Amazon Prime Video - Éden (Eden)

10/22/2025 01:44:00 AM |

Costumo dizer que existem alguns diretores que sabem criar o caos no absurdo e também plantar flores nas rochas com bem pouco, pois facilmente alguns roteiros caindo em mãos erradas acabam virando tramas que facilmente você nem precisaria de nenhum sonífero para dormir em instantes, ao ponto que você fica esperando tudo acontecer, ou seja, sabem brilhar com o que lhe é dado. Claro que em um filme de Ron Howard não vemos apenas o básico, afinal lhe é dado um elenco de peso, um compositor que vai impactar na trilha, e aí tudo acaba dando muito certo, de tal forma que fui conferir "Éden", que estreia na próxima sexta na Amazon Prime Video por ler a sinopse e achar tudo muito fora do eixo, aí vejo que a história tem um embasamento real, ou seja, um absurdo desse virar filme, mas tenho a certeza absoluta que uma pessoa que não dorme fácil como é o meu caso, se visse esse mesmo roteiro dirigido por qualquer outro diretor, iria apagar tranquilamente, mas aqui tudo me convencia, e cada vez mais eu queria que ele fosse além nas confusões, e ele vai, mostrando que o problema do mundo é o ser humano, pois aonde ele é jogado, o caos se instaura, e egos sempre vão inflar mesmo que não tenha motivo, e assim o filme flui. Claro que não é uma das obras primas do diretor, e também não é um filme fácil de se montar, afinal tem muita simbologia e psicologia para analisar, mas ao menos não é confuso para o espectador, e assim o resultado agrada quem se esforçar ao menos um pouco para encontrar o caos aonde ele menos existe.

Desvende a chocante história real de um grupo de forasteiros desiludidos (Jude Law, Ana de Armas, Vanessa Kirby, Daniel Brühl e Sydney Sweeney) que abandonam a sociedade moderna em busca de um novo começo. Estabelecendo-se em uma ilha remota e desabitada, seu sonho utópico rapidamente se desfaz à medida que descobrem que a maior ameaça não é o clima brutal ou a vida selvagem mortal, mas sim uns aos outros. O que se segue é uma arrepiante descida ao caos, onde as tensões aumentam, o desespero toma conta e uma disputa de poder distorcida leva à traição, à violência e à morte de metade da colônia.

Já falei no começo que o estilo do diretor e roteirista Ron Howard é de criar muito, mas em seus últimos filmes tem sido limitado por escolher trabalhar com tramas reais, mas nem por isso ele deixou de ser inventivo e interessante de dinâmicas, principalmente por ousar deixar com que o público ficasse tentando torcer ou entender o que os protagonistas farão para quebrar seus elos, e a história aqui é algo que realmente beira a maluquice, mas que foi real, pois no final vemos as filmagens que uma equipe fez quando visitou a ilha, e tudo era bem marcante nos olhares e dinâmicas, ou seja, o diretor soube ser sintético com as ideias, mas receptivo no ambiente para que o caos dominasse sem ser explosivo, e assim o resultado fluiu e foi marcante ao mesmo tempo. Ou seja, vemos o estilo do diretor presente, e que brincando com tudo o que tinha pode ir além para marcar na tela.

Quanto das atuações é até difícil falar de um elenco que se jogou por completo, e por mais incrível que pareça, finalmente vi Sydney Sweeney se mostrar a grandiosa atriz que muitos vinham apostando, pois sua Margret é densa, fechada, com uma expressividade até superior à sua idade, e que nas duas cenas que mais precisou se mostrar (gravidez e interrogatório) colocou uma banca acima de tudo e mostrou uma personalidade fora dos padrões. Ana de Armas fez sua Baronesa com nuances sexys e totalmente incisiva na mente masculina, conseguindo convencer a todos ao seu redor, se achando a última mulher viva no mundo, e sabendo conquistar e inverter situações com uma facilidade artística sem tamanho, ou seja, brincou com tudo e foi muito bem em cena. Outro que entregou bastante, e completamente fora do que costuma fazer é Daniel Brühl com seu Heinz, pois geralmente ele trabalha seus personagens com traquejos mais fechados e dinâmicas mais fortes, mas aqui ficou um pouco apagado e com uma personalidade meio que desesperada por fazer e aparecer, e isso acabou não ficando com a força necessária para os devidos momentos, tirando claro alguns atos espalhados aonde foi bem. Agora a dupla formada por Jude Law e Vanessa Kirby tinha tudo para que seus Ritter e Dore fossem incríveis em cena, mas seguraram demais para os atos finais, parecendo que não estavam com tanta vontade de ir além, mas convenceram com seus jeitões e marcaram presença ao menos. Quanto aos demais, diria que todos trabalharam bem, apareceram e foram intensos no que precisavam fazer, tendo leves destaques para Felix Kammerer com seu Lorenz fazendo atos desesperados e Toby Wallace se jogando numa luta completamente nu com seu Phillipson, mas nada de muito impressionante para impactar na trama.

Visualmente, embora o longa se passe em Galápagos, foi completamente filmado na Austrália, mas souberam encontrar boas locações para mostrar o clima hostil do ambiente, conseguiram montar cabanas e tendas bem rústicas com todas as dificuldades, muita comida enlatada, animais espalhados, barcos, roupas sempre sujas e muitos detalhes nos elementos cênicos parecendo até uma adaptação literária, e claro que conseguiram retratar bem a equipe de filmagem que visitou a ilha durante o período de exploração mostrado, que ao final vemos durante os créditos as imagens reais das pessoas ali bem mais magras do que vemos no filme, afinal tinham pouca comida e trabalhavam muito.

Enfim, é um longa que funciona muito bem dentro da proposta, que como disse no começo se você parar e analisar tudo o que acontece vai achar até maluquice demais, mas entrando nas nuances do coletivo e do isolamento, todo o caos criado funciona muito bem, e o resultado acaba impressionando e agradando bastante, então vale a dica mais do que apenas uma sessão de passatempo bem trabalhada. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Se Não Fosse Você (Regretting You)

10/19/2025 04:48:00 PM |

Quem me acompanha aqui há algum tempo sabe que tem pouquíssimos romances ou dramas românticos que confiro fora dos cinemas ou festivais, pois não é meu gênero favorito, e a maioria recai para o lado novelesco, mas quando chega no cinemas minha meta é ver tudo ou praticamente tudo, e esse de hoje tinha uma cara interessante ao menos. Dito isso, eis que fui na pré-estreia do longa "Se Não Fosse Você", e mesmo tendo alguns traquejos novelescos, o estilo dramático do diretor conseguiu fazer com que a história tivesse boas amarrações e fosse gostosa de curtir bem no estilo de uma leitura do livro, sendo simples, porém cheio de nuances, e assim o resultado flui, mesmo que se contado a verdade antes pela mãe para a filha, poderíamos ter pelo menos uns 40 minutos a menos de filme, mas é cinema, então história que segue, pois ficou bonito, meloso e gracioso.

O longa acompanha a dura realidade de Morgan Grant e sua filha adolescente Clara após um acidente trágico causar a morte de dois membros da família: o pai de Clara e a irmã de Morgan. Por ter sido mãe muito cedo, aos 18 anos, Morgan tenta proteger a filha de cometer os mesmos erros, enquanto Clara tenta encontrar sua independência e escapar das restrições da mãe. Com personalidades distintas, a distância entre as duas parece crescer ainda mais depois do incidente, já que o pai e marido Chris era a âncora do trio, trazendo paz para a casa em constante conflito. A convivência complicada parece também piorar quando uma série de segredos da família e revelações chocantes vêm à tona, mergulhando-as em ressentimentos do passado e mal-entendidos. Enquanto tenta reconstruir sua vida, Morgan encontra consolo na última pessoa que imaginava, Já Clara vai atrás do rapaz que sempre sonhou.

É interessante observar o estilo de direção de Josh Boone, pois mesmo sendo adaptações literárias praticamente todos os seus filmes, ele coloca nuances mais densas e conflitivas de uma maneira bem forte para tentar impactar o público, e aqui ele soube usar essa densidade sem precisar impactar diretamente, brincando com as facetas entrelaçadas nos personagens para que isso viesse de uma forma conflitiva, e com isso não ficasse uma trama exageradamente novelesca. Ou seja, o que vemos na tela é bem uma representação literária, daquelas que talvez pudesse até ir mais longe dentro de uma essência cinematográfica, mas que agrada e entrega bons momentos. Só volto que mesmo o livro sendo uma enrolação gigante na falta de diálogo para resolverem rapidamente tudo, no filme o diretor usou da mesma situação, e assim dava para reduzir muita coisa e ficar ainda melhor, pois volto a frisar que gostei do que vi, não sendo o melhor do estilo, mas passando bem longe do pior.

