Caracas

11/17/2024 06:02:00 PM |

Tem alguns estilos de filmes que tem de estar com muita disposição para conferir, pois ao misturar tempos na tela, junto com obras literárias sendo escritas e desenvolvidas, o resultado acaba ficando tão confuso que até quem está prestando muita atenção acaba se perdendo. E o longa que escolhi dar play hoje do Festival de Cinema Italiano no Brasil, "Caracas", tem bem essa pegada de misturar um romance sendo escrito com o autor acompanhando o desenvolvimento dos personagens como um amigo próximo, em algo meio conflituoso, porém belo de se envolver, aonde conhecemos uma Nápoles antiga aonde quase não se via negros e islâmicos, com um crescimento fora do normal e toda a vivência do personagem com a forma de vida escolhida e suas mudanças. Ou seja, é um filme meio que duplo, que facilmente é possível se perder, mas que tem uma certa segurança de estilo, aonde a trama flui bem, que agrada ao mesmo tempo que bagunça a cabeça de quem está assistindo.

O longa nos conta que Giordano Fonte é um escritor napolitano que vagueia por uma Nápoles que envolve e aterroriza, mas ao mesmo tempo fascina, uma cidade que ele não reconhece mais após muitos anos. Acompanhado por Caracas, um homem da extrema direita prestes a se converter ao Islamismo, ambos buscam uma verdade existencial que parece inalcançável. Giordano narra o amor impossível entre Caracas e Yasmina, enquanto atravessam uma cidade onde todos lutam para não se perder e encontrar salvação. No meio do caos, tanto Caracas quanto Giordano sonham em despertar de um pesadelo para um dia cheio de luz. 

Baseado no romance "Napoli Ferrovia" de Ermanno Rea, este é o segundo filme do ator Marco D'Amore como diretor, e ele ainda não encontrou bem um estilo próprio que pudesse ser chamado propriamente de seu, pois a trama aqui até tinha um certo potencial reflexivo e de envolvimento com o tema, porém ele acabou misturando tudo demais na tela, em algo que acaba sendo conflituoso demais, e até confuso demais, aonde o público e ele entram numa ode bagunçada que se perder no miolo e só se encontra aos poucos no final. Claro que dá para entender o que queria passar, mas a mistura é grande demais para valer todas a duração da trama.

Quanto das atuações, diria Toni Servillo soube entregar para seu Giordano Fonte uma pegada meio que introspectiva de redenção e de conhecimento pelo ambiente que é a cidade e suas mudanças, que até vemos um carinho marcante, porém ele em alguns atos parece meio bêbado e sem rumo, o que é um pouco estranho demais para a pegada da trama. O diretor Marco D'Amore agora visto pelo lado da atuação, fez seu Caracas meio que diferente de ambientação de modo que inicialmente parece uma pessoa, e conforme o filme vai fluindo muda de personalidade e até de visual, em algo que nao compromete a trama, mas que são estranhos de acompanhar. Ainda tivemos alguns atos com Lina Camelia Lumbroso com sua Yasmina bem entregue, ora como uma moça mais fechada, ora como uma drogada mais maluca, mas que se joga bem nos personagens e acaba agradando.

Visualmente o longa mostra Nápoles por diversos ângulos e épocas, trabalhando todo o mundo da revolta, da noite, dos jovens sem rumo provenientes dos orfanatos, alguns momentos de extrema direita ufanista, e também um pouco do islã, mas sem entrar em detalhes de nenhum dos frontes, meio como algo literário mesmo para o público ir montando a ideia.

Enfim, é um filme interessante de proposta, mas que não vai muito além em nenhuma das facetas que desejava mostrar, meio que bagunçando tudo para rumos falsos e íntegros, que não agrada nem desagrada, e que cada um deverá tirar suas próprias conclusões. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou agora para o Varilux, então volto mais tarde com outro texto, fiquem com meus abraços e até logo mais.


