos, Henri e Nora compartilham tudo: eles se amam e ela dirige as peças em que ele atua. Quando Henri consegue, pela primeira vez, um papel no cinema, a criação de seu novo espetáculo desmorona e o casal se despedaça.

Diria que o diretor e roteirista Victor Rodenbach soube ser bem criativo para mostrar os conflitos entre trabalho e vida pessoal, principalmente no mundo da arte, de modo que entramos em uma entrega que possivelmente tenha acontecido com ele para ter tantos detalhes do conflito relacional, e a rixa entre cinema e teatro, de modo que ele não quis inovar muito, mas também não deixou sua trama jogada, de modo que o clima leve e bem colocado acaba funcionando mais pela dinâmica do que pela história em si, é isso acaba sendo gostoso de ver, pois poderia dar tudo errado, mas felizmente não aconteceu, e dessa forma o resultado fluiu bem, mostrando que ele tem potencial.

Quanto das atuações, não lembro de outros filmes de William Lebghil, mas aqui com seu Henri, ele conseguiu trabalhar bem o estilo sem ficar adocicado demais, mostrando aqueles relacionamentos conflitos aonde tudo pode acontecer, e nenhum dos lados está aberto para ceder, de modo que vemos bons traquejos expressivos, meio que inseguros por vezes, mas que acaba agradando na tela justamente por isso. Outra que desconhecia foi Vimala Pons, que com sua Nora mostrou bem a vida confusa e corrida de diretores/produtores teatrais que precisam fazer tudo e ainda elevar o ego dos atores, trabalhando bem concisa, mas certeira do que precisava fazer. O longa foca bem mais nos protagonistas, até tendo outros personagens interessantes, mas sem grandes chamarizes, valendo destacar levemente Jérémie Laheurte com seu François Graziani e Pauline Bayle com sua Lou, mais pelas inversões que deram.

Visualmente o longa teve uma entrega bem divertida para mostrar os bastidores tanto do teatro, quanto do cinema, como a produção dos cenários, da composição dos personagens, e claro a criatividade de cada cenógrafo ou figurinista com suas brigas por escolhas, aonde vemos o apartamento bagunçado dos protagonistas, e também vemos as instabilidades de moradia, de família e tudo mais que a equipe soube brincar bem na tela.

Enfim, não é nada brilhante, mas que consegue funcionar e envolver com um bom gracejo na tela, sendo daqueles filmes que você acaba saindo da sessão com um bom sorriso na cara, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um longa do Festival de Cinema Francês do Brasil, então abraços e até logo mais.


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Morra, Amor (Die My Love)

12/01/2025 01:36:00 AM |

Muitas vezes vamos assistir algum filme sem saber o que esperar e saímos da sessão maravilhados com a entrega que o diretor e os protagonistas jogam em nossas mentes, mas também tem vezes que da mesma forma que entramos saímos com um grande nada, e essa segunda condição é a mais triste, pois costumo dizer que mesmo que um filme seja muito ruim, ele precisa ao menos deixar essa condição de "ruindade" para o espectador, afinal o nada é o famoso falhar na tela. E infelizmente comecei dessa forma o texto de "Morra, Amor", pois ao sair da sessão ficamos eu e minha irmã tentando pensar se dormimos em alguma parte, se realmente era apenas algum tipo de doença pós-parto, se era algo do imaginário da personagem já que era uma escritora e poderia estar fazendo um livro dessa forma, ou se tudo foi algo bizarro mesmo na tela, e ao menos eu tentarei apostar nessa primeira intenção, de ser uma mulher doida, que fica ainda mais maluca após o parto, e só, para ao menos minha mente dormir tranquila que foi apenas mais uma escolha de duas horas perdidas, afinal não vejo outra intenção nessa entrega (por sinal brilhante) da protagonista, que é o que salva o filme de não ser algo péssimo.

O longa acompanha uma mulher que vive em uma casa isolada em uma cidade rural no interior dos Estados Unidos. Ela convive com uma condição de psicose e batalha diariamente com sua sanidade enquanto a maternidade e o casamento a enlouquecem.

