No longa vemos que dois irmãos gêmeos voltam à sua cidade natal com o objetivo de reconstruir a vida e apagar um passado conturbado. Esses acontecimentos, porém, voltam a atormentá-los quando uma força maligna passa a persegui-los, trazendo para a superfície medos e traumas. Esse mal busca tomar conta da cidade e de todos os cidadãos, obrigando-os a lutar para sobreviver. Mais do que contornar os demônios dominadores e famintos por poder (e sangue), Fumaça e Fuligem terão que lidar com as lendas e os mitos ameaçadores que podem estar por trás desse terror.
Ainda irei um dia entender a mente de um roteirista, pois adaptações literárias, biografias, e até alguns romances e comédias são coisas aceitáveis de se pensar e criar uma boa história para ser contada nos cinemas, mas quando recai para o terror e ainda joga pitadas dramáticas com toda a mistura que falei acima, isso não pode ter saído da cabeça de uma pessoa normal, e o mais interessante de tudo é que o diretor e roteirista Ryan Coogler começou com uma biografia crítica fortíssima, se aventurou numa continuação/reboot de uma franquia consagrada que ninguém nem sonhava em botar as mãos, foi para um dos longas da Marvel mais emblemáticos, quase foi linchado por uma continuação fraca da Marvel, e vem com algo totalmente fora da caixa como trouxe aqui, ou seja, que já a maioria dos críticos tem colocado como o filme que lhe dará seu nome mundo afora, e não duvidaria disso, pois ele foi muito ousado, trabalhou com as câmeras gigantes Imax, pois todos os personagens para dançar muito, trabalhou canções originais sem precisar fazer uma trama musical, fora os milhares de ângulos que filmou toda a sua loucura cênica, isso ainda trabalhando com o protagonista fazendo dois papéis bem semelhantes visualmente, mas de gênios praticamente opostos. Ou seja, uma direção impecável de um roteiro inimaginável, que posso estar errado, mas mesmo estando em Abril, poderá ser lembrado nas premiações do próximo ano.
Quanto das atuações, Michael B. Jordan fazendo dois papeis foi algo icônico, pois num primeiro momento você fica se perguntando se é ele mesmo fazendo Fumaça e Fuligem, pois são muitas cenas juntas lado a lado, mas quando começa a aparecer eles separados você pega bem que é o próprio ator se doando duplamente e recebendo só um cachê, e ele se joga por completo, entregando diálogos fortes, dinâmicas bem trabalhadas e mostrando imponência na tela, ao ponto que também podemos dizer que é um dos seus melhores filmes pelo que fez. O longa é a estreia de Miles Caton nos cinemas, mas o que ele faz com seu Sammie, o tom e o timbre de voz nas canções e toda a expressividade do começo ao fim, faz dele um ator que certamente veremos mais nas telonas, pois o jovem fez seu nome na tela. Com toda sinceridade, estou com medo de sonhar com o Remmick de Jack O'Connell, pois ao mesmo tempo que tem um ar sereno nas canções, ao se transformar na tela acaba sendo quase que o diabo em pessoa, com traquejos fortes e dinâmicas tão bem encaixadas que valeria até mais tempo de tela pro rapaz. Ainda tivemos cenas bem boas e expressivas de Wunmi Mosaku com sua Annie, toda uma imposição chamativa de Hailee Steinfield com sua Mary, a explosão de dança e canto de Jayme Lawson com sua Pearline, e claro os atos fortes de Li Jun Ji com sua Grace, mas quem se jogou nos diálogos bem trabalhados foi Delroy Lindo com seu Delta Slim. Ou seja, um elenco que botou literalmente pra quebrar, e olha que nem falei da metade dos personagens.
Visualmente o longa tem a maioria dos atos numa antiga serraria que é transformada num clube de blues, com palco para os shows, comida, bebidas, jogos e muita dança, sendo de um modo visual simples, mas contando com tantos personagens, fora a abstração insana do diretor de misturar presente, passado e futuro numa dança desconcertante de ritmos sendo dançados com fogo para todo lado que a tela chega a impactar, tivemos atos numa cidadezinha dividida pela segregação, com um lado para os negros e outro para os brancos, com mercados, bares e tudo mais, carros da época, uma pequena igreja do pai do jovem cantor, atos malucos no ataque dos vampiros, e muita maquiagem forte, figurinos ensanguentados, tiros, explosões e tudo mais numa pirotecnia incrível e muito bem usada na tela, que sendo filmado com as câmeras Imax ficou ainda maior na telona.
A trilha sonora é um espetáculo a parte, com muitas canções autorais cantadas pelo próprio elenco, fora as batidas e sonoridades para cada momento na tela, sendo algo que impressiona pelos ritmos usados, de um lado o blues dos negros e do outro o folk dos vampiros, que acabam valendo demais ouvir tanto no filme quanto depois em casa, e claro que deixo aqui o link.
Enfim, é um filme que talvez até daria para tirar um ponto ali ou aqui, mas certamente é algo que irei lembrar muito, ficando marcado na minha memória por ser algo completamente diferente do estilo, que não vou remover nada, deixando o longa com a nota máxima, pois tem dinâmica, tem expressividade, e me surpreendeu com toda a loucura. Então fica a dica para conferir nas telonas maiores possíveis, e eu fico por aqui hoje, dando um leve descanso, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...