O longa nos conta que Asa Branca queria ser peão, mas um acidente de montaria pôs fim a esse sonho. Durante a recuperação, o único jeito de se manter próximo à arena era ouvir as locuções do dia do seu acidente e de outras narrações clássicas. De tanto ouvir, Asa começa a brincar de fazer rimas até que tem a sua primeira oportunidade de narrar, ao cobrir a falta de um locutor numa noite de rodeio. A proximidade com a arena e a chance de fazer com que o público sinta a emoção da montaria mudam a vida de Asa, tanto que ele abre mão do amor da sua vida, para seguir carreira como locutor de rodeio. Mas Asa Branca não é um locutor qualquer, ele quer cada vez mais emoção. Para isso, ele precisa enfrentar toda a tradição dos rodeios no início dos anos 90, representada pela figura do empresário Jotapê e toda a influência que ele exerce no interior de São Paulo. Munido pelo desejo de inovar, e cercado por um time implacável com sua DJ, os peões e políticos influentes, Asa se lança numa jornada sem volta em busca da máxima adrenalina nas arenas. Microfone sem fio, rock pesado, fogos de artifício e até a chegada triunfante em um helicóptero são marcas deixadas por Asa nas montarias pelo interior do país. Contra ele, toda a tradição das Festas do Peão. A seu favor, as arenas cheias e a certeza que depois de Asa Branca os rodeios nunca mais seriam os mesmos.
Acho que a Paris Filmes meio que exagerou no tamanho da sinopse e contou quase que o filme inteiro acima, mas como pego deles o texto vida que segue, e falando em seguir, não conhecia o diretor Guga Sander, afinal antes só dirigiu novelas da Rede Record, que é algo que nunca fui muito fã, então aqui em seu primeiro longa de ficção posso dizer que ele trabalhou de forma redondinha, só que não quis ousar muito, fazendo algo mais básico, com nuances mais fechadas e dinâmicas mais contidas, que claro dentro do roteiro funcionaram bem para mostrar alguns conflitos do locutor, com bons ângulos de câmera e com tudo bem centrado no personagem principal para felizmente não recair para algo novelesco demais. Ou seja, é o famoso básico bem feito que não força a barra, aonde o protagonista esteve bem solto e chamou para si os momentos escolhidos para serem representados, não sendo nada imponente demais, mas também sem falhar na tela.
Quanto das atuações, diria que Felipe Simas se jogou por completo no personagem, parecendo realmente entender de locuções de rodeio, de impor a voz ao máximo e criar as devidas dinâmicas na tela para que tudo fosse bem encaixado e interessante de ver, de modo que visualmente não ficou muito parecido com o verdadeiro Asa Branca, mas no quesito desenvoltura foi bem demais, convencendo como o personagem. Agora um personagem que nunca tinha ouvido falar, mas que foi bem bacana na tela foi a Jibóia de Camila Brandão, de modo que foi convincente na sua entrega como uma DJ e amiga do protagonista, ajudando ele na concepção de seu show e entregando algo até meio que fora do caminho para a época que o longa se passa, mas para o filme funcionou bastante e foi um elo divertido de acompanhar. Olhando a foto que Ravel Andrade usa nos sites de cinema, posso afirmar que ele era para ser o Asa Branca, pois sua semelhança de rosto é muito mais parecida que a de Simas, mas acabou ficando como o peão Miltinho que até teve bons atos, mas é um personagem bem secundário na tela. Outros dois personagens foram bem importantes na tela, Jotapê vivido por Fábio Lago, com uma desenvoltura bem de empresário/patrão de comitiva e Carlos Francisco com seu Wandão bem trabalhado na política, emprestando e patrocinando o locutor em diversos momentos, sendo quase um pai para ele nas empreitadas, e agradando na forma de entrega na tela, já Lara Tremouroux fez uma Sandra meio que apagada demais, não chamando tanta atenção quanto deveria.
Visualmente esperava que o longa mostrasse mais rodeios de outras cidades, porém focou bem mais em Fernandópolis e Turiúba, além de mostrar algumas fazendas da região e a casa da namorada, e uma loja de componentes eletrônicos, mas como não foi um filme de grande orçamento até que foram bem representativos na entrega. Ou seja, a equipe de arte conseguiu representar alguns momentos de forma interessante como a chegada de caminhonete, de helicóptero, e algumas festas de peão das antigas, quando não tinham tantos shows, e assim o resultado funciona no que foi proposto ao menos, sem claro ir muito além.
Enfim, foi um filme bacana de acompanhar, que teve momentos bem colocados na tela e que mesmo não aprofundando tanto na vida do locutor conseguiu ser representativo aonde a proposta desejava, e sendo assim funcionou ao menos, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.







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