Não tinha ligado o nome ainda quando vi na tela, mas todos os filmes da diretora e roteirista Lynne Ramsay são extremamente complexos e difíceis de se conectar e/ou chegar ao consenso do que ela desejava passar, então aqui sem ter lido nada, nem ter visto o trailer anteriormente até que chutei durante minha assistida a ideia mais ou menos básica do que a trama se tratava, que é o que vi agora ao colar a sinopse, porém é uma das maneiras que poderia fazer, já que dava para o longa ser ainda intenso, e não soar estranho e jogado, mas aí não teria a assinatura da diretora. Ou seja, é daqueles filmes que possuem vertentes e caminhos diferentes para serem entregues, mas que acabaram escolhendo digamos o menos comum, que alguns podem até gostar, mas que não era o melhor.

Agora falando diretamente das atuações, Jennifer Lawrence mostrou que não estava para brincadeiras com sua Grace, se jogando por completo, trabalhando trejeitos fortes e marcantes, criando dinâmicas e não se segurando para nada na tela, ao ponto de até surpreender em alguns momentos com situações inesperadas, e isso talvez lhe garanta algumas indicações, pois mesmo o longa não sendo algo chamativo, a atriz mostrou muito serviço, e já vimos isso em outros anos acontecer. Robert Pattinson tentou fazer com que seu Jackson sobrevivesse às loucuras de sua namorada e depois esposa, pois ele realmente pareceu perdido na tela com tanta informação proveniente de sua parceira cênica tão intensa, mas não foi muito além quanto poderia, parecendo até cansado no final, mas fez o que deu. Quanto aos demais, a maioria apenas faz uma ou outra conexão com os protagonistas, valendo destacar apenas Sissy Spacek com sua Pam, mãe do protagonista, mas nada que saísse do incomum do longa.

Visualmente vemos uma trama simples, que a diretora quis enfeitar o doce e trabalhar no formato quadrado de tela, mostrando a casa dos protagonistas no meio do nada, alguns atos acontecendo na casa da mãe do protagonista, muitas cenas na floresta, e alguns atos num pequeno mercado, nada indo muito longe, tendo alguma certa representatividade nos momentos mais violentos da protagonista dentro do banheiro ou na varanda, mas sem ir muito além.

Enfim, fui sem saber o que iria encontrar, e voltei para casa com algo que não foi interessante nem agradável, que se não fosse pelas boas atuações seria daqueles que xingaria sem pensar duas vezes, mas como teve uma boa interpretação e passou ao menos a mensagem, fica como algo mediano que cumpriu com seu papel, e nada demais, então veja por sua conta e risco, pois a chance de não gostar é alta. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Zootopia 2 em Imax 3D

11/30/2025 07:05:00 PM |

Uma coisa engraçada que vem acontecendo já há algum tempo dentro das animações da Disney é que o comando criativo tem pedido por mais desenvolvimento de histórias, e isso para os adultos que vão conferir é ótimo, já para cativar os menorzinhos é algo mais complexo. E isso era algo que estava com um pouco de receio para "Zootopia 2", pois o primeiro é magistral ao mostrar uma cidade complexa de animais de todos os estilos convivendo juntos com suas próprias zonas climáticas e tudo mais, e mesmo querendo ver logo uma continuação, não imaginava por onde poderiam seguir sem sair do lúdico bem emocionalmente trabalhado para algo que não ficasse bobo e jogado apenas como uma continuação feita às pressas, e nove anos se passaram para entregar algo que funcionasse bem demais, pois o longa conta ainda com mais histórias, determina ainda mais os conflitos entre ser diferente e estar junto, e brinca com a ideia de animais completamente fora da cadeia animal tradicional, colocando temperatura em jogo e muita determinação para as devidas comparações. Ou seja, foram bem mais além do que o imaginado, e conseguiram entregar uma trama que você se diverte, dança a música nova da Shakira, e ainda curte toda a essência emocional colocada, enquanto os pequenos se divertem com as cores, resultando em algo bem colocado e funcional.

