O Mundo de Ontem (Le Monde d'Hier) (The World of Yesterday)

6/27/2022 08:01:00 PM |

Quando falamos de política no cinema costumo dizer que ou transformam em algo muito interessante ou cai para algo do estilo biográfico, senão é necessário tantas explicações e desenvolvimentos que apenas um filme acaba sendo monótono e chato demais de acompanhar, e foi exatamente o que acabou acontecendo com "O Mundo de Ontem", pois não vemos uma trama fechada sobre o tema, ou alguma interação forte do tema, mas sim muitas articulações na véspera de uma eleição, aonde o candidato da presidente atual não irá ganhar, e tudo o que vão fazendo para tentar mudar, mas com tantos conflitos abertos e nada resolvido, o resultado acaba sendo um amontoado de ideias que talvez uma série de mais capítulos acabaria chamando muito mais atenção e envolvendo mais do que cansando como aconteceu com o filme. Ou seja, é daqueles que ou você ama articulações políticas e se envolve bem, ou vai cansar esperando algo a mais, ou num ato mais clássico em casa irá dormir vendo.

A sinopse nos conta que Elisabeth de Raincy, Presidente da República, optou por se aposentar da vida política. Três dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, ela fica sabendo por seu secretário-geral, Franck L’Herbier, que um escândalo do exterior atrapalhará seu sucessor designado e dará a vitória ao candidato de extrema-direita. Eles têm três dias para mudar o curso da história.

Diria que o diretor e roteirista Diastème foi bem preciso em montar todo o pano político da trama, soube articular bem todos os processos e pessoas envolvidas, e até tentou um algo a mais numa estrutura de escândalos e conflitos ocultos, porém ele não abriu espaço para algo a mais, nem fechou todas as portas que abriu, criando uma trama boa, interessante, e que sabemos muito que rolam todas essas discussões e conflitos nos bastidores de uma presidência, porém essa falta de não vir preparando um algo a mais, ou uma explosão mais explicativa acabou ruindo com seus planos, não fazendo com que seu filme empolgasse realmente, tanto que próximo ao final olhei no relógio pensando quanto tempo ainda teria para ele fechar ao menos algo do filme, mas não, preferiu jogar um trecho de um livro e acabar, o que é extremamente desapontador.

Sobre as atuações, posso dizer que Léa Drucker esteve incrível com sua Elisabeth de Raincy, mostrando uma estrutura presidencial bem marcante, direta, de olhares bem fechados e cultos, com nuances marcantes e bem trabalhadas ao ponto de nós envolvermos com ela, mas como disse faltou um pouco de tudo, e isso não faz com que sua personagem acabe perfeita dando o show que poderia. Denis Podalydès sempre trabalha muito bem a personalidade de seus personagens, criando nuances e envolvimentos intensos e bem representativos, o que não foi diferente aqui com seu Frank L'Herbier, de forma que ficamos esperando algo a mais dele, e não acontece, deixando claro apenas que foi largado e seu final representa bem isso, ou seja, poderia ter ido muito mais além. Alban Lenoir foi muito bem com seu Patrick, mostrando alguém muito maior do que apenas um segurança, trabalhando de modo bem rígido e marcante que agrada bastante de ver. Hérouai Benjamin Biolay foi bem sério com seu Didier Jansen, não aparecendo muito, mas sendo preciso de diálogos, que até agrada, mas não vai além. Jacques Weber também apareceu pouco com seu Luc Gaucher, mostrando que seria um candidato facilmente batido e fraco, mas sem nada a mais para expressar. Thierry Godard foi forte nas duas cenas de seu Willem, mas é o velho opositor que chama um pouco a atenção e não vai além, sendo expressivo ao menos. E ainda tivemos muitos outros da mesma forma, que apenas apareceram, mas não foram além, ou seja, faltou espaço para desenvolver mais os personagens e o filme ficou vago demais.

Visualmente o longa praticamente fica só nos cômodos da presidência, indo da sala de atendimentos da presidente para seu quarto, de lá para uma varanda, de lá para um quartinho aonde trata sua doença, tivemos alguns encontros exteriores em carros, e mostrou um pouco da casa do secretário geral, tudo sendo bem representativo e marcante para quem não conhece o interior do palácio dizer se realmente é dessa forma, mas fizeram bem e agradou a amostragem entregue.

Enfim, esperava muito mais do filme e acabei extremamente desapontador com o que vi, sendo um bom começo para uma série e nada mais, então esse será acho que um dos poucos filmes do Varilux que não irei recomendar, mas pode acontecer quando vemos muitos filmes. Então é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para outra sessão, então abraços e até logo mais.


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