Batman (The Batman)

3/02/2022 02:04:00 AM |

Quando começaram a falar que o novo filme "Batman" logo que acabaram as filmagens seria bem mais puxado para um terror/suspense investigativo do que para um longa de ação de super-heróis já tinha ficado bem feliz, aí começaram a sair as primeiras críticas e selos mundo afora, colocando ele como uma trama artística de mesmo porte que "Coringa", e aí já achei que estavam vendendo peixe demais com algo que seria difícil de acontecer. Porém hoje conferindo posso dizer que sim, conseguiram fazer de um filme de super-heróis algo muito maior do que apenas um longa de ação, e muito pelo contrário, a trama tem poucos momentos com grandiosas cenas de ação (mas que são excelentes), e conseguiu sair muito mais investigativo do que qualquer pessoa pudesse esperar, lembrando muito longas clássicos como "Zodíaco", "Seven" e até tendo uma pegada de "Jogos Mortais" para as armadilhas que o antagonista acaba criando com suas vítimas, ao ponto que tudo continuou sendo grandioso (inclusive na duração), mas com um ar muito mais denso e moldado que poucos esperavam ver, e que quem for fã do estilo acabará gostando até mais do que imaginava. Ou seja, quem for esperando algo adolescente com piadas soltas, pancadaria gratuita e cenas tradicionais do gênero acabará saindo decepcionado da sala, mas se for preparado para se surpreender com algo investigativo bem mais trabalhado, com um teor mais puxado para um dark certamente irá sair com largos sorrisos esperando a continuação para ontem.

O longa segue o segundo ano de Bruce Wayne como o herói de Gotham, causando medo nos corações dos criminosos, levando-o para as sombras de Gotham City. Com apenas alguns aliados de confiança - Alfred Pennyworth e o tenente James Gordon - entre a rede corrupta de funcionários e figuras importantes da cidade, o vigilante solitário se estabeleceu como a única personificação da vingança entre seus concidadãos. Mas em uma de suas investigações, Bruce acaba envolvendo o Comissário Gordon e ele mesmo em um jogo de gato e rato ao investigar uma série de maquinações sádicas, uma trilha de pistas enigmáticas, revelando que Charada estava por trás disso tudo. Porém, a investigação acaba o levando a descobrir uma onda de corrupção que envolve o nome de sua família, pondo em risco sua própria integridade e as memórias que tinha sobre seu pai, Thomas Wayne. Conforme as evidências começam a chegar mais perto de casa e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola Gotham City.

O cinema do diretor e roteirista Matt Reeves é duro, forte e sempre recheado de nuances marcantes, ao ponto que é difícil um filme seu não entregar situações sofridas, protagonistas e antagonistas carregados de problemas pessoais, e principalmente sempre vai direto ao ponto, não criando atos de enfeite, nem colocando situações que vão estar presentes apenas para agradar, mas sim tudo fazendo parte de uma grande estrutura que vai sendo desvendada e moldada para que os protagonistas e os antagonistas se destaquem e surpreendam, ou seja, cada momento do filme funcionaria facilmente em uma história solta e daria para fazer com as quase três horas de duração do longa uns cinco bons filmes, mas que juntos formaram um elo funcional tão bem moldado que acaba não apenas dando um início de franquia, mas sim já algo completo que se não tiver continuações (o que duvido, e já se fala até em estar em pré-produção o segundo) funcionou na totalidade, e assim sendo mostra que tanto o acerto na escolha do molde das HQs escolhidas para representar, do vilão para ser o principal (embora tenha outros inseridos e com grandes nuances), e principalmente por não seguir algo tradicional do gênero de heróis, deixando que tudo se aflorasse no noir e na gama misteriosa que tanto é bem colocada em uma grande tela. Ou seja, não é um filme para todos, talvez nem vire uma grandiosa bilheteria, mas certamente vai surpreender a todos que forem prontos para aceitar algo diferenciado e bem grandioso no estilo dark.

