A Última Rodada (Le Città di Pianura) (The Last One for the Road)

11/11/2025 01:32:00 AM |

Vou ser bem sucinto para falar do longa "A Última Rodada", que pode ser conferido dentro do Festival de Cinema Italiano no Brasil, pois é um filme que talvez muitos já tivessem imaginado a situação e criado o roteiro em suas mentes, principalmente os amigos da faculdade de cinema, afinal sair andando de bar em bar, sempre procurando a próxima saideira até esperar algum horário que tenha de buscar alguém, no caso do filme ninguém vai preso, e nem causa nenhum estrago, mas no Brasil sabemos bem o que poderia rolar, e durante essas andanças ir pensando na vida e conversando com os demais nos bares, ou seja, bem básico que por ventura pode ser que saia algo mais filosófico ou até alguma conversa sobre algum assunto mais profundo, como no caso aqui ao pegarem um jovem estudante de arquitetura, falar sobre um cemitério, mas nada que chegue a impressionar realmente. Aliás, não sei o que chamou tanta atenção para ser selecionado em Cannes, pois não tem nada realmente que impacte o público com o estilo entregue.

A sinopse nos conta que Carlobianchi e Doriano, dois cinquentões à deriva, compartilham uma obsessão: tomar a última “a saideira”. Numa noite qualquer, enquanto vagam de carro de um bar a outro pela imensa planície do Vêneto, cruzam o caminho de Giulio, um jovem e tímido estudante de arquitetura. Esse encontro inusitado com dois mentores improváveis transforma radicalmente a visão de Giulio sobre o amor, a vida e o futuro. Um road movie nostálgico que viaja na velocidade da sobriedade.

Diria que o diretor e roteirista Francesco Sossai desejava trabalhar um road movie simples que funcionasse na tela e não precisasse ir muito além, e ele conseguiu essa entrega, afinal seu filme não é daqueles que você precise pensar mais que 5 minutos, e isso não é ruim, mas ficou faltando conteúdo para que o longa tivesse um algo a mais, e assim sendo pareceu como disse acima um projeto de escola, aonde talvez alguém até veja algo diferenciado na entrega dos personagens, mas não consegue ser convincente o suficiente como filme mesmo.

Quanto das atuações, Sergio Romano e Pierpaolo Capovilla foram bem diretos com seus Carlo e Dori, entregando trejeitos bem de bêbados (será que o diretor deu bebidas reais para eles?) e com olhares e traquejos bem propícios para toda situação, não sendo personagens chatos de acompanhar, mas que talvez com diálogos que fossem um pouco além acabariam resultando em uma trama bem melhor. Ainda tivemos Filippo Scotti com seu Giulio entrando bem na onda dos demais protagonistas, demorando um pouco para engrenar, mas depois se jogando e trabalhando bem os elos da história em conjunto.

Visualmente a trama fica dentro do carro dos protagonistas, passa por diversos tipos de bares, desde os mais tradicionais italianos até alguns que já parecem dominados pelos EUA (tendo até uma boa sacada de um alemão falando que a Itália foi dominada antes que eles), tivemos uma cena mais ampla junto de um grupo de amigos de faculdade, e também o cemitério aonde o jovem arquiteto irá explicar mais coisas para os protagonistas. Além disso tiveram algumas cenas do passado deles mostrando como ganharam dinheiro, mas sem grandes floreios para ir bem além na trama.

Enfim, estava bem curioso pela proposta do longa e acabei não conseguindo enxergar o "algo" a mais que o longa talvez tenha conquistado a curadoria de Cannes, ou até mesmo do Festival Italiano para que entrasse nas exibições, pois é básico e sem grandes feitios, mas que vale como uma ideia para os futuros diretores verem aonde podem explorar com algo bem barato e fácil de se fazer. E é isso meus amigos, volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Irmãos (La Vita da Grandi) (Siblings)

11/10/2025 12:25:00 AM |

Não tinha parado para analisar a fundo, mas não apenas o cinema italiano, como todo o mundo do cinema em si, tem feito muitos longas envolvendo autismo, tanto que nesses últimos meses acho que já conferi uns dois ou três longas envolvendo o tema, e hoje foi a vez de dar play em "Irmãos", que pode ser conferido dentro do Festival Italiano de Cinema no Brasil, aonde vemos a história de uma jovem que precisa voltar para sua cidade natal para cuidar do irmão mais velho autista, e lá tentará colocar ele como adulto com lições que nem ela mais sabe se também já virou. É um filme bacana, que toca na situação sem apelar em demasia, que talvez pudesse ser até mais denso para impactar mais, porém ainda assim consegue funcionar bem na proposta, sendo interessante e cheio de nuances, mesmo sendo baseado em uma história real.

O longa nos conta que Irene vive em Roma quando recebe um chamado inesperado: deve voltar para Rimini para cuidar do irmão Omar, adulto e autista, que foi excessivamente protegido e não consegue ser independente. Omar, no entanto, tem sonhos claros — quer se tornar um cantor de rap, casar e ter três filhos — e pede a Irene que lhe ensine a “ser adulto” de verdade. Neste lar carregado de memórias, os dois embarcam num curso intensivo de crescimento mútuo, descobrindo que, para amadurecer, às vezes é preciso estar em sintonia em dois corações.

Posso dizer que a estreia da atriz Greta Scarano como diretora e roteirista de longas foi bem trabalhada em cima da história real, e que sem criar grandes vértices expressivos na tela acabou brincando com as facetas e desenvolvendo tudo sem grandes floreios, ou seja, é aquele filme que sabemos do seu potencial, ficamos esperando acontecer, ele vem com tudo, mas sem explodir, o que é muito comum em tramas de diretores iniciantes, porém esse "erro" acaba sendo suprimido pela boa interpretação do protagonista, e assim sendo o resultado funciona bem na tela, e claro acabou sendo premiado tanto com o protagonista quanto com a diretora, o que é um grande acerto. Ou seja, faltou talvez uma firmeza maior na dramaticidade para que a trama impactasse mais, mas usando de artifícios cômicos leves, a força cênica funciona.

E já que entrei no mérito do protagonista, fui pesquisar se Yuri Tuci era realmente autista, e a resposta foi que sim, tanto que já vinha entregando sua personalidade e problemas no teatro, e aqui apenas deu mais nuances para que seu Omar tivesse essa imponência na tela, chamando tudo para si, e fazendo com que seu personagem dominasse o ambiente com boa técnica e entonação, ou seja, se jogou e agradou muito com o que fez. Já Matilda de Angelis fez sua Irene com uma personalidade bacana de entregas, mas pareceu meio que deprimida demais em alguns atos, o que não é legal de ver nesse estilo de trama, porém foi bem dinâmica e soube segurar bem alguns atos, sem precisar explodir mais em cena. Os demais atores todos foram bem conectores para que o filme fluísse, não tendo grandes momentos, mas também não ficando apagados demais em cena.

No conceito visual tivemos algumas cenas bem bacanas na casa bagunçada da família, bem tradicional italiana, com todos falando pelos quatro cantos, bicicletas levando o público para passear pela orla da praia, uma fábrica de garrafas, um clube de talentos de autistas, além do programa "Yes You Can" na versão italiana, sendo algo bem simples toda a essência do longa, mas funcionando em cada momento da sua forma singela e bem cheia de nuances.

Enfim, é um filme bem simples, mas bem feito com a entrega da trama, tendo o principal defeito a falta de emoção, pois é o tradicional estilo que pede fazer o público se emocionar com o que acontece na tela, e isso acabou sem fluir, ou seja, é daqueles que funciona e agrada, mas que dava para ir muito mais além para que não ficasse apenas como um bom passatempo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Frankenstein

11/09/2025 02:57:00 AM |

O mais interessante do cinema de Guillermo del Toro é que ele pega histórias que já foram tão batidas e consegue deixar sua marca, ao ponto que esperava ver um filme interessante na proposta do novo "Frankenstein" da Netflix, só não imaginava que seria algo tão diferente, tão ousado e cheio das nuances, aonde o conceito de vida e morte ganha novas fronteiras, e principalmente a essência do monstro ser quem cria e não a criatura. Claro que temos alguns fatores exagerados na tela, como por exemplo o monstro aprender a ler com um cego, o elemento de cura instantânea e outras dinâmicas que poderiam ser melhores desenvolvidas para não ficarem apenas jogadas na tela, mas o resultado acaba sendo bem marcante e facilmente muitos irão gostar do lado mais violento da trama.

O longa acompanha o brilhante, mas egocêntrico cientista Victor Frankenstein que resolve se aventurar em experimentos audaciosos e criar do zero uma criatura com vida. O que essas tentativas e estudos desencadeiam é uma tragédia tanto para o criador quanto para sua criação monstruosa. Brincar de Deus levou Frankenstein a concretizar suas maiores ambições científicas, mas colocou-o na mira da raiva de sua própria criatura, que, agora, busca por vingança após se ver descartada pelo professor.