O longa nos mostra que os heróis e policiais novatos Judy Hopps e Nick Wilde estão de volta para mais uma aventura extravagante pela grande metrópole animal de Zootopia, mostrando que após desvendarem o maior caso da história da cidade, Judy e Nick são surpreendidos por uma ordem do Chefe Bogo: os dois detetives precisarão frequentar o programa de aconselhamento Parceiros em Crise. A união da dupla é colocada à prova quando surge um mistério ligado a um recém-chegado à cidade: o misterioso e venenoso réptil Gary De’Snake. Para encontrar as soluções para o caso envolvendo a víbora, Judy e Nick devem desvendar novas partes da cidade, sendo testados o tempo todo.

Sempre digo isso, e podem reparar, continuações que trazem de volta seus criadores sempre dão certo, e aqui Jared Bush que foi co-diretor do primeiro filme, assumiu de vez tanto como diretor quanto como roteirista, sabendo exatamente aonde dar sequência na trama, aonde desenvolver mais ou até brincar menos, para fazer uma trama séria e encantadora que você se diverte e vivencia tantos momentos, mas ainda assim pode pensar, pode ver referências e também manter o espírito infantil. Ou seja, o diretor demorou bastante para entregar algo novo na tela, e isso foi muito bom, pois teve maturidade para não ser apenas mais um, mas sim algo que dê continuidade e tenha continuidade, abrindo as portas que antes era de apenas mamíferos para agora répteis, e na cena pós-créditos já deram a deixa com o que virá a seguir (só espero que não seja numa série, e sim em um longa que mereça nossa atenção).

Quanto dos personagens e da dublagem, tivemos a volta do foco total em cima de Judy e Nick, abrilhantados pelas vozes de Monica Iozzi e Rodrigo Lombardi, com uma entrega perfeita de personalidades, mostrando o desconforto da parceria tão diferente, mas também a preocupação em dar a vez para o outro, de modo que a cena próxima do fim foi tão bonita de ver quanto uma trama clássica de um grande romance, tendo toda a conexão e vivência entre eles cheio de desenvolturas, de perseguições e tudo mais, ou seja, foram realmente os protagonistas de suas histórias, chamando tudo para si e encantando. O personagem Gary também foi bem bacana, cheio de nuances e traquejos, aonde Danton Mello pode brincar com suas diferentes vozes e entregas, sendo dinâmico e interessante nos atos mais intensos da trama. Ainda tivemos todo o clã dos Linceslei, o prefeito Cavalgante e muitos outros, tendo alguns com mais liberdade que outros, tendo a rápida participação de alguns antigos como Flecha, Capitão Bogo e Garramansa, mas quem teve mais destaque agora foram a castor Nibbles Castanheira com toda sua astúcia e até a Gazelle de Shakira teve mais falas, além claro de uma música nova original para concorrer às premiações.

Visualmente o longa seguiu o mesmo estilo do primeiro filme, com uma boa entrega cênica, muitos ambientes, dinâmicas, tudo muito bem pensado desde a perseguição no começo até os atos finais no deserto e na neve, tendo um festival grandioso de música e ainda um belo brejo aonde vivem os répteis, sendo algo cheio de cores, de dinâmicas, texturas e muita personalidade que a equipe de arte soube trabalhar para compor cada momento como algo único, ou seja, é um filme belíssimo até para algo do estilo, só não sendo tudo tão sutil como no original, mas ainda assim tendo referências à grandes clássicos do cinema live-action, em sua versão animada. Quanto do 3D, aí já não diria que posso elogiar tanto, pois mesmo vendo na maior tecnologia possível, usaram apenas para a imersão e composição dos personagens e cenários, dando um maior realismo para uma animação, mas o pessoal que gosta de ver coisas saindo da tela não terá tanto para brincar.

Enfim, é uma animação muito gostosa de conferir, cheia de nuances e desenvolturas, que agradará bem mais os adultos do que os pequenos, sendo algo meio diferente para uma produção da Disney, mas como já abriu com mais de meio milhão de bilheteria iremos ficar esperando a continuação, e que não demore tanto, pois já queremos ver tudo de novo. E é isso meus amigos, fica a indicação, mas eu não fico por aqui hoje, pois ainda vou conferir mais uma estreia nesse domingo, então abraços e até logo mais.