Quanto das atuações, Allison Williams trabalhou bem sua Morgan, com uma desenvoltura mais fechada e imposta, afinal morreram sua irmã e seu marido, e também foi blindada das experiências já que teve a filha muito nova, e a atriz soube dar essa essência pra personagem com dinâmicas mais impositivas do que um carinho realmente, mas volto a frisar, faltou aprender a dialogar, pois dava para resumir bem a história com um bom papo sobre sentimentos. McKenna Grace trabalhou sua Clara de uma maneira tradicional adolescente que conhecemos bem os problemas, e agora escrevendo estou em choque como ela ficou bonita, pois já tinha demonstrado boas atuações mais nova, mas era esquisitinha e agora se tornou uma mulherona imponente e que vai dar trabalho em muitos filmes futuramente, pois mostrou estilo e ainda continua atuando bem, mesmo que de forma um pouco irritante como todo adolescente quase adulto. Mason Thames esse ano já pode aposentar, pois já é seu terceiro filme, sendo dois em dias consecutivos por aqui, e já tinha falado disso ontem, mas hoje volto a frisar que ele ficou com uma cara de adulto muito rápido, pois aqui ele nem aparenta ser um aluno de 17 anos, que é praticamente sua idade real, mas sim alguém mais velho, porém soube ser gracioso com seu Miller, e o resultado agrada, afinal é um bom ator. Dave Franco esse ano também já fez de tudo, tendo agora seu terceiro ou quarto filme, e ainda terá mais um em Novembro, mas falando de seu Jonah, ele consegui trabalhar trejeitos fortes para tudo o que aconteceu, juntamente com um olhar apaixonado tão bem doce e bacana para com a protagonista, que dava para ela já ficar com ele no próprio velório. Ainda vale citar Clancy Brown bem colocado nas nuances como o avô do garoto, Sam Morelos bem divertida e cheia de sacadas com sua Lexie, e claro os dois atores que apenas apareceram rapidamente nas cenas iniciais Scott Eastwood com seu Chris e Willa Fitzgerald com sua Jenny, mas nada que impactasse nas expressões entregues.

Visualmente a trama foi bem dividida com cenas na escola aonde os jovens estudavam e o professor que é o tio da garota, tivemos a casa bem cheia de detalhes da protagonista, aonde ela sendo desenhista de interiores faz uma mudança bem bacana, e também cenas nos cinemas AMC aonde o jovem trabalhava, e a fazenda do avô na beirada da estrada, tudo bem simples, mas com muitos detalhes cênicos, para claro ajudar a galera que leu o livro se situar dos momentos, e assim vemos tudo sem ser forte, mas bem direto na tela.

Enfim, passa longe de uma obra de arte literária bem transportada para a telona, mas consegue ser gostosinho de assistir e se envolver, principalmente pela boa trilha sonora (que deixei o link aqui), e claro das atuações que fazem expressões bem colocadas na tela, mas dava para resumir um pouco tudo e criar talvez mais situações fortes para causar um pouco mais de impacto na tela. Então fica a dica para a conferida na próxima quinta que é quando o longa estreia oficialmente, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Netflix - Um Fantasma Na Batalha (Un Fantasma En La Batalla)

10/18/2025 07:23:00 PM |

Fico feliz que a dona Netflix voltou a comprar bons filmes, de forma que hoje procurando o que conferir bati de cara com o longa espanhol "Um Fantasma Na Batalha" e me chamou a atenção para a história baseada em uma das operações que praticamente desmanchou o ETA na Espanha, que na verdade nem lembrava direito dos acontecidos, mas que conferindo a trama e mostrando algumas imagens de jornais da época, o Alzheimer daqui começou a ficar escondido e fui lembrando das coisas. E olha, que filme policial bem interessante e forte, mostrando uma jovem infiltrada bem corajosa que ficou bem de frente com a morte várias vezes ao ir passando as informações de uma das células principais do grupo terrorista para a polícia espanhola. Ou seja, é daqueles filmes tensos e bem densos, que poderia até ser mais lento se quisessem, mas o estilo do cinema espanhol é bem pontual em tramas de suspense policial, conseguindo dar dinâmica sem fazer o público cansar com nada, além de envolver bem o espectador dentro da personalidade da garota, fazendo com que parecêssemos que nós estávamos envolvidos também, e assim acabou sendo bem bacana a conferida completa!

O longa acompanha um dos momentos mais importantes realizados contra o ETA, a organização separatista basco que acabou virando um grupo de terroristas responsável por amedrontar a Espanha por um longo tempo. Durante as décadas de 1990 e 2000, o filme acompanha mais especificamente a jovem Amaia, uma jovem guarda civil que passou esse período infiltrada dentro da ETA. Com o objetivo de encontrar os locais nos quais eles se escondiam no sul da França, a missão foi rastreada e o longa é baseado em fatos reais do contexto histórico, político e social da época.

O interessante é que o diretor e roteirista Agustín Díaz Yanes conseguiu fazer um misto de documentário com imagens antigas de jornais do país junto de uma história ficcional bem funcional, pois nenhum dos casos da queda do ETA foram bem mostrados, afinal a Guarda espanhola fez questão de manter todos os registros e pessoas envolvidas bem ocultadas, já que mesmo parando com os ataques terroristas, o ETA continuou existindo como um braço político extremista, mas não armado, e assim sendo poderia haver alguma retaliação, mas a sacada de desenvolver toda a ideia de espionagem bem colocada na tela acabou mostrando versatilidade e criatividade da direção, pois facilmente daria para se imaginar que tudo rolou dessa forma tensa e forte para alguém mais fraco surtar com a ideia de estar frente a frente com as lideranças do grupo. Ou seja, o longa é baseado sim no que ocorreu, mas totalmente ficcional na ideia, e bem construído pelo diretor para causar um bom impacto como toda boa performance da protagonista.

E falando na protagonista, fiquei um tempo pensando em outros filmes que já tinha visto Susana Abaitua, mas o último que vi com ela pela filmografia faz tanto tempo que devo ter confundido, mas aqui com sua Amaia a jovem soube ser sutil de expressões, e passar uma sinceridade na sua entrega ao ponto de criar carisma para com o público, algo raro em um filme desse estilo, e como já disse nos colocar junto dela em tudo o que estava ocorrendo. Muita gente é contra falar isso, mas sabemos que em guerras ou investigações é muito fácil ser grandão, pois os pequenos se lascam enquanto os grandes apenas mandam e assistem, e Andrés Gertrúdix fez exatamente isso com os trejeitos de seu Tenente Coronel Castro, ficando apenas indicando e na hora que mais precisou quase não conseguiu dar a dica exata para a protagonista, sendo o famoso blasé que tanto conhecemos mundo afora. Outra que foi muito bem em cena foi Iraia Elias com sua Begoña, de modo que não precisou ser muito incisiva nos seus atos, mas demonstrou frieza e sabendo ser bem segura não deixou que nada lhe abalasse ao redor, entregando os diálogos para a protagonista sem faltar com a integridade. Tivemos outros bons papeis, mas tudo jogadas bem rápidas, valendo um leve destaque para Ariadna Gil com sua Anboto, a líder da célula bem cheia de facetas para tentar descobrir o invasor no grupo.

Por ser uma trama de época, o resultado visual funcionou bem principalmente pelas inserções de vídeos jornalísticos no miolo, mostrando as dinâmicas da população revoltada, algumas cenas de explosões e atos filmados reais que deram um tom, além claro dos ambientes mais escondidos, o apartamento da protagonista, o hotel aonde encontrava com o namorado, a clínica da mãe falsa, além de muitas cenas em carros com trocas de caminhos e claro mortes bem na cara do público, mostrando que a equipe de arte pesquisou bem os contextos e soube impactar com a tensão bem colocada.

Enfim, é um longa simples, porém muito bem feito, bem representativo na tela, sendo daqueles que funcionam tanto para lembrarmos como os grupos terroristas funcionavam no passado, quanto como uma ficção bem densa e cheia de nuances, valendo claro a recomendação de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou ver uma pré-estreia nos cinemas, então volto mais tarde com o texto dela, fiquem por enquanto com meus abraços e até breve.


Leia Mais

O Telefone Preto 2 (Black Phone 2)

10/18/2025 03:19:00 AM |

Se no primeiro filme eu fiquei reclamando da falta de violência física, tendo muito mais uma puxada psicológica, hoje com "O Telefone Preto 2", todos os meus clamores foram correspondidos, sendo daqueles filmes que a censura acertou bem em colocar 18 anos, pois mesmo a molecada já acostumada com os jogos e tudo mais que veem diariamente, aqui tudo foi bem explícito, com o protagonista saindo de algo mais tenso para algo bem mais pegado, aonde praticamente o foco foi mudado mais para a garota do que para o protagonista anterior, agora ousando mais trabalhar dentro dos sonhos e visões que a irmã tinha, e continua tendo, e assim com o vilão morto, agora é a vez do espírito maligno voltar do inferno para atormentar a vida deles. E se você acha que tudo foi apenas jogado como disse no primeiro de apenas "aceite", ledo engano, agora tudo é muito bem explicado, tendo uma história base bem boa para ser desenvolvida na tela, e que sem precisar ficar enrolando ou enfeitando para causar, acaba sendo imponente e funcionando muito bem durante toda a duração do longa.