Costumo falar que o diretor e roteirista Guillermo del Toro é o doido controlado, aqueles que tomam remédio tarja preta para ficarem bem nos momentos que precisam estar bem e que chega alguns dias nas gravações sem tomar nada e sai tanta loucura que nem dá para imaginar, e isso não é ruim, muito pelo contrário, se o longa não for baseado em algo real, quanto mais sair da caixa o resultado mais empolgará o espectador, claro que tendo as devidas ressalvas para que não fique algo que não dê para entender ou então que não seja suficientemente explicado para não ser apenas algo jogado na tela. Ou seja, o diretor brincou bastante com o clássico de Mary Shelley, deu sua roupagem, trabalhou com uma forma capitular interessante (talvez desnecessária), e o resultado funcionou bem na tela, porém acredito que dava para ter ido ainda mais além, criando alguns vértices mais malucos do que violentos, pois alguns excessos de sangue soaram apenas para mostrar a força da criatura, e talvez com uma essência mais psicológica chamaria uma densidade mais sombria do que potente.

Quanto das atuações, posso dizer que Oscar Isaac foi bem intenso com seu Victor Frankenstein trabalhando olhares e nuances diretas, com imposições marcantes, e principalmente mostrando o lado mais doido da medicina, quando alguns médicos viram monstros e querem criar vida contra a ordem natural das coisas, sendo chamativo e conseguindo com que o olhar do público o focasse sempre que estivesse em cena. Jacob Elordi ficou bem diferente do que estamos acostumados a ver com sua Criatura, pois o tradicional galã dos filmes românticos da Netflix, aqui apareceu todo desfigurado, com traquejos bem de monstros, e com uma força brutal para as cenas mais de impacto, ou seja, não trabalhou tanto expressões, mas soube ser determinado nas cenas e chamando bem todas para seu papel. Outro que não reconheci na tela foi Christoph Waltz, pois com seu Harlander acabou ficando pouco tempo na tela, e não fez o que costuma tanto fazer, que é ficar em evidencia, de modo que seu personagem até tem alguns momentos marcantes, mas não impacta como deveria. Da mesma forma os papeis de Mia Goth e Felix Kammerer com seus Elizabeth e William tiveram algumas nuances chamativas, mas sem causar grandes impactos cênicos ficaram bem singelos nas devidas entregas. Vale ainda leves destaques para Christian Covery como o jovem Victor pelo estilo do rapaz bem chamativo e Charles Dance bem imponente como o pai dos garotos.

Visualmente quando vi o estilo do longa fiquei preocupado de ser daqueles filmes tão escuros que não veria nada na minha tela, mas souberam usar a fotografia de forma tão satisfatória que o tom acaba ficando belíssimo de assistir, tendo dinâmicas de época, cenas bem sanguinolentas, e claro botando muita maquiagem e robótica para jogo, pois o diretor é daquele que prefere efeitos práticos ao invés de computação em excesso, ou seja, o resultado ficou bem imponente na tela, funcionando como deveria desde um barco gigantesco no meio do gelo até um castelo indo pelos ares com uma grande explosão.

Enfim, é um filme grandioso que me entregou justamente o que esperava dele, que era o de ser uma superprodução, com a cara de Del Toro, ou seja, totalmente maluca, mas centrada em um bom foco, que dava para ir por diversos caminhos, dava para ser menos ou mais violenta do que foi, mas que principalmente foi diferente de todas as que já vimos sobre o médico e o monstro de Mary Shelley, e assim sendo acaba valendo o play na plataforma, com um bom detalhe a ser contado que é a duração de quase 150 minutos, que felizmente não chegam a cansar "tanto". E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Quando o Céu se Engana (Good Fortune)

11/08/2025 03:05:00 AM |

Como ainda não recebo pix das distribuidoras para falar bem dos filmes, já vou começar descendo a lenha na Paris Filmes, pois além de não enviar cabine para a conferida da forma que qualquer filme sem ser animação deva ser conferido, que é legendado, mandou apenas cópias dubladas para o interior (e nem adianta falar que são as exibidoras que escolhem, que eles falam as mesmas frases que é a distribuidora que exige!), então cá fui conferir o longa "Quando o Céu se Engana" dublado mesmo, e a história é muito boa, as sacadas com o proletariado que somos nós (não sei se algum grande investidor lê o site, mas se tiver afim, só mandar mensagem!), porém a dublagem de todos os personagens ficou muito ruim, não apenas nas piadas sem graça que acabaram colocando, mas principalmente nas vozes que não combinaram em nada com os papeis, ou seja, acabou desandando de tal forma que as risadas do público foram mais pelas situações em si, do que pelo texto, e tenho total certeza que no original foi completamente diferente. Claro que isso foi um fator que darei uma nota aqui que não condiz com o longa, pois volto a falar, a ideia da proposta junto com as situações são muito bem colocadas e divertidas, mas a todo momento parecia que estava vendo algo diferente do que era mostrado, com Seth Rogen com uma voz de um monstrão de academia e Keanu Reeves como um adolescente de 17 anos que a voz está ainda mudando, o que é broxante.

No longa acompanhamos um trabalhador precarizado chamado Arj que vive de inúmeros bicos como autônomo para sobreviver e se sustentar. Depois de perder o emprego, Arj começa a morar no próprio carro, fazendo jus ao seu título de azarado. Seu amigo rico Jeff continuamente o chama para fazer diversos serviços em sua casa em Hollywood. Um dia, um anjo bem-intencionado, mas levemente incompetente e desajeitado, chamado Gabriel obriga os dois a trocarem de vida para mostrar para o trabalhador que nem sempre o dinheiro é a solução para tudo. Assim, enquanto Arj vive o luxuoso estilo de vida do colega, Jeff herda a vida árdua e financeiramente difícil do amigo. Os dois encaram uma série de situações cômicas e caóticas enquanto uma figura celestial mais experiente chamada Martha tenta impedir que a decisão precipitada de Gabriel ultrapasse os limites cósmicos.

Diria que foi uma bela estreia do ator Aziz Ansari como diretor e roteirista de longas, pois ele soube brincar com toda a nuance dos trabalhadores de aplicativo, e claro da classe CLT que ao pagar todos os impostos e tudo mais (essa cena do anjo vendo quanto ganhou descontando tudo é genial - mesmo dublada!) não sobra praticamente nada para viver, quanto mais para se divertir e comer algo gostoso, e mesmo sendo o protagonista, ele não se perdeu na dupla função, o que é muito casual. Ou seja, ele soube aproveitar de uma ideia que já vimos em alguns documentários e programas jornalísticos de trocar pessoas pobres e ricas por um ou mais dias para que cada um visse os prós e contras de cada classe, mas aqui com a sacada de ser um anjo inexperiente que depois vai precisar da boa vontade do pobre de querer voltar a vida sofrida, e assim a bagunça acontece da melhor forma possível que diverte na tela.

E já que comecei falando que o diretor não falhou na atuação também, Aziz Ansari trabalhou seu Arj com uma simplicidade de entrega que nos convence, e principalmente nos conecta com o sentimento dele, afinal trabalhar feito um maluco apenas para conseguir sobreviver (comer e morar razoavelmente) é algo sofrível, e o ator conseguiu passar muitos sentimentos comuns na tela que acabam divertindo e dando as nuances, principalmente quando assume a boa vida também. Seth Rogen trabalhou seu Jeff com as tradicionais nuances de pessoas ricas que nem sabem quanto ganham, gastam e como vivem sem esbanjar, mas que ver um gasto que não foi seu na fatura já dá chilique, e quando vai para a personalidade que precisa trabalhar mesmo acaba sendo engraçado por achar que tudo será fácil e acaba não sendo, tendo algumas boas entregas que até poderiam ter piorado mais para ficar ainda mais real e sofrível. Já Keanu Reeves entrega para seu anjo Gabriel um ar meio depressivo demais, que chega a ser até estranho de ver na tela, parecendo que o ator não estava gostando do que estava fazendo em cena, porém suas cenas trabalhando, aprendendo a comer e saborear e até fazer outras coisas humanas foram bem divertidas de ver. Os demais atores que fizeram papeis de outros anjos foram praticamente enfeites em uma única cena, com um leve destaque para Sandra Oh como a gerente dos anjos Martha, mas sem grandes nuances, e quanto aos demais humanos vale dar o destaque para Keke Palmer com sua Elena bem engajada nas causas sociais, querendo fazer sindicatos e melhorias para os demais além de si.