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Fora de Controle (Dis-Moi Juste Que Tu M'Aimes) (Out of Control)

11/29/2025 02:51:00 AM |

Sou desses que reclamam com toda vontade quando um filme recai para o lado novelesco, e não ligo mesmo, pois é algo que é desnecessário na filmografia de qualquer ator, pois se ele quisesse realmente fazer novela, fosse para o mundo das séries e/ou as novelas mesmo que existem em todos os países, e claro que na França não é diferente, de modo que até longas premiados, com atores renomados acabam indo para rumos não tão bacanas. Claro que não estou falando que o longa "Fora de Controle", que está no Festival de Cinema Francês do Brasil (antigo Varilux), é algo ruim de ver, pois até é uma novelona, porém francesa com uma certa classe, que tem alguns defeitos bem grandiosos, como o antagonista extremamente exagerado para um CEO de uma grande empresa, e também o forçar da barra que as protagonistas serem bonitas (até a mais linda do mundo como ele a elogia), além de todo o conflitivo mundo das formas de acusações. Ou seja, para se apaixonar pela trama precisa relevar muita coisa, mas dá para conferir como um passatempo, ao menos.

O longa nos conta que após quinze anos de casamento, uma crise coloca à prova a união de Julien e Marie. Quando Anaëlle, o grande amor de juventude de Julien, reaparece, Marie entra em pânico. Perdida em uma espiral infernal de ciúmes e autodepreciação, Marie se deixa levar para uma aventura com Thomas, que se revelará tão manipulador quanto perigoso.

É interessante que mesmo já escrevendo e dirigindo a bastante tempo, ainda vemos e lembramos bem mais Anne Le Ny atuando como em "Intocáveis" ou "Stillwater", e acredito que deva ser principalmente pelas escolhas de estilo, já que suas tramas recaem muito para o lado mais novelesco, e assim essa seria sua primeira mudança para um lado mais de suspense psicológico, mas ainda assim não conseguiu desgrudar, ao ponto que seu filme até tem estilo, tem alguns momentos tensos, mas faltou deixar fluir sem precisar forçar, e isso só com o tempo mesmo para conseguir mudar a essência e virar essa chave.

Quanto das atuações, Élodie Bouchez trabalhou sua Marie com traquejos até que interessantes, se vendo entrar em apuros quando acaba entrando no jogo do seu chefe, mas julgava que ela iria trabalhar em outros rumos ou expressões, que talvez daria um tom mais chamativo para o papel, pois faltou ir mais além e causar com dinâmicas mais de medo ou temor, parecendo até estar curtindo o conflito de ciúmes em alguns atos. José Garcia até tentou ser mais chamativo com seu Thomas, porém exagerou no tom e ficou parecendo mais um maníaco do que um CEO de empresa, desenvolvendo algumas expressões até caricatas demais para o papel, que acabou não dando muito certo. Particularmente gosto do estilo de atuação de Omar Sy, mas aqui seu Julien ficou meio que em cima do muro, tendo alguns momentos mais expressivos de fúria, mas se fechando demais e não indo muito além, o que é uma pena. Quanto aos demais, tentaram dar um algo a mais para Vanessa Paradis com sua Anaëlle, mas nada que fosse muito além.

Visualmente a trama mostra a casa mais simples da família, com seus defeitos, mas tendo um ar mais de campo mesmo bem interessante, tivemos alguns momentos numa empresa de máquinas, não mostrando efetivamente o que produziam, tendo mais cenas no escritório que está passando por uma auditoria, e cenas no hotel aonde o CEO está hospedado, além do bar de Anaëlle e outro vizinho com alguns drinks até que bonitos, e também mais próximo ao fim vemos o ateliê da irmã da protagonista, tudo bem básicos e sem grandes chamarizes.

