Muitas vezes na correria levamos um presente para uma festa apenas embrulhado de qualquer forma e são nos detalhes que muitas vezes eles acabam tomando forma, afinal cada momento tem sua vida e espaço na mente. E o bacana do longa "Livros Restantes", que estreia nos cinemas nacionais no dia 11/12, é mostrar toda essa base do rever as dedicatórias dos últimos livros a desapegar antes de mudar de país pela protagonista, e relembrar toda a essência junto da pessoa na despedida, só que reviver coisas do passado pode ser um pouco caótico, e a trama acaba tendo esse elo meio novelesco no miolo, mas o resultado felizmente não se atrapalha já que tendo boa segurança na protagonista, o filme flui e envolve o espectador, passando muito sentimento e reflexão na tela. Ou seja, é um filme denso que tem aquele algo a mais para sentirmos verdade e pensarmos como revemos as pessoas que passaram por nós, mas que no fundo pode ser que apenas foi um presente dado no momento e nem sempre isso é bom!
A sinopse nos conta que cinco livros na estante é o que restou de todas as coisas que Ana Catarina teve que desapegar antes da mudança para Portugal. Com dedicatórias, cheiros e marcas, Ana não consegue doá-los e decide devolvê-los para quem a presenteou. Os reencontros, alguns passados 20 anos, mexem com sua memória, fazendo-a refletir sobre o passado para poder seguir em frente.
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A sinopse nos conta que cinco livros na estante é o que restou de todas as coisas que Ana Catarina teve que desapegar antes da mudança para Portugal. Com dedicatórias, cheiros e marcas, Ana não consegue doá-los e decide devolvê-los para quem a presenteou. Os reencontros, alguns passados 20 anos, mexem com sua memória, fazendo-a refletir sobre o passado para poder seguir em frente.
Não conheci a cinematografia da diretora e roteirista Marcia Paraiso, mas dando uma rápida olhada em suas obras é notável como ela gosta de trabalhar o sentimental e o envolvimento dos personagens, para que passem bem isso na tela, e aqui temos muito disso, já que uma mudança é algo ao mesmo tempo bom, mas que envolve muitos fatores para se abandonar e deixar para trás, ativando algumas memórias que o tempo apagou por não serem necessárias, mas que podem explodir ao acontecer. Ou seja, é um filme que tem uma densidade tão bem trabalhada pela diretora, que não diria que o papel tenha sido escrito para a Denise Fraga, mas que caiu como uma luva para alguém que sabe como passar esse sentimento na tela, pois talvez em mãos erradas o papel seria fechado demais, e não causaria tudo o que acontece na tela, mostrando um acerto de escolha de papeis, e claro de uma direção certeira também.
Quanto das atuações, já até falei muito da Denise Fraga acima que foi um grande acerto no papel de Ana Catarina, pois a atriz sabe como pegar um papel amplo e trazer aquilo para si, de tal forma que ver ela se despedindo dos livros, de sua casa, de sua praia aonde viveu toda a vida é algo sentimental e intenso, com marcas bem alocadas para chamar a atenção e que contando com trejeitos bem trabalhados passam toda uma sinceridade na tela, ou seja, se o filme não cansa é totalmente pela entrega da atriz, pois tudo é muito calmo, e facilmente teria outro tom, mas ela pegou o papel e o fez como de sua vida. Como é um filme quase que íntimo da protagonista, os demais atores dão apenas as devidas conexões com cada momento, tendo leves destaques para Augusto Madeira como Carlos, o pai de sua filha, com um jeitão mais grosso e que não combina muito com a protagonista, Manuela Campagna como a filha Sofia, Vanderléia Will bem colocada como a mãe Antônia passando grandes lições em suas cenas mais densas, Renato Turnes como o irmão Sergio, e claro Marcinho Gonzaga como Joilton bem emocional em seus momentos com a protagonista.
Visualmente o longa tem uma pegada simples, mostrando a casa da protagonista já completamente vazia, apenas com uma árvore dentro da casa e a estante vazia com apenas os cinco livros, temos alguns atos no restaurante da mãe que ela trabalha, muitos atos nadando no mar de Florianópolis, alguns momentos na orla de Portugal andando e o fechamento no apartamento dela novo com uma estante nova para ser recheada de histórias, tendo no miolo os conflitos sejam em outro restaurante que vai entregar um livro, no carro embaixo de uma chuva imensa, mas tudo sem grandes nuances ou detalhes, refletindo como a vida da protagonista está sendo limpa para recomeçar do zero.
Enfim, é um longa sentimental e bonito de assistir, que muitos irão refletir com tudo o que acaba sendo entregue, enquanto outros apenas irão ver e não sentir nada, afinal não é uma trama ampla que o pessoal comum tanto curte, mas quem se doar para o longa receberá o sentimento de volta, e assim sendo acaba valendo o resultado. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da H2O Films e da Primeiro Plano Assessoria pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


