Visualmente o longa mostrou um pouco do mundo dos aplicativos, com o protagonista trabalhando de tudo quanto é coisa para conseguir ganhar a vida, desde enfrentar filas para as pessoas até arrumar garagens, tendo alguns atos em uma loja de materiais de materiais de construção, e do outro lado vemos uma mansão glamorosa, toda cheia de vidros, o closet com roupas chiques, algumas nem usadas, muitos relógios, do lado de fora vemos a sauna e o banho de gelo, uma festa de aniversário bem rica, e também nos é mostrado alguns restaurantes aonde o anjo vai trabalhar e um bar dançante, ou seja, tudo bem completo, porém simples de chamarizes na tela.

Enfim é um filme bem bacana, com boas sacadas e que funciona demais pela história e pelas dinâmicas, que infelizmente só não darei uma nota melhor pela péssima dublagem que estragou quase tudo fazendo com que o filme nem ficasse tão engraçado quanto poderia, pois as vozes volto a afirmar que não combinaram com os personagens (aí alguns vão falar que são os dubladores que sempre fazem os atores, mas não combinou com a personalidade, aí é um erro gravíssimo, que afirmo sempre que atores se entregam para os papéis, e dar outras vozes acaba com essa entonação!). E é isso meus amigos, deixo a dica para quem conseguir ver a cópia legendada voltar aqui e dar a opinião nos comentários, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Predador - Terras Selvagens em 3D (Predator: Badlands)

11/07/2025 02:01:00 AM |

Quando vejo franquias que já deram o que tinha que dar sendo refeitas ou dando algum tipo de continuidade meus cabelos que são poucos já começam a arrepiar, mas ao menos estreou, que já não aguentava mais ver o trailer de "Predador - Terras Selvagens" antes de todos os filmes que ia conferir, ao ponto de já até saber algumas falas, mas aí começaram a pipocar as críticas do mundo todo quando tiveram as benditas cabines de imprensa, e o tiroteio começou até mais forte que o próprio bichão, principalmente pela humanização de um monstrengo "assassino", mas eis que como não confio em nada antes de realmente tirar as minhas conclusões, cá fui eu na estreia do longa. E o que posso adiantar é que tudo o que você conhece sobre o personagem pode praticamente esquecer, pois aqui vemos a famosa base de um jovem predador que o pai desejava que fosse morto logo por ser o menor e mais fraco do clã, mas que para provar que ele estava errado vai para o planeta mais mortal atrás de um bichão que nunca ninguém conseguiu capturar, só que lá ele vai encontrar seu próprio clã com seres bem diferentes dele, ou seja, uma humanização solidária, que até diverte e tem bons momentos, mas que é bem estranha de ver, principalmente depois de anos conferindo os outros filmes da franquia, que aqui praticamente recomeçou tudo de outra forma. Agora se os produtores irão sobreviver para fazer continuações, já é outra história.

O longa se passa num planeta remoto no futuro no qual um jovem predador foi rejeitado por seu clã. Com sua raça sendo caçada, dessa vez ele não será um simples vilão, encontrando uma aliada inesperada em Thia. Cooperando com a ciborgue, os dois terão que aperfeiçoar suas habilidades para se proteger e salvar as próprias vidas em meio a uma terra perigosa na qual todos os habitantes estão a postos para matá-los. Diante de uma importante missão, a dupla embarca numa jornada que confrontará o maior dos inimigos e poderá restabelecer o respeito de um povo.

O que acho interessante no estilo do diretor Dan Trachtenberg é que ele se propõe como fã da saga "Predador", tanto que esse já é o seu terceiro filme envolvendo o famoso bichão (sendo o anterior a esse uma animação que acabei nem vendo, mas que alguns amigos até falaram bem), ou seja, ele já tem afinidade com o estilo, sabe brincar com a essência, e já nem liga mais se vão falar bem ou mal, ele quer apenas ir mais a fundo nas caçadas, quer mostrar ainda mais o passado do famoso alienígena, e aqui ele até mostrou que não é algo que surgiu do nada, tendo pais na história, irmãos, e até alguns conflitos familiares para desenvolver da melhor forma possível (na pancadaria ou matança no caso!). Claro que o diretor e roteirista já começou a abusar demais da boa vontade dos fãs criando uma mitologia que talvez nem exista, e até apelando um pouco ao mudar vértices que conhecemos bem, porém numa continuação pode ser que ocorra algo e mude tudo para chegar no ponto dos filmes antigos, e assim sendo talvez tudo funcionaria melhor, mas por enquanto ficou estranho imaginar um mundo de predadores e suas imponentes missões para se provarem machões e serem alfas.

Quanto das atuações, diria que os protagonistas sofreram um bom tanto com suas roupas e idiomas para filmarem, pois Dimitrius Schuster-Koloamatangi teve de ficar com a cara estranha do bichão, aprender a falar uma língua estranha e claro ter muita ajuda de dublês para as cenas de lutas mais intensas, pulando de um lado para o outro e tudo mais, mas se saiu bem, embora não vejamos seu rosto real na tela. Enquanto Elle Fanning provavelmente usou uma calça verde para tirarem sua parte inferior, afinal sua sintética perdeu as pernas, aliás nas lutas finais tivemos o inverso, só as pernas lutando, mas também ganhou por 3, um salário para as pernas, outro para a parte superior de sua Thia, e outra para sua Tessa, que trabalhou um lado mais sombrio e imponente da personagem, enquanto a outra era mais falante e cômica, ou seja, foi bem de três maneiras diferentes.

Visualmente o longa é computacional em nível máximo, de forma que se gravaram meia dúzia de cena em locações reais foi muito, mas ambos os planetas ficaram interessantes, a nave do protagonista foi bem usada, a colônia dos sintéticos da Terra ficou bem característica de explorações, e claro todos os seres lutando e entregando violência e caos para contra o protagonista foi bem legal de ver, tendo lutas intensas, armas fortes e boas desenvolturas num ambiente maior. Quanto do 3D, usaram alguns elementos como armas e pedras saindo para fora da tela, porém não ousaram muito na profundidade de campo, parecendo tudo bem seco, além de cenas muito escuras para uma trama com a tecnologia, e assim acaba sendo não tão valorizado.

Enfim, é um longa bacana que até poderia ser bem pior, mas que saiu do eixo tradicional do personagem, e isso vai incomodar muita gente, afinal a maioria conhece os longas do passado, e que sendo uma grande mistura de outras tramas para uma origem diferenciada pode não agradar tanto. Diria que é algo mediano para bom, que quem for conferir como um bom passatempo até irá se divertir, mas sem esperar qualquer algo a mais, e assim acabo dando essa dica para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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As Provadoras de Hitler (Le Assaggiatrici) (Die Vorkosterinnen) (The Tasters)

11/05/2025 01:56:00 AM |

Já teve uma época que me apelidaram de devorador de filmes da Segunda Guerra, que só postava dicas de tramas do estilo, versões de diversos países, tramas do antes, do depois e tudo mais, mas em nenhuma cheguei a ouvir sobre "As Provadoras de Hitler", que eram mulheres alemãs selecionadas na Itália para provarem a comida do Fuhrer enquanto estava escondido numa pequena cidade em seu bunker, para que não chegasse comida envenenada para ele, e ao final nos é contado que existiu realmente, e não é de se duvidar, afinal tinham os alemães obcecados pela ideia ariana, mas também tinham aqueles que eram completamente contrários, e do jeito que ele era, tinha de duvidar de todo mundo. Ou seja, é uma trama interessante que envolve pelas dinâmicas que as jovens inicialmente pareciam se odiar, mas foram aprendendo a se conviver, vemos outras situações intensas rolando, mas que poderia ser mais direta sem precisar de tantas quebras para se desenvolver melhor na tela, o que acaba sendo uma nota crítica de alguém que gosta de fluidez, mas não é nada que atrapalhe a conferida comum, e assim sendo o longa funciona bem para quem quiser dar play no longa dentro do Festival de Cinema Italiano no Brasil.

O longa nos conta que uma jovem de 26 anos chamada Rosa foge de uma Berlim bombardeada e busca refúgio na casa dos sogros enquanto seu marido está na linha de frente do combate. Ela chega, então, num pequeno e isolado vilarejo perto da fronteira oriental alemã, um local tranquilo e pacífico, mas que, logo, Rosa vai descobrir, esconde um segredo. Na floresta que ronda a vila está localizada a Toca do Lobo, um dos principais quartéis-generais nazistas. Uma manhã, Rosa é escolhida e obrigada pela SS para servir como "provadora". Isto é, junto com outras mulheres, Rosa passa a provar as refeições feitas para o ditador nazista com o intuito de testar se a comida está envenenada. Entre o medo de morrer e a fome, o grupo de mulheres formará alianças, amizades e pactos segredos entre si na tentativa de sobreviver as circunstâncias adversas de sua nova ocupação e da realidade militarizada em que vivem. Em meio ao absurdo da guerra, um laço de solidariedade e resistência silenciosa cresce entre elas.

