Telecine Play - Você Pertence a Mim (Every Breath You Take)

3/26/2022 10:39:00 PM |

O bacana de filmes de suspense misturados com drama familiar é que tudo pode ser uma grandiosa surpresa, quanto tudo pode virar algo extremamente cansativo se não for bem conduzido pelo diretor. E confesso que o miolo do longa "Você Pertence a Mim", que estreou no Telecine Play (ou na Globoplay já que agora o streaming está dentro da outra plataforma!), foi dificílimo de conseguir passar, sendo enrolado e cansativo demais, mas quando tudo se revela bem o resultado impacta tanto por descobrirmos realmente quem era o vilão, quanto seus anseios, afinal a motivação foi bem imponente e o resultado chamou a atenção e a tensão para os últimos momentos. Ou seja, o longa poderia ter sido melhor desenvolvido para não ficar desesperador somente nos atos finais, mas como bem conhecemos filmes que envolvem psicólogos, psiquiatras e outros dessa linha sempre procuram trabalhar algo a mais do intelecto dos personagens, e assim sendo o resultado ficou um pouco mais denso no miolo, o que daria para cortar um pouco.

A sinopse é bem simples e nos conta que um psiquiatra decide se aproximar do irmão de uma de suas pacientes que se suicidou. No entanto, o estranho começa a se infiltrar em sua vida, tornando a relação perigosa.

Diria que o diretor Vaughn Stein até foi um bom condutor para a trama de estreia de David Murray como roteirista, pois o estilo entregue cria vínculos com os personagens, e mesmo trabalhando algo que é a análise psicológica de uma pessoa, que comumente poderia ficar chata demais de ser assistida, resulta em algo que vai um pouco além no entremeio das relações, ao ponto que o filme sai do eixo tão rapidamente que já passamos a ficar intrigados com tudo logo de cara, mas sempre sem entender muito a motivação do vilão, até chegarmos próximos do fim e ver que essa era toda a ideia do diretor, de ir dando brechas e revirar tudo para um final bem colocado. Ou seja, talvez o filme de uma forma mais dinâmica recairia melhor para algo mais próximo de um suspense mais envolvente, porém o estilo dramático que o diretor quis usar funcionou mais para causar realmente, e assim funcionou bem, mesmo que cansando um pouco a mais.

Sobre as atuações, diria que Sam Claflin me surpreendeu bem com os trejeitos bem malucos que escolheu entregar para seu James, ao ponto que vamos vendo ele dar estilo ao personagem bem aos poucos, sem se mostrar de cara, fazendo o bonzinho no início, passando ares desesperados em alguns atos, mas chegando nos finais completamente insano e intrigante, que acaba sendo marcante demais. Já Casey Affleck fez um psiquiatra meio morno de atitudes com seu Philip, exagerando demais na calma e na condução dos atos, meio desconexo da família e de tudo o que faz, parecendo até estar deprimido, o que acabou meio que tendo uma duplicidade estranha para o papel, mas acredito que tenha sido a forma escolhida pelo diretor, então fez bem. Já das mulheres, tanto India Eisley com sua Judy quanto Michelle Monaghan com sua Grace acabaram fazendo ares apaixonados rápidos demais pelo jovem ator, do tipo que um olhar bastou e já caíram no papo, o que sabemos bem que não acontece, e com o desenrolar então da trama vemos que elas eram mais problemáticas do que tudo, ou seja, faltou desenvolver mais tudo antes de caírem na rede, pois ficou estranho de ver. Quanto aos demais acabaram sendo meio que jogados também no filme, não indo muito além, tendo um leve destaque para Veronica Ferres com sua Vanessa, por ser amiga e diretora da escola aonde o protagonista leciona, mas que desconfiou demais dele, e assim não se mostrou uma amiga propriamente dita de cara.

Visualmente o longa nos mostrou que psiquiatras e corretores de casas são riquíssimos lá nos EUA, pois o tamanho da mansão deles é daquelas de se espantar totalmente, cheio de detalhes em tons de cinza, em uma cidade que chove demais, e com um clima tenso pelo que rolou logo de cara na abertura, mostrando uma família fragilizada, e com isso toda a densidade de tons é bem escura, os personagens só usam roupas monocromáticas, temos uma palestra mais ampla, e todo o desenvolvimento bonitinho numa casa a beira de um lago, mas sem grandes chamarizes, dando claro toda a tensão para os atos no hospital e claro no fechamento dentro da casa.

Enfim, é um filme simples, direto e que até poderia ter indo mais além com tudo, sendo daqueles que conferimos, ficamos um pouco tensos com alguns atos, mas ao final tudo foi básico mesmo, sendo que dá para recomendar, mas não para empolgar, e assim fica a dica para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos ou melhor um texto só, já que temos o Oscar pra animar a noite, então abraços e até logo mais.


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