Como é de praxe, e já falei várias vezes, dramas e comédias não são as melhores opções para estrear numa direção, pois são dois gêneros que exigem demais de um roteiro bem trabalhado e de conhecimento em cima de um tema para convencer o público a entrar completamente no clima do filme, e aqui Mathieu Gérault estreou nas duas funções, tanto a de diretor quanto a de roteirista de longas, após grande sucesso com seus curtas, e infelizmente ele apenas alongou uma história que daria para ser resolvida com menos de 50 minutos, que resultaria em um média metragem sensacional, pois a trama não se desenrola nem com o protagonista indo para o lado do tráfico realmente, não se desenvolve na ajuda dele para com os amigos, e principalmente não vai para lado algum com suas ânsias de viver uma nova vida, sendo que tudo isso ocorre exatamente nos 30 minutos finais de uma vez só, ou seja, o diretor quis muito com uma história que acabou ficando nem densa o suficiente para pegar o público, nem simples demais para deleitarmos sobre ela, e assim sendo o filme demora para acontecer, e finaliza na base que poderia ter sido melhor representada logo no começo.
Sobre as atuações, posso falar que Niels Schneider trabalhou seu Christian com um triste demais para ser alguém explosivo, e estourado demais para ser alguém desolado, ao ponto que seus olhares não nos convencem como deveria, tendo alguns bons atos com os amigos aonde faz caras e bocas meio forçadas, um ar romantizado com a médica do amigo, e um ar de paz nas cenas finais, de tal maneira que pareceu faltar uma direção mais próxima dele, o que volto a dizer no problema da primeira direção, então faltou concentrar mais o foco para que seu personagem parecesse sim perturbado pela guerra, mas com ares mais próximos do final para convencer por completo. Já Sofian Khammes ficou mais definido com seu Mounir, pois voltou sem praticamente a parte debaixo do seu corpo, desesperado pelas dívidas, sem propósito para a vida, se drogando, e seus olhares são todos de quem está pronto para cometer uma loucura a qualquer momento, e fez muito bem tudo, mas como não era o protagonista, acabou ficando em segundo plano. Da mesma forma Thomas Daloz entregou a loucura completa para seu Henri, tendo leves devaneios centrados, e assim soube ser bem representativo em cena, chamando atenção e agradando nos poucos atos seus, e a química dele com o protagonista foi incrível que valeria até algo a mais para outras cenas. India Hair fez algumas boas cenas com sua Lucie, trabalhando o ar romântico bem colocado, dosando os ares de boa médica e fazendo expressões claras de suas atitudes, o que é meio compassado nas cenas de miolo, e assim o resultado dela poderia até ter ido mais além. Já os demais praticamente tiveram apenas cenas de encaixe, sem grandes nuances ou desenvolvimentos, valendo destacar apenas Denis Lavant com seu Comandante De Royer, ou "Pai" como o protagonista lhe chama, que acabou entregando semblantes bem duros e diretos, justamente como um pai dando bronca no filho, e como todo bom comandante sem expressões de afeto, mas sim uma dureza marcante que acaba sendo funcional.
Visualmente a trama entrega dinâmicas interessantes em um mercado aonde o jovem trabalha, no apartamento dele sem mobília nenhuma mostrando sua disfunção no colchão jogado no chão, vemos um encontro ali que acaba tendo de ir para o lado de fora numa fogueira já que nem talheres e copos ele tem, vemos um outro prédio completamente abandonado aonde o amigo se esconde dos traficantes, uma festa de batizado riquíssima do traficante, mas sem grandes movimentações, a joalheria bem simples aonde eles fazem um assalto (aliás quase não convincente de ser uma joalheria mesmo com meia dúzia de vitrines), e claro o hospital psiquiátrico aonde o outro amigo e a médica estão, deixando ainda para o final uma fazenda do "avô" do protagonista e uma escola de soldados, tudo bem simbólico, sem grandes nuances, ao ponto de vermos que nem mostrar o trabalho da direção de arte o diretor acabou fazendo, ou seja, falhas demais.
Enfim, não é um filme que seja ruim, ficando bem mediano para falar a verdade pelo tema em si ser bom, mas faltou desenvolver tudo um pouco mais, ao invés de alongar cada momento e deixar tudo aberto, tudo sem expressão, tudo sem explosões realmente como deveria ser uma trama desse tipo, e assim sendo é daqueles filmes que facilmente esqueceremos que vimos, o que é uma pena, pois tinha uma história talvez com potencial de ir além. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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