É interessante observar que o estilo do diretor Silvio Soldini foi de brincar com as facetas menos diretas da Segunda Guerra, pois o ambiente que ele procurou mostrar foi das pessoas que sabiam do que estava rolando, mas ainda assim torcia para a Alemanha ganhar a guerra, algumas até sendo fanáticas pelo ditador, querendo saber mais detalhes da sua vida, ou seja, o diretor fez com que seu filme tivesse um tom até cômico em alguns momentos, e dramatizando alguns outros bons elementos em cena, sendo em suma um filme simples e alegórico, que baseando em um livro ficou até bem criativo na tela, sendo dinâmico e com uma entrega de época satisfatória, que talvez até poderia ser mais intensa, mas sairia da proposta.

Quanto das atuações, o longa tem muitos personagens interessantes, porém o foco maior ficou para Elisa Schlott com sua Rosa bem trabalhada no estilo da capital, meio que destoando bastante das demais mulheres da vila, tendo olhares ressabiados, mas depois da carta que recebeu mudou completamente na tela e deu outra nuance para a personagem, o que foi bacana de ver acontecer. Alma Hasun trabalhou sua Elfriede com olhares bem densos e com uma proposta tão diferenciada para o papel, que não entrega de cara tudo o que tinha nas mangas, sendo uma boa surpresa na essência da trama, e que fazendo uma boa amizade com a protagonista acabou agradando bastante. Ainda tivemos Max Riemelt bem colocado com seu Tenente Albert Ziegler que em entregou algumas dinâmicas intensas com todas as mulheres, e tendo sua virada com a protagonista de uma forma até bem marcante, afinal não dá para entrar na cabeça de uma mulher, mas ela foi ingênua demais. Dentre as demais mulheres vale apenas um leve destaque para Emma Falck com sua Leni, por ser a mais jovem e despreparada ali no meio, mas conquistando um carisma de certo modo com sua entrega.

Visualmente a trama mostrou uma vila bem simples, com a casa dos sogros bem tradicional da época com as dinâmicas ocorrendo na mesa, no rádio com as notícias e claro no celeiro, também tivemos a sala de jantar do bunker aonde as mulheres provaram vários pratos chamativos (sem carne, afinal o longa nos conta que Hitler havia adotado uma dieta vegetariana, e é explicado o motivo), mas tudo bem simples, com soldados trajando suas fardas tradicionais, as jovens com roupas mais desgastadas, e a protagonista por ser de Berlim tendo até um vestuário um pouco mais rebuscado.

Enfim, é um filme simples, bem feito e com uma proposta diferente de todos os demais filmes que já tinha visto envolvendo a Segunda Guerra Mundial, então só por isso já faz valer o play nele dentro do Festival, então aproveitem enquanto está de graça. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma boa dica, então abraços e até logo mais.


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Enterre Seus Mortos

11/04/2025 01:51:00 AM |

O principal problema do longa "Enterre Seus Mortos" é fazer com que o público se envolva com a trama confusa meio que jogada na tela, pois a maioria está acostumado com tramas que vão sendo lapidadas e entregues durante toda a dinâmica, enquanto aqui temos tudo acontecendo e sem grandes aberturas, com um tema em pauta pesado e fora de muita conexão, ou seja, a grande parte dos espectadores vai achar tudo absurdo e bizarro, mas se adaptarmos na mente algumas dessas abstrações, o resultado acaba sendo incrível, e é provavelmente essa a loucura que o diretor quis passar! Claro que não é um filme fácil, e para "amenizar" foi colocado algumas pontadas meio que humorísticas, e isso balança um pouco a trama, mas não é nada que durante a sessão canse ou atrapalhe o resultado final.

O longa acompanha a rotina de um removedor de animais mortos chamado Edgar Wilson. Edgar trabalha pelas rodovias perigosas de uma peculiar e pequena cidade fictícia conhecida pelo nome de Abalurdes. A morte já faz parte do cotidiano de Edgar e de seu colega de trabalho Tomás, um ex-padre excomungado. Nete (Marjorie Estiano), chefe dos dois e namorada de Edgar, é quem passa as ocorrências de bichos atropelados pelas estradas. Tudo parece seguir seu curso normal, até que, um dia Edgar é forçado a violar as regras do seu trabalho, e o caos passa a imperar em sua vida e na cidade. Rumos inesperados tomam conta da vida do taciturno removedor quando sinais do apocalipse se mostram cada vez mais presentes.

Se o primeiro filme que vi do diretor e roteirista Marco Dutra me fez o odiar, com seus últimos trabalhos que conferi passei a gostar muito de seu estilo, afinal ele consegue fazer um terror sem usar os clichês óbvios do estilo, brincando com facetas pouco exploradas ou então dando vértices malucos e tão abstratos para tudo que o resultado acaba sendo diferenciado demais, e esse seu novo longa é bem nessa segunda opção, pois temos muitas coisas abstratas para mostrar um fim do mundo tradicionalmente brasileiro, com uma pegada maluca aonde tudo pode acontecer, e por mais doido que possa parecer, o resultado faz algum sentido, então funciona na tela, e mostra mais uma vez que o diretor é um dos grandes nomes do país nesse estilo fora da casinha.

Quanto das atuações, tem alguns filmes que Selton Mello me irrita e fica parecendo o mesmo personagem de sempre, mas quando ele quer realmente atuar, sai debaixo, pois ele se joga, e aqui seu Edgar Wilson é imponente, cheio de presença, estranho como deve ser, e nos atos finais ainda mostra uma personalidade tão irreverente e marcante que certamente entrará para a lista de seus personagens favoritos, ou seja, deu seu show fazendo bem feito. Danilo Grangheia entregou para seu Tomás um misto entre matador de filmes de velho oeste com um padre, de modo que teve nessa mistura boas nuances junto do protagonista e conseguiu chamar atenção em atos mais fechados, porém dava para ter trabalhado mais cenas dele, o que talvez mudaria um pouco o roteiro, mas fez bem o que tinha de fazer. Já Marjorie Estiano e Betty Faria trabalharam suas Nete e Tia Helena com personalidades ao mesmo tempo diferenciadas, mas conflitivas, tanto que a jovem tem toda uma paixão pelo protagonista, mas está tentada a entrar na religião pela tia, e a tia não curtindo muito o namorado da moça faz entregas estranhas na tela, ou seja, juntas foram bem, mas sem ir muito além. Quanto aos demais, diria que Vittória Seixas entregou sua Mariana interessante na tela, mas apenas como uma criança que aparenta ser a guru da nova seita, sem grandes nuances que impactasse realmente na tela.

Visualmente a trama tem um clima árido, uma cidadezinha bem estranha, chuvas de pedras gigantes bem de forma apocalíptica, algumas caminhonetes antigas, o moedor de animais encontrados, alguns acidentes bem intensos, a casa dos protagonistas mostrando mais os quartos do que outros ambientes, e claro o culto passando na TV com suas ideologias, as bebidas estranhas, alguns corpos empalhados, alguns casulos estranhos pingando a água dos chás, e claro algumas armas interessantes, tendo situações bem colocadas em momentos fortes, mostrando que a equipe de arte trabalhou bastante, mas também sem causar muito no público, tirando claro o monstro estranho que aparece em uma cena.

Enfim, é um filme diferenciado dos padrões que muitos estão acostumados a ver, que funciona na tela e tem uma boa pegada, valendo a indicação para mostrar formas diferentes de terror que o cinema nacional também pode entregar, então fica a dica para irem conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Balada De Um Jogador (Ballad Of a Small Player)

11/02/2025 10:59:00 PM |

É engraçado como o cinema oriental anda invadindo o mundo afora, que até conseguindo usar os grandes nomes do cinema ocidental já estão colocando nas suas telas, e claro que a Netflix que tem pego muitas obras deles não iria deixar de colocar seu nome nesse "Balada de um Jogador" que tem uma boa pegada entre o vício de jogos e apostas e junto disso colocar a pegada do misticismo da morte oriental, aonde você pode ser apenas uma alma rondando o mundo parecendo estar vivo, mas sendo apenas um fantasma faminto. Ou seja, é um longa inicialmente lento demais, mas que tem uma proposta bem colocada na tela, aonde tudo funciona dentro da proposta como um passatempo bem trabalhado, com um trio principal bem marcante e que sabe brincar com as facetas do roteiro, não sendo algo expressivo demais, mas que agrada para uma tarde chuvosa.

O longa acompanha um apostador inglês que vê seu passado aterrorizante nos jogos voltar a lhe assombrar e, por isso, ele precisa se esconder em Macau. Vivendo de forma simples e como um desconhecido, o homem desaparece nas ruas no lugar. No entanto, ao longo de sua nova trajetória, uma mulher aparece para mudar o seu destino, como uma alma gêmea, ela vira a chave para a sua salvação.

