Assassino Sem Rastro (Memory)

6/10/2022 12:36:00 AM |

Costumo dizer que Liam Neeson nos acostumou muito mal com seus filmes sem respiro, aonde quase morríamos de desespero na sua caçada aos que mexiam com ele e com sua família, ao ponto que agora vamos ao cinema ver seus filmes novos esperando tanto e somos recebidos com situações bem menos empolgantes, o que é uma pena. Porém o problema de "Assassino Sem Rastro" nem é a falta de ação em si, pois temos algumas dinâmicas interessantes para mostrar e uma trama bem alocada contra um grupo de abuso de menores chefiados por uma grande magnata da cidade, mas sim o estilo novelesco cheio de aberturas para todos os lados que quase fazem o protagonista sumir no meio de tudo, e que acaba sendo até estranho de ver. Ou seja, é daqueles filmes que o clima se mistura tanto que no final nem sabemos se o que queríamos ver foi atendido, e isso é um peso imenso para o resultado completo, fazendo com que o público não se empolgue nem com o protagonista nem com a dinâmica toda do processo, e assim sendo apenas conferimos e saímos levemente decepcionados com tudo.

A sinopse nos conta que Alex Lewis é um assassino experiente com reputação de precisão discreta. Ele planeja se aposentar logo, mas recebe uma última tarefa antes que consiga realizar tal desejo de vida. O alvo é simples: uma pessoa. Isso até que descobre que o alvo é uma garota. Preso em um dilema moral, Alex se recusa a concluir um trabalho que viola seu código de ética e então pede para cancelar tal contrato. Mas descobre que a garota foi morta por outro assassino. Isso o coloca contra o agente do FBI Vincent Serra, quem reabilitou a menina depois que seu pai foi morto. Ao se voltar contra o FBI, bem como as outras pessoas que estão atrás de Serra, Alex se propõe a eliminar os traficantes de crianças, mas sua grave perda de memória acaba sendo prejudicial para sua saúde e missão. Com o objetivo de se vingar, mas com a saúde violada ele é forçado a questionar todas as suas ações, se perdendo na linha entre o certo e o errado.

A carreira do diretor Martin Campbell é cheia de altos e baixos, com filmes amados e odiados pelo público, e aqui ao adaptar a refilmagem do sucesso belga de 2003, "De Zaak Alzheimer", ele acabou exagerando na divisão de protagonismo de Liam Neeson e Guy Pearce, além de todos os demais personagens que acabaram tendo atos digamos expressivos, e isso já disse algumas vezes é a famosa formatação novelesca, aonde se perdem tanto nas subtramas que a história principal acaba ficando levemente apagada. Ou seja, ele até nos entrega um filme interessante, mas que em diversos momentos se perde demais, e não apenas com os lapsos de memória do protagonista, mas sim com uma trama meio que desandada que convence pela história em si de uma máfia sendo destruída por um assassino que desistiu do serviço, mas que não convence pelos envolvimentos completos entregues, que desapontam de certa forma, sendo daqueles filmes, que assim como o personagem principal, iremos esquecer que vimos um dia.

Sobre as atuações, quiseram mostrar um Liam Neeson bem velho, já tentando aposentar das matanças com seu Alex, sofrendo bastante com o Alzheimer, e criando dinâmicas coesas que vão levando ele a matar todos os envolvidos numa contratação conflitiva de jovens que abusam de menores e são coordenados por uma grande empresária da cidade, e o ator está velho mesmo, não tem mais tanta agilidade nos seus atos, e conseguiu demonstrar bem esse ar triste que a doença dá para as pessoas, porém ficou faltando o diretor colocar mais disso e menos dos atos dos policiais, pois esse conflito não deu o chamariz forte que o ator sabe entregar, o que é uma pena. Guy Pearce está irreconhecível com seu Vincent, com um ar misterioso e direto de opiniões, meio que acabado também por não ter seu caso resolvido, e também por ter várias incógnitas abertas com um assassino tentando lhe ajudar, ao ponto que o ator até tenta entregar alguns atos fortes, mas fica num misto de segundo plano, e o resultado soa estranho. Ainda tivemos um Harold Torrez até imponente como um policial que não faz parte da equipe, mas entregando atos conflitivos e cheios de intensidade passa a chamar atenção com seu Hugo, e Taj Atwal como uma policial que vive na divisa do México, porém ainda não domina o espanhol e também não se entrega. E claro vale um leve destaque para Monica Bellucci com sua Davana, uma empresária misteriosa que oculta muitas coisas, e claro que numa cidade corrupta compra a todos, ao ponto de termos uma cena com um prédio abarrotado de policiais para defendê-la, mas falando da sua expressividade também não fez muito o que chamasse atenção. Tivemos ainda muitos outros personagens paralelos, e tudo de forma bem insinuante, mas nada que fosse além e chamasse atenção, ou melhor, tentando dar atenção e quebrando o protagonismo principal, que resultou como já disse em uma novelona bem bagunçada.

Quanto do visual da trama tivemos alguns atos bem fortes com algumas mortes impactantes, e alguns momentos bem trabalhados na astúcia do personagem, tendo uma cobertura bem imponente aonde a chefona vive, uma delegacia meio bagunçada, uma padaria abandonada aonde o protagonista se esconde, dois atos em hospitais, e muitos momentos em cenas com carros, além de uma festança num barco, mas nada de muita imponência, o que acaba sendo um pouco falho, ou seja, faltou trabalhar melhor os objetos cênicos, de tal forma que as cenas de ação/explosão foram bem feitas, mas nenhuma teve aquele brilho tradicional do estilo, e assim sendo desaponta bastante.

Enfim, não diria que é o filme mais fraco de Neeson, pois já vi outros bem ruins, mas esse é o mais bagunçado de todos, ao ponto que acaba nem sendo impactante, mas também não é esquecível, e assim sendo quem for esperando muito pouco ou nada dele é capaz que curta um pouco, mas do contrário a decepção é bem alta, e assim o coloco como algo mediano que dá para pular. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com outros textos, espero que de longas melhores, então abraços e até logo mais.


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