Disney+ - Red: Crescer é Uma Fera (Turning Red)

3/14/2022 01:44:00 AM |

Sei que sempre reclamei muito da Pixar por exagerar no teor adulto e esquecer um pouco as crianças que tanto amam as animações, que são e devem ser sempre o público-alvo, e que principalmente o estilo nos leve de volta para nossa infância para se divertir com propostas bobinhas, cores, músicas e diversão, então quando começaram com esse exagero de querer envolver a mente, trabalhar temas pesados e situações fortes que muitas vezes acabavam nem envolvendo tanto quanto poderia passei a reclamar muito dos filmes da companhia, porém eles tem voltado a brincar com o estilo, e agora com "Red: Crescer é uma Fera" diria que conseguiram acertar exatamente nas duas pontas, entregando um filme alegre, colorido, divertido, com personagens fofos e marcantes, mas também trabalhando toda a essência da cobrança familiar de exemplos, a mudança nos sentimentos, a afloração dos hormônios, e tudo mais que possamos ver nos jovens, ou seja, é um filme bem maduro, com uma proposta até que séria, porém é gostoso, é divertido, é emocionante, jovem, e principalmente, cheio de carisma do começo ao fim, fazendo querermos um panda vermelho nervoso em casa, mesmo que isso cause alguns problemas.

O longa nos conta que quando uma adolescente fica muito nervosa, ela se transforma em uma grande panda vermelho. O longa aborda dessa forma, a jornada de amadurecimento da personagem, suas inseguranças dessa fase onde, a personagem principal está dividida entre a filha que sempre foi e sua nova personalidade, intensificada por todos os sentimentos conflitantes que a adolescência provoca. Além do caos gerado por todas as mudanças em seus interesses, relacionamentos e corpo, sempre que a garota fica muito agitada ou estressada, ela vira uma panda vermelho gigante, - o que com certeza, só gera mais problemas para a jovem - sendo uma metáfora para todas as vezes que, constrangidos pelos novos desafios que se apresentam em nossas vidas, as inseguranças só se agigantam.

Diria que a diretora e roteirista Domee Shi depois de estourar com o curta-metragem "Bao" e ser a storyboarder de tantas outras excelentes animações ("Divertida Mente", "O Bom Dinossauro",  "Os Incríveis 2", "Toy Story 4") chegou tão bem preparada para ter seu longa metragem de sucesso que fez algo que transpassou todas as expectativas da Disney/Pixar, que decidiram nem lançar nos cinemas pela segurança de saber que venderá tantos produtos facilmente que as telonas não seriam necessárias, e digo isso com um grande pesar, pois o filme é incrível de ver e valeria ter na telona toda a diversão expressada na telinha, já que ela foi séria como todo oriental costuma ser, mas soltou suas asinhas para mostrar que os jovens precisam explodir para se mostrar para o mundo, precisam viver com os amigos e se cobrar um pouco menos para ter uma vida realmente, e assim ela conseguiu dar seriedade para o mundo das transformações da garota em sua adolescência, e também juntar com isso todo o grandioso carisma e fofura de um panda-vermelho, cheio de traquejos, cheio de vida, e claro de muitos pelos vermelhos para todos os lados, o que além de ser ambicioso acaba sendo muito divertido e gostoso de ver. Ou seja, a diretora soube dosar toda a intensidade necessária para que ficasse um filme emotivo e reflexivo, mas jogando para cima toda a ideia carismática para se fazer uma animação de primeira que agradasse a todos por completo, e isso foi brilhante, jovem e fofo de ver e se emocionar com tudo.

Sobre os personagens é inegável a presença cênica da protagonista Meilin sendo daquelas garotas bem cheias de dinâmicas, com estilo e muita clareza no que desejavam passar e tudo mais, mas sua panda rouba a cena demais, ao ponto que daria para ela ficar o filme todo como uma panda que o longa seria incrível, mas foram bem espertos nas jogadas de meio a meio, usaram bem toda a dinâmica das vendas, e o resultado completo da aceitação foi brilhante para emocionar a todos, ou seja, o roteiro foi bem encaixado, e a diretora soube usar com minúcias cada momento da protagonista. A mãe também agrada bem mesmo sendo completamente autoritária, e ao final até entendemos mais ela, fora que soou bem divertido seus atos tentando se ocultar, e isso deu uma boa encaixada para não ficar um filme tão pesado em cima da personagem. As demais garotas têm muita personalidade, e cada uma tendo um estilo mais próprio foi algo bem bacana de ver como a centrada, a descolada e a maluca, encaixando tudo num quarteto divertido, carismático e que cada uma se completa para todos os atos, ou seja, não conseguimos ver o grupinho sem nenhuma delas, e isso é bacana demais em um filme com uma banda teen aonde estamos acostumados a ver toda essa ligação. O pai ficou meio deslocado, mas teve seus momentos marcantes, e passou bem a mensagem de aceitação para a filha, coisa bem comum de se ver mundo afora, e ainda teve a cena pós-créditos para ele. O garotinho mostrou a famosa frase de provoco por ser o que quero fazer, e isso encaixou muito bem nos atos finais. E quanto da avó, das tias e das primas, entraram bem nos atos finais agradando pela essência familiar, mas poderiam ter sido melhor usadas em outros atos.

Quanto do visual da trama só tenho a dizer uma coisa: que texturas foram essas!!! Esse filme não podia estar apenas no streaming, é algo que conseguiram fazer cada pelinho ter o devido movimento, com cores incríveis e tudo mais, pegando o que já tinham feito lá atrás com "Monstros S.A." e melhorando num nível ainda maior, colocando todo o lance de um show gigantesco no miolo, com uma boyband clássica que sabemos bem em quem foi inspirada, todo o ar introspectivo do plano espiritual misturando o ar oriental e seu devido misticismo, um templo bem marcante no meio de uma Toronto movimentadíssima, e claro vários pandas diferentes, ou seja, perfeito.

Enfim, é daqueles longas que agradam a todos, sendo bem difícil achar alguém que não vá gostar, que tem carisma, tem ritmo, tem proposta, tem moral, e tudo isso sem cansar, ou seja, o pacote completo, que só não digo que é perfeito por faltar do detalhe Disney que reclamo sempre faltar na Pixar: música, pois tendo uma boyband de pano de fundo, garotas fazendo beatbox, toda uma batida bem encaixada, se tudo tivesse um encaixe melhor musical seria incrível e arrepiaria ainda mais, mas isso não tira o mérito da trama, afinal é uma opinião bem pessoal, pois muitos não curtem musicais, e sendo assim indico totalmente o filme. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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