O diretor Edward Berger foi extremamente injustiçado no Oscar desse ano que merecia ter levado a premiação por "Conclave", mas infelizmente não aconteceu, e aqui acredito que ele fez tudo simples e corrido demais, sem grandes nuances que chamassem atenção, e brincando principalmente com o protagonista, pois o tanto que ele comeu, bebeu e jogou com toda certeza saiu das gravações explodindo e bem cansado, mas a grande sacada do diretor foi fazer uma trama lenta que não cansasse o espectador, pois seu filme tem um vértice de perdas e ganhos muito seletiva, então quem não entrar de cabeça na ideia é capaz de mais se incomodar do que gostar do que verá, e assim sendo ficou bem abaixo dos últimos trabalhos do diretor.

Quanto das atuações, Colin Farrell trabalhou do seu jeitão tradicional que já até acostumamos a ver, meio que jogado, mas cheio de caras e bocas, de modo que seu Lorde Doyle até tem boas sacadas e dinâmicas, e entrega personalidade do começo ao fim, sendo que sua história mesmo não é tão contada, mas consegue suprir esse detalhe com tudo o que faz. Fala Chen trabalhou sua Dao Ming com uma presença tão grandiosa no cassino, que seus momentos fora dali pareceram simples e nem sendo a mesma pessoa, o que é interessante para a proposta da trama, ao ponto que a jovem soube ser intensa e sutil com a mesma personagem. Sinceramente achei uma pena utilizarem tão pouco Tilda Swinton com sua Blithe, pois sabemos do potencial da atriz, e ela foi meio que um enfeite rápido para alguns momentos da trama, que claro foram bem bons, mas dava para ousar mais com ela.

Visualmente a trama inteira filmada em Macau mostrou vários cassinos, um apartamento de luxo, algumas casas simples na beira do mar, e algumas dinâmicas em restaurantes requintados, não sendo um filme com tantas criações de ambientes, mas mostrando bem do jogo e do vício do protagonista, entregando momentos interessantes e cheios de dinâmicas dentro das locações escolhidas.

Enfim, é um longa simples, um pouco lento, que serve como passatempo sem esperar muito dele, aonde o diretor não mostrou seu potencial, e os atores acabaram mal aproveitados, o que acaba sendo um pouco decepcionante para falar a verdade. Então fica sendo assim a dica, e volto amanhã com mais outros filmes, então abraços e até logo mais.


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Bom Menino (Good Boy)

11/02/2025 02:56:00 AM |

Realmente esse ano o Halloween veio com tudo nos cinemas, tanto que já estou até perdido com o tanto de filmes de terror que vi nos últimos dias, mas todos medianos e que não fizeram o principal comigo: me assustar, isso até agora, pois "Bom Menino" tem muitas falhas, as principais teriam sido resolvidas com uma simples função bem antiga que é o continuísta, que veria os erros de chuva e cão molhado, mas isso é irrelevante, afinal o longa nos assusta com situações esperadas, pois você vê o cachorro olhando para o nada, fica esperando a aparição do espírito, ele demora a aparecer, e pega você desprevenido na hora que relaxa, ou seja, os famosos sustos gratuitos que são bacanas, e que claro o diretor e roteirista pegou fundo em algo que praticamente todo mundo já pensou que é o que nossos cães ficam olhando para o nada vez ou outra, e isso por si só já é algo para causar um terror em quem tem animais em casa, mas dava para ter ido um pouco além na história, pois sendo bem rapidinho (apenas 72 minutos) poderiam ter trabalhado mais a doença do protagonista, a casa do avô e as mortes que ocorreram ali, pois tudo acaba sendo meio que jogado, e o resultado acaba pecando pela falta de colocação.

A sinopse é bem simples e nos conta que um cão leal se muda para uma casa rural com seu dono, Todd, apenas para descobrir forças sobrenaturais à espreita nas sombras. Enquanto entidades sombrias ameaçam seu companheiro humano, o corajoso cãozinho precisa lutar para proteger aquele que ele mais ama.

Bem rapidamente já descubro o motivo principal das falhas, afinal é a estreia do diretor e roteirista Ben Leonberg em longas-metragens, mas posso afirmar que ele foi bem corajoso, pois trabalhar com um animal real em uma trama desse porte, gravando por mais de 400 dias é algo que tem de ser aplaudido pela insistência, e o resultado como disse funciona para assustar, mas precisava de alguns retoques a mais para que a história em si ficasse mais intensa e convincente, pois são tantos detalhes soltos que parece que só as dinâmicas com o cachorro faria tudo funcionar, e não é bem assim que funciona o cinema. Ou seja, temos um bom resultado visual e dinâmicas interessantes com o protagonista canino, mas faltou aquele algo a mais que faria a trama ir além e se tornar memorável.

Quanto das atuações, o cãozinho Indy foi muito bem em cena, trabalhando bastante, tendo olhares e emoções bem chamativas, e seu adestrador soube usar muito bem cada forma de trazer cheiros, petiscos e tudo mais para que o animal convencesse o público de que ele estava vendo algo ali, que sentisse a presença e impactasse bastante em cada cena, ou seja, esse ano a premiação animal do Oscar vai ser mais concorrida que tudo, pois temos ótimos exemplares na corrida. Quanto os demais atores humanos, Shane Jensen até tentou ter algumas cenas interessantes com seu Todd, mas o personagem é fraco demais, e não consegue convencer com nada, sendo que o cachorro bate de 10 na atuação, e a culpa aqui é do roteiro e não do ator.

Visualmente a casa abandonada com muitos elementos em caixas, e tudo muito bagunçado acaba dando um ar de desleixo num primeiro momento, mas funciona para criar as dinâmicas tensas sem saber de onde viriam as sombras e formas que atacam, além de um porão que felizmente quando vemos o que tem ali, acabaram imaginando algo meio fora da casinha por completo, mas estamos falando de um terror, então se aceita, e nas cenas na floresta o medo que temos é do cachorrinho cair em alguma das armadilhas de raposa do vizinho em suas corridas, e claro que vem uma raiva quando o protagonista põe o cachorro para morar numa casinha na chuva, pois ali, a torcida foi para que a entidade matasse o humano logo.

Enfim, esperava um pouco mais do longa com o tanto que estava falado na internet desde quando saiu o trailer, com toda uma aprovação de críticos mundiais e tudo mais, mas faltou muita coisa que com bem pouco impactaria demais e chamaria ainda mais atenção, porém quem tem animais em casa depois de conferir o longa vai ficar com um certo medinho, então nesse sentido o longa funciona e acaba sendo uma dica interessante de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, pois ainda tenho muita coisa para conferir, então abraços e até breve.


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A Própria Carne

11/01/2025 10:23:00 PM |

Ando bem feliz que o cinema nacional anda saindo bastante do estilo tradicional e entrando para variados gêneros mais amplos, e um que o pessoal anda investindo bastante, principalmente pelo custo de produção, é o de terror! E o mais interessante é o surgimento de novas produtoras que antes faziam apenas coberturas e/ou distribuição dos filmes nascendo com isso, de modo que o longa "A Própria Carne" é a estreia do Jovem Nerd nesse mundo de longas para o cinema, e conseguiram trabalhar bem o estilo, pois é um filme com uma temática de época, com uma pegada densa e misteriosa, aonde o terror psicológico até funciona bem, e ainda colocaram alguns elos de trash para dar um ar violento. Claro que a trama tem alguns defeitos que poderiam melhorar a experiência do espectador, a principal é o exagero da escuridão, que ao optar por velas para dar as nuances do ambiente, o resultado funciona por um lado para criar tensão, mas deixa tudo o que pensaram de visual inútil na tela, mas tirando esse detalhe, e o fator de deixar para uma continuação a parte mais intensa mesmo, o resultado geral acaba sendo bem interessante de conferir, e até tinha um bom movimento para um sábado a tarde em um filme desse estilo.

A sinopse nos conta que durante a Guerra do Paraguai, três soldados desertores encontram uma casa isolada na fronteira, habitada apenas por um fazendeiro e uma moça. No entanto, o que parecia ser um refúgio seguro se revela um verdadeiro pesadelo quando o trio descobre que o local esconde segredos macabros.

O diretor Ian Sbf fez um dos meus filmes preferidos do cinema nacional. "Entre Abelhas", e aqui vemos um estilo completamente diferente do seu casual que é o cômico puxado para o lado dramático, e não diria que acertou tanto nessa primeira e ousada mudança de estilo, pois o filme tem uma boa pegada densa, mas certamente nas mãos de um diretor experiente em terrores e suspenses a trama impactaria muito mais na tela. Claro que ele brincou com várias facetas que já viu em outros filmes, teve a disposição uma boa equipe de maquiagem para as cenas mais tensas, e soube criar o ambiente, porém como disse no começo, mascarou demais toda a essência da tela com cenas escuras demais, e isso não é legal de acontecer, mas ainda assim o resultado funciona para os fãs do estilo.