No longa vemos que a jornada do menino que fugiu parece só ter começado. Quatro anos após matar e escapar de seu sombrio sequestrador, Finney tenta viver uma vida normal sendo o único sobrevivente do macabro cativeiro d’O Sequestrador. Enquanto o jovem encontra dificuldade de superar seu trauma, sua obstinada irmã mais nova Gwen começa a receber chamadas do telefone preto em seus sonhos, tendo ainda pesadelos recorrentes com três garotos sendo perseguidos num acampamento chamado Alpine Lake. Decidida a investigar a origem dessas visões, Gwen convence Finney a visitar o local durante uma tempestade de neve. O que os irmãos descobrem é que existe uma ligação perturbadora entre a história de sua família e o assassino que os atormenta. Atrás de vingança, O Sequestrador não só ameaça Gwen, mas se torna ainda mais poderoso depois de morto, obrigando Finney a enfrentar um mal inimaginável.

Costumo sempre falar isso, mas não falha nenhuma vez, se um filme deu certo, a continuação tem de ser do mesmo diretor e roteirista, senão estraga, e aqui Scott Derrickson conseguiu corrigir todas suas falhas no primeiro filme e ainda incrementou a mais, sabendo exatamente aonde pontuar, aonde causar e como fazer com que seu filme saísse do suspense psicológico com doses de terror, para algo realmente marcante, violento, bem próximo de um terror/horror tradicional, fazendo com que o vilão ficasse ainda mais brutal, cheio de nuances, e que os protagonistas tivessem para onde se desenvolver, o que acabou acontecendo com a garotinha que no primeiro filme era apenas um mero enfeite, e agora domina a atuação com tanta desenvoltura que sem dúvida alguma vai brotar papeis nas mãos de seu agente. Ou seja, o diretor brilhou com algo que muitos já até esperavam, e fazendo com que a expectativa criada fosse bem correspondida com entrega visual e história bem relacionada para ninguém reclamar.

Quanto das atuações, Madeleine McGraw cresceu muito em quatro anos não apenas ficando belíssima, como também aperfeiçoando tanto seu estilo interpretativo que domina o ambiente inteiro com uma entrega primorosa, cheia de nuances, e principalmente sabendo o que tinha de fazer para que sua Gwen não ficasse com traquejos malucos, ou seja, foi graciosa, imponente e direta na medida para não ficar jogada como muitas boas protagonistas já acabaram em outros terrores. Se no primeiro filme Mason Thames mostrou a que veio, ganhando inclusive muitos bons papeis depois do que fez com seu Finney, agora consolidado já trabalhou o papel com menos explosão na tela, não sendo ruim, mas estando naquela fase que não é nem adulto suficiente, nem garoto, se perdeu um pouco em cena, mas nada que atrapalhasse o estilo do longa. Ethan Hawke voltou com seu Sequestrador ainda mais explosivo, e com trejeitos fortíssimos, já que agora pode mostrar mais partes do seu rosto, e assim criou algumas nuances no melhor estilo possível, lembrando até outro personagem que mata nos sonhos. Ainda tivemos bons momentos com Demián Bichir bem colocado com seu Mando, e boas discussões de Maev Beat com sua Barb confrontando bastante a protagonista, além do jovem Miguel Mora com seu Ernesto bem apaixonado pela jovem protagonista.

Visualmente, a trama tem uma entrega incrível, com toda a gravação se passando inicialmente na casa dos jovens e voltando ao antigo porão do primeiro filme todo pichado, e depois indo para um acampamento tradicional nas montanhas com muita neve, frio e um lago congelado com todos os equipamentos casuais que já vimos em outros longas do estilo, ao ponto que a beleza branca dá as vozes de um modo bem macabro diferente de muitos outros filmes com a mesma paisagem, tendo os sonhos/visões da protagonista tomando formas ainda mais potentes com os cortes que acontecem lá acontecendo também na vida real, ou seja, podendo morrer no sonho e morrer de verdade, mas tendo bons confrontos com o Sequestrador, que como já disse acima veio com um visual ainda mais imponente e sanguinário, com uma maquiagem imponente e chamativa bem sangrenta, e claro tendo atos violentos e fortes na tela. Agora embora alguns achem bonito, me incomodou a fotografia "suja" escolhida para as cenas dos sonhos, ao ponto que não consigo pensar em uma solução melhor para distinguir os dois ambientes, mas acho que exageraram um pouco demais no granulado e acabou me deixando não muito feliz com isso, mas nada que atrapalhasse o restante da trama.

Enfim, é um tremendo filmaço que vai na contramão da maioria das sequências, sendo até melhor que o primeiro, e isso é muito bom, agora é ver como irá rolar a bilheteria com a censura 18 anos pelo mundo afora, pois quem sabe o Sequestrador volte a atormentar a garota em outro lugar! Dito tudo isso, se você tem mais que a idade proibida, vá correndo conferir, pois vai valer muito a pena. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

O Bom Bandido (Roofman)

10/17/2025 12:57:00 AM |

Já diria uma galerinha aí, que bandido bom é bandido... burro, segundo a história real de Jeffrey Manchester que chega sendo contada nos cinemas agora com o filme "O Bom Bandido", pois é uma comédia tão gostosa, tão bem trabalhada na tela, que chegamos a ficar com dó da burrice final do personagem, e claro do verdadeiro ladrão, pois podem até ter romanceado um pouco para ficar mais fofo na tela, mas vendo os depoimentos verdadeiros durante os créditos, dá até para acreditar que o cara era gente boa, mas que vai ficar preso ainda muitos anos. Claro que dei um spoiler do final do longa, mas toda a desenvoltura entregue tanto pela história em si, quanto pela atuação de Chaning Tatum é tão bacana e que sabendo ser uma história real já ficamos esperando pelo pior, que no final apenas estamos torcendo para o melhor do protagonista que com seu carisma consegue divertir e entregar tudo da melhor forma possível durante os 126 minutos de projeção que felizmente não cansam em momento algum o espectador.

O longa se inspira na história real e inesperada de um assaltante chamado Jeffrey Manchester, que ficou conhecido como o “ladrão do telhado”, e seus esforços criativos de fugir da prisão. Jeffrey é um ex-oficial da Reserva do Exército dos EUA com dificuldades de se sustentar. Quando ele é pego roubando um McDonald’s para alimentar seus filhos, ele é pego, sentenciado e preso, mas rapidamente consegue escapar. Enquanto foge das autoridades, Manchester se abriga numa loja de brinquedos, onde se esconde atrás de uma parede. O tempo passa e a caça por ele se apazigua, o que deixa o caminho aberto para Jeffrey se aproximar da vendedora Leigh (Kirsten Dunst), por quem se apaixona e começa um romance. Uma série de dilemas se apresentam então para Jeffrey, enquanto Leigh permanece alheia à moradia improvisada do namorado na loja onde trabalha e ao histórico criminal do fugitivo.

Faz tanto tempo desde o último filme do diretor Derek Cianfrance que nem lembrava direito do seu estilo descontraído para segurar elos dramáticos, ao ponto que seu novo filme está sendo vendido como uma comédia de humor negro, mas passa bem longe disso, sendo algo cômico pela desenvoltura que deram para o protagonista vivendo dentro de uma loja de brinquedos e se divertindo com tudo o que faz ali durante alguns meses, mas a base dramática e romântica sobrepõe isso, com um resultado gostoso de conferir, e que "infelizmente" acabamos criando um carisma e afeição pelo criminoso, algo que não deveria acontecer nunca, mas o diretor soube brincar tão bem com a situação toda, que não tem como não se envolver com o resultado final, e assim sendo podemos dizer que mesmo sendo vendido erroneamente como uma comédia, acabamos nos divertindo com toda a entrega, e essa é uma das bases cômicas funcionais.

No quesito das atuações já falei que criamos um grande carisma pelo protagonista, e boa parte disso se deve à desenvoltura que Channing Tatum encontrou para fazer seu Jeffrey, de tal forma que ele se joga literalmente no papel, fazendo atos pastelões e muitas bobeiras em cena, mas esse estilão dele acaba agradando e dando uma personalidade diferenciada para o papel, pois pelas fotos do verdadeiro que é mostrado no final, aparentou ser alguém mais sério que não faria tanta bagunça assim, mas para o resultado do filme acabou valendo. Uma atriz que também é cheia de facetas, fazendo papeis bem diferentes, e ao mesmo tempo muito parecidos, é Kirsten Dunst, de modo que aqui sua Leight tem um estilo simples e até meio triste em alguns momentos, sempre com um pé mais atrás com o protagonista, porém entregou boas dinâmicas na tela, e assim até foi "aparentemente" mais simpática que a verdadeira que dá entrevista no final. Quanto aos demais, vale leves destaques para Peter Dinklage com seu Mitch rabugento demais, fazendo algumas ações que vão deixar os espectadores bravos com ele, mas bem encaixado dentro da proposta, e também para LaKeith Stanfield com seu Steve, que de cara vemos não ser alguém muito certinho, mas que poderiam ter usado mais sua entrega na tela.

