Amazon Prime Video - Águas Profundas (Deep Water)

3/20/2022 06:23:00 PM |

O mais bacana de um filme de suspense misturado com drama é que você começa intrigado com o que é mostrado, passa pelo momento de duvidar da veracidade das coisas, se irrita com alguns personagens e situações, para no final ficar revoltado com o que é entregue (ou em raros casos com o queixo no chão se surpreenderem você com algo), e essa base funciona muito para longas literários do estilo, já que não é necessário criar uma história, mas sim apenas adaptar de uma maneira condizente algo já preparado, e com a estreia da semana da Amazon Prime Video, "Águas Profundas", vemos isso perfeitamente na tela, funcionando muito bem, causando conflitos ao pensarmos em casais tão cúmplices da forma dos protagonistas, ao ponto que acabamos esperando até algo a mais para o fechamento, o que acaba não acontecendo. Ou seja, é um filme digamos bem intrigante, que tem uma proposta ampla e atuações bem marcantes, mas que poderiam ter melhorado o final (não sei dizer se no livro em que é baseado é da mesma forma) para não soar tão claro, mas de certo modo deu certo.

O longa segue Vic e Melinda Van Allen, um casal que sente prazer em fazer brincadeiras psicológicas e estão passando por problemas no casamento, adiando um divórcio através da abertura do relacionamento. Melinda pode ter quantos amantes quiser, apenas havendo a regra de não abandonar a família que pertence. Em uma de suas escapadas, um dos amantes da mulher é achado morto e Vic acaba tomando o crédito, com a intenção de assustar a esposa e fazê-la voltar para casa. Após o assassino ser achado, Vic passa a ser a piada da vizinhança. Quando amantes de sua esposa começam a morrer de maneira misteriosa, a vida do rapaz sai de controle, tomando um caminho inesperadamente obscuro e tornando-o o principal suspeito pelo desaparecimento dos velhos e novos amantes da esposa.

Podemos dizer que o diretor Adrian Lyne é um especialista nesse estilo de filmes envolvendo paixões ardentes, mistérios com pitadas mais quentes, e dramas românticos não tão leves, e com isso a escolha dele para dirigir o livro de Patricia Highsmith que tem essa pegada foi bem certeira, pois ele deu muitas camadas para os protagonistas, trabalhou bem a expressividade dos atores para que não ficassem nem leves nem explosivos demais, e o principal, fez com que o longa não tivesse cara de livro com capítulos e páginas passando, tendo uma fluidez marcante, várias situações bem trabalhadas, e um desenvolvimento que dá inicialmente para se pensar que vai ter algo diferente, mas que logo no miolo já vemos que não, que é realmente tudo o que está sendo mostrado, ou seja, é um filme direto na proposta que funciona bastante, que mostra um relacionamento bem ousado, e que principalmente com o final escolhido mostra a cumplicidade mútua no caso, que vai chamar muita atenção e talvez fazer com que alguns não curta tanto a ideia, mas que foi uma escolha bem pautada foi.

Sobre as atuações, a base toda fica em cima do casal Ben Affleck e Ana de Armas, e ambos se entregam demais com diálogos e olhares bem fortes, sabendo segurar para cada um seus devidos atos marcantes, e principalmente não deixando que o filme se solte fácil, ou seja, uma química perfeita e cheia de desenvolturas que agrada do começo ao fim. Agora falando individualmente, Ben Affleck fez seu Vic de uma maneira séria, imponente, misterioso e cheio de nuances para fazer o público duvidar dele, mas também ter certeza de que não seria apenas um corno que aceita qualquer coisa, e com as desenvolturas que a trama leva vemos também em seu ar cumplicidade demais em tudo, mostrando todas as facetas que como um bom ator sabe fazer. Do outro lado tivemos uma Ana de Armas mais uma vez sedutora e sensual (já está ficando até chato falar isso em todo filme dela, dá pra colocar logo como um monstro do pântano de vez?), e também meio pirada da cabeça com tudo o que faz com sua Melinda, mas trabalhando o corpo com muito impacto ela conseguiu chamar a atenção com energia e ser bem precisa em tudo o que faz. Quanto dos demais, tivemos vários grandes nomes passando pela trama, cada um entregando um pouco de si seja no carisma de Lil Rel Howery com seu Grant e Devyn Tyler com sua Mary, ou seja por todo o charme dos três amantes que apareceram em cena vividos por Brendan Miller como Joel, Jacob Elordi como Charlie, e Finn Wittrock como Tony, cada um demonstrando seus conhecimentos e desenvolturas, mas sem dúvida o grande destaque do elenco de apoio ficou para Tracy Letts bem desconfiado de tudo com seu Don, indo para cima, fazendo indagações e marcando o cerco em cima do protagonista, ou seja, fixou o olhar e fez tudo. E claro que preciso citar a garotinha Grace Jenkins que foi muito graciosa com sua Trixie, e tem um bom tino de atuação e presença cênica.

No conceito visual nos é mostrado um grupo de pessoas bem ricas, afinal as festas são luxuosas, cheias de requinte, piscinas, bebidas, roupas chiques e tudo mais, mostrando que o casal praticamente já não dorme na mesma cama, cada um com seu quarto na casa, e também um hobby meio exótico do protagonista de ter vários caracóis, lesmas e afins no porão da casa, temos também vários passeios de bicicleta, um estúdio aparentemente abandonado, alguns lances em bares, mas basicamente tudo rola mesmo na água aonde temos os sumiços, ou seja, a equipe de arte se olharmos a fundo foi bem básica, mas tudo foi minucioso e representativo para os devidos momentos, e também muito provável para mostrar elementos que estão no livro, ou seja, não chega a ser muito misterioso cada elo da trama, mas tudo está em cena.

Enfim, é um filme bem intenso com uma proposta ousada e cheia de boas facetas, que talvez pudesse segurar um pouco mais o mistério para ser completo, mas que de certa forma agrada bastante com o que é entregue, valendo a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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