A Mulher Mais Rica do Mundo (La Femme La Plus Riche Du Monde)

12/07/2025 02:08:00 AM |

Costumo dizer que nós seres normais do mundo nunca saberemos como é viver igual alguns grupos de ricaços que sequer pensam em seu dinheiro, do tipo que pega um cheque de 1 milhão e dá de presente ou então que gosta de uma foto e pergunta se algumas centenas de milhares paga, ou então como aparece no longa "A Mulher Mais Rica do Mundo" a seguinte frase dita pela filha da protagonista que antes da aparição do golpista nunca sequer haviam falado de dinheiro dentro da família, pois é muito óbvio, esse pessoal tem tanto dinheiro que não precisam falar, compram o que quiserem, a hora que quiserem, e se você fizer cara feia, eles também te compram, ou seja, é um mundo fora da realidade total que praticamente inexiste, ou melhor existe e nunca nem veremos falar deles, afinal não precisam e nem gostam de serem notados, e o longa brinca justamente com isso, pois quando a vida da ricaça entra no rumo de alguém chamativo demais, esse alguém quebra facilmente os rumos daquilo que era normal para eles, e vira de ponta cabeça toda a base familiar. Ou seja, é um filme que tem uma base realista, mas que florearam demais todo o restante, colocando algo quase tão novelesco que até chega a sair do comum, e isso não é algo que funcione tanto, ao ponto que o miolo do filme acaba sendo até cansativo demais (como toda novela!), mas que fecha bem ao menos.

O longa nos conta que Marianne Farrère é dona da Windler e considerada a mulher mais rica e influente do mundo. Ao conhecer Pierre-Alain Fantin, um ambicioso jovem escritor e fotógrafo francês, a mulher desenvolve uma grande amizade com o rapaz. Com pitadas de romantismo, o novo amigo mexe com o coração da milionária e desencadeia um esquema de corrupção jamais visto em territórios parisienses. Uma doação de milhões coloca em risco sua família e toda a história da empresa. A história é inspirada no caso de Liliane Bettencourt, herdeira de uma importante marca de cosméticos.

É até interessante como o diretor e roteirista Thierry Klifa usou bem a história da dona da L'Oreal para recriar seu filme com nuances mais floreadas, pois a base foi bem fundamentada, e sendo um escândalo que chocou o mundo na época muitos quiseram usar os direitos e claro que sendo uma família riquíssima, tudo acabou sendo meio que apagado, e dava para fazer um filme menos artificial e mais comercial, mas como a maioria curte novelas no mundo, ele optou por esse estilo que até entretém bem nos primeiros minutos, depois acaba se tornando algo arrastado e repetitivo que cansa bastante no miolo, e só quando entra no conflito mesmo que poderia surpreender, nem é mostrado muito. Ou seja, quem curte esse estilo até talvez vai gostar, mas pela primeira vez em um filme de festival vi sair tanta gente da sala e ir embora como aconteceu hoje, e isso mostra que faltou o diretor impactar mais com o conflito familiar e/ou mais com os processos rolando com a mídia se batendo para conseguir detalhes.

Quanto das atuações, como toda "novela", temos muitos bons personagens e atores, e claro que a dominante no caso foi a principal atriz francesa de todos os festivais, Isabelle Huppert, que com sua Marianne Farrère soube ter toda a classe e a compostura esperada, deu densidade para a personagem, porém não explodiu como costumeiramente faz em cena, trabalhando meio que de uma forma segura na tela, e assim diria que ela meio que quis "defender" a personagem real com algo mais sutil. Agora quem não foi nem um pouco sutil na tela foi Laurent Lafitte com seu Pierre-Alain Fantin, sendo daqueles aproveitadores espalhafatosos que marcam presença aonde quer que apareçam, e acabou sendo bem interessante e irritante suas cenas, ao ponto de querermos assim como a herdeira pegar ele pelo colarinho, ou seja, o ator chamou toda a atenção do filme para si, e se era isso que o roteiro pedia, fez com precisão. Claro que o papel de Marina Foïs com sua Frédérique Spielman pedia alguém bem séria na tela, mas a atriz acabou abusando um pouco, ficando até monótona em muitos atos, de forma que faltou presença para chamar o filme para si, e isso não é muito bom de acontecer. O jovem Raphaël Personnaz trabalhou seu Jérôme Bonjean com olhares e entregas tão bem encaixadas, com uma serenidade perfeita de mordomos, que até esperava algo a mais do personagem, pois o ator não ficou apagado na tela, e isso é algo muito legal de ocorrer, principalmente em tramas desse estilo. Como disse tivemos muitos bons atores e personagens na tela, e se eu fosse o diretor usaria esse mesmo elenco e montaria uma série mais completa, pois os fãs do estilo adorariam ver mais desenvolvimentos de todos os demais, então não vou destacar nenhum dos demais.

Visualmente a equipe de arte foi muito esperta, pois não precisou de locações gigantescas para representar a mansão, o conselho e tudo mais, usando ângulos mais fechados nas salas, quartos, piscinas e por aí vai, apenas representando o luxo pelas roupas e elementos ao redor, de modo que tudo funciona bem na tela, tem as devidas nuances e agrada, mostrando claro uma vida de rico, mas sem fazer um filme de produtor rico.

Enfim, é um longa bem feito, bem representativo do mundo imponente dos ricaços, que dava para ter ido além sem precisar alongar tanto como acabou acontecendo, sendo algo bacana de ver se não for esperando muito dele, então fica a dica. E é isso meus amigos, amanhã volto com mais dicas de filmes, mas hoje eu fico por aqui deixando meus abraços com vocês.


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