Visualmente o longa teve locações bem trabalhadas, com inicialmente mostrando a casa simples do protagonista separado, fazendo uma festa bem singela para a filha e dando um presente usado, vemos o um dos assaltos ao McDonalds com toda a astúcia e jeitão simpático para com os funcionários, logo em seguida já vamos para uma casa grande e uma festa já contando até com músicos, e claro a prisão aonde trabalhando vê as possibilidades de fuga dali, e depois o foco fica na loja de brinquedos com todas as múltiplas possibilidades que o protagonista usa da sua criatividade para viver ali, uma igreja simples e a casa da protagonista aonde passa a ir mais frequentemente, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante e conseguiu dar o tom de época sem precisar forçar tanto, e quase sem precisar de maquiagens marcantes, os protagonistas acabaram ficando semelhantes aos verdadeiros.

Enfim, é daqueles filmes que tudo é tão maluco que nem parece real, mas vendo os depoimentos no final de vários personagens secundários no longa, mas importante nos assaltos e dinâmicas, acabamos vendo que desde muito tempo atrás as loucuras já eram comuns, então acaba valendo a conferida pela diversão entregue na tela, mas também aprender que ser um ladrão bonzinho não vale a pena. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Entre Penas e Bicadas (老鹰抓小鸡) (Goldbeak)

10/16/2025 01:44:00 AM |

É interessante observar o quanto a China tem produzido muito cinema ultimamente, e de uma forma não muito usual eles acabam entregando algumas tramas bem diferenciadas, pois seria bem comum uma animação infantil fluir primeiro para depois dar algum choque no público e se desenvolver na tela, e o longa "Entre Penas e Bicadas", que estreia nessa quinta 16/10 em alguns cinemas selecionados, já vai completamente na contramão começando com uma pancada no público ao mostrar a pobre aguiazinha nascendo de seu ovo e já perdendo a família em um acidente, porém depois ao ser adotada por uma galinha, passa a viver a vida sem aprender a voar, sendo o seu sonho e da irmãzinha galinha também que é bem criativa. Ou seja, após esse choque vamos ver toda a desenvoltura, as confusões, e claro a ida da águia já adulta para a cidade aonde seu pai era o prefeito, e lá irá descobrir muitas coisas, e essa trama tem boas pegadas e alguns momentos bem interessantes, porém o longa tem um defeito gigantesco, que não sei se ficou longo demais e cortaram algumas partes importantes para que tudo se encaixasse, ou a censura chinesa já podou antes do lançamento, pois é bem estranho os pulos cênicos que acontecem, não sendo algo que atrapalhe a diversão, mas que ficou esquisito, ficou.

O longa nos conta que criado entre galinhas e protegido por sua mãe adotiva e sua irmã Catraca, o pequeno Bico Dourado, uma águia, acredita que não pode voar – ou pelo menos é o que lhe disseram. Determinado a provar seu valor e descobrir a verdade, ele parte com sua irmã para Bird City, onde pretende solucionar o mistério de seu nascimento. Lá, Bico Dourado encontra parentes distantes, incluindo seu tio, o prefeito, e acaba descobrindo a incrível história de sua família. Mas, enquanto segredos profundos e traições são revelados, uma batalha inevitável entre águia e galinhas se aproxima, levando Bico Dourado a enfrentar escolhas decisivas que definirão seu futuro e verdadeiro lugar no mundo.

Outra possibilidade da falha que citei no primeiro parágrafo é a de que ambos os diretores são estreantes, e dessa forma podem não ter produzido as cenas necessárias para as conexões, deixando tudo bem aberto na tela, mas se fizeram isso Dong Long e Nigel W. Tierney erraram no básico. Dito isso, o que posso falar de cara é que a história embora pareça bobinha, tem pegada e estilo, lembrando até algumas outras obras chamativas, que talvez com um pouco mais de desenvolvimento dos personagens acabaria indo para outros rumos bem marcantes do estilo. Ou seja, é o famoso filme que de forma alguma poderia cair na mão de um estreante, pois a história pedia mais presença, e o resultado acabou não acompanhando.

Quanto dos personagens, o protagonista Bico Dourado ficou bem bacana desenhado, mostrando suas diversas fases, porém um pouco retraído demais, ao ponto que acaba dependendo muito dos personagens secundários, e isso em uma animação é um perigo para falhar com o público não conseguindo se conectar facilmente com ele. A franguinha irmã do protagonista, Catraca, até poderiam ter usado mais ela, pois suas invenções são bacanas e a personagem merecia ter entregue mais cenas na tela, o que é uma pena. Do outro lado faltou também desenvolver e usar mais os personagens, pois a águia que é filho do último prefeito, que é o líder dos escoteiros, apenas é citado, e não tem tanta desenvoltura na tela, e o atual prefeito e tio do protagonista, até trabalhou algumas boas nuances, mas nada que impactasse na tela. 

Visualmente a animação foi muito bem desenhada, com algumas texturas interessantes de ver, uma cidade completamente tecnológica com carros voadores e muitos elos chamativos, que até poderiam ter sido melhores usados, tivemos a vila das galinhas bem cheias de detalhes para dar boas nuances, muitos voos e florestas, ou seja, a equipe de arte trabalhou para que tudo ficasse bem representado e cheio de cores para que cada personagem fosse único na tela.

Enfim, é um filme simples, com uma história bacana para a família toda, com lições de moral tradicionais, porém com alguns defeitos técnicos que dava para serem eliminados antes do lançamento, e assim sendo quem prestar atenção acabará se incomodando um pouco, mas nada que atrapalhe como um bom passatempo para a criançada. E é isso pessoal, fico por aqui hoje agradecendo os amigos da A2 Filmes pela cabine, pena que não irá estrear em muitas cidades, mas aonde surgir, tentem conferir. Então abraços e até amanhã com mais dicas.


Leia Mais

A Palavra

10/15/2025 01:30:00 AM |

Alguns filmes realmente nos deixam sem palavras para escrever sobre ele, mas hoje literalmente fiquei um tempo parado olhando para a tela pensando no que iria falar do longa "A Palavra", pois é daqueles filmes que tem denúncia política misturada com religião, algo que talvez se bem usado poderia ser impactante e marcante, mas literalmente pareceu que o diretor perdeu a mão com gosto para entregar na tela algo que tem tantas pequenas falhas que ficamos esperando ir além para agradar, mas que não chega a lugar algum. Claro que talvez o pessoal mais religioso ache mais pontos positivos do que negativos, mas como cinema realmente diria que faltou dar aquele algo a mais para realmente marcar, e principalmente economizar nos exageros cênicos.

Inspirado na História Bíblica dos Profetas Elias e Eliseu, transportada para os dias atuais, o filme acompanha Jezebel, uma experiente repórter e jornalista de TV, cujo trabalho se concentra sempre na próxima história bombástica capaz de gerar a maior audiência para a emissora. Ela recebe a missão de localizar um homem chamado Elias (Tuca Andrada), nos áridos sertões do Nordeste do Brasil. Elias, aparentemente, realiza milagres, ajudando não apenas a curar as enfermidades da população local, mas também a amenizar a severa seca da região. Obcecada em conseguir a próxima notícia sensacional, Jezebel está determinada a desmascarar Elias, revelando seu segredo e provando que ele é um charlatão. Porém, essa certeza começa a ruir conforme sua busca se aproxima de seu encontro com Elias.

Após muitos anos longe das telonas, o diretor e roteirista Guilherme de Almeida Prado volta com um estilo bem diferente do que acabou fazendo ele famoso, de tal forma que ainda tem seu lado crítico e bem pontuado nas nuances políticas, mas acabou forçando demais em alguns traquejos de tal forma que os personagens até chegam a sair do contexto, ao ponto que você chega a pensar se está fazendo uma sátira em cima de tudo, ou se ele está realmente falhando na essência que desejava entregar. Claro que o longa tem uma pegada cênica muito interessante em cima do Nordeste do país, brinca com a narração e a teatralidade dos bonecos, ousa colocar os pontos religiosos sob esse vértice, mas ficou faltando algo mais marcante que chamasse atenção.

Quanto das atuações, Regina Maria Remencius forçou demais sua Jezebel, ao ponto que num primeiro momento pareceu maquiavélica, meio disposta a destruir tudo e todos, e não trabalhou com ares condizentes a um jornalista comum, até mesmo os mais sensacionalistas ficariam decepcionados com o estilo escolhido para a personagem. Já Tuca Andrada escolheu o simples e bem feito para que seu Elias/Eliseu tivessem boas nuances e até fosse emocional na medida como um profeta e engenheiro, sabendo ser centrado e espirituoso como o papel pedia. Da mesma forma que a protagonista Luciano Szafir acabou forçando um pouco para seu personagem, mas deu um bom contexto para jornalistas que armam as coisas para seu próprio ganho.

Visualmente o longa trabalhou um Nordeste bem conhecido dos telejornais, mostrando bastante a seca, cidades pequenas que tem seus teatros de bonecos na rua ou as vezes até exibições de filmes (e no caso aqui uma matéria de jornal sobre a cidade), vemos um hospital bem simples (ou o que tentaram fazer parecer um), e também alguns elos mais puxados para a religiosidade. Agora um erro crucial que qualquer pessoa que já viu qualquer série ou filme médico não vai aceitar de jeito algum é usar um desfibrilador em cima da roupa!

