Diria que o diretor e roteirista Jérôme Bonnell soube trabalhar com o público da mesma forma que um escritor de livros em série faz com seus leitores, desenvolvendo toda uma síntese maior, criando uma curiosidade entremeada tanto no público quanto no dono do bar que já pode ler, se ele vai entregar a carta para a amada, se eles vão voltar, se ela vai chorar, e tudo em cima disso com suas devidas fluências. E esse estilo escolhido é bem válido, pois segura ao mesmo tempo o ar romântico, o drama, e até mesmo a própria comicidade leve que é entregue com primor. Ou seja, é daqueles filmes que aparentam ser simples, mas que com todo o gracejo consegue ser doce e envolvente da mesma forma, o que é brilhante e também bem amplo.
Sobre as atuações Grégory Montel conseguiu com seu Jonas ser bem dinâmico e criativo de trejeitos com toda a desenvoltura mostrada, indo de um ar embriagado pela festa, passando por uma conversa aberta seguida de uma transa rápida, e em seguida todo o dia tortuoso no bar, na estação de trens, na rua, ouvindo, vendo, sentindo, conversando e escrevendo, com olhares e gestuais máximos que levam a exaustão, sendo preciso e bem correto do começo ao fim. Grégory Gadebois faz de seu Mathieu o nosso papel de ouvinte e leitor, opinando sem ser escutado, refletindo e entregando olhares fortes e diretos para o apaixonado maluco na sua frente, e com isso acerta demais, como sempre faz e encaixa todo o ar possível na reflexão certa e bem dramática. Anaïs Demoustier fez de sua Léa aquela mulher que está em dúvida de tudo, não chamando a atenção como deveria, refletindo o ar aberto, e assim agradando conforme vai fluindo, mas também poderia ser mais direta, o que agradaria um pouco a mais. Quanto aos demais, diria que todos foram apenas conexões para o dia do protagonista, sem ir muito além, nem chegando onde poderiam.
Quanto do visual, temos basicamente o apartamento da protagonista e o bar, ambos bem detalhados, e com muita abertura para as nuances do filme, com a compra dos papéis para a carta e assim vai rolando, não sendo nada como um ambiente gigante, mas com todos os elementos sendo usados na medida.
Enfim, é um bom longa, que muitos podem amar e outros odiar, mas que faz refletir e entrega um bom ensejo do começo ao fim, que podemos envolver e refletir sobre a vida e sobre os livros como são escritos para prender as pessoas. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vamos lá para mais uma sessão do Varilux, então abraços e até logo mais.
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