Enfim, é um passatempo até que interessante, que tem uma pegada bem colocada de suspense psicológico, mas que acabou indo muito para o lado dramático novelesco, e isso acabou baixando um pouco o nível da trama. E é isso meus amigos, fica essa ressalva para quem for conferir ele no Festival, para que saibam o que vão encontrar. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Bugonia

11/28/2025 08:56:00 PM |

Costumo achar que alguns diretores são tão malucos que nem eles conseguem entender o que querem entregar na tela, mas por muitas vezes nos esforçamos para ao menos curtir toda a loucura que eles acabam colocando durante toda a exibição. E hoje com "Bugonia" até parecia que o filme ia ser algo a mais do que três palavras: alien, alienação, alucinado, tendo um humor meio bizarro bem colocado na tela, mas depois tudo fica caótico para o lado ruim da coisa, e assim não empolga, pelo contrário, cansando do que vemos na tela. Ou seja, alguns até vai curtir, filosofar e ir bem mais além do que a ideia do diretor, mas quem não dormir no miolo acabará dormindo com o ato de encerramento.

A sinopse é bem simples e nos diz que dois jovens obcecados por teorias da conspiração sequestram a CEO de uma grande empresa, convencidos de que ela é uma alienígena que tem a intenção de destruir o planeta Terra.

Claro que eu sei que o diretor Yorgos Lanthimos é daqueles que entregam loucuras demais para pessoas anormais, mas aqui baseando-se no filme coreano "Save the Green Planet"(2003), ele acabou indo para um rumo tão fora da casinha, que se fosse mais além nisso agradaria ainda mais na tela, porém o fechamento é básico, e assim pareceu que até ele desanimou do que estava entregando e resolveu fechar a caixa com imagens "mortas".

Quanto das atuações, precisamos falar do tanto de alucinógeno que deram para que Jesse Plemons fizesse seu Teddy, pois ele nos convence de toda sua insanidade na tela, e com o que faz no hospital temos a devida certeza que até ele estava acreditando na suas ideologias, e isso mostra uma entrega tão boa que acaba funcionando demais na tela. Já Aidan Delbis fez de seu Don, um bobão que aceita qualquer coisa, e que nem precisou de muito para cair no golpe dos dois lados, ou seja, espero que ele não seja assim realmente, pois ficou o que chamamos de bobão total. Agora Emma Stone mais uma vez deu show em um filme do diretor, de modo que sua Michelle tem presença, tem imposição e sabe bem o que está fazendo do começo ao fim, agradando tanto com trejeitos expressivos, quanto com os diálogos bem encaixados que ela domina em cena. Ainda tivemos algumas rápidas cenas de Alicia Silverstone como a mãe do protagonista e Stavros Halkias com seu Casey, mas sem ir muito além de algumas boas entregas para dar as conexões do filme.

Visualmente o longa foi bem fechado dentro do porão e da casa do protagonista, com muitos apetrechos para prender a empresária e até uma máquina de choque para uma tortura efetiva, mas nada que impressionasse na composição cênica. Porém dando um spoiler dos atos finais, o formato que é mostrado nosso planeta mostra bem a crítica do diretor para os "alienados".

Enfim, sabia que iria ver um longa bem maluco, mas esperava um fechamento insano e acabou não acontecendo, de forma que ficou mais mediano do que incrível de ver. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou para uma outra sessão, então abraços e até mais tarde 


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13 Dias, 13 Noites (13 Jours, 13 Nuits)

11/28/2025 01:41:00 AM |

Sei que festivais costumam trazer tramas de todos os estilos, mas geralmente os franceses focam muito em dramas cômicos, porém nos últimos anos tem aparecido boas tramas de ação, suspense policial, ou até mesmo dramas mais contundentes com questões políticas fortes, e desde que saíram os filmes que entrariam nesse ano, um dos filmes que mais tinha atraído minha atenção era "13 Dias, 13 Noites", e minha intuição raramente tem falhado, pois conferindo ele hoje foi um tremendo de um filmaço tenso, denso e cheio de nuances impactantes, mostrando uma história real bem complexa da última embaixada a deixar o Afeganistão quando o Talibã retomou o poder, aonde vemos negociações dificílimas, pessoas sendo escolhidas para sair enquanto outras tem de ficar no país, atentados e tudo mais que faz você ficar na ponta da poltrona só esperando o caos dominar até o final, sendo daqueles que facilmente ficarão guardados como um dos que valem a indicação para os amigos, e até mesmo rever, pois além de ser uma tremenda história, a produção é imponentíssima, chamando atenção demais na tela do começo ao fim.