Enfim, é um filme que tem alguns acertos e muitos erros, mas que talvez o público-alvo mais religioso nem irá ligar, então fica como sendo uma dica por conta e risco de quem gostar do estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da FJ Produções e da Playarte Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

O Retrato de Norah (Nöraḣ)

10/14/2025 01:23:00 AM |

Costumo dizer que ver um filme fora das grandes indústrias tradicionais é algo que vai muito além da tela, pois você acaba presenciando culturas e conhecendo situações que achamos praticamente inexistentes, e o longa "O Retrato de Norah", que estreia na próxima quinta 16/10, traz o primeiro longa da Arábia Saudita a ser selecionado para Cannes, e que se passando nos anos 90 quando qualquer expressão artística era proibida no país, vemos algo tão conflitivo, com os "donos" da vila não querendo nem eletricidade por lá, que as crianças aprendessem só o Alcorão e não a ler e escrever, ou seja, uma dominação completa, aonde ninguém, muito menos as mulheres tinham qualquer liberdade, e assim o resultado de um desenho acabou mudando tudo o que ocorre ali. Diria que o filme tem uma pegada densa bem interessante, porém um ritmo meio travado, de modo que o começo e o miolo até fluem bem, mas o final demora a acontecer e chega até a cansar um pouco, mas o resultado completo é bem marcante e faz valer a conferida.

Ambientado em uma pequena vila remota na Arábia Saudita nos anos 90, quando a expressão artística era proibida, o longa é uma história sobre a chegada de um novo professor, ex-artista, à pequena comunidade onde ele conhece uma jovem chamada Norah.

O mais bacana de tudo é que o longa foi o ganhador de um concurso do país para novos diretores e roteiristas, ou seja, algo completamente diferente do que é mostrado no país dos anos 90 no longa, e o diretor e roteirista estreante Tawfik Alzaidi soube mostrar essa essência numa trama bem simples, porém bem direta, representando as pequenas vilas do país, com casas bem afastadas umas das outras, uma escola simples aonde o professor precisou até levar a lousa e uma casa até que bem ampla aonde viveu o professor anterior, ou seja, uma dinâmica concentrada, representativa e envolvente, pois conseguimos vivenciar tanto o drama da garota, quanto do professor, e também tudo o que tem ao redor dali, sendo algo simples, e que não precisou forçar para convencer.

Quanto das atuações, não sou um exímio conhecedor do cinema árabe, porém me lembrou muito o estilo de atuação turco, aonde os olhares soam mais marcantes e a movimentação dos personagens mais dura, e isso me incomoda um pouco, pois fica parecendo que estão engessados esperando algum comando da direção. Ou seja, até temos algumas boas entregas, mas nada que impressionasse pelas ações cênicas dos atores, de modo que Yagoub Alfarhan até trabalhou seu Nader com uma desenvoltura mais clássica de alguém que sempre viveu na cidade grande e não muito adaptado às vilas acaba sendo meio inseguro nos atos, mas com um traquejo até que aceitável. E Maria Bahrawi demonstrou em seu primeiro trabalho algo singelo, mas com personalidade para que sua Norah chamasse a atenção sem ir muito além. Quanto aos demais nem vou entrar em detalhes, que foram apenas conexões para os devidos atos, desde o dono da mercearia que arruma o que você quiser em 3 dias, as crianças da escola com desenvolturas simples, o sheik bem colocado, e por fim os demais familiares da casa de Norah, além de seu prometido.

Visualmente o longa é bem amplo, com casas espalhadas pela vila, uma tenda de jantar entre os homens de lá com um servo para dar até a água para cada um beber no mesmo pote e a comida também compartilhada, a escola simples com poucas mesas e a lousa do próprio professor, uma mercearia com vários itens espalhados, e a casa de Norah aonde ela tem as fotos das revistas recortadas e colocadas em uma penteadeira simples, um único caminhão pipa para a cidade toda pegar a água e o combustível, ou seja, tudo bem rústico e sem grandes nuances na tela.

Enfim, é um longa simples, porém potente e bem representativo de como era o país nos anos 90, que até mudou bastante (afinal como disse o longa foi feito com recursos de um concurso para aumentar a produção artística do país), mas que ainda tem muitos detalhes bem parecidos da época, então vale pela essência e pelas boas dinâmicas entregues. Então fica a dica para conferirem nos cinemas que estrear a partir do dia 16/10, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Pandora Filmes pela cabine de imprensa, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Netflix - A Mulher Na Cabine 10 (The Woman In Cabin 10)

10/13/2025 01:08:00 AM |

Sou suspeito para falar de filmes de suspense, pois curto bastante o estilo e brincar de descobrir o que aconteceu, mas não sei se meu cérebro anda falho ou os filmes andam sendo bem trabalhados ao ponto de que ultimamente não ando descobrindo tão rapidamente o assassino ou os motivos, o que é bem legal de acontecer. Dito isso, já vinha há algum tempo falando que a dona Netflix andava bem fraca de estreias, surgindo poucas opções ao ponto de até pensar em cancelar minha assinatura, mas eis que em uma semana já meteram dois bons filmes, então vamos seguir ajudando a pagar eles, e hoje dei o play no suspense "A Mulher Na Cabine 10" que é uma adaptação do livro que vendeu muito mundo afora, e que consegue trabalhar bem a essência de uma jornalista investigativa que em seu último trabalho sofreu um trauma gigante, e agora convidada para uma viagem em um iate aonde dois grandes empresários farão o lançamento de sua fundação, acaba se passando por maluca quando fala que alguém caiu do barco, porém todas as pessoas do navio continuam por lá, ou seja, algo estranho está acontecendo por lá. Diria que a história foi bem amarrada, com nuances marcantes dentro da essência de suspense, e que não chega a incomodar os clichês do estilo, brincando bem com a inteligência do espectador versus a inteligência da direção, e assim temos algo que passa rápido e funciona, criando talvez uma franquia para ir além, afinal a jornalista tem estilo, e talvez possa ir além em outros filmes.

No longa acompanhamos uma jornalista em uma viagem de trabalho entra a bordo de um iate de luxo ao lado de alguns dos empresários mais ricos do mundo. Designada a escrever uma matéria de capa sobre essa excursão pomposa, Lo ouve uma troca de gritos na cabine ao lado no meio da madrugada e, quando se debruça sobre sua varanda, vê um corpo estirado e morto na água. O problema é que ninguém acredita nela, nem o dono milionário do barco Richard Bullmer, nem os outros companheiros de viagem, que alegam que ela deveria estar apenas sonhando, já que todos os passageiros e a tripulação estão a bordo. Apesar de continuamente desacreditada, Lo não desiste de procurar respostas e provar que o que viu era verdade, desvendando o que aconteceu naquela noite, mesmo sua vida estando em risco.

É interessante observar que o estilo do diretor e roteirista Simon Stone é de filmes bem mais fechados dramaticamente, aonde as dinâmicas vão acontecendo, e aqui ele trabalhou um roteiro mais simples, porém interessante dentro de um contexto maior que é o literário, e talvez por isso seu filme não tenha tantas nuances quanto poderia, porém de forma alguma podemos dizer que o longa é ruim, pois tem o suspense tradicional bem colocado como um bom passatempo, aonde cada elo é entregue de uma forma até que rápida, porém nem em sonho metade das coisas conseguiriam acontecer, então diria que no livro de Ruth Ware tudo pode ser mais impactante, afinal lendo criamos as situações, já mostrando o diretor talvez precisaria de um algo a mais para funcionar de uma forma melhor que fosse mais crível.

Quanto das atuações, se existe uma atriz esforçada que não nega um papel em Hollywood é Keira Knightley, de forma que sua Laura, ou Lo como alguns a chamam, tem uma boa entrega, tem disposição e consegue segurar o filme como uma boa protagonista, mas não como uma boa jornalista investigativa, pois é muito explosiva, e geralmente esse estilo de personagem pede um pouco mais de centralidade, ou seja, não digo que outra atriz cairia melhor no papel, afinal esse estilo vem com a biografia do personagem, mas dava para chamar um pouco menos de atenção e ir colhendo tudo com mais técnica. Guy Pearce é o famoso ator que se encaixa perfeitamente em papeis de bilionários, de pessoas esnobes e cheias de sacadas interligadas, de modo que seu Richard chega até ser acima disso tudo com as entregas que faz para com os demais ao seu redor, e isso não é ruim, pois é exatamente o que o papel pedia, ou seja, fez bem sem precisar ir além. Quanto aos demais personagens, cada um da sua maneira foi trabalhado para encaixar nos mistérios da trama, mas não entregaram algo que fosse chamativo o suficiente para impactar, tendo David Ajala como o fotógrafo dos ricaços e ex-namorado da personagem principal, Kaya Scodelario bem trabalhada com sua Grace que tem uma boa importância na trama, mas sem dúvida quem teve mais destaque foi Art Malik com seu Dr. Robert que tinha segredos demais para estar ali.

