Amazon Prime Video - Vida em Silêncio (La Vida en el Silencio)

6/19/2022 02:14:00 AM |

Sempre que entramos na discussão de paternidade, naquela velha ode de pai é quem cria e não quem põe no mundo, muitos falam que abririam mão de tudo pelos filhos e várias expressividades que até emocionam, mas sempre vem as indagações de e se fosse uma criança com problemas, que tivesse algum tipo de dificuldade, que não fala com você, você sentiria o mesmo amor por ela? E se lhe falassem depois de muito tempo cuidando e se doando pela mãe ter sumido por anos, e só agora voltar e falar que ele não é seu filho? Pois bem, essas várias questões são jogadas na história do longa mexicano "Vida em Silêncio", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video, e além de colocar toda essa síntese na tela, ainda trabalha um pouco o lado do autismo, do se conectar aos jovens que parecem nem estar te vendo, mas que estão mais atentos que tudo e podem num piscar te fazer emocionar. Ou seja, é uma trama bem emocional, cheia de nuances, com uma doçura musical bem amarrada, e que passa muito sentimento na pequena síntese completa que é posta em jogo, que claro tem defeitos, tem uma gramatura estranha de imagem, e uma sonoridade bem fora do eixo tradicional, então muitos certamente irão ver e não irão se conectar com nada, mas vale a reflexão e certamente pensar em muita coisa dita ali, pois é um filme diferente e bem feito de certa forma.

A sinopse nos conta que um músico e pai solteiro luta todos os dias para se comunicar com seu filho autista através da música, até que um dia a mãe do menino aparece após uma ausência de oito anos, apenas para revelar um segredo que pode mudar sua vida como ele vive.

O drama mexicano costuma muitas vezes permear para o lado novelesco, mas quando bem trabalhado tem uma essência interessante e funcional que acaba agradando até mais do que o esperado, e aqui o diretor e roteirista Rodrigo Arnaz foi bem conciso na ideia que queria de mostrar tanto o lado da paternidade solo de um autista, trabalhando como músico e sem muitos ganhos para cuidar do jovem, e o grande dilema quando surge a mãe da criança vários anos depois de tê-los abandonado e colocar mais fogo nos problemas do dia a dia, ou seja, ele soube dosar as ideias, soube desenvolver bem toda a síntese, e principalmente trabalhar algo que podemos até já ter visto em outros longas, mas que aqui teve um frescor diferente pelo ar musical, e claro com a pontuação do autismo, sendo um filme forte e bonito que até poderia ter ido mais além se escolhesse um dos fatores para discutir, mas que quis muito e ficou um pouco no meio do caminho.

Sobre as atuações, a base toda é em cima do que Juan Manuel Bernal entrega com seu Fran, e o ator se mostrou muito disposto para o papel, teve um ar sentimental bem colocado, fez bons ensejos com todos os instrumentos que tocou em cena, e passou um certo ar emocional para com o garoto e para as mulheres que conviveu, ao ponto que chegamos a criar um carisma para com ele, e isso é muito necessário em papeis desse estilo, e assim sendo dominou bem o ambiente e fez com que o filme fosse seu, o que é um grande acerto. Não sei se o garoto Farid Navarro realmente é autista, mas passou muito envolvimento no papel, e se não era fez um trabalho maravilhoso de interpretação, mas se era também foi muito bem em cena ainda mais com pessoas lhe chamando por um nome que não é o seu, o que dificulta tudo, então o papel foi muito bem feito também. Gabriela de la Garza soou meio que exagerada em alguns momentos de sua Mariana, mas como vemos mais o seus atos do passado do que realmente um ensejo ali em cena, acabamos ficando mais com raiva pela forma que fala do garoto do que seu afeto pelo protagonista, e assim pareceu faltar personalidade para chamar atenção, o que já foi completamente contrário de ver com María Aura com sua Julia, pois demonstrou sentimento e muita desenvoltura tanto com o garoto quanto com o protagonista, sendo sutil nos atos necessários e agradando bastante com tudo. Ainda tivemos Marco Treviño bem colocado com seu Oscar e Fernando Becerril bem seco com seu Afonso, ao ponto que ambos tiveram poucas cenas, mas foram marcantes nos atos necessários, com Treviño dando um bom fechamento para a trama.

Visualmente o longa tem um ar bem gostoso e interessante pelos shows no bar de jazz, mostra bem a casa simples do músico, mas preparada para o que o garoto gosta que são os trens, claro temos a comparação pela casa dos avós aonde o piano é muito mais chique, o trem é enorme e solta fumaça, mas o carisma é o que conta, tendo um bom trabalho de câmeras para isso, além de termos alguns atos em ruas aonde é o pior lugar para os autistas devido a variedade de barulhos, então o fone com música clássica é algo muito comum de ver acontecer, e assim sendo o resultado é simples, mas muito bem feito. Apenas um adendo quanto do conceito da fotografia granulada demais, que não enxerguei uma necessidade de uso, mas tirando esse detalhe, as cores foram bem usadas na paleta para transmitir o sentimentalismo da trama, e isso já vale por completo.

Enfim, é um filme bem pensado que talvez em breve surjam versões de outros países pela história ser boa, e que aqui até foi bem desenvolvido, mas faltou focar um pouco mais no garoto ou no pai, ficando algo no meio do caminho que acabou tendo uns percalços, e sendo assim recomendo com algumas ressalvas de não esperar muito dele, pois certamente poderia emocionar muito mais, e essa é a maior falha em um drama emocional como é o caso aqui. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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