O Segredo da Chef (Partir un Jour) (Leave One Day)

12/10/2025 01:52:00 AM |

O mais engraçado é que costumo gostar até de filmes aonde não necessitaria ser musical, mas que acabam colocando músicas com os personagens cantando ao invés de falar, porém a essência do longa "O Segredo da Chef", que pode ser conferido no Festival de Cinema Francês do Brasil, não tem um encaixe completamente necessário com as canções colocadas, muito menos tem uma história realmente que seja funcional na tela, parecendo ser uma parte de um todo que acabou sendo alongado e se perdeu. Claro temos algumas discussões interessantes como o aborto, o esconder a gravidez, esconder o passado, e até o saber a hora de parar de trabalhar e viver, mas tudo praticamente jogado na tela, sem ir muito além de algo simples que foi incrementado demais e não funcionou como poderia na tela.

O longa nos conta que Cécile é uma chef de cozinha em ascensão que está prestes a realizar um sonho antigo de abrir seu próprio restaurante gourmet em Paris. De repente, porém, ela é forçada a deixar esse projeto de lado quando seu pai sofre um ataque cardíaco, chamando-a de volta para sua pequena cidade natal. Longe da agitação e dos acontecimentos da capital francesa, ela acaba se encontrando com um crush da adolescência, Raphaël. O encontro reacende memórias há muito enterradas e leva Cécile a repensar suas decisões do passado e a atual direção de sua vida. 

Claro que vendo o seu curta-metragem fazer muito sucesso e levar prêmios, a diretora e roteirista estreante em longas, Amélie Bonnin, não pensou duas vezes em reescrever ele em um formato que ficasse mais chamativo, e isso não é demérito algum, pois muitas vezes funciona, o que não pode acontecer é se perder na essência e "encher linguiça" com situações bobas demais e que fique apenas alongado na tela, e talvez melhor dimensionado com todas as dinâmicas, o filme teria um vértice interessante e funcionaria bem, mas algo que dei a dica para um amigo outra vez foi de que seu roteiro de curta não voltasse para sua mão para virar um longa, e sim que outros vissem e criassem os incrementos baseados no que achavam que daria para melhorar, mas agora já é tarde, e mesmo sendo algo gostosinho de ver, o miolo acaba cansando.

Quanto das atuações, posso dizer que Juliette Armanet mostrou ser uma atriz completa com sua Cécile Béguin, pois cozinha, canta, dança, interpreta, patina no gelo, ou seja, se cansar das atuações já pode procurar esses programas lá na França que vai fazer sucesso, e aqui até teve um certo carisma para chamar a atenção, mas o roteiro não ajudou muito, então acabou trabalhando demais e entregando de menos, o que é uma pena. Já vi muito personagem perdido em filme, mas Bastien Bouillon com seu Raphaël Tenreiro foi algo que se era para ser protagonista, esqueceram de avisar ele, pois seu papel é estranho e mesmo parecendo ter ainda uma paixão na protagonista, o ator acabou fazendo caras e bocas desnecessárias. Sei que seria pedir demais, mas se tivessem dado mais protagonismo para François Rollin com seu Gérard Béguin e Dominique Blanc com sua Fanfan Béguin, talvez a trama teria uma vida mais bem alocada, pois os pais da protagonista tinham elos cômicos bem encaixados e dinâmicas divertidas para brincar, mas foram meros coadjuvantes, então não rolou. E por fim o namorado da protagonista que Tewfik Jallab entrega é um mero enfeite, que ficou perdido com algumas caras bravas, mas sem ir muito além na tela.

Visualmente a trama começou mostrando uma cozinha de restaurante chique cheio de dinâmicas, logo em seguida vemos alguns momentos em um escritório, e logo mais a protagonista viajando de caminhão, chegando em uma cozinha mais simples do restaurante de seus pais, com tudo bem mais rústico, tivemos uma feira tradicional de peixes, uma corrida de motos e algumas festas incluindo o famoso jogo de descobrir personagens na casa de um antigo amigo, e para finalizar uma dança numa pista de patinação, mas tudo simples sem grandes nuances, alguns efeitos de luz, e sem ir muito além.

Enfim, é um filme bobinho que poderia ter ido mais além, que não chega a ser cansativo com a cantoria espalhada, mas que parece faltar mais desenvolvimentos para não ficar alongado como foi entregue, e sendo assim diria que recomendo ele com muitas ressalvas, ficando bem mais próximo de algo mediano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dois filmes do Festival, então abraços e até breve.


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