Quanto das atuações diria que Pierre Baitelli foi bem cheio das dinâmicas expressivas para que seu Gabriel ficasse com trejeitos irritadiços e chamasse atenção na tela, porém faltou um pouco mais de entrega nos seus atos mais fortes para que ficasse mais imponente. Quem teve cenas bem intensas foi Jorge Guerreiro com seu Gustavo trabalhando bem os elos do preconceito junto da intensidade nos atos de precisar cortar sua perna e na retirada da bala também, sendo chamativo e fechando bem. O jovem George Sauma trabalhou seu Anselmo com a pegada clássica dos ricos, tentando comprar todos, mas tendo de pagar caro nas cenas que andou sozinho. Agora sem dúvida alguma o astro do longa é Luiz Carlos Persy como o Fazendeiro meio excêntrico, tendo atos e trejeitos marcantes e sabendo aonde pontuar e causar fez com quem os soldados borrassem bem as calças. E ainda tivemos Jade Mascarenhas fazendo uma garota estranha que vive na fazenda, mas que não foi muito além quando precisou.

Visualmente a equipe de arte foi muito esperta pois se passando numa guerra, precisariam trabalhar mais cenas de tiros e batalhas, mas deixou isso apenas para a sonografia, e colocou apenas as roupas antigas no começo e depois ficando só na fazenda estranha focou em galpões sem mostrar mesmo tudo, sendo bem escuro e com muitas correntes, armas antigas e tudo mais deixando apenas para criar a ambientação, tendo como disse usado mais as velas e alguns elementos para compor o ambiente, não indo muito além.

Enfim, é um filme simples, porém ousado dentro da proposta, que conseguiu chamar atenção principalmente pela boa dinâmica de distribuição e pelo chamariz que o canal tem, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais para que o filme não ficasse tão solto, e impactasse mais, que aí sim faria o público fã de terrores do estilo vibrar com toda a ideia. Sendo assim, fica a recomendação com ressalvas, e eu fico por aqui agora, afinal essa semana ainda tenho muitas estreias para conferir, então abraços e até daqui a pouco com mais um texto.


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Terror em Shelby Oaks (Shelby Oaks)

11/01/2025 03:30:00 AM |

Se tem uma coisa que me irrita muito em filmes de terror é o diretor achar que o público é tão burro quanto os personagens que vão se enfiar no mato sozinhos a procura de alguém desaparecido, nada contra procurarem as pessoas, mas vá durante o dia, vá com várias pessoas, e principalmente vá com a polícia especializada, afinal você também pode desaparecer! E claro que se os personagens não fossem burros, não teríamos filmes de terror, então vida que segue. Dito isso, o longa "Terror em Shelby Oaks" mistura dois nichos que costumam vender bastante, que é o de found footage (o famoso descoberta de fitas ou câmeras com materiais dos desaparecidos) com incrivelmente rituais demoníacos que fazia tempo que não utilizavam, e claro que para mixar bem esses dois estilos que não se trombam muito, o diretor brincou com a faceta de um documentário jornalístico parecendo que tudo fosse bem real, misturando com as cenas fictícias da protagonista indo em busca da irmã desaparecida, e claro que usando das dinâmicas de tentar assustar o público com cenas repentinas, trabalhando alguns elos de presença e obviamente tendo muitas cenas escuras, ou seja, o básico do estilo que funciona sempre, não sendo algo tão perturbador quanto poderia, mas agradando bem de certa forma pela essência passada na tela, que talvez até desenvolvam fácil em alguma continuação.

O longa acompanha uma mulher chamada Mia em um momento trágico de sua vida: a busca desesperada pela irmã caçula desaparecida. Riley era uma youtuber famosa que sumiu sem dar nenhuma pista sobre seu paradeiro. Com o passar dos anos, Mia foi perdendo as esperanças de encontrar a irmã perdida. Até que, de repente, ela recebe uma misteriosa fita com fortes indícios de que Riley pode estar viva. Todo o cenário muda e Mia entra numa procura obstinada e intensa pela irmã novamente. Essa investigação, porém, colocará a jovem no centro de eventos estranhos e sombrios que revelarão informações perturbadoras.

Diria que a estreia em longas do diretor e roteirista Chris Stuckmann foi no melhor estilo que poderia, afinal o terror de buscas é o mais fácil de se trabalhar, e se bem alocado com uma boa produção o resultado acaba surpreendendo, e aqui ele teve o acobertamento do produtor Mike Flanagan, que vem sendo responsável da maioria das séries de terror dos streamings, ou seja, foi preparado um bom terreno para que ele estreasse bem, e volto a frisar que ele não falhou em técnicas, tendo todos os clichês possíveis do estilo, e brincando com algo que andava meio parado nesse mundo do terror, ou seja, soube usar bem os brinquedos que lhe deram. Claro que dava para inovar um pouco mais no estilo, causar um pouco mais de terror no público, mas aí eu já estaria exigindo demais, e o jeito vai ser esperar ver se dará resultados para o bolso do produtor para vir uma continuação e aí sim ousar mais, ou se o padrinho lhe der mais brinquedos para testar.

Quanto das atuações, diria que Camille Sullivan acabou exagerando no nível de coragem de sua Mia, pois inicialmente parecia uma pessoa mais centrada, mas quando vê a cena que rola na sua frente, e fica ensanguentada por mais bons minutos de tela assistindo a fita, vira quase o Rambo indo para o meio do nada em uma investigação sem limites, e assim seu resultado até mostra alguns bons olhares, mas não ficou crível o suficiente. Vemos mais Sarah Durn nos vídeos do que atuando realmente para se impor, de modo que ao final até está apática demais, claro devido aos acontecimentos com sua Riley era esperado não estar muito normal, mas dava para não ficar tão seca na tela. Quanto aos demais, Brendan Sexton III até tentou aparecer um pouco com seu Robert, mas não foi muito além, sobrando para destacar somente Robin Bartlet com sua Norma bem estranha e com olhares e dinâmicas bem tradicionais do estilo.

Visualmente o longa foi bacana em alguns sentidos com uma floresta densa, a casa da velhinha com um porão bem tenso, a casa da protagonista só trabalhando escuro, e claro uns personagens bem mal encarados, além de uma prisão bem abandonada e aterrorizante, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para os "três" filmes funcionarem, afinal tivemos o documentário, os vídeos dos caçadores paranormais e a história real acontecendo que deu todo o tom.

Enfim, não é o melhor do estilo que já vi, mas também passa longe de ser o pior, valendo o tempo de tela e a dinâmica em si, principalmente por ser um estreante, então vamos ver o que rola futuramente tanto com o diretor, quanto com a história, afinal tem potencial para sequência. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Sonhos (Dreams)

10/31/2025 08:38:00 PM |

Costumo dizer que alguns agentes gostam de fazer seus agenciados sofrerem, pois só isso vem na minha mente quando penso que alguém do porte de Jessica Chastain aceitaria um filme do estilo de "Sonhos", com um roteiro raso, diálogos fraquíssimos, cenas totalmente clichês e que leva nada a lugar algum, apenas para dar uns pegas num rapaz em algumas cenas mais quentes. Claro que o longa trabalha a essência de algumas fundações de ricos, mostra que a maioria são apenas para rebater impostos e tudo mais, mas nada além disso, da chantagem emocional e o famoso chumbo trocado, não tendo impacto nem grandes virtudes para chamar atenção.

A sinopse nos conta que Jennifer é uma influente socialite de São Francisco. Sua vida cuidadosamente construída entra em risco quando ela se envolve com Fernando, um jovem bailarino mexicano que sonha em atuar numa grande escola de balé. Impulsionado pelo amor e pela esperança de um recomeço, ele atravessa a fronteira para estar ao lado dela, uma decisão que ameaça desestabilizar o mundo que Jennifer tanto lutou para preservar. Determinada a manter seu império intacto, ela será capaz de tudo, mesmo que isso revele o lado mais obscuro desse romance.

Não vi nenhum dos outros filmes do diretor e roteirista Michel Franco, mas se forem tudo nesse estilo (pelo menos os pôsteres se parecem muito), vai ser daqueles diretores que já saberei o que esperar quando for conferir um longa novo (sorte a dele que minha memória é péssima), pois posso falar com propriedade que faltou tudo na trama, e mesmo as cenas de pegação que poderiam chamar um pouco mais de atenção pareceram atropeladas e sem intensidade, valendo talvez um pouco as cenas de balé aonde vemos o jovem bailarino em seu primeiro trabalho se jogando bem nos movimentos, mas só isso, pois até mesmo a protagonista pareceu estar atuando sem vontade em alguns atos.