Visualmente o longa foi filmado em um iate bem básico de 150 milhões de dólares, requintadíssimo com quartos bem decorados, banheiros com banheiras, sacadas eletrônicas, portas automáticas, cozinha com chefs e pratos bem chamativos, uma biblioteca e muitos outros detalhes, além de uma festa no instituto para criar a nuance final, ou seja, a equipe de arte não economizou nos detalhes para que tudo ficasse bem cheio de mistério, porém poderiam ter trabalhado com mais pistas, afinal esse estilo pede isso, e acabou faltando.

Enfim, é um longa interessante, com uma história bacana que poderia ter ido mais longe com poucos detalhes, mas que funciona bem como passatempo para quem curte um bom suspense, então fica a dica para conferir sem esperar muito dele. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal ainda tenho algumas cabines para conferir nessa semana, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Uma Mulher Diferente (Différente)

10/12/2025 02:26:00 AM |

Outro dia conversando sobre vários assuntos com alguns amigos, sobre o mundo estar agitado e tudo mais, veio o tema autismo em pauta na conversa e como de praxe já havíamos ouvido falar muito sobre o autismo não ser uma doença, e sim um espectro aonde se encaixam vários tipos e graus, sendo mais um transtorno social e por aí vai, só que não imaginava o quão tardio muitas pessoas acabam descobrindo esse transtorno, passando anos como uma pessoa "normal", porém que muitos achavam maluca, antissocial e muito mais, até conferir o filme de hoje, "Uma Mulher Diferente", que assim como a maioria das obras francesas é muito bem centrado, tendo uma pegada interessante e chamativa, além de mostrar um pouco mais sobre o assunto que pouco é discutido. Ou seja, a trama que estreia nos cinemas no dia 16/10 tem um vértice bem colocado de uma garota que só se descobre como autista quando vai fazer um documentário sobre o assunto e vê que tudo o que ela faz, sente, sofre é ter o transtorno, e como isso influenciou na sua vida até agora por não saber e se sentir deslocada, e essa faceta de discussão é algo tão simples e bem feito que mesmo o longa não sendo algo gigantesco e com chamadas densas, o resultado tem pegada e funciona, valendo tanto como filme quanto como uma obra para mostrar ao mundo sobre o transtorno.

O longa acompanha uma brilhante pesquisadora chamada Katia que, aos 35 anos, trabalha numa produtora de documentários. Quando o assunto é amor, porém, a jovem ainda parece perdida, marcada por um histórico de relacionamentos caóticos. Um novo trabalho, entretanto, abre um mundo inédito para ela, que descobre que seu jeito diferente tem um nome. O diagnóstico de autismo liberta a pesquisadora, despertando-a para uma nova parte de si mesma. Ao dar forma aos seus sentimentos, Katia passa a navegar seu namoro com Fred e as relações ao redor de outra maneira.

Um dos filmes mais graciosos que vi em 2017 foi feito pela diretora Lola Doillon, e se lá trabalhando o tema da Segunda Guerra com crianças foi sutil e ao mesmo tempo intenso, aqui com o autismo ela praticamente se jogou para um mundo com muitas possibilidades e desenvolturas, pois conhecemos crianças e jovens com autismo detectado logo quando pequenos, vemos os famosos trejeitos e dinâmicas, mas nunca paramos para imaginar uma pessoa já mais adulta que sempre se fechou e que poderia ser também diagnosticada, e a diretora praticamente fez o trabalho da protagonista que é uma pesquisa sobre o tema, ir a simpósios, entrevistar especialistas, e claro ao juntar tudo, colocar os medos, as tensões e dinâmicas para que tudo ficasse totalmente dentro do perfil e a personagem se conhecesse tanto quanto a diretora ao montar a trama. Ou seja, é daquelas tramas que você ousa conhecer sem conhecer o tema a fundo, e se apaixona pela ideia completa junto da protagonista nos colocando sua paixão pela personagem, e isso funciona bem demais na tela.

Quanto das atuações, já tinha visto a jovem Jehnny Beth em diversas produções, mas nunca tinha reparado nas nuances da atriz, de modo que aqui assumindo o protagonismo com sua Katia soube transparecer todas as dinâmicas clássicas de autistas de cara, mesmo que você não conhece todo o mundo do transtorno irá ver ela passando as situações, desesperada com lotações, e vários outros detalhes, sendo sensível para a entrega sem ficar forçada, e isso acaba agradando demais. O namorado da protagonista Fred, vivido por Thibaut Evrard também teve bons trejeitos na tela, soube passar o lado conflitivo de uma relação com várias idas e voltas, mas a paixão e a química ficaram bem nítidas para envolver bem na tela, mostrando como é se envolver com pessoas assim mais intensas. Os demais personagens foram mais de conexão, desde a especialista em autismo, a mãe da protagonista, a companheira de trabalho e o chefe, não sendo nenhum grande chamariz para que as dinâmicas fossem mais colocadas e merecesse destaque.

Visualmente a trama mostrou momentos tensos e situações bem colocadas, tendo o apartamento confortável da protagonista, com seus detalhes, pouca luz, e toda a forma intensa de estar pesquisando sem parar nem olhar para os horários, vemos no emprego ela fugindo para o arquivo que era mais reservado e longe da movimentação, tivemos algumas festas, reuniões de amigos e shows aonde o conflito acontece, e claro o simpósio aonde a jovem vai entrevistar a pesquisadora e acaba conhecendo a outra que vai fazer os diversos testes com a protagonista, tivemos também a casa da mãe e o emprego do namorado, mas apenas para dar as devidas dinâmicas.

Enfim, é um longa simples com uma pegada gostosa, que trabalha um tema amplo para se discutir, e que acertadamente envolve o público que for conferir ele a partir de quinta nos cinemas, então fica a dica para aprender mais, e quem sabe até se conhecer, vai que você também possui o espectro em algum nível e nem sabe como lidar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Autoral Filmes pela cabine, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais. 


Leia Mais

Tron: Ares em Imax 3D

10/11/2025 02:54:00 AM |

Já estamos praticamente finalizando o ano, e dessa forma já até podemos dar o prêmio de efeitos especiais, e talvez som para "Tron: Ares", pois o longa é bem imponente nesses dois quesitos, e posso até dizer que a história em si convenceu até mais do que os anteriores (embora eu lembre somente do de 2010, que foi um dos primeiros textos do site!), ou seja, é daqueles filmões tecnológicos que você entra por completo na trama, e só assim para se convencer do que vê na tela, afinal hoje já temos muito mais noção de inteligências artificiais, de programas de computador e tudo mais que em 1982 e 2010, aliás o primeiro acho que abusaram até demais para que o público entendesse o que era aquilo, mas vida que segue. Dito isso, tenho uma reclamação gigante sobre a divisão do longa, pois o primeiro ato, de apresentações e tudo mais é alongadíssimo, ao ponto que como fui na última sessão beirei a dormir na sala Imax, e olha que a trilha sonora é ensurdecedora nessa sala, mas logo que começa realmente toda a ação o filme pega fogo, tem sacadas bem encaixadas com o passado, homenagens, referências e tudo mais, e assim sendo fecha bem, e deixa pontas abertas para possíveis continuações, então já pode ir conferir tranquilamente, pois mesmo não lembrando dos anteriores em detalhes (ou até quem não viu nenhum) conseguirá entender toda a trama nova.

O longa acompanha o programa Ares, uma espécie de computador altamente qualificado e melhor desenvolvido do que os demais presentes na Terra. Em uma importante missão, Ares é retirado do mundo digital para conseguir resolver os problemas do mundo real, no entanto, os perigos apresentados pelo novo trabalho serão capazes de fazê-lo desacreditar de seus próprios códigos.

O diretor norueguês Joachim Rønning tinha apenas 10 anos quando o primeiro filme foi lançado, e certamente foi um dos influenciadores de seguir no mundo da direção, pois ele juntamente de seus roteiristas souberam buscar homenagear, colocar referências e fazer com que o filme falasse tanto com o pessoal mais novo quanto com quem já é fã da franquia desde o começo, e isso mostra não só pesquisa, mas sim um amor incondicional, afinal a trama é completamente intensa, tem traquejos e linguajares que muitos sequer sabem o que significa, mas ao mesmo tempo brinca tão bem com a ação e com o visual, que o resultado acaba impactando e agradando com a entrega completa, sendo algo interessante e bem chamativo, mostrando uma direção bem trabalhada e marcante, porém levemente arrastada durante o começo, mas há uma boa explicação para isso, o fator de querer colocar tudo para referenciar os demais, e ao mesmo tempo abrir espaço para continuações, afinal como bem olhamos no título, não existe um número 3, então podemos dizer que da mesma maneira que ele traz o passado para o mundo atual, ele inicia algo com novos personagens, e isso é acertar muito bem em um reboot, ao ponto que outros diretores devem olhar bem para a trama e aprenderem como se faz.

