Golias (Goliath)

6/24/2022 08:39:00 PM |

Falar sobre os conflitos envolvendo as brigas políticas, econômicas, envolvendo saúde e pesticidas, as produções de alimentos e tudo mais sempre é algo bem complexo, pois envolve muito mais ciência, muito mais persuasões e dinâmicas entre advogados, lobistas de empresas, políticos e claro a população, e cada filme que nos é entregue sobre o assunto vem com força máxima para tentarmos absorver e entender as brigas. O que posso falar de cara sobre "Golias" é que foi um dos mais fortes trabalhados em várias vertentes, que conseguiu causar bastante emoção na entrega dos protagonistas, mas que principalmente abre um leque muito maior para tudo. Ou seja, é daqueles filmes que muito é dito, muito é mostrado, que vemos muitos ensejos e dinâmicas próximas do realismo, mas que apenas temos de ver, e lamentar, pois, uma voz é pequena perto de tudo o que brigam, mas várias vozes juntas já fazem um bom barulho.

A sinopse nos apresenta France, professora de esportes durante o dia, trabalhadora à noite, é uma ativista contra o uso de pesticidas. Patrick, um obscuro e solitário advogado parisiense, é especialista em direito ambiental. Mathias, lobista brilhante e apressado, defende os interesses de um gigante agroquímico. Seguindo o ato radical de uma pessoa anônima, esses três destinos, que nunca deveriam ter se cruzado, se acotovelam, colidem e se inflamam.

Diria que diretor e roteirista Frédéric Tellier ("Através do Fogo") trabalhou bem todo o conteúdo de uma pesquisa quase que gigante para que seu filme fosse quase um documentário expressivo das brigas entre as grandes companhias de pesticidas e os advogados de pessoas que sofreram com o câncer ou algum dano causado por eles, ao ponto que vemos boas dinâmicas bem expressivas, bons traquejos, e muita organização ao redor de disputas, conversas de bastidores com políticos, grupos radicais tentando ir de formas mais amplas brigar, vemos tudo e mais um pouco do que conseguiram encaixar, porém é um filme que cansa um pouco pelo tamanho, que força mais do que expressa e assim sendo muitos podem nem se emocionar tanto pelo que nós é entregue pelo diretor, e sim ficarmos putos com tudo, já que a força é necessária, e assim o resultado funciona ao menos.

Sobre as atuações, Gilles Lellouche foi muito preciso com seu Patrick, sendo daqueles advogados que tem boas palavras, que brigam por tudo, e muitas vezes não atingem o que desejavam, e o ator que tem uma expressão um pouco triste conseguiu ser marcante em suas cenas ao ponto de nós convencer de seus ideais, e isso mostrou um bom preparo e conhecimento do que estava rolando para ficar convincente e assim foi um bom acerto. Pierre Niney é sem dúvida um dos melhores atores franceses da atualidade, e aqui o seu Mathias é daqueles lobistas que pegamos raiva, que tem frases e palavras para tudo, que está preparadíssimo para a briga e faz olhares cruéis e precisos com uma força tão única que impressiona demais, e assim sendo acredito que até ele após as gravações sentiu o peso do seu papel, pois ele foi incrível no que fez, mesmo sendo algo ruim de ver. Emmanuelle Bercot teve alguns atos marcantes, mas seu papel é mais amplo e emocional, não fazendo com que ela se destacasse tanto com sua France, valendo claro o ensejo visual de seu emagrecimento para a cena final, e assim ela foi uma representação bem marcante e funcional dentro das vozes que tentam ir além. Quanto os demais, e temos vários demais, apareceram, fizeram seus ensejos, trabalharam as dinâmicas com os protagonistas, mas não puderam ir muito além, então vale apenas falar que o diretor soube usar muito bem todos ao coadjuvantes e figurantes para somar e envolver o público com uma minúcia quase realista de falarmos que ele esteve gravando em todas as manifestações, todas as reuniões e afins, poia ficou documental total.

Quanto do visual, vemos muitas reuniões em salas enormes, em plenários, em grupos, mostrando a frente da empresa de pesticidas, vemos votações, julgamentos pequenos, julgamentos grandes, muitas reportagens, e até um envolvimento da família para mostrar a vida deles tentando sobreviver, mas como disse o longa é quase algo que o diretor foi filmar todas as situações para algo quase documental, e assim sendo valeu demais o trabalho da equipe de arte.

Enfim é um tremendo filmaço sobre o tema que vale a conferida, vale a briga e vale entender mais sobre a vida sem pesticidas, para que as futuras gerações quem sabe vivam melhor, sem câncer, sem tantos agrotóxicos, e assim sendo o filme é amplo de ideias e preciso de demonstrações, sendo forte e incrível que tenho de recomendar demais para todos. E é isso meus amigos, vou para mais uma sessão do Varilux, então abraços e até logo mais.


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