A Hora do Desespero (The Desperate Hour) (Lakewood)

6/11/2022 01:31:00 AM |

Antes de mais nada, já aviso que para que o filme "A Hora do Desespero" funcione para você é necessário que entre no clima, pois vi algumas críticas negativas ao filme em sites estrangeiros aonde a pessoa prestou atenção em alguns detalhes completamente desnecessários, e que a base de um filme de surto é que ele transmita o surto para o público e esse pense da mesma forma que a protagonista num momento tal qual ela passa, senão a chance de reclamar de tudo é bem alta, pois quando ficamos desesperados corremos mesmo que a perna esteja latejante, arrumamos forças sabe lá de onde, esquecemos números e misturamos tudo, então o que a protagonista faz é o básico de quem surta com um filho preso ou não numa escola com um atirador, sem conseguir informações precisas, e para piorar com a polícia falando coisas para ela que só pioram tudo. Ou seja, é daquelas tramas instigantes, que faz você ficar sufocado com o tanto que a personagem corre, conversa, pensa e tudo mais, e que funciona muito bem dentro da proposta, além de ser uma vertente diferente de filmes de tiroteio em escolas que já virou praxe as reproduções dessa triste realidade, então fica a dica para sentirem a essência de tudo o que passa com a ótima personagem de Naomi Watts, e o resultado certamente será você saindo bem tenso da sessão.

A sinopse nos conta que uma mãe recentemente viúva, Amy Carr, está fazendo o possível para restaurar a normalidade na vida de sua filha e de seu filho adolescente em sua pequena cidade do interior. Enquanto ela está fazendo sua corrida matinal na floresta, ela encontra sua cidade no caos quando um tiroteio ocorre na escola de seu filho. A quilômetros de distância, a pé na floresta densa, Amy corre desesperadamente contra o tempo para salvar seu filho. Superando lesões enquanto faz o que pode para sair do local, enquanto manda várias chamadas telefônicas e mensagens de texto na esperança de descobrir se sua filha Emily e seu filho adolescente Noah estão seguros. Mas sem sinal e com poucas informações, jogadas por policiais e jornalistas, que conseguiu no caminho, Amy se vê em um dilema de mãe: Seria meu filho um assassino dentro de sua própria escola?

Diria que o diretor Phillip Noyce soube segurar demais a trama de Chris Sparling para que a tensão fosse criada de maneira convincente, pois facilmente daria para abrir diversos vértices e ser filmado de inúmeras maneira o texto, daria para contar a história sob pelo menos umas três óticas, e cada uma pegaria o público de uma forma, e aqui a base maior é em cima das mães, que sempre confiam nos filhos, mas que uma pulga pode mexer com a cabeça toda, mas ainda assim é uma mãe que vai correr, vai se desesperar, e que mesmo morrendo depois de torcer o pé, bater a cabeça, vai se embrenhar na floresta para conseguir chegar o mais rápido até aonde está o filho, e se não conseguisse um carro, certamente ela continuaria a pé correndo muito para chegar lá. Ou seja, talvez muitas pessoas que não tenham filhos enxergue o longa de outra forma, mas quem conseguir imaginar tudo vai se impactar bastante. Outra reclamação que muitos estão fazendo é do exagero de câmeras na mão, e isso é o truque mais antigo que temos para causar desespero no público, que é movimentar tudo, fazer quase como alguém estando seguindo a protagonista, e pode ser um clichê, mas funciona, e mesmo incomodando, não dando o devido realismo prático para a cena, o resultado faz bem para a trama, e diria mais, eu ainda demoraria mais para a protagonista descobrir mais coisas, pois a dúvida é o pior inimigo de uma pessoa, e embora preocupada com o filho, ela chegaria na escola com trejeitos mais conflitivos ainda, e o resultado seria ainda mais forte.

Sobre as atuações, ou melhor a atuação, tivemos Naomi Watts perfeita com sua Amy, literalmente suando aos montes para entregar algo incrível, correndo por uma floresta gigantesca, fazendo trilhas, caindo, levantando e tudo isso falando e mexendo aos montes no celular tentando descobrir mais sobre o que está acontecendo, tentando conexões e tudo mais, ou seja, a atriz fez o filme dela trabalhando tons de voz, expressões fortes e dinâmicas, e sem morrer, com um fôlego que muitos passariam mal gravando, e ela foi firme e muito interessante, conseguindo segurar o espectador com ela, ou seja, a trama é quase um monólogo já que não vemos os demais personagens, apenas ouvimos suas vozes no telefone, e a atriz nos convenceu dessa realidade que é muito comum atualmente e com muita precisão. Quanto aos demais, como são apenas vozes tenho de falar bem dos tons dos policiais, do cara do conserto de carros, das amigas, da filha e tudo mais, e claro pela seriedade bem densa passada pelo jovem Colton Gobbo em seus vídeos, que não foram impressionantes, mas trabalharam bem a temática de seu Noah.

Quanto do visual, inicialmente nem parece que a protagonista foi tão longe em sua corrida, mas a volta pelo meio da floresta parece ser interminável, quase como se ela tivesse atravessado umas 10 cidades, com trilhas cheias de curvas, rodovias cruzando mas sem chegar em lugar algum e nem passando quase que carros, sendo uma paisagem bonita de ver, mas que incomoda bastante, então basicamente de cenografia temos apenas o celular e algumas cenas de lembranças que nem precisariam fazer caso quisessem economizar ainda mais na produção, mas aí ficaria básico demais, então tivemos brincadeiras de crianças, lembranças dos filhos com o marido, e claro toda a desenvoltura tensa na cena final na escola, com muitos policiais e toda a dinâmica em si de uma fuga, ou seja, a equipe trabalhou pouco, mas trabalhou muito bem para entregar tudo.

Enfim, volto a frisar que muitos irão odiar o filme pela essência mais fechada, e também por não se conectarem com a entrega da protagonista, mas quem entrar no clima e sentir da mesma forma todo o desespero entregue pela personagem principal certamente irá suar na poltrona e sair até ofegante da sessão, e dessa forma eu recomendo demais o longa para todos, colocando essa regra para não ter reclamações. E assim sendo eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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