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Pássaro Branco – Uma História de Extraordinário (White Bird)

11/17/2024 02:49:00 AM |

Confesso que descobri bem a pouco tempo que existia um segundo livro de "Extraordinário", tanto que quando me perguntaram se haveria continuação do filme fiquei pensando por uns minutos para responder, sem saber nem que rumos tomar a não ser uma pesquisa, e eis que além de descobrir a existência do livro, descobri que já estava quase para lançar o longa, mas vários adiamentos apareceram, o que costuma ser um grande problema em filmes que se baseiam em livros, e eis que só agora chegou "Pássaro Branco - Uma História de Extraordinário", que ainda mostra bem o ato de reflexão em ajudar o próximo, ter uma amplitude maior com relação aos que nos ajudam e principalmente o ato de simpatizar com uma causa, que no caso aqui temos o caso dos judeus que foram ajudados por alguns franceses, escondendo eles em suas casas, e na história ainda um jovem com pólio que era rejeitado pela garotinha e seus amigos, que acabou salvando ela, mudando seu jeito de ver o rapaz. Ou seja, é um filme que tem uma pegada meio que introspectiva, mas que ainda assim trabalha uma aventura lúdica pelo imaginário criado tanto ao contar a história quanto ao viver num ambiente fechado por tanto tempo, que talvez com um ritmo um pouco mais acelerado, ou então um pouco mais de cortes, ficaria perfeito, mas que talvez tiraria o ar romantizado que foi idealizado.

O longa nos conta que logo após os acontecimentos em Extraordinário, o valentão Julian Albans, que fazia bullying com Auggie, deixou a escola Beecher Prep de uma vez por todas. Agora, começando em uma escola nova, o menino recebe a visita de sua avó Sara Albans. De volta de Paris, a senhora conta uma história que vai mudar a vida do garoto. Em plena Segunda Guerra Mundial, a avó conta sua história de quando era menina, da mesma idade que seu neto tem agora. Ela, judia, conta a história de suas dificuldades em uma França ocupada pelo nazismo e como sobreviveu ao holocausto quando um aluno que não conhecia direito arriscou tudo para dar a ela e seus pais a chance de sobreviver da guerra e dos guardas da SS. A notável história de compaixão e coragem contada por sua avó o transformará.

O diretor Marc Forster foi responsável pelo filme que elegi como um dos melhores da minha vida no ano passado ("O Pior Vizinho do Mundo"), e isso já lhe dá uma credencial extra para que eu vá ver seus próximos filmes esperando muito dele, e aqui ele trabalhou com uma precisão um pouco seca demais o roteiro de  Mark Bomback baseado no livro de R.J. Palacio, pois diferente do que aconteceu no longa anterior que o garotinho tinha um carisma monstruoso para emocionar e envolver a todos, aqui os personagens até tentam ter carisma, mas não conseguem envolver com muita facilidade, e assim sendo o filme ficou um pouco inseguro no miolo. Claro que dava para talvez o diretor reduzir a quantidade de cenas dos jovens, mas isso diminuiria ainda mais o envolvimento da trama, então esse estilo um pouco alongado vai agradar mais quem não for assistir cansado, pois embora não tenha sentido o cansaço cênico, o resultado final tem alguns buracos que te puxam para isso. Ou seja, é um trabalho de direção honesto, mas bem longe dos outros filmes do diretor, que talvez tenha caído de paraquedas em uma produção não tão bem desenvolvida.