Quanto das atuações, já disse outras vezes que gosto demais do estilo de atuar e da forma de preparação e transposição de personagens que Jared Leto coloca quando pega um papel, porém ele pegou alguns diretores ou tramas que não valorizavam isso, e o resultado negativo dos filmes acabavam jogando nas suas costas, porém aqui ele voltou a brilhar, trazendo para seu Ares não apenas trejeitos robóticos de uma inteligência artificial, mas sim uma certa humanidade, e com isso o ator foi sério sem muitas brincadeiras, mas trabalhando as boas sacadas do roteiro para impressionar com o que fez. Outra que foi muito bem na tela com sua Athena foi Jodie Turner-Smith, de tal forma que virou literalmente a vilã do longa com muita imposição e entrega, mostrando que muitas vezes um simples comando de programação para a IA (no caso, o custe o que custar) pode destruir até mesmo as coisas que o seu programador ama, e assim a atriz trabalhou bons movimentos de luta e trejeitos marcantes do começo ao fim. Greta Lee também foi bem colocada no longa com sua Eve sem medos e trabalhando dinâmicas rápidas e inteligentes, ao ponto que seus atos foram marcantes e até teve uma química interessante com o protagonista, mas que felizmente não quiseram jogar para esse lado e atrapalhar a evolução do filme. Quanto aos demais, vale claro dar destaque para as boas facetas de Jeff Bridges dentro de seu mundo digital, com sacadas e entonações bem colocadas para ensinar e levar o protagonista até o seu desejo, tivemos Hasan Minhaj usado bem rapidamente com seu Ajay nos atos finais, Arturo Castro tentou ser o lado cômico da trama com seu Seth, e ainda tivemos Evan Peters como um vilão meio que jogado na tela com seu Julian fazendo mais caretas do que imposições expressivas, mas que pelas cenas finais e a do meio dos créditos acabará sendo importante na continuação.

Visualmente a trama é incrível, cheia de nuances tecnológicas tanto dentro do mundo digital, quanto fora, com naves, motos, carros, os famosos rastros de laser, tivemos várias brincadeiras com clássicos desde computadores, fliperamas e até carros, com ambientes bem dimensionados também dentro e fora do digital, com prédios, aviões, carros e helicópteros sendo destruídos, armas potentes, e claro muita luz neon e vermelha para todos os lados. Outro ponto muito bacana foi voltar aos anos 80 com o visual do joguinho que muitos jogaram, tudo em bits simples e chamativos, mostrando o belo trato que a equipe de arte teve. Agora quanto do 3D, vale apenas pela imersão de profundidade, pois mesmo tendo um ou outro elemento saindo para fora da tela, não foi nada que valorizasse o longa. 

Outro ponto incrível do longa é a trilha sonora que é impecável para toda a movimentação do filme, mas que também chega a incomodar em alguns momentos sem parar um segundo que fosse, mas que junto da mixagem de som que chacoalha tudo na Imax, o resultado mostrou importante e imponente para o resultado final.

Enfim, não esperava que o longa fosse ficar tão bem feito pelo motivo de que o Leto vinha entrando só em frias e também pelo estilo desse mundo digital ser tão complexo, mas o resultado final acabou funcionando bastante e vale a recomendação para conferir, só aguente passar a primeira parte que depois vai com tudo, e claro se der veja os anteriores antes de ir para o cinema, pois tem muita referência e vai ajudar a gostar do que verá. E é isso meus amigos fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Perrengue Fashion

10/10/2025 09:32:00 PM |

Costumo dizer que a maior falha de um longa é ele se vender de forma errônea, pois facilmente dava para vender "Perrengue Fashion" como uma trama sobre sustentabilidade, sobre as comunidades amazônicas, aonde com uma pegada cômica entregaria os malefícios do consumismo desenfreado versus a permacultura, porém no trailer e em todo material do marketing do filme vemos em letras garrafais uma comédia, é isso infelizmente o longa não é, já que eu dei uma risada em uma das cenas que já tinha visto nos créditos, e os demais da sessão nem isso. Ou seja, faltou trabalhar mais as situações de perrengues mesmo para que o filme fosse engraçado ao menos, é assim sendo a falha ficou marcante na tela, mesmo tendo cenas bonitas visualmente, mesmo não recaindo para algo novelesco, e até mesmo com dinâmicas forçadas, o que é uma pena, pois com outros rumos daria para funcionar bem na tela.

O longa nos conta que Paula Pratta é uma influenciadora de moda que tenta se consolidar como referência no ramo dos criadores de conteúdo desse nicho. Quando ela é convidada para estrelar uma campanha publicitária de Dia das Mães para uma grande marca, Paula sente que chegou sua grande oportunidade de brilhar. Os planos de Paula, porém, não são os mesmos de seu filho Cadu, que decide abandonar tudo para se dedicar ao ativismo ambiental e morar numa ecovila sustentável na Floresta Amazônica. Focada em trazê-lo de volta para São Paulo com a ajuda de seu assistente, Paula não pensa duas vezes e embarca até a Região Norte do país. Lá, ela se depara com uma realidade e um estilo de vista totalmente opostos ao seu, o que a obriga a encarar seus próprios valores, sua relação com seu filho e suas prioridades.

Se falei bem da diretora Flávia Lacerda em seu longa anterior ("O Auto da Compadecida 2"), agora diria que ela não se soltou para encaixar bons momentos no seu novo filme, de modo que o roteiro escrito a quatro mãos por Edu Araújo, Ingrid Guimarães, Célio Porto e Marcelo Saback, ficou básico demais para empolgar o público, sendo daquelas histórias que você até talvez pense quando lhe perguntarem sobre tramas envolvendo ideias de filmes que falem sobre sustentabilidade, permacultura, e outros temas que aparecem aqui, mas facilmente não citaria o nome da diretora quando pensar nisso, menos ainda sobre lembrar que vi esse filme depois de amanhã, pois literalmente como comédia, é algo totalmente esquecível.

Sobre as atuações, diria que Ingrid Guimarães segurou até demais sua Paula Pratta, tendo cenas com estilo bem tradicional de uma mãe, fazendo alguns momentos exagerados como a maioria das influencers de moda, mas não soltou nem metade do seu humor que já vimos em outros filmes, e dessa forma não empolgou como poderia. O personagem Taylor de Rafa Chalub até tem seus traquejos forçados que soam engraçados, mas parece que o ator estava interpretando outro ator que conhecemos, é isso não deu o tom que ele precisava, ou seja, forçou demais a barra para tentar soar engraçado, e não convenceu. Com um personagem bem mais centrado que seus últimos trabalhos, Filipe Bragança até deu um bom tom para o seu Cadu Pratta, porém esse não era a intenção do filme, é assim sendo diria que ele ao menos se esforçou para ser sério e funcional. Quanto aos demais, Késia Estácio tentou aparecer, mas sua Luciana teve poucas chances para isso, Jonas Bloch fez duas participações como o pai da protagonista, e Michel Noher tentou ser símbolo sexual com seu Lorenzo, mas deve estar se perguntando até agora qual era a intenção do papel.

Visualmente as locações foram bem escolhidas e bem representativas para mostrar o mundo da moda com seus desfiles, as casas de influencers cheias de recebidos que muitas vezes nem são usados, o trabalho da protagonista no passado para se manter, e claro uma permacultura no meio da Amazônia, a comunidade ao redor que supre com algumas vendas, e até um ritual indígena com chás, tendo uma cabana isolada, banheiro aberto e tudo mais para passar bem o simbolismo do perrengue para a protagonistas, mas básico apenas, além de uma sessão de fotos cheia de glamour. Ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para representar a ideia do longa.

Enfim, o resultado final acabou sendo mediano, porém com uma síntese moral funcional, que dava para agradar mais se melhor desenvolvido dentro de um outro estilo. Sendo assim não diria que recomendo o longa para quem for conferir esperando ver uma comédia, mas do contrário até dá para passar um tempo. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um hoje, então abraços e até logo mais.



Leia Mais

Conselhos de um Serial Killer Aposentado (Psycho Therapy: The Shallow Tale of a Writer Who Decided to Write About a Serial Killer)

10/10/2025 01:33:00 AM |

É engraçado como alguns filmes são tão malucos que você acaba se divertindo com as possibilidades entregues pelos personagens, de modo que o simples acaba ficando incrível pelas sacadas do roteiro, e um dos lançamentos da próxima semana nos cinemas é "Conselhos de um Serial Killer", que numa produção combinada entre EUA e Turquia vemos dinâmicas tão intensas na vida de um escritor que você vai adentrando a toda loucura de escrita do seu próximo livro quase como uma experiência, afinal sua esposa tem traquejos psicossociais que ele nunca notou, e usa como conselheiro um ex-assassino, ou seja, uma bagunça tão cheia de nuances que tudo vai acontecendo e piorando de uma forma completamente insana, e que curiosamente sai do tradicional que vemos todos os dias, aonde nem vemos clichês de outros filmes do estilo, mas sim situações que permitem pensar de modo duplo na tela.

