Amazon Prime Video - Meu Filho (My Son)

3/03/2022 01:08:00 AM |

Um estilo muito comum de filmes que anda surgindo é o de desaparecimento de crianças, e por consequência o desespero dos pais para encontrá-los, e assim vemos sempre desenvolturas próprias contadas por versões mais fortes outras mais simbólicas, mas sempre baseando no mesmo formato de florestas, sequestros e tudo mais, então como conseguir ousar e surpreender o público? Com essa ideia em mente o diretor francês Christian Carion resolveu refilmar o seu próprio longa de 2017, "Meu Filho", colocando agora atores britânicos, mas com uma proposta ousada que foi pensada pelo protagonista: a de gravar sabendo apenas o básico que tem um filho, que ele viaja muito e não anda presente na vida do garoto, e que ele sumiu em um acampamento, e a partir daí apenas ficar sabendo as coisas pelo investigador, pelos demais personagens, e sair em uma caça própria sem nada mais, sem roteiro, sem diálogos, sem nada, improvisando a vontade, e surpreendendo o público com suas descobertas como se estivesse realmente buscando seu próprio filho. Ou seja, foi necessária uma cumplicidade gigante entre diretor e ator, e o resultado funcionou demais, pois James McAvoy sabe bem segurar a tensão, e acabou entregando algo bem crível e interessante, que mesmo que já vimos diversos longas do estilo, a formatação soou diferente e desesperadora de tal maneira que tendo apenas 97 minutos ficamos querendo logo que chegue ao final para saber tudo como terminou, sendo perfeito e impactante.

A sinopse nos conta que Edmond Murray é um pai que viaja constantemente a trabalho para fora do país. Em meio a um desses deslocamentos, ele recebe uma ligação de sua ex-esposa informando que seu filho de sete anos está desaparecido, após ir a um acampamento. Logo se torna claro que o menino foi sequestrado e dominado pelo desespero e culpa de ter negligenciado seus deveres como pai, ele fará de tudo para encontrá-lo. 

Em 2015 vi pela primeira vez um filme do diretor Christian Carrion, e lá dei a nota máxima para sua trama "Viva a França!", sendo um dos longas franceses que mais recomendo até hoje, pois ali ele conseguiu ser ousado com um estilo que praticamente já vimos de tantas formas e que sempre reclamamos de entregar algo clichê que é o de guerra, e aqui mesmo não sendo um filme perfeito ele consegue repetir a dose, incorporando situações, desenvolvendo tudo sem um peso, e principalmente deixando que tudo fluísse, afinal como já disse e é até mostrado no trailer abaixo, ele deixou que o protagonista improvisasse tudo, ou seja, como se fosse mesmo o filho de McAvoy e ele fazendo o que achava que deveria, ou que já viu em outros filmes também, e claro fazendo alguns atos estranhos de acontecer. Ou seja, podemos até achar muita coisa absurda de acontecer, alguns vão achar que é apenas marketing para vender o longa, mas é notável os erros por essa escolha, e o diretor se mostrou muito seguro para que o filme rolasse assim, e dessa forma funcionou demais.

E já que estou falando tanto da atuação de James McAvoy, o ator que sabemos bem todo o potencial expressivo por tudo o que já fez, aqui com seu Edmond se joga de uma forma completamente diferente, pois muitos até falariam que ele estaria fazendo o que faria caso um filho seu sumisse, mas não, ele está sim interpretando um personagem, porém da sua maneira, sem um roteiro para seguir, apenas fazendo acontecer como acharia plausível por tudo que já viveu e viu em seus anos de atuação, e isso é algo com um potencial imenso para dar errado, mas que felizmente saiu intenso e muito bem feito, que só não diria perfeito por alguns atos parecerem irreais demais, o que certamente com um roteiro seria eliminado, mas que vale pela experiência completa, e mostra mais uma vez que o ator é incrível. Clare Foy por um outro lado já teve o roteiro para desenvolver, e claro entregar as nuances para que o ator não jogasse tudo para os ares nas cenas com o protagonista, e dessa forma sua Joan até é bem expressiva e chama atenção, porém seus atos corajosos ficaram meio que exagerados e até problemáticos, e isso pesou um pouco, pois ninguém entraria nos lugares que ela foi, e isso acaba sendo um erro justamente de roteiro. Quanto aos demais, os sequestradores foram fraquíssimos demais, nem parece ser uma organização imponente, mais parecendo como os três patetas para que o pai sobressaísse, mas isso é algo que acaba sempre acontecendo e os atores não tiveram culpa, já quanto do investigador vivido por Gary Lewis diria que ficou exageradamente sério e até soou estranho demais algumas atitudes como alguém da polícia, mas precisou fazer assim para que o protagonista pegasse as ideias de uma forma melhor, e assim soou bem, e por fim o atual namorado da ex-esposa do protagonista fez Tom Cullen parecer um idiota meio bobo demais, o que não era a ideia com toda certeza, tanto que participou de uma cena e depois evapora, ou seja, errou feio em cena.

Visualmente o longa foi bem trabalhado entre a casa da protagonista, enfatizando claro o quarto do garotinho aonde o pai passa a noite, um chalé no acampamento, mas sem grandiosos ambientes, apenas servindo para a briga e a explosão dos atos entre os dois homens, uma delegacia simples, porém usada dentro dos conformes, muitas cenas em meio à florestas, um hotel abandonado bem cheio de elementos para serem usados, uma casa no meio do nada também bem representativa e com elementos prontos para servir de arma, e muitos atos dentro de carros, fazendo quase um road-movie pela Escócia, mas com essa simplicidade cênica deixaram para o protagonista se desenvolver bem, e isso funcionou ao menos.

Enfim, é um filme bem interessante pela proposta completa, que causa a tensão pela ótima interpretação dada pelo protagonista em cima de um tema que já vimos várias vezes, e só isso já faz valer a conferida, então entre no clima, se desespere na busca, e sinta toda a intensidade que tentaram nos passar, e claro releve também alguns exageros, que aí o pacote fica completo e acaba valendo mais ainda tudo. E é isso pessoal, fica a dica então para todos, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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