Netflix - Arremessando Alto (Hustle)

6/08/2022 12:02:00 AM |

Quem me conhece sabe o quanto adoro conferir longas esportivos, pois além de passarem mensagens motivacionais muito melhores que muitos gurus por aí, entregam também desenvolturas emocionais interessantes, cenas incríveis e conseguem ir tão além nas dinâmicas que acabamos nos envolvendo demais com tudo, então sem dúvida alguma fui conferir o lançamento da Netflix, "Arremessando Alto", com uma expectativa altíssima pelo tema em si, mas com um leve medo do que Adam Sandler poderia fazer com a trama. Porém já disse isso outras vezes que Sandler consegue atingir pontos muito melhores quando não tem de fazer bobeiras, então aqui seu ar cômico é pouquíssimo usado, tendo alguns leves gracejos em cena, mas principalmente recaindo para algo mais dramático, e isso ficou perfeito de ver, pois ele passa exatamente a síntese de um pai para sua aposta no jogador, treina ele em nível máximo, cria emoções e tudo mais, fazendo com que o filme junto de um timaço de ex-jogadores e jogadores atuais do basquete norte-americano entregasse algo bem trabalhado, cheio de cenas de jogadas de arrepiar, e principalmente fazendo com que não cansasse em momento algum, o que é um primor de ver. Ou seja, o filme supriu todas as expectativas que criei, e só não foi perfeito por faltar um pouco mais de vibração nos atos finais, pois poderia ter ido ainda mais além com um jogão depois de tudo, não apenas fechando a história ali, mas isso é apenas uma opinião de fechamento, afinal o longa é incrível e vale demais cada momento.

O longa nos mostra que o caça-talentos profissional do basquete, Stanley Sugerman, não vive um bom momento na carreira. Exercendo seu trabalho sem muito propósito, ele não acredita mais que conseguirá descobrir um novo talento significativo. Mas, depois de ser demitido, surge uma nova esperança. O olheiro profissional do basquete, fica empolgado pela primeira vez em muito tempo, quando descobre por acaso o jogador amador espanhol, Bo Cruz. Stanley o encontra jogando em um parque nos arredores de Madri. Agora abastecido com um novo propósito, Stanley tem como missão preparar Bo para a NBA. Motivado a despertar em Bo toda a paixão e dedicação necessária para se destacar no esporte, o caça-talentos acredita que juntos, a dupla pode alcançar patamares de sucesso, nas quadras e na história do jogo.

É interessante que a carreira do diretor Jeremiah Zagar foi construída a base documental, sendo esse seu segundo longa ficcional apenas, mas coincidiu de pegar ótimos produtores e um roteirista bom de diálogos Will Fetters e um roteirista de jogos de videogame de basquete (nem sabia que jogos esportivos tinham roteiro!!) Taylor Materne, que conseguiram criar uma boa história e ótimos jogos/jogadas, ao ponto que o filme tem uma desenvoltura de treinos, de carisma, de conhecimento e de personalidade em cima dos atos, fazendo com que cada personagem principal se entregasse por completo para que o filme ficasse completo, e dessa forma vamos acompanhando, torcendo pelos resultados do jovem jogador, e claro para que a sintonia entre eles vá além, o que acaba acontecendo, e mesmo o filme não sendo uma explosão de emoções, várias cenas acabam arrepiando, vários momentos tem dinâmicas incríveis, e claro a grande sacada foi colocar jogadores reais fazendo tudo, pois mesmo não sendo expressivos como grandes atores, souberam ser expressivos nos atos dentro de quadra, passando a emoção de jogar realmente, de encarar bem o adversário, de criar rixa, e tudo mais, de forma que o diretor soube aproveitar tudo o que tinha em mãos e abusar dos produtores para colocar lendas em quadra e fazer tudo funcionar bem.

Sobre as atuações, o destaque é claro em cima de Adam Sandler que faz de seu Stanley um dos seus melhores personagens da carreira, com um ar emotivo de paizão mesmo, mas também disposto a tudo para conseguir o que quer, e cheio de bons trejeitos, segurando a dramaticidade para si, e também envolvendo bastante nos atos em dupla com o jogador acabou chamando para si a responsabilidade, e acertou demais, tanto que seus trejeitos jogados clássicos quase somem no meio de bons ensejos de vivência, e o resultado acaba indo até além do esperado, ou seja, perfeito em cena. Juancho Hernangomez não é ator, e sim um jogador do Utah Jazz e da seleção espanhola de basquete, mas conseguiu passar um carisma enorme para o seu Bo, se aventurou em fazer alguns trejeitos e saiu muito bem no que fez, não tendo grandiosos impactos expressivos, mas dominou bem demais o ambiente, jogou incrivelmente bem com manobras incríveis, e como sabemos que o basquete é um bom jogo de encaradas entre atletas, fez isso com exímia qualidade. Da mesma forma e de maneira mais provocativa ainda, Anthony Edwards deu um bom ensejo para seu Kermit com muitas encaradas e jogadas, mostrando que o jogador do Timberwolves estava disposto a chamar atenção, e conseguiu mesmo sem tantos diálogos. Ainda tivemos o ex-jogador Kenny Smith fazendo um bom olheiro de outros times com seu Leon, Queen Latifah como a esposa do protagonista, Jordan Hull como a filha, ambas entregando nuances mais emocionais bem colocadas para as dinâmicas, e Ben Foster fazendo o famoso filho de dono que quase destrói o time com seu Vince, além de diversas outras estrelas do basquete fazendo jogadas bem trabalhadas e dando show em qualquer uma das quadras.

Visualmente o longa praticamente todo foi feito dentro de quadras, a maioria com treinos, mas também contando com muitos jogos nas quadras de rua com muitas pegadas, vários treinos com elementos interessantes e pouco usuais como pneus, ventiladores, e muita corrida de rua para ganhar físico, além de boas sacadas com comida de hotel, fast-food e sacadas com coisas de jovens quando ficam sozinhos, ou seja, a equipe soube trabalhar cada elemento para que o ambiente completo chamasse a atenção, incluindo entrevistas, programas esportivos, salas de diretorias de times e muito mais que deram toda a desenvoltura cênica e que a equipe de arte não precisou construir nada, apenas colocando para funcionar.

Enfim, é um filme muito gostoso, um pouco longo para o estilo com quase duas horas, mas que passa de boa o tempo, agradando demais quem gosta de basquete, sendo inclusive uma grande homenagem dos produtores para o esporte, e até mesmo o público que curtir apenas dramas cômicos bem encaixados vai acabar entrando no clima, ou seja, um filme completo que fui ver com muitas expectativas e não me decepcionei, então com certeza recomendo para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: poderia até dar uma nota maior por ter gostado bastante do que vi, mas faltou no final um pouco mais de emoção de fechamento (a cena do aeroporto tinha de ter o reencontro), e talvez pudessem ter usado melhor mais alguns atores para arcos dramáticos ao invés de apenas ex-esportistas, mas não atrapalhou em nada o resultado final.


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