Netflix - Jay Kelly

12/07/2025 05:12:00 PM |

Acho que pós-pandemia os roteiristas e as pessoas em geral acabaram indo para os dois extremos, emocionados demais querendo fazer diversas homenagens para dublês, agentes, animais e tudo mais, ou então partindo diretamente para pancadaria e grosseria sem conseguir se conectar com ninguém. E posso dizer que ambas as situações tem trazido bons momentos nas telonas e telinhas, de modo que o longa da Netflix, "Jay Kelly", funciona bem nesse sentido de homenagear os agentes e até mesmo os artistas que por muitas vezes acabam abandonando suas famílias, amigos e tudo mais para viverem seu sonho de estar dentro da indústria do cinema, sendo algo duro de enfrentar, de rotinas a perder, e até mesmo só percebendo isso quando chegam ao final da carreira em alguma homenagem, e isso é bem marcante de ser visto. Ou seja, é um filme que tem uma boa pegada na tela, aonde os protagonistas se entregaram por completo, mas que tem um tom meio emocional demais para uma carreira dura, que talvez pudesse ser menos floreado, mas aí não faria tanto sucesso nas premiações, então valeu a escolha do diretor.

O longa acompanha a jornada de um famoso ator de cinema chamado Jay Kelly e seu dedicado empresário Ron. Os dois embarcam pela Europa numa trajetória intensa na qual são confrontadas suas escolhas do passado, seus relacionamentos e os legados que construíram e deixarão para a posteridade.

Já conhecemos bem o estilo do diretor e roteirista Noah Baumbach pelos seus filmes anteriores, e aqui ele não tentou ousar e sair da sua base de conforto, principalmente ao adotar mais o estilo de homenagens que pautou em seu roteiro. Ou seja, vemos um filme bem regular, sem reviravoltas ou dinâmicas que chamem a atenção na tela, de tal maneira que o resultado é bonito de ver para quem conhece bastante de cinema e sabe que as vidas dos artistas famosos é bem esse caos mesmo, mas quem apenas for conferir ele procurando um drama tradicional talvez ache um pouco artificial o resultado final. Claro que volto a frisar que não é ruim se fazer homenagens na tela, mas talvez algo mais conflitivo com algumas nuances levaria o longa para um outro patamar.

Quanto das atuações, não teria como ter falhas, afinal chega até ser engraçado que o personagem principal fala várias vezes que é difícil interpretar a si mesmo, porém George Clooney faz com seu Jay Kelly quase que uma representação própria sua, de alguém extremamente famoso, que vive cheio de compromissos e filmagens, e que praticamente nem ouvimos quase falar das suas relações familiares, ou seja, quase que idêntico ao longa, e ele segurou com pulso firme e muita classe para que o papel fosse emocional na medida e com muita responsabilidade cênica agradasse do começo ao fim. Já falei outras vezes que tenho gostado muito de ver Adam Sandler em personagens mais sérios do que fazendo seus tradicionais besteiróis, e aqui seu Ron tem estilo, tem momentos cheios de imposição, e demonstrou uma segurança bem chamativa para com seu papel, mostrando conhecer bem a vida dos diversos agentes de Hollywood, conseguindo passar bem toda a sinceridade de encontrar os devidos olhares e marcar seu território na tela. Ainda tivemos outros bons personagens, mas a base completa ficou em cima dos dois protagonistas, valendo leves destaques para Laura Dern com sua Liz bem agitada, Billy Crudup com seu Timothy revoltado pelo o que aconteceu no passado e até tendo algumas nuances rápidas de Greta Gerwig com sua Lois e Patrick Wilson com seu Ben Alcock, mas sem irem muito a fundo em seus papeis, valendo então dar um destaque rápido para Charlie Rowe e Louis Partridge como Jay e Timothy jovens em seus testes e aulas de atuação.

Visualmente o longa teve um bom início num set de gravações, algumas cenas na mansão do protagonista, um funeral bem tradicional de um grande amigo dele, algumas cenas em bares, e depois muitos momentos em aviões, trens e carros, passando por Paris até chegar na Itália, aonde vemos um festival com bailes e exibições, sendo tudo simples, mas com um ar luxuoso bem encaixado para representar cada momento.

Enfim, é um bom filme do estilo, que tem pegada e que certamente vai cair no gosto dos artistas e votantes do cinema hollywoodiano, afinal muitos irão se conectar com tudo o que acontece na tela, mas não é nada grandioso o suficiente para impressionar o público que talvez não irá se conectar tão facilmente com os personagens, justamente por ver mais deles mesmos na tela, então fica a dica para uma curtida leve sem esperar muito, que aí é capaz de gostar do que verá. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou hoje ainda ver mais dois filmes do Festival de Cinema Francês, então abraços e até mais tarde com outros textos.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...