Bom, já falei até muito das atuações, mas ao menos o diretor foi esperto em escalar o bailarino Isaac Hernández para o papel de Fernando Rodríguez, pois o que salva um pouco do filme são suas cenas de dança, e claro a oportunidade que ele teve de ter cenas quentes com uma grande artista, mas nos atos que precisou dialogar e interpretar mais, aí o resultado desandou um bom tanto, pois não teve tanto a manha para chamar atenção, nem desenvolver mais o papel, que acabou ficando meio frouxo no final. Já Jessica Chastain conseguiu ser mais branca do que eu, de tal forma que sua Jennifer McCarthy em alguns momentos até parece uma vampira, e aqui como disse no parágrafo anterior, pareceu estar sem vontade, do tipo que aceitou o papel meio contra a vontade, e tentando ter algumas posturas de classe pelo menos foi requintada nos atos mais elaborados, mas não conseguiu fazer com que o roteiro tivesse bons diálogos para que ela fosse além. Quanto aos demais, temos umas três ou quatro cenas com Rupert Friend com seu Jake e Marshall Bell com seu Michael McCarthy, mas basicamente aparições, sem nada que valesse chamar atenção.

Visualmente a trama se concentra na casa da protagonista em São Francisco e também em uma que tem na Cidade do México, ambas montadas para ter um certo requinte, mas sem grandes chamarizes, além de alguns momentos em teatros de balé e também em academias de balé, aonde o jovem treina com uma grande companhia, e dá aulas para os pequenos, e também alguns momentos na fundação da família McCarthy aonde nem tiveram o trabalho de desenvolver algo a mais.

Enfim, sorte a minha que escrevi bem rápido o texto, pois daqui a pouco nem devo mais lembrar que assisti isso, o que também é um risco de dar play enganado algum dia no streaming, mas como venho olhar sempre se já não vi, estarei livre desse carma. Então ajudando vocês, esse é daqueles filmes que dá para economizar e pular a conferida, pois não tem nada que vai agregar nem entreter quem for assistir. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou tentar a sorte com outro filme hoje ainda, então abraços e até mais tarde.


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Springsteen: Salve-me do Desconhecido (Springsteen: Deliver Me From Nowhere)

10/31/2025 12:12:00 AM |

Já vi diretores que conseguem passar o sentimento do personagem principal para seus filmes, mas hoje passaram do limite do aceitável, pois no começo dos anos 80 foi a pior fase da depressão de Bruce Springsteen, e o longa "Springsteen: Salve-me do Desconhecido" ficou tão depressivo que quase que o filme se mata sozinho, e isso não é ruim, claro que beirou o ponto de ficar insuportável, mas o resultado impressiona pelo acerto tanto do protagonista quanto da direção em passar esse sentimento complexo na tela, fazendo com que o público entendesse tudo o que se passava na cabeça do cantor quando compôs o álbum mais fora da curva de sua carreira, e que usando uma cenografia densa junto com a essência da infância em preto e branco para representar um período complexo da sua vida, o contraste do ambiente foi marcante junto com tudo o que ocorreu antes de sua explosão completa. Ou seja, é um filme de muitas camadas, que pode ser sentido pelo espectador, e que se você não se deixar levar pela essência e entender o que está se passando o resultado pode ser meio conflitivo, mas do contrário é uma tremenda de uma experiência na telona.

A trama segue a jornada criativa do compositor Bruce Springsteen em torno da criação de seu sexto álbum de estúdio, o aclamado Nebraska de 1982. Considerada uma das obras mais sinceras e pessoais de Springsteen, Nebraska foi gravado em um gravador cassete de 4 faixas no quarto da casa do artista em Nova Jersey. É durante o processo de concepção e produção do álbum que Springsteen luta entre as pressões do sucesso e os fantasmas do seu passado. Na época, o jovem cantor e compositor vivia o auge do estrelato global e Nebraska se tornou um ponto de virada fundamental em sua carreira, considerado um dos álbuns mais crus e reflexivos do artista.

Diria que o diretor e roteirista Scott Cooper com toda certeza é um grande fã do cantor Bruce Springsteen e soube usar todas as dinâmicas presentes no álbum Nebraska para compor a trama que tinha em mãos, pois sendo uma adaptação do livro de Warren Zanes que explodiu logo que foi lançado, ele não podia inventar tanto na tela, mas aí é que ele viu a possibilidade e deu o pulo para que o longa não fosse apenas uma reinterpretação do livro, mas que conseguisse passar sentimento na tela, e isso é algo dificílimo em dramas, ainda mais passar a sensação de depressão sem que o filme ficasse desanimador, e ele acertou em cheio, pois quem não se sentir deprimido junto com o protagonista não entendeu a essência da trama. Ou seja, se você estiver num dia não muito bom, nem recomendo ir conferir o longa, pois o alvo do diretor foi tão centrado que mesmo nos atos mais "felizes", o filme te puxa para baixo, e por incrível que pareça, isso não é ruim, já que faz parte da escolha do diretor, e essa sensação refletida consegue brilhar na tela, e fazer com que tudo funcionasse perfeitamente.

Quanto das atuações, Jeremy Allen White já ganhou tantas premiações com séries que com muita certeza quem for fã de séries talvez nem o veja como o cantor Bruce Springsteen aqui, mas felizmente como conheci ele apenas no seu último trabalho nos cinemas como lutador, e lembrava um pouco do visual jovem do cantor, diria que ele se entregou bastante para o papel, conseguiu passar um ar depressivo em nível máximo, foi irritante quando precisou ser no estúdio e com a namorada, mas também soube envolver, e isso deu um tom muito bacana para suas cenas, só uma pena que nas canções não usou sua voz, mas foi bem na interpretação e isso é o que vale. Agora quem deu show mesmo sem cantar um refrão que fosse foi Jeremy Strong com seu Jon Landau, pois mais do que apenas empresário e produtor do cantor, ele foi um grande amigo e conselheiro nos momentos mais tensos da vida do cantor, e o ator soube ser exatamente essa pessoa que segura a onda, que envolve, e que usando olhares bem encaixados e um tom de voz sereno e bem pontuado acabou fluindo demais na tela para agradar do começo ao fim. Quanto aos demais, tivemos bons personagens e atuações bem encaixadas, valendo leves destaques para Paul Walter Hauser com seu Mike Batlan meio que engraçado sem ser engraçado, Stephen Graham fazendo boas cenas tensas como o pai do protagonista, sempre com a cara de bêbado mesmo depois de velho, o garotinho Matthew Anthony Pellicano Jr. fazendo bem o protagonista criança, mas sem dúvida quem teve mais tempo de tela entre os secundários e conseguiu ter boas dinâmicas com o protagonista foi Odessa Young com sua Faye Romano, bem direta e chamativa nas cenas que teve.

Visualmente temos quase que dois filmes, um em preto e branco que mostra a infância do personagem, indo em bares chamar seu pai, ouvindo as brigas do pai com a mãe, apanhando e também tendo uma relação complicada de amor e ódio com o pai, tendo foco a casa deles que ele volta várias vezes como adulto para ver ela já deteriorada e abandona, e o outro filme já colorido em tons mais fortes nos seus shows ou no bar aonde toca com outros amigos e também em um parque de diversões, e em tons mais pasteis e fechado nas dinâmicas na sua casa aonde grava suas canções em um aparelho mais simples, e também na gravadora aonde vemos até como é a produção de um vinil, sendo um trabalho completo bem pensado na fotografia e nos elementos mostrados.

Enfim, é um longa que flui bem na tela, e que como disse chega a deprimir o espectador para que ele sinta a sensação do protagonista, que contando também com as ótimas canções de Bruce durante o tempo inteiro acaba envolvendo e mostrando como a mente de um cantor funciona. Então fica a dica para ir conferir, preferencialmente sem estar depressivo, senão pode dar muito ruim a combinação, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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De Nápoles à Nova York (Napoli-New York)

10/30/2025 01:08:00 AM |

Um festival que já era antigo, mas que virou tradição durante a pandemia e vem seguindo com muitos frutos é o Festival de Cinema Italiano no Brasil, que tem colocado a disposição do público em diversas cidades, e felizmente também online todo o acervo para quem não mora nas cidades escolhidas, e nesse ano começa hoje dia 29/10 e vai até o dia 29/11 para nos deleitarmos nos longas atuais e premiados do país, além de filmes clássicos antigos para aqueles que gostam de rever ou ver grandes nomes do cinema italiano, então tentarei mais um ano ver todos e ir colocando aqui os textos para ajudar nas escolhas. Feito essa apresentação, como não estou na capital para conferir a abertura que foi no Auditório Ibirapuera, também escolhi ver o mesmo filme que o pessoal de lá, "De Nápoles à Nova York", que por incrível que pareça é uma história de Federico Fellini que ainda não havia sido adaptada para as telonas, e que de um modo ao mesmo tempo sutil e também forte trabalha temas em pauta tanto nos anos do pós-guerra quanto agora, como a imigração, mortes em guerra, a pena de morte para alguns tipos de crimes, adoções de crianças, e claro os meios para tudo isso, mas mesmo assustando com todo esse peso dramático, o longa acaba sendo bonito e gostoso de acompanhar, com uma fotografia lindíssima e dinâmicas bem rápidas para envolver todos.