Sobre as atuações, confesso que assim como a maioria fiquei com alguns receios de como Robert Pattinson entregaria seu Bruce Wayne/Batman, porém optaram por um estilo mais emo, problemático e com nuances mais depressivas que caíram perfeitamente na forma de atuar dele, que conseguiu pegar a essência logo de cara e desenvolver algo que não chega a ser um brucutu que vai descer a porrada com sua força, mas que dentro da armadura se impõe até mais do que aparenta, e assim o resultado dele por completo acaba chamando muita atenção e funcionando até mais do que muitos outros atores que já fizeram o papel, ou seja, é algo completamente diferente, mas que agrada bastante em toda a formatação. Agora sabemos bem que os vilões do Batman sempre são incríveis, então cabe uma escolha sempre bem difícil para que os atores funcionem demais, e quem sabe até ganhem longas-solo, e o que Paul Dano fez com seu Charada foi digno de muitas referências em premiações (só é uma pena que o longa tenha estrado tão longe de todas, e não deve chegar com grande força lá pro final do ano), pois incorporou loucura, trabalhou trejeitos fortes, teve toda uma ideologia por trás de suas ideias complexas, e claro criou armadilhas e enigmas que certamente Jigsaw aplaudiria pessoalmente toda a interação dele, ou seja, o ator foi brilhante e fez com que o papel fosse até além do esperado. Da mesma forma Colin Farrell está irreconhecível como Pinguim, com uma maquiagem perfeita, trejeitos imponentes, e um estilo de mafioso marcante, não deixando nuances jogadas, e mesmo que não seja o vilão propriamente da trama, trabalhou cenas fortes e intensas, ou seja, agradou em cheio, e quem sabe virá ainda mais forte na continuação. Zoë Kravitz conseguiu ser tão intensa e marcante com sua Selina/Mulher-Gato que ao mesmo tempo que entrega sensualidade, passa nuances de força e estilo, servindo o público com momentos bem colocados, dando ares romantizados no meio do caos, mas principalmente fazendo sua vingança bem explosiva e colocada nas cenas que necessitou aparecer, ou seja, deu show. Ainda tivemos muitas outras boas atuações, com Jeffrey Wright bem encaixado com seu Comissário Gordon, sendo mais do que apenas um policial, mas sim um parceiro marcante para o protagonista, tivemos Andy Serkis sendo marcante com um Alfred misterioso e direto, John Turturro foi imponente e direto com seu Carmine Falcone bem importante dentro do fechamento da trama, e até Peter Sarsgaard conseguiu soar bem forte na cena dentro da igreja de seu Gil, ou seja, um elenco afiado e perfeito para todos os atos necessários.

Quanto do visual temos uma Gotham suja, densa, aonde os ares noturnos escolhidos para o filme mostram o vilão preparando suas armadilhas em cima de muitos personagens criminosos, envolvidos com a política e a polícia suja que domina a cidade, vemos ainda muitas cenas em um clube mafioso riquíssimo em detalhes, temos as cenas fortes dentro de uma igreja, no apartamento do vilão completamente cheio de símbolos, e claro toda a famosa mansão do protagonista com muitos elementos tecnológicos e apetrechos prontos para serem usados na sua armadura, além de um batmóvel imponentíssimo numa cena de perseguição incrível, entre outros detalhes bem clássicos do cinema noir, que claro predomina os tons escuros, mas sempre sobrando um ou outro detalhe principalmente com tiros e luzes de contraponto que deram nuances e chamaram muita atenção do começo ao fim, com uma cena de destruição incrivelmente bem pensada, e além de tudo isso ainda somos apresentados claro ao Asilo Arkham que sabemos bem aonde vai dar. Outro grande detalhe ficou a cargo da equipe de caracteres, pois a maioria dos escritos das charadas e das investigações foram desenhados e escritos nos ambientes em português, ou seja, vemos no computador as conversas do Charada com seus seguidores falando tudo como se fosse por aqui, vemos a conversa entre Batman e ele como se fosse um site nacional, e até nos atos que escreve várias coisas no chão vemos tudo em bom português, ou seja, a Warner nacional trabalhou muito bem para entregar algo completo e bacana de ver.

Foram bem críticos nas escolhas musicais para o longa, tendo canções marcantes e claro toda uma trilha imponentíssima, cheia de batidas fortes e tensas, que deram um ritmo um pouco mais lento para a trama, mas que envolvem demais e agradam na mesma intensidade.

Enfim, é um filmaço, que felizmente não foi feito pensando em agradar, mas sim em trabalhar toda a história, não contar novamente todo um começo comum como já foi feito outras vezes, e principalmente sendo mais introspectivo chamar a ideia toda para um outro lado não entregue do personagem principal, e assim ficando com um olhar mais investigativo e bem interessante que já falei muito, e que daqui a pouco solto algum spoiler. E sendo assim recomendo demais o filme para todos, e por incrível que pareça depois de tantos elogios não irei dar a nota máxima pelo simples motivo de que talvez eu quebraria o longa em dois, para desenvolver melhor alguns atos rápidos e criar maiores perspectivas, mas aí teria muita enrolação também, mas se tivesse notas quebradas daria um 9,8 para ele. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos (do streaming, afinal nos cinemas essa semana o morcegão pegou todas as salas para ele!), então abraços e até logo mais.


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