Em 2015 dei a nota máxima para o filme de estreia do diretor Martin Bourboulon, "Relacionamento à Francesa", pela sua ousadia, pela criatividade e tudo mais que conseguiu fazer em um dos gêneros mais difíceis de se fazer que é a comédia, pelo simples fator de conseguir fazer rir sem precisar apelar, porém a continuação acabou não aparecendo por aqui, então não sei como foi o andamento, então eis que surge seu terceiro longa agora indo para um rumo mais complexo de gastos, aonde temos o famoso dromance de época, ou romance dramático como alguns gostam de colocar em pauta, e aqui ele pode ousar bastante com um orçamento gigante, uma Paris riquíssima de do final dos anos 1800, mostrando ainda a primeira grandiosa obra do engenheiro em Bordeaux, brincando com os envolvimentos de um simples engenheiro com a filha do empreiteiro riquíssimo da obra, e tudo sabiamente bem trabalhado, cheio de nuances, de figurinos, de cenários gigantes, e claro também usando um pouco de computação para representar as construções, ou seja, saiu do básico e foi para o grandioso, e nesse meio de caminho costumo dizer que dificilmente alguém dá muito certo, pois se perde um pouco, e o longa que poderia ter um elo romântico mais interessante acabou exagerado em todos os pontos, e se perdeu um pouco. Ou seja, não digo que seja um filme ruim ou mal dirigido, muito pelo contrário, o envolvimento é intenso, a obra de época funciona, só que falta um pouco de tudo para que o longa seja perfeito, e com isso ficou parecendo que pesou a mão, mas como já está filmando dois grandiosos projetos para o ano que vem, veremos o que ele vai aprontar.
Sobre as atuações, diria que foi uma escolha muito boa de ter dois atores jovens que bem maquiados conseguiram encaixar 30 anos depois, não precisando ter pessoas diferentes interpretando o mesmo personagem, e Romain Duris ficou muito interessante de ver tanto com seu Gustave jovem nos anos 60, cheio de desejos, de impactos e desenvolturas, quanto mais maduro com uma barba bem trabalhada, cheio de estilo, com uma pegada mais clássica, porém com muita imposição, e principalmente o ego no nível máximo para que tudo dê certo, ou seja, o ator entregou ambas as personalidades marcantes e conseguiu chamar muita atenção. Emma Mackey já puxou inicialmente um ar mais aventureiro para sua Adrienne jovem, completamente solta e desejando experimentar o novo e diferente do seu meio, e quando adulta já entregou ares mais sérios e secos por tudo o que aconteceu com ela nesse miolo, e não deixando de lado os olhares bem chamativos, o que acabou dando um tom bem interessante de ver. E claro tenho de dar destaque entre os demais para Pierre Deladonchamps com as expressões que entregou para seu Antoine, afinal logo de cara pegou o ar de paixonite entre sua esposa e seu convidado e já mudou todas as peças, mas seus atos no carro são os melhores e mais divertidos de ver, pois ali ele literalmente jogou tudo.
Visualmente como já falei o longa foi cheio de artifícios computacionais, afinal mostrou toda a construção da Torre Eiffel, a construção da ponte ferroviária de Bordeaux, tendo momentos no subsolo, mostrando uma Paris do final dos anos 1800, e claro junto com isso muitos figurinos da época e todo um envolvimento bem simbólico dos elementos da engenharia com maquetes, plantas, reuniões, tivemos também a Feira com os vários projetos, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito bem o conceito e conseguiu ser bem representativo cenograficamente, fazendo com que o filme tivesse um luxo bem característico.
Enfim, é uma trama bem interessante de época que poderia certamente ter ido bem além se escolhesse um lado para atacar como falei no começo, mas que vale a pena para conhecer um pouco mais do famoso engenheiro, da sua paixão que (pode ou não) ter dado a ideia do formato da Torre, e claro das desenvolturas que rolaram na época, afinal o filme tem estilo e isso é algo inegável de uma boa produção. Então fica a dica, e eu fico por aqui pessoal, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...