O longa conta a história de Keane, um escritor em crise criativa que está se esforçando para terminar seu segundo livro quando conhece o serial killer aposentado Kollmick em um bar. Kollmick ajuda o autor, que está embriagado, a voltar para seu apartamento, onde ele é confrontado por sua esposa, Suzie. Ao tentar justificar sua presença, o serial killer acaba confundido com um "consultor matrimonial".

Definitivamente o cinema turco não é dos que mais acompanho para poder falar que conheço o estilo deles, e tirando alguns filmes que fizeram meio mundo chorar, nunca tinha sequer ouvido o nome do diretor e roteirista Tolga Karaçelik, mas posso dizer que ele aproveitou tão bem a sua ideia, criando cada dinâmica mais imponente que a outra, e o melhor, sem fazer com que seu orçamento transbordasse, pois as situações entregues são mais condensadas nos atos simples e nos diálogos, aonde a desconfiança e a psicopatia incubada acaba brincando com todas as demais facetas. Claro que estaria exagerando, mas dá até para se pensar na possibilidade de sua trama virar uma excelente peça teatral, com pouquíssimos ajustes, e sem precisar forçar a barra, o diretor conseguiu que seu filme ficasse redondo também. Só uma crítica, gostaria de um final mais fechado, com talvez na casa dos protagonistas, mas isso seria pedir demais.

Quanto das atuações, diria que o trio protagonista foi muito bem no que tinha para entregar, começando por Britt Lower que fez trejeitos com ares tão fechados e próximos de uma psicopatia, que a insatisfação de sua Suzie com o marido, querendo o divórcio chega a ser até assustador, mas quando se vê ameaçada por talvez ser a vítima, a atriz faz uma perseguição tão divertida e cheia de sacadas que chega a beirar o cômico pastelão sem precisar forçar nada. Steve Buscemi é daqueles atores tão completos que pode fazer um papel tão bobo quanto você imaginar, mas que quando se entrega para personagens mais amplos trabalha trejeitos fortes e dinâmicas incrivelmente bem alocadas, de modo que aqui seu Kollmick faz entregas fortes e fechadas, mas ainda assim consegue soar engraçado sem precisar apelar uma vírgula que fosse, ou seja, foi muito bem no papel. E para fechar ainda tivemos John Magaro que fez seu Keane tão ingênuo e bobão que acabamos nos irritando com suas atitudes tanto quanto a esposa, mas seu estilo desesperado é daqueles que você não tem como não rir, e sua luta com o albanês vivido por Lee Sellars é fora do sério. 

Visualmente como falei daria para se pensar numa trama quase teatral, mas no longa tudo funcionou muito mais tendo a casa dos protagonistas mais resumida ao quarto, sala e cozinha com dinâmicas bem específicas, o jantar na casa dos amigos, toda a perseguição do taxi da esposa acompanhando o carro deles, um almoço numa lanchonete, o bar dos armênios, e o apartamento do assassino, cada um com seus elementos cênicos bem trabalhados para as cenas, com livros e tudo mais sobre assassinatos, autópsias e tudo mais, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem demais, sendo representativa e marcante.

Enfim, é um longa que tem sido aclamado em muitos festivais, e o resultado sem dúvida alguma faz jus a isso, pois é daquelas comédias que não forçam nem o riso, nem a inteligência do espectador, sendo crua, direta e cheia das nuances que fazem você se divertir do começo ao fim. Então fica a dica para conferir na próxima quinta 16/10 nos cinemas de todo o país, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Atômica Lab Assessoria e da Synapse Distribution pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.


Leia Mais

Netflix - Caramelo

10/09/2025 12:21:00 AM |

Desde quando foi anunciado pela Netflix que estavam produzindo o longa "Caramelo" tinha duas certezas e um grandioso medo, a primeira certeza é que seria um filme que me emocionaria em vários atos, a segunda certeza que o adestrador de animais teria um trabalho imenso já que escolheram um cão que não era "ator" ainda, e o medo imenso era o de como tudo funcionaria bem na tela sem virar uma novelona que me incomodaria demais. E cá estou hoje aqui muito feliz com o resultado que vi na tela, pois o Amendoim foi incrível, com um carisma fora do normal, acertando do começo ao fim, e principalmente não sendo apenas um personagem jogado na tela, a história encontrada para dar as dinâmicas e não ser "apenas" um filme de cachorro funcionou demais, o ator humano fez bem o seu papel na tela, os coadjuvantes tanto humanos quanto caninos foram muito bem colocados, e mesmo sendo novelesco (que era o meu medo), a trama comove e agrada demais, de modo que quem for fã de cachorros vai curtir, quem gostar de um drama bem colocado vai curtir, e com o tanto de marketing que a Netflix está fazendo em cima do longa é capaz de bater grandes blockbusters da companhia, ou seja, um acerto imenso!

O longa acompanha Pedro (Rafael Vitti), um chef de cozinha determinado, prestes a realizar o sonho de comandar seu próprio restaurante. No entanto, sua vida toma um rumo inesperado após um diagnóstico que o obriga a repensar suas prioridades. Nesse momento crucial, ele encontra apoio em um simpático cão de rua, um vira-lata caramelo (Amendoim), que o ajuda a redescobrir o significado da vida e a enfrentar seus desafios com uma nova perspectiva. Juntos, eles embarcam em uma jornada cheia de obstáculos e emoções, construindo uma conexão única e inspiradora.

É engraçado que quando vi o longa de estreia do diretor e roteirista Diego Freitas, "O Segredo de Davi", já o elogiei bastante e falei que gostaria de ver seu futuro promissor, mas acabei não vendo nenhum de seus outros dois longas para saber se realmente decolou, mas com o que vi hoje posso dizer que ele sabe fazer muito bem cinema, pois soube dosar bem as cenas emocionais com o cachorro, soube trabalhar muito bem a doença na tela, e misturando bem atos cômicos com os dramáticos, o resultado ficou denso sem ficar pesado e nem bobo, o que deu um tom completamente funcional e bem desenvolvido. Ou seja, o diretor que se mostrou promissor no passado deu um passo ainda maior agora, pois usar um ícone nacional, com uma história bacana (embora batida) e fazer isso sem precisar de apelos jogados certamente fará com que seu nome suba e muito, principalmente dentro da própria Netflix.

Quanto das atuações, posso dizer que Rafael Vitti soube trabalhar bem seu Pedro, de modo que fez bons trejeitos para seus atos mais dramáticos e mesmo sendo um pouco seco demais em alguns momentos, teve uma química gostosa com o protagonista canino, convencendo nas dinâmicas que foram entregues, e agradando com isso. E falando no protagonista canino, Amendoim deu seu nome na tela, fazendo as maiores artes possíveis, mas também emocionando com suas atitudes, mostrando que a equipe foi muito bem nas dinâmicas para não estressar o cão, e seu adestrador deu um show fazendo com que ele atuasse se duvidar até melhor que o protagonista humano, fora a química entre ambos. Até que enfim deram um papel para Arianne Botelho sem ser em longas criminais, pois a jovem atriz já participou de tudo quanto é filme do estilo, e aqui sua Camila embora não tenha grandes cenas conseguiu chamar atenção, fazendo um bom par com o protagonista. Agora quem mandou muito bem na tela foi Bruno Vinícius com seu Leo num nível de coach de doença que chega a animar o mais desanimado possível, tendo trejeitos bacanas e desenvolturas tão bem colocadas que merecia até mais momentos na tela. Ainda tivemos outros bons atores na tela, alguns com bem poucas cenas, tendo leves destaques para Ademara com sua Paula, Caroline Ferraz com sua Martha, Kelzy Ekhard como a mãe do personagem principal, também tivemos a participação da chef Paola Carossela, e Noemia Oliveira cheia de momentos cômicos com sua Luciana.

Visualmente a trama focou bem no apartamento simples do rapaz que o cachorro consegue deixar de ponta cabeça no começo do longa, tivemos cenas dentro de um restaurante bem refinado, com sua cozinha imponente e tudo mais, tivemos o abrigo/escola de cachorros que ficou bem simples, porém com boas nuances na tela, bons atos dentro de um hospital, e claro o food truck para as cenas em uma praça, tendo ainda cenas com grafite artístico e até animações em bloquinhos, que ficaram bem bacanas, mostrando que a equipe de arte trabalhou bastante, isso fora as cenas no mar/praia no meio e final que deram um tom lindíssimo para a produção.

Enfim, eu estaria mentindo se falasse que não rolou algumas lágrimas por aqui, pois temos alguns atos emocionantes bem colocados, mas como crítico tenho de pontuar que o longa tem muitos clichês do estilo que você já fica esperando o que vai acontecer, mas isso não atrapalha, pelo contrário me vi ficando desesperado com a cena próxima ao final com o cão correndo, então podem assistir tranquilos, levem seus lencinhos para o lado da TV, e boa sessão. E é isso meus amigos, alguns vão estranhar minha nota, mas o longa me pegou num dia muito bom, e assim sendo gostei e me emocionei com o que vi na tela, então fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas (muitas cabines nesse final de semana), então abraços e até logo mais.


Leia Mais