O longa nos conta que no imediato pós-guerra, entre as ruínas de uma Nápoles devastada pela miséria, os pequenos Carmine e Celestina tentam sobreviver como podem, sempre se ajudando mutuamente. Numa noite, embarcam como clandestinos em um navio rumo a Nova York, com o sonho de viver com a irmã de Celestina, que emigrara anos antes. Ao lado de tantos outros italianos em busca de uma vida melhor, os dois chegam a uma metrópole estranha, que após muitos desafios e descobertas, aprenderão a chamar de lar.

Diria que o diretor e roteirista Gabriele Salvatores foi primoroso ao trabalhar a história das duas lendas italianas que já nos deixaram, Federico Fellini e Tulio Pinelli, pois os temas trabalhados são bem abrangentes e atemporais, com dinâmicas que facilmente ainda vemos muito nos dias de hoje, e que dá para ser trabalhado tanto de uma forma dura e imponente como sabiamente ele acabou fazendo aqui, afinal o olhar jovial sempre consegue ser tenro e diversificado, ao ponto que nos atos mais fortes acabou brincando com uma ou outra faceta, pontuando com firmeza, mas sem causar uma explosão cênica, e isso acabou sendo tão bem visto na tela que brilha os olhos do público e também brilha a entrega dos protagonistas, afinal a escolha foi muito boa para envolver com os ótimos planos escolhidos, mas que sem boas peças ficaria apenas algo solto.

E já que comecei a falar das atuações, os jovens Dea Lanzaro e Antonio Guerra entregaram tanta personalidade para os seus Celestina e Carmine que em vários momentos você praticamente esquece de todos ao redor, tendo a garota olhares tristes, porém esperançosos, enquanto o rapaz mais trabalhado nas dinâmicas de rua, com uma certa experiência de fugas e tudo mais, vão se alocando, trabalhando nos diálogos com os demais, e sendo realmente protagonistas com todas as letras possíveis. Já os adultos, tivemos boas facetas de Pierfrancesco Favino com seu Garofalo cheio de dinâmicas bem clássicas dos italianos que conhecemos e Omar Benson Miller como um astuto cozinheiro do navio que acaba conseguindo trazer um carisma para que seu George fosse chamativo. 

Visualmente sabemos que muita coisa foi feita através de computação gráfica para representar bem os EUA e a Itália dos anos 40, e tudo ficou tão crível e bonito de ver que o longa já ganhou vários prêmios importantes na categoria, ou seja, a equipe de arte soube utilizar figurinos, carros, e muitos elementos cênicos interessantes de navios e das casas, cidades, feiras e tudo mais que acabou ficando tão representativo e realista que junto de uma fotografia incrível, colorida com boas nuances e tons fortes mesmo nos atos dos mais pobres, que o resultado impressiona e faz valer ainda mais o conteúdo da tela.

Outro ponto bem bacana que também tem sido muito premiado é a trilha sonora do longa, que contando com várias canções clássicas italianas, junto de uma batida bem pautada para as dinâmicas do longa, tendo também um pouco do blues nos EUA, o resultado flui e acaba dando um ritmo bem interessante para a trama.

Enfim, posso dizer que foi um belo começo para esses 12 filmes inéditos que irei conferir do Festival de Cinema Italiano no Brasil, pois me envolveu, me fez rir e até me emocionou em algumas dinâmicas, valendo bastante a recomendação para todos darem o play, e claro quem estiver nas cidades que o Festival está rolando presencialmente ir prestigiar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal a semana está recheada de estreias nos cinemas, e também do Festival, então abraços e até logo mais.


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A Memória do Cheiro das Coisas

10/29/2025 01:16:00 AM |

É interessante o quão pouco chega aqui longas portugueses, vindo somente os que entram em mostras ou festivais, o que é estranho, pois praticamente sem a necessidade de legendar (embora o nosso português seja bem diferente do formal de lá!) daria para chegar mais obras, mas tem um detalhe bem diferente que talvez seja o motivo: o alongamento das cenas sem alongar a duração do filme, pois praticamente todos que cheguei a ver tem essa mesma entrega, o que por vezes cansa, mas depende também da entrega dos personagens. E o longa que estreia nessa quinta (30/10) em alguns cinemas selecionados, "A Memória do Cheiro das Coisas", tem exatos 96 minutos com os créditos, mas parece que assisti a uma maratona dos três filmes da saga "O Senhor dos Anéis", e claro que citei uma franquia boa, pois o longa português é bem bacana, e mostra bem a essência da senilidade, aonde não somos mais donos de nós mesmos, mas ainda temos tormentos do passado na nossa cabeça, temos preconceitos e somente lembrando de coisas boas para dar um mínimo de alento no meio do caos que vem com todos os problemas de saúde.

A sinopse nos conta que diante da vulnerabilidade da velhice, Arménio é obrigado a encarar os fantasmas do passado, enquanto uma amizade inesperada floresce entre ele e Hermínia. Este filme é um retrato poético e intimista de um idoso em um asilo, explorando a fragilidade da condição humana, a inevitabilidade da morte e a busca por redenção. Aborda questões urgentes da nossa sociedade, como o envelhecimento da população e o racismo estrutural.

Claro que o diretor e roteirista António Ferreira já foi no ponto mais longe da curva para falar de senilidade e racismo estrutural dentro de um senhor que foi do exército colonialista em Angola, ou seja, sofreu bons bocados e na velhice essas memórias voltam a tona, e com um carisma próprio, mesmo sendo rude e mais fechado, souberam compor bem o protagonista para que o filme ficasse bem ao redor dele, tendo situações mais fortes e dinâmicas mais colocadas dentro da desenvoltura do ambiente, sem precisar ficar fazendo flashbacks ou apelos de memória, mas sim indo na conexão com a cuidadora, e claro nos sonhos pesados do senhorzinho. Ou seja, o diretor pode brincar com as facetas sem precisar inventar muito, dando todas as dinâmicas no cenário do quarto do protagonista, e tendo leves dinâmicas numa sala coletiva de jantar, podendo assim dosar mais o roteiro nos diálogos e/ou na falta dele para que os olhares acontecessem e marcassem dentro da ideia completa.

Quanto das atuações, José Martins chamou o filme para si, e fez com que seu Arménio fosse fechado, porém extremamente expressivo, de modo que suas cenas caíram perfeitas dentro da personalidade criada, e conforme a desenvoltura vai acontecendo acabamos criando uma boa conexão com ele, entendendo seus sentimentos, mas também não passando pano para seus atos mais rudes, e assim o resultado funciona até mais do que parece. Outra que foi muito bem em cena foi Mina Andala com sua Hermínia inicialmente mais fechada de sentimentos, mas conseguindo conquistar o protagonista da forma mais emblemática possível, sem precisar apelar para sentimentalismo ou dramas menos amplos, chamando atenção demais na simplicidade e nos olhares que acabam conquistando todos. Os demais foram o tradicional de mais velhinhos e médicos, sem grandes nuances ou chamarizes, valendo um leve destaque para o brasileiro Robson Lemos que fez o enfermeiro Jefferson no começo do longa conquistando o protagonista rapidamente, mas depois saindo de cena.

Visualmente o longa não foi muito amplo, pois ficou somente dentro da casa de repouso, mostrando bem tudo que já vimos em outros filmes do estilo, com um quarto bem simples, porém bem recheado com elementos cênicos que o senhor gostava de arrumar, muitas meias velhas que ele opta por guardar, mesmo praticamente morrendo sem ar, usando bombinha e até oxigênio de galão, ainda fumando, tivemos alguns atos em um banheiro simples tradicional dessas casas, e uma sala de jantar coletiva, tendo algumas passeatas do lado de fora, e o mais bacana claro, as cenas dos sonhos do senhorzinho sendo refeitas ali dentro mesmo com os elementos tinham por ali.

Enfim, é um filme que volto a frisar que parece ser bem mais longo do que a duração real, mas que envolve bastante e tem atuações incríveis muito bem alocadas no tema, e que não cansa o espectador, valendo com toda certeza a conferida aonde estrear. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Sinny Assessoria e da Bretz Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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