Uma das coisas mais divertidas de conferir todas as edições do Festival de Cinema Francês do Brasil, que nos anos passados se chamava Festival Varilux de Cinema Francês, é conhecer algumas pequenas vilas do país, aonde vemos conflitos entre vizinhos e situações bem particulares de um todo do país, ao ponto que em muitos longas acabam sendo até criados nomes fictícios para não explicitar ainda mais casos de xenofobia e racismo (que sabemos que ocorrem muito) e o resultado acaba brincando bastante com o lado cômico e por vezes dramáticos de algumas situações. E como disse outro dia, as histórias dos refugiados serão sempre temas muito presentes na maioria dos filmes europeus, afinal com várias guerras, ditadores e tudo mais que anda rolando no mundo, acaba sendo algo muito em pauta nas mentes dos roteiristas para criarem os mais diferentes tipos de produções, e aqui em "Vizinhos Bárbaros" posso dizer que foram bem sucintos e diretos para trabalhar toda essa dinâmica dando claro algumas pontadas mais cômicas para que tudo não ficasse tão pesado, mas ainda assim pontuando bem todo o sentimento de sair de seu país e ser recepcionado de uma forma não tão amistosa por alguns membros da pequena vila.
O longa nos conta que Paimpont é um município de uma pequena aldeia bretã cuja vida tranquila dos moradores é subitamente abalada. Num gesto de camaradagem e solidariedade, a comunidade vota em unanimidade para aceitar refugiados ucranianos em troca de subsídios governamentais. No entanto, em vez de verem os ucranianos chegarem, acabam recebendo a família Fayad – vinda da Síria. Alguns habitantes da cidade passam a ter problemas com os novos vizinhos. Porém, a família frustra todos os clichês que os franceses esperavam: são simpáticos, refinados, educados, tanto que agora, nesta pequena e movimentada aldeia, não é mais claro de que lado estão os bárbaros. Durante esse tempo, a convivência entre os recém-chegados e os antigos habitantes gera muitos conflitos.
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O longa nos conta que Paimpont é um município de uma pequena aldeia bretã cuja vida tranquila dos moradores é subitamente abalada. Num gesto de camaradagem e solidariedade, a comunidade vota em unanimidade para aceitar refugiados ucranianos em troca de subsídios governamentais. No entanto, em vez de verem os ucranianos chegarem, acabam recebendo a família Fayad – vinda da Síria. Alguns habitantes da cidade passam a ter problemas com os novos vizinhos. Porém, a família frustra todos os clichês que os franceses esperavam: são simpáticos, refinados, educados, tanto que agora, nesta pequena e movimentada aldeia, não é mais claro de que lado estão os bárbaros. Durante esse tempo, a convivência entre os recém-chegados e os antigos habitantes gera muitos conflitos.
É bacana ver o trabalho completo da diretora, roteirista e atriz Julie Delpy, pois cada ano ela vai procurando mudar um pouco seu estilo, mas sem cair em traquejos ou situações forçadas, de modo que sempre chama atenção nas três pontas, e aqui fez um roteiro bem crítico da situação dos refugiados e da forma que muitos os abrigam, fez uma direção ampla de situações e personagens sem precisar recair para o lado novelesco e fez uma atuação correta sem grandes chamarizes, deixando que os verdadeiros protagonistas se destacassem, e assim seu resultado fluiu fácil não sendo daqueles filmes bonitinhos que apenas aplaudimos e depois esquecemos, mas sim algo completo de reflexões e que entrega além de tudo um bom passatempo gostoso de conferir.
Quanto das atuações, Ziad Bakri trabalhou seu Marwan Fayad com traquejos mais fechados, afinal um pouco inseguro com tudo o que estava rolando, mas soube dosar as entregas na tela, e facilmente usou a força quando precisou. Dalia Naous foi um pouco mais solta com sua Louna Fayad, mas também aparecendo menos na tela, de modo que sua entrega ficou bacana de ver, principalmente não se abalando muito na tela. Rita Hayek foi bem segura também com sua Alma Fayad, tendo até sido uma surpresa com seus registros do celular, e até achei que realmente não tivesse uma das pernas, mas felizmente foram truques de gravação, e ela soube chamar muita atenção com tudo o que fez. Sandrine Kiberlain sempre presente em papeis mais soltos, aqui com sua Anne Poudoulec teve momentos mais explosivos e outros mais divertidos, mas conseguiu agradar com o que fez. Agora quem foi muito engraçado ver hoje foi Laurent Lafitte com seu Hervé Riou cheio de imposição, todo machão e racista, que contrapôs completamente com seu papel no filme que vi ontem aonde era alguém completamente solto para o mundo, sendo até um pouco afetado demais, mostrando seu potencial para vários estilos de papeis. Como falei no parágrafo anterior, tivemos alguns bons momentos da diretora Julie Delpy com sua Joëlle Lesourd, mas foi sutil em suas entregas para não roubar a cena de ninguém, e assim agradou com o que fez.
Visualmente o longa mostrou uma vila bem simples, com várias casas diferentes, mas aparentemente bem próximas umas das outras, tivemos muitos atos dentro da prefeitura e da escola, e também no lago da cidade, alguns momentos no restaurante e mercado da vila, e até alguns atos na zona rural aonde vão construir a casa dos refugiados vendida de forma bem barata pelo dono, ou seja, a equipe de arte pode brincar bem com toda a e conseguiu ser representativo nas dinâmicas entregues.
Enfim, é um longa simples de estrutura, com uma boa mensagem crítica em cima de tudo o que anda acontecendo na França e no mundo com o caso dos vários refugiados das guerras, e que consegue também ser divertido mesmo a diretora necessitando algumas quebras capitulares meio que desnecessárias, mas nada que atrapalhasse o resultado final agradável e interessante de ver. E assim sendo fica a recomendação para a conferida dele dentro do Festival, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais tramas dele, então abraços e até breve.




