Como disse, faltou um pouco de carisma para que os personagens impactassem mais na tela, de modo que Ariella Glaser fez de sua Sara Blum uma jovem que demora demais para cair a ficha do caos que está vivendo, parecendo estar mais nas nuvens do que escondida dos nazistas, claro que essa alegoria mística veio do roteiro, mas talvez um pouco mais de desespero no olhar como fez nos atos que foge do outro garoto e também no começo quando foge do soldado, a colocaria com mais sentido para o público. Já o jovem Orlando Schwerdt trabalhou bem seu Julien Beaumier, porém sua simpatia foi gostosa e afetuosa de uma maneira que não deu tanto impacto quanto poderia, ao ponto que ficamos sempre esperando um algo a mais dele que não ocorre, parecendo uma falta de atitude mesmo do personagem, mas seus atos junto da garota transpareceram bem a paixão dele, e isso acabou agradando. Ainda tivemos bons atos com Gillian Anderson como Vivienne Beaumier e claro mesmo sendo irritante a postura dele Jordan Cramond trabalhou seu Jerome com atitude e uma boa entrega, ao ponto que chama atenção. Agora Helen Mirren como Sara velha e Bryce Gheisar com seu Julian Albans foram apenas para dar a conexão com o filme anterior, não importando tanto seus trejeitos na trama. 

No conceito visual a trama brincou com as passagens temporais das estações usando alguns efeitos meio que forçados demais, dando uma certa artificialidade para o ambiente, mais parecendo tudo computacional sem nenhuma filmagem em ambientes reais, mas tivemos uma escola bem rústica e colocada no meio do nada, uma vila bem invadida pelos nazistas e a casa isolada do garotinho com o celeiro aonde a jovem viveu mais que um ano escondida, tendo um carro velho abandonado usado para os passeios da mente dos dois, em uma projeção bem bacana nas paredes do ambiente, claro que tivemos muitos elementos cênicos importantes como o pássaro, o caderno de desenho da jovem e as armas características da SS, ou seja, um trabalho cênico funcional para um resultado funcional.

Enfim, o longa talvez poderia ter ido mais além, ter desenvolvido mais rapidamente a paixão dos jovens, e criado um ambiente emocional maior para que o carisma acabasse sendo desenvolvido de um modo mais fácil, mas optaram por uma encenação mais contida para ser meio como a senhora contando tudo em detalhes para o neto, e assim pecaram em alguns pontos. Claro que não estou falando que não gostei do que vi, muito pelo contrário, pois achei bem gostoso de acompanhar, mas é um estilo que para mim funcionou, já para muitos poderá ser que se alongue demais na tela, o que não é bacana de ver. Então fica a dica para conferirem sem esperar nada do longa, muito menos uma conexão maior com o primeiro filme, pois a chance de se decepcionar é alta se esperar algo a mais do que um filme simples da época da caça aos judeus. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Três Amigas (Trois Amies) (Three Friends)

11/16/2024 09:26:00 PM |

Costumo dizer que gosto mais dos dramas cômicos franceses do que das comédias dramáticas deles, pois acabam enrolando tanto com conflitos e desencontros que mais irrita do que agrada, e hoje o longa do Festival Varilux de Cinema Francês, "Três Amigas" ficaram bagunçando tanto entre as mulheres e os homens da trama que seria mais fácil todos confessarem ter interesse nos parceiros dos outros e rolar uma festa conjunta logo de cara, pois é uma troca de chifres tão grandiosa que acaba sendo até chato, e o pior é que ninguém desconfia de ninguém, ou seja, o caos reinando no meio da alegoria!

A sinopse nos conta que Joan não está mais apaixonada por Victor e sofre por se sentir desonesta com ele. Alice, sua melhor amiga, a tranquiliza: ela mesma não sente paixão por Eric, mas o relacionamento deles está indo maravilhosamente bem! Ela não sabe que ele está tendo um caso com Rebecca, sua amiga em comum. Quando Joan finalmente decide deixar Victor e que ele desaparece, a vida das três amigas e suas histórias viram de cabeça para baixo.

Diria que o diretor e roteirista Emmanuel Mouret até trabalhou bem, mas é o famoso filme de traições e confissões que facilmente seria melhor ter virado uma minissérie ou alguma esquete de vários capítulos, do que propriamente um filme, pois ao mesmo tempo que vemos na tela o lado bonito só começo e do fim de amores, também vemos a síntese de algo falso que entre amigas, e isso não funciona bem na vida, muito menos na tela, de tal forma que não engrena aonde o diretor precisava mostrar. Talvez se focasse só na Joan e no fantasma do marido o longa iria mais além, mas com todos os conflitos não funcionou.

