Netflix - Contra o Gelo (Against The Ice)

3/04/2022 01:10:00 AM |

Sempre adorei o frio, filmes com muito gelo, paisagens brancas para todos os lados e claro tramas que façam nos sentir gelados, afinal moramos num calor infernal e imaginar se aventurar no meio da Groenlândia por um longa tempo é algo que surpreende demais, já que até hoje mata e impacta muitos exploradores, então o que falar no começo dos anos 1900 quando não se sabia quase nada sobre o país, muito menos viajavam com equipamentos suficientes para se explorar perfeitamente os cantos mais gelados possíveis, e o pior sair em busca de algo e sua tripulação ir embora antes de você voltar, imaginando que você já morreu! Imaginou tudo isso, se sim é só dar o play no lançamento da Netflix, "Contra o Gelo", que tem toda uma essência forte e bem conectada, entrega desenvolturas fortes entre os protagonistas, e principalmente se baseando no livro de viagem e memórias reais que o explorador Ejnar Mikkelsen vivenciou acaba impactando na medida certa com tensões e loucuras vividas durante os quase 900 dias que passaram na Groenlândia, ou seja, é daqueles longas que tudo é representativo e forte, mas que enrola um pouco para passar tudo, e poderia ser mais dinâmico para impressionar mais.

O longa nos conta que no ano de 1909, a Expedição Alabama da Dinamarca, liderada pelo capitão Ejnar Mikkelsen, estava tentando refutar a reivindicação dos Estados Unidos ao nordeste da Groenlândia, uma reivindicação que estava enraizada na ideia de que a Groenlândia foi dividida em dois pedaços diferentes de terra. Deixando sua tripulação para trás com o navio, Mikkelsen atravessa o gelo com o inexperiente membro da tripulação, Iver Iversen. Os dois homens conseguem encontrar a prova de que a Groenlândia é uma ilha, mas o retorno ao navio leva mais tempo e é muito mais difícil do que o esperado. Lutando contra a fome extrema, fadiga e um ataque de urso polar, eles finalmente chegam para encontrar seu navio esmagado no gelo e o acampamento abandonado.

Diria que o diretor Peter Flinth até tentou trabalhar sua trama com uma síntese própria, mas facilmente é notável que o ator Nikolaj Coster-Waldau quis aparecer mais, afinal aqui é seu segundo filme que escreve, agora baseando em cima de um livro que ficou apaixonado pela história, e quis trabalhar ele na tela, ou seja, temos sínteses demais acontecendo e o resultado acabou ficando alongado demais em diversos atos que poderiam ser mais concisos, e assim temos cenas fortes e bem colocadas, mas também outras tão desnecessárias apenas por serem bonitas para mostrar o personagem que acabam mais cansando do que fluindo. Ou seja, é daqueles trabalhos que vemos acertos e erros impactando tanto para envolver o público como para fazer com que muitos fujam durante a exibição do longa, e dessa forma vai depender mais do estilo que quem for conferir gosta de ver para se prender, pois se olharmos bem a fundo a trama é simples, direta, e mostra a famosa sina da sobrevivência, aonde tudo pode acontecer, e que facilmente pode ser reduzido a poucos momentos com uma produção de baixo orçamento.

Sobre as atuações, o que posso falar de cara é que ambos os protagonistas se doaram bastante nas expressividades, com Nikolaj Coster-Waldau entoando bem mais atos sérios com seu Mikkelsen, desenvolvendo uma loucura bem trabalhada e intensa, e que acaba chamando bem a atenção, mas talvez alguns atos mais explosivos como ocorrem próximos ao fim daria um tom mais imponente para ele. Joe Cole deu um ar mais leve para a produção com seu Iver Iversen, parecendo que o jovem mecânico realmente estava disposto a tudo, curtindo demais, e se envolvendo em tudo, e mesmo passando o maior perrengue estava sempre com um pouco de sorriso no rosto, só desanimando nos atos que precisou dar fim nos cachorros, e isso pareceu um pouco forçado demais na trama, que talvez tenha sido exagerado no roteiro mesmo, afinal o livro é a visão de Mikkelsen, mas foi bem de modo geral. Quanto aos demais, a maioria apareceu bem pouco, tendo um leve destaque para as aparições de Heida Reed com sua Naja bem marcante, Gísli Örn Garðarsson fazendo semblantes bem sérios com seu Jörgensen (aliás a cena cortando seus dedos fora logo no começo já embrulha o estômago!), e claro como todo bom político Árni Lárusson fez o ministro com as velhas falas de que não vai dar mais dinheiro o tempo todo, e no fim vem com não medimos esforços, ou seja, engraçado demais.

Visualmente o longa é bem bonito, branco do começo ao fim, mostrando muitos obstáculos na neve, cachorros de neve (já adianto que todos irão morrer para quem não gostar de ver isso já fugir!), ursos, cabanas improvisadas, montanhas, trenós, figurino pesado de frio, e tudo mais que o gênero pede, sendo simbólico e bem representativo para mostrar a precariedade nas expedições antigas, ou seja, a equipe de arte deve ter tido muito trabalho para filmar na neve, mas funcionou muito bem todo o visual mostrado.

Enfim, é um filme bem interessante, tenso e bem trabalhado, mas que sendo baseado em algo real acabou forçando um pouco a barra em vários momentos, ou seja, poderiam ter amenizado alguns atos e condensado mais a trama, pois ficaria mais tenso e funcionaria melhor, mas vale a proposta e a conferida como um passatempo, e assim sendo fica a dica. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...