Como Pedro Peregrino só tinha feito novelas até agora, acredito que ele quis enfatizar demais o problema da protagonista em 120 minutos, e em um filme ele não tem a mesma quantidade de capítulos de uma novela para isso, então seu primeiro trabalho na direção efetiva de um longa, pois já foi segunda e terceira unidade em diversos sucessos nacionais, acabou ficando um pouco amarrado demais, o que volto a frisar que não impactou na totalidade da proposta, mas tirando esse detalhe que acabou cansando um pouco, ele entregou um estilo bem fechado, com uma formatação bem marcante para o gênero policial funcionar no nosso cinema, e com isso certamente quem usar a trama como base vai vir com outros bons longas do gênero, então só por isso já se faz valer a conferida, mas vá preparado para várias tomadas paradas, vários ângulos experimentais e até mesmo para quebras de fluxo em lembranças marcadas que acabam parecendo jogadas, mas que tem seu efeito para quem conhece pessoas com a doença. Então o roteiro talvez precisasse ter ampliado mais todas as buscas e dado menos floreios para a doença, ou então jogar de vez um tratamento no miolo, o que daria outros rumos, mas como disse, o filme tinha outra pegada, e quem entrar nessa ideia toda vai até curtir mais do que quem apenas focar nos problemas.
Sobre as atuações, Glória Pires sabe segurar um personagem como ninguém, e sua Lúcia é bem fechada, com pequenas dinâmicas mais explosivas, mas está num conflito interno muito forte, e a atriz conseguiu passar essa expressividade muito rápido para o público, da mesma forma que conseguiu conduzir uma investigação bem marcante, ou seja, outro trabalho bem imponente dela que até poderia ter ainda mais impacto com cenas mais intensas, mas fez bem o que precisava, e assim agradou com o que fez. A base do longa é todo em cima da protagonista, mas ainda tivemos alguns atos mais marcados com Charles Fricks com seu Avelar e Gustavo Machado como Gouveia, mas ambos segurando a investigação e dando leves nuances muito claras de tudo, o que é um pouco ruim, porém fizeram bons trejeitos, e ainda tivemos Genésio de Barros como tio da protagonista, e Padre, que meio que surgiu do nada, mas fez bons atos junto com Glória. Quanto aos demais, foram participações rápidas com leves destaques para Julia Gorman e Daniel Bouzas com seus Renata e Beto, mas nada de muito expressivo para impactar realmente no contexto completo da trama.
Visualmente a trama foi bem montada, mas exagerada de certa forma, afinal sabemos que comissários de inteligência não viram investigadores da forma que a protagonista faz, de invadir casas, ir grampeando sem autorizações, seguindo pessoas e tudo mais, mas deu um bom tom para os momentos, toda a montagem na parede e no galpão que faz foram bem interessantes de se ver, tivemos boas cenas em becos e favelas, e toda uma dinâmica bem precisa para mostrar a interação da protagonista com seus eletrônicos para ser lembrada e amenizar o Alzheimer, então vemos muitos detalhes cênicos, muitas pausas e boas insinuações, que acabam funcionando e mostrando que a equipe de arte esteve bem atenta para colocar tudo nos eixos.
Enfim, é um filme com uma ideia muito boa, uma atuação marcante, mas que não atingiu um grande ápice, valendo ver mais pela valorização do cinema nacional do que como um filme que será lembrado pelo resultado final, pois volto a ser enfático que o exagero das pausas cansou e não impactou como deveria, e assim sendo muitos vão ficar tensos esperando algo que não irá muito além. Ou seja, recomendo com mais ressalvas do que com elogios, mas está acima da média, e isso ao menos é bom. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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