Quanto das atuações, India Hair fez a famosa mulher confusa do que deseja na vida, não se entregando para o amor nem fugindo dele, de modo que sua Joan acaba sendo meio apática demais para sentirmos alguma pena dela, mas se o outro rapaz tivesse se matado também, seria incrível para o roteiro. Camille Cottin fez sua Alice de um modo solto demais, sem muitas desenvolturas expressivas e até se perdendo no interesse da trama, de forma que não convence na paixão nem com o marido, muito menos com o caso de final de semana, de modo que até optaram por não mostrar eles juntos, ou seja, falhou nesse sentido. Sara Forestier tinha tudo para que sua Rebecca fosse a quebra cênica do longa, mas não se entrega para a personagem, apenas parecendo a famosa fura-olho das amigas. Damien Bonnard trabalhou também de um modo bem apático, tanto que seu Thomas acabou dando match com a Joan, e seria um belo casal morno. Grégoire Ludig até teve algumas boas sacadas com seu Eric, mas como não é o protagonista principal do longa acabou ficando em segundo plano demais. Agora quem dava para ter mais sacadas cômicas e agradaria bastante pelo pouco que fez nos seus atos foi Vincent Macaigne com seu Victor, de modo que como fantasma e narrador chamou muito mais atenção do que os que continuaram vivos.

Visualmente a trama se passa em Lyon, tendo bons apartamentos, casas de campo, e até uma escola bem colocadas aonde as mulheres trabalham, tendo alguns atos com pinturas aonde outros personagens vivem, e tudo bem alocado para apenas representar os devidos momentos, mas sem grandes anseios expressivos, já que os diálogos falaram bem mais do o visual na tela.

Enfim, é um longa simples que até poderia ter ido mais além, mas que focou pouco na estrutura e assim o resultado acaba não impressionando como foi entregue. E é isso meus amigos, vou para mais uma sessão hoje para ver se salva o dia, pois diferente de ontem que só tive bons filmes, hoje todos estão bem medianos. Então deixo vocês com meus abraços e volto logo mais com outros textos.


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Jornada Sem Fim (三大队) (San da dui) (Endless Journey)

11/16/2024 05:58:00 PM |

Costumo dizer que ver filmes de outras culturas, mesmo sendo bases comuns como uma trama policial, acaba sendo tão diferente que nos leva a pensar como cada um age, e isso que é bem bacana no mundo cinematográfico, ao ponto de nem precisarmos viajar para outro país para curtir algo do estilo. E qual o motivo de começar dessa forma o texto de "Jornada Sem Fim"? Simples, pois como já vi outros longas do país, a sina de busca por encerrar um caso acaba sendo a meta de um policial, mesmo que faça isso a vida inteira, que seja preso e tudo mais, e aqui sendo baseado em uma história real, o foco acaba fluindo como uma árdua rotina de persistência. Ou seja, ao conferir um simples longa policial, baseado em uma história real, você conseguirá ver um pouco dessa cultura, e mesmo sendo um pouco alongado demais, é um bom exemplar para entrar na 9ª Mostra Online de Cinema Chinês, de graça para todos!

A sinopse é bem simples e nos mostra a história de um ex-policial busca justiça por um erro trágico, enquanto enfrenta dilemas morais e a luta para fazer o que é certo.

Diria que o diretor Mo Dai quis segurar demais sua trama, para mostrar a persistência e o envolvimento do protagonista, pois seu filme chega a mostrar que mesmo nos anos que o policial ficou preso, ele só pensava nisso, perdendo a família por sua perseguição, e principalmente desejar por um final, ao ponto que os amigos combatentes até conseguiram ir ao máximo junto dele, mas foram vendo pelo caminho que não valia mais entrar na determinação do chefe, e o diretor acabou exagerando nessa amarração tanto quanto o ex-policial, o que acabou ficando um pouco forçado demais. Claro que a pegada poderia ser alongada, mas para isso precisaria ter melhorado um pouco o ritmo para ir mais além.