O longa é ambientado em Cabul, no Afeganistão, em agosto de 2021, e inspirado em uma história real. Enquanto as tropas americanas se retiram, os Talibãs tomam a capital e milhares de afegãos buscam refúgio na Embaixada da França, protegida pelo comandante Mohamed Bida e seus homens. Cercado, ele negocia com os Talibãs para organizar, com a ajuda de Eva, uma humanitária franco-afegã, um último comboio em direção ao aeroporto. 

O diretor Martin Bourboulon já está bem acostumado com orçamentos milionários, afinal fez os novos "Três Mosqueteiros: D'Artagnan" e "Milady", e aqui certamente gastou um bom dinheiro para que sua trama fosse imponente na tela e tivesse toda a personalidade que o verdadeiro Mohamed Bida escreveu sobre sua vivência na saída do Afeganistão, pois dava para ser uma trama de tantas formas que a impressão que fica na tela é que vemos algo que foi tão conversado entre a direção e o verdadeiro personagem que não poderia ser diferente do que vemos, aonde tudo é marcado pela famosa sensação que uma virada de lado de alguém ali poderia dar muito errado, causar um caos tremendo, e isso é o cinema de tensão ´feito da melhor forma possível, aonde o espectador acaba se sentindo no meio dos personagens, tentando dar o seu melhor para que todos cheguem com vida, e isso acaba sendo lindo de ver, mesmo que você precise tomar algo depois para se acalmar, e mostra o potencial do diretor voltando, pois em "Milady" ele fez tudo automático demais.

Quanto das atuações, o que mais gosto de Roschdy Zem é que ele é daqueles que se joga por completo nas tramas que entra, de modo que faz trejeitos, briga, se impõe e tudo mais, e aqui fazendo o protagonista Mohamed Bida, conseguiu trabalhar tudo de forma a ainda dar um tom forte para o personagem, pois pode até ser que o verdadeiro não tivesse tanta imposição assim, mas com o ator quase foi um daqueles que até o maior terrorista respeita. A entrega de Lyna Khoudri para com sua Eva também foi bem marcante, ao ponto de que se a verdadeira Eva foi tão corajosa quanto a personagem deveria ser um exemplo, pois encarar os terroristas com uma arma apontada na cabeça, sendo mulher num país daquele tipo, e ainda sobreviver, dando um resultado tão chamativo, que a atriz acabou indo até além do que precisava. Quanto aos demais personagens, vale dar leves destaques para Sidse Babett Knudsen com sua Kate, fazendo daquelas jornalistas malucas que enfrentam tudo e todos, e também para Christophe Montenez com seu Martin, que facilmente pegaria seus soldados e dariam o fora dali o quanto antes, mas que foram bem convencidos pelos protagonistas a ficar e ajudar. 

Visualmente o longa tem uma entrega incrível, pois tem tantos figurantes em cena, seja na entrada da embaixada francesa, seja no aeroporto, com comboios de ônibus e muito desespero, sendo algo marcante pelas grandes aeronaves, filas, e dinâmicas bem abertas, mostrando que o diretor não teve medo de abrir a câmera para mostrar tudo o que foi gravado, pois com muita certeza se fosse um filme americano do mesmo tema seria trabalhado em planos fechados sem impor e marcar tudo na tela, então vale a conferida num cinema bem grande para se empolgar com tudo o que a equipe de arte conseguiu entregar.

Enfim, é um tremendo filmaço que talvez poderia ser ainda mais perfeito com pouquíssimos cortes de atos não tão importantes, mas toda a essência faz você nem piscar os olhos que faz valer demais a recomendação de conferida nele agora no Festival de Cinema Francês, pois como costumo falar, depois torcer para que estreie na sua cidade ou streaming é bem difícil (a não ser que more em capitais), então aproveite que ainda terá muitas sessões e vá. E é isso meus amigos, comecei bem o Festival, e voltarei ainda com muitas outras dicas, então abraços e até logo mais.


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