Diria que o diretor Jesper Ganslandt soube dosar bem a história do livro dos protagonistas, pois a trama embora fosse direta de ações duras e fortes entregou algo até bem calmo demais dentro do inferno que era a prisão detalhada em alguns materiais, ao ponto que só vemos suas idas para conversar com o embaixador e seu assistente, e algumas doenças e situações acontecendo na prisão, e em mais de um ano lá certamente eles viram muitas coisas ruins, sofreram muito e passaram por poucas e boas, mas como o foco era outro e sim trabalhar o ato deles pedindo perdão, o ato da política silenciosa e tudo que não queimasse tanto o governo etíope e as negociações entre Suécia e outros países, optaram por algo mais brando, e assim sendo mesmo o filme sendo bom de denúncias, ficou parecendo faltar algo a mais, algo que fizesse o público se desesperar pelos personagens principais, algo que emocionasse mais a fundo e talvez fizesse o povo saber que a liberdade de expressão tem um preço bem caro e que eles pagaram muito por isso. Ou seja, é um bom filme, o diretor foi direto ao ponto, mas certamente faltou aquele ponto de virada ficcional, ou melhor semi-documental, que impactaria e faria muitos se desesperarem ao ver o longa, e isso não ocorreu, mas também não falhou tanto pela falta disso.
Quanto das atuações, a base toda é em cima de Gustaf Skarsgård com seu Martin e Matias Varela com seu Johan, entregando trejeitos marcantes, com alguns atos desesperados, outros mais concisos, mas sempre fazendo trejeitos dispostos a tudo, de entrar no meio do mato, de correr, de se envolver com os locais, coisas bem tradicionais que a maioria dos jornalistas de campo costumam fazer, que é trocar figurinhas com os locais para saber mais da vida, saber mais de como andam as coisas, e os dois atores trabalharam essas interações com bons olhares e chamativos, ao ponto de criarmos um certo carisma por eles, com Varela sempre mais desesperado com tudo, demonstrando até uma falta de palavras para descrever seus atos, enquanto Gustaf já foi mais eloquente e dinâmico, como um bom jornalista deve ser. Quanto aos demais, vale o destaque para Faysal Ahmed com seu Adbullahi pelos olhares marcantes e sínteses de estar fazendo o certo no meio do conflito todo, e Josefin Neldén como esposa do protagonista pelo ar de dúvida meio sem entender, mas também aflita com tudo.
Visualmente o longa entregou ares bem intensos nas cenas das prisões, com a primeira sendo básica demais, praticamente um cômodo sem nada, aonde foram jogados e quase que abandonados no melhor estilo da palavra, e na segunda parecendo quase uma feira com pessoas vendendo coisas, outros treinando, conversando, apanhando, todos dormindo aglomerados sem colchões, ratos passeando em cima deles e tudo mais, mas também vale o destaque dos atos no meio do mato aonde a ferida no braço do protagonista já estava feia quase com osso aparecendo e todas as dinâmicas dos militares tentando botar pressão nos jovens, ou seja, um trabalho de concepção bem montado e chamativo que faz valer o ato por completo.
Enfim, é um bom filme, que até poderia ir mais além como já disse para impactar mais, mas é bem feito e retrata bem um pouco do que viveram os dois jornalistas, e assim vale a conferida como registro histórico. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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