Quanto das atuações, Yi Zhang conseguiu passar um ar sereno como chefe de polícia Cheng Bing, que mesmo sendo acusado e preso pela morte do suspeito, trabalhou sempre determinado e com olhares bem tranquilos, o que é meio estranho de ver, afinal com uma vingança meio que em segundo plano, geralmente veríamos uma pegada mais explosiva. O mais engraçado é que mesmo sendo uma equipe grande de personagens, todos os demais personagens não deram nuances para valer um destaque, parecendo ser apenas a história do chefe contra um suspeito fantasma, aonde vemos cada um fazendo suas determinações na busca, mas não dando tanta fluidez para destacar, ou seja, faltou presença para que os demais criassem o ambiente e desse o tom também.

Visualmente a trama tem uma entrega bem clássica do estilo, com uma delegacia simples, batidas em apartamentos e casas em bairros periféricos, muitas parada para comer em lanchonetes de ruas, e alguns atos em um cemitério, além claro do começo como todo filme criminal com um corpo ao chão e todas as análises forenses, ou seja, o básico bem feitinho.

Enfim, está longe de ser uma obra perfeita do estilo, mas que funciona e faz valer a conferida como algo mais cultural do que como um filme do gênero mesmo, então fica a dica de play. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto logo mais com outras dicas, então abraços e até logo mais.


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Herege (Heretic)

11/16/2024 03:02:00 AM |

Tem alguns filmes que vejo o trailer no cinema e fico com muita vontade de conferir logo, pois deixa aquele gostinho de não entregar o que é realmente, e um que fez isso comigo nas últimas semanas foi "Herege", que infelizmente a Diamond não manda cabines fora das capitais, então o jeito foi esperar até a data da estreia, ou no caso da pré-estreia antecipada nos cinemas como foi o caso, e meus amigos, era exatamente o tipo de filme que eu desejava ver na tela, pois não chega a ser um terror de deixar o público tenso, mas em compensação os personagens, saem de cena até suados com a discussão acalorada sobre religião que o protagonista propõe. Aí vão vir os mais carolas falar que o longa tá falando mal de tal religião, e blá blá blá, e já lhe respondo que não foi essa a intenção dos diretores, mas sim propor algo que já falei muito quando fiz meu TCC que foi um documentário sobre o tema, que quem quiser ver, tem aqui no site mesmo, que é o fator de crença como o longa trabalha ou fé como prefiro falar, e a conclusão do longa, embora aí sim parta para o terror mesmo, é que só existe uma religião com a mesma base, e aí é que o caos reina, pois para a protagonista também chegar nessa conclusão vemos na tela praticamente uma aula monstruosa de teologia com um Hugh Grant inspiradíssimo. Ou seja, independente da sua religião, ou se você não curte tramas de terror, dê a chance para o longa, pois não vai fazer você ficar sem dormir, não vai passar mal, nem vai pular com sustos repentinos, mas lhe garanto que você sairá da sessão ao menos pensando em tudo o que verá, e aí é que está o maior terror de todos.

A sinopse nos conta que Paxton e Barnes são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed, um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.

Diria que novamente os diretores e roteiristas Scott Beck e Bryan Wood ("65 - Ameaça Pré-Histórica") me surpreenderam, pois fui conferir o longa esperando ver algo mais macabro, mais cheio de cenas fortes, e não esperando uma aula de teologia diferenciada, aonde duas moças sofreram para confrontar alguém que estudou muito mais do que elas sobre várias religiões e não só uma. E dessa forma, os diretores souberam ser bem ousados na proposta, discutindo um tema que facilmente os fariam ser queimados em praça pública alguns anos atrás (se não acontecer hoje também com a forma que o mundo está!), mas que não omitiram de forma alguma sua opinião na tela, e foram precisos com tudo, tendo claro um final simbólico, mas que quem prestou atenção em tudo o que é falado durante o filme vai entender direto, e assim sendo a trama ficou perfeitamente bem dirigida, só talvez dava para reduzir um pouco mais o começo da trama, mas não é algo que atrapalha.

Quanto das atuações, dei uma fuçada no perfil de Hugh Grant, e acredito que esse foi seu primeiro filme de terror/suspense, e isso é um ponto que me deixou também muito intrigado quando vi o trailer, afinal estamos acostumados com ele fazendo personagens cômicos, ou mais descontraídos dentro de uma produção, e aqui seu Sr. Reed até tem trejeitos simpáticos, e uma desenvoltura mais aberta, mas os testes que propõe com as garotas e tudo o que faz ali é algo bem mais denso e psicótico, e ele conseguiu convencer muito bem dentro da proposta do personagem, ou seja, foi uma escolha ousada dos diretores, mas que acabou acertando bastante na tela. Já as duas jovens Sophie Thatcher com sua irmã Barnes e Chloe East com sua irmã Paxton, cada uma segurou muito bem os trejeitos de todos os tipos expressivos, passando de uma euforia envolvente no começo achando que iriam converter o senhorzinho tão rapidamente quanto falavam sobre métodos contraceptivos e filmes pornô no começo do filme, depois mudando para uma confusão espiritual sem conseguir entender o que estava acontecendo ali, para depois entrar o medo e o desespero da morte iminente, além claro de Chloe East ainda ter mais algumas dinâmicas com um ar investigativo bem preciso, ou seja, foram bem no que tinham de entregar. 

Visualmente a equipe de arte montou uma casa labirinto de primeiro nível, com muitos ambientes que foram pouco explorados pelo que é mostrado na maquete, mas cheio de situações bem encaixadas, elementos cênicos religiosos misturados com música e jogos, muitos livros, velas, luzes e um porão meio que misturado com um silo, de modo que tudo aparentou ser apenas simples elos, mas tiveram muito mais presença nos detalhes que acabam valendo se permitir analisar e entrar no clima que a equipe montou.

Enfim, é mais um tremendo filmaço de terror/suspense nesse ano, que surpreendeu bastante pela ideia e pela execução, não sendo algo simplesmente jogado na tela, aonde muitos irão refletir e outros apenas acharão tudo estranho, mas a essência predomina e vão futuramente pensar em tudo o que viram e quem sabe chegarão a conclusões maiores. E é isso meus amigos, que feriado foi esse de três ótimos filmes, que nem lembro quando aconteceu isso comigo, então deixo a dica para todos irem conferir nos cinemas, lembrando que ele estreia oficialmente no dia 21/11, de forma que nessa semana está apenas com poucos horários já que é pré-estreia. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com muitos outros textos, então abraços e até breve.


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Gladiador II (Gladiator II)

11/15/2024 09:52:00 PM |

Confesso que estava com muito medo do que veria hoje na sessão de "Gladiador II", pois o primeiro é um clássico gigantesco e o diretor andava falhando um pouco com as últimas entregas dele em tramas épicas, porém com menos de 10 minutos ele já nos situa do que iremos encontrar em seu novo filme, e mesmo segurando muito para algumas situações saírem do controle e colocar tudo para explodir, quando a trama engrena o que acabamos vendo na tela é um verdadeiro banho de sangue e conspirações imponentes, aonde o diretor cumpre com uma produção de primeiríssima linha, e os atores com a entrega máxima que poderiam para que seus personagens fossem marcantes como o protagonista do original ficou marcado. Ou seja, é daqueles filmes que você vai esperando muito com medo de receber pouco, e sai da sessão feliz com todo o impacto bem encaixado dos atos finais que irão lhe prometer mais!

A sinopse nos conta que anos após testemunhar a morte do herói Maximus pelas mãos de seu tio,  Lucius enfrenta um novo desafio: forçado a entrar no Coliseu, ele deve lutar pela sobrevivência e pela honra de Roma. Depois de ter sua casa tomada pelos imperadores tirânicos que governam Roma com punho de ferro, Lucius precisa reencontrar a força e a coragem que o inspiraram na juventude. Admirador da