Os Jovens Amantes (Les Jeunes Amants) (The Young Lovers)

6/30/2022 12:21:00 AM |

Diria que o longa "Os Jovens Amantes" flui de uma forma tão diferente que chega a ser surpreendente, pois geralmente vemos homens traindo suas esposas com mulheres bem mais novas, por algum atributo diferente e tudo mais, mas quando ocorre de ir para alguém bem mais velho costuma soar estranho, ainda mais com toda a síntese de um médico oncologista com família, que tem uma esposa bonita, filhos e tudo mais, ou seja, acaba sendo uma ideia meio que não tão pensante, mas de certa forma a trama traz um envolvimento interessante, ainda mais que a química entre os protagonistas começou 15 anos antes quando apenas se trombaram num hospital, com algumas palavras e gracejos, e ao se reverem o fio condutor explode e vai para os viés do crime. Ou seja, é o famoso longa romântico com a problematização de idade, e claro de doença, afinal o Parkinson eclode e faz com que a senhora já não queira mais, conflitando tudo o que rola entre eles. Não diria que é algo memorável, mas é gostoso e trabalha bem a ideia, ao ponto que muitas mulheres mais velhas poderão se conectar mais com a trama, por imaginar quem sabe que algum de seus médicos mais novos a olhe de uma forma não profissional, mas também achar um médico tão gentil e gracioso como o do filme é algo meio difícil, então procurem, nunca se sabe o amanhã!

A sinopse nos conta que dois amantes se reencontram no corredor de um hospital, 15 anos após o primeiro contato. Shauna tem 71 anos, enquanto Pierre tem 45. Opostos, mas hipnotizados um pelo outro, eles se reconectam, enquanto Shauna, que já é mãe, avó e viúva, quer reafirmar que ainda é uma mulher e que a diferença de idade entre eles não importa.

Não consigo imaginar tudo o que veio na cabeça da diretora Carine Tardieu quando recebeu o roteiro de Sólveig Anspaach e Agnés de Sacy, pois é uma trama clássica romântica, que tem a pegada tradicional, mas que não parece ser algo real, sendo uma química meio sintética e forçada de barra, mas que sabemos bem que para o amor não existem limites, então temos de aceitar e acompanhar todo o ensejo dos protagonistas, todos os sentimentos, e claro os conflitos, afinal um longa com um médico se não colocassem uma doença no meio seria algo quase absurdo, mas foram singelos e não abusaram tanto do fim da doença realmente, mas sim um miolo. Ou seja, vemos um casal que após 15 anos de trocarem algumas figurinhas se reencontraram e se apaixonaram de vez, e é isso que temos de olhar, e a performance de tudo foi bem encaixada ao ponto de se tornar crível, então trabalho bem feito, só poderiam ter eliminado todo o restante dos congressos, de mostrar a pesquisa, da conversa sobre a doença da outra moça, que tudo foi apenas um enfeite cênico que daria para remover pelo menos uns 15 minutos, e sendo assim essa fica como sendo a maior reclamação, pois de resto é algo interessante de ver.

Sobre as atuações, Fanny Ardant se entregou com muita desenvoltura para sua Shauna, fazendo trejeitos bem emotivos, envolvimentos de corpo e olhares bem comoventes, ao ponto de mostrar bem tanto o ar romântico, como o sofrimento para com a doença, como uma desestruturação bem marcada que funciona e agrada demais de ver, ou seja, fez muito bem o papel. Melvil Poupaud trabalhou o seu Pierre com ares bem marcantes, sendo um homem com um certo galanteio, bom pai, e que recai fácil demais a uma paixão do passado, ao ponto que vemos nos seus olhares toda a paixão que está sentindo e funciona demais, ao ponto de chegarmos a até ficarmos com pena dele na chuva, ou seja, foi um grande acerto com tudo. Sharif Andoura fez alguns gracejos a mais com seu Georges, mostrando que não consegue arrumar ninguém, ainda mais andando com alguém bem mais bonito que ele, e seus ares são bem entregues, temos toda uma boa dinâmica entre ele e os protagonistas, e agradou no que precisava fazer. A história é bem maluca, pois trocar uma Cécile de France pela protagonista tem de faltar com alguns parafusos, embora a atriz não tenha aparecido muito com sua Jeanne, ficado com um cabelo estranho, mas a atriz é de outro patamar de beleza, e mesmo aparecendo pouco teve alguns bons atos marcantes. Quanto aos demais, tivemos poucos ensejos, deixando mesmo o foco no casal protagonista, mas vale destacara Florence Loiret Caille com sua Cécilia, filha da protagonista, que também está solteira e se vê num dilema com a mãe namorando e ela não, e foi bacana seus olhares no momento que descobre tanto o envolvimento da mãe, quanto mais quando descobre quem é, e assim conseguiu chamar atenção.

Visualmente a trama tem uma boa pegada, com uma casa bem praiana no meio da Irlanda, aonde praticamente só chove e venta, mostrando toda a decoração da protagonista arquiteta com vários detalhes entalhados e bem colocados, temos seu apartamento bem bagunçado em Paris, com muitas fotos e um arranjo de móveis meio que desorganizado, vemos também o apartamento do protagonista em Lyon todo certinho e bem arrumado pela esposa, vemos alguns atos no hospital, muitos atos em trens de uma cidade para a outra, várias palavras cruzadas que a protagonista gosta de fazer, ou seja, todo um bom trabalho cênico, mas que gastaram mais em cenas sem muito uso como a academia que a protagonista vai, um jantar num restaurante exótico, um evento de pesquisa, uma palestra, ou seja, coisas que não precisariam e daria para ser facilmente cortado.

Enfim, é um filme que passa a mensagem, mas que exagera tanto em algo meio improvável de acontecer, mas que como todo filme romântico temos que relevar, o único aquém mesmo é que poderia ser mais enxuto com o tanto de cenas desnecessárias fora do romance, que funcionaria da mesma forma e não precisaria ter tantos gastos, mas isso é uma opinião de produtor econômico, então fica valendo a dica. E é isso meus amigos, temos um longa leve, que até deve agradar o público alvo de mulheres mais velhas para fantasiarem um homem carinhoso assim, então vale para os sonhos. Eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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