Diria que o diretor e roteirista Ryûsuke Hamaguchi foi bem centrado na ideia completa do seu longa, afinal ele por incrível que pareça é baseado em um conto de pouquíssimas páginas que acabou sendo incrementado com toda a intensidade dramática, teve os devidos símbolos incorporados, toda a parte das histórias dos personagens para que o público se conecte a eles, e um desenvolvimento preciso de situações que vamos criando bons vínculos, vamos acreditando e se envolvendo com tudo, vemos suas devidas opiniões sobre as atitudes de cada um e de como a situação completa é dirigida, e ele mesmo se dá ao luxo de várias subdireções, que acabamos entrando claro na síntese principal da trama, de como é dirigir a própria vida, dirigir uma peça, dirigir a si mesmo dentro de uma peça, ter a direção de algo seu, e por aí vai, que ainda incorporando todo o lado do luto, da culpa pela morte de alguém, de poder ter feito algo para mudar outra coisa, e muitos outros pontos que facilmente dá para analisar. Porém toda essa dinâmica é centrada, tem seus devidos motes e acaba sendo ampla demais dentro da discussão toda, o que fez com que o filme ficasse um pouco mais alongado do que necessitaria, e assim sendo perdendo um pouco da dinâmica considerada saudável, o que mais cansa do que agrada realmente, fazendo com que se ouvisse na metade alguns bocejos durante a exibição.
Sobre as atuações, diria que o ar sério é algo de praxe dos atores japoneses, tanto que na maioria dos filmes vemos eles explodirem com trejeitos que saiam do eixo, e aqui Hidetoshi Nishijima foi bem direto no que precisava passar com seu Yusuke Kafuku, ao ponto que vemos toda sua essência bem moldada com tudo o que lhe acontece, vemos ele ir passando o sentimento de estar cada vez mais envolvido com o ambiente enquanto ainda pensa no que aconteceu no passado, e isso tudo através de poucas palavras, poucas dinâmicas, mas muito sentimento, o que acaba chamando muita atenção. Da mesma forma Toko Miura dá para si um ar bem fechado, sendo uma jovem motorista sem muita imposição, mas que ao contar o motivo de dirigir tão bem traz uma síntese tão forte no tom da voz de sua Misaki que impacta demais, e depois na cena da casa dela destruída então o ar forte volta a predominar e trazendo o sentimento exato que precisava demonstrar, mostrando ser uma atriz de primeiríssima linha que chama muita atenção e agrada demais. Quanto aos demais daria leves destaques para toda a expressividade no gestual da muda Yoon-a vivida por Park Yu-rim, todo o estilo meio que explosivo, meio que sem rumo de Masaki Okada com seu Takatsuki, e claro pelo estilo mais solto da mulher do protagonista na primeira parte do filme, aonde Reika Kirishima se joga bem com sua Oto.
Visualmente o longa tem muito simbolismo nos atos da peça Tio Vânia de Chekhov, tem muita síntese na casa do protagonista no primeiro ato, e muitos envolvimentos em bares e nos ensaios da peça, mas basicamente todo o longa se passa dentro do Saab 900 Turbo vermelho, aonde a jovem faz o passageiro nem sentir a gravidade com a maciez que dirige (muito bem explicado o motivo disso) e assim quase temos um road-movie pela cidade de Hiroshima, ou seja, a equipe de arte brincou pouco, mas fez bonito com o que precisou entregar.
Enfim, é um longa que como disse não encantará um público muito abrangente, ficando mais próximo do pessoal que curte um festival e que tem muita calma para entrar no clima completo da trama alongada de três horas de projeção, mas que é bem envolvente e interessante do começo ao fim, sendo daqueles que impactam de certa forma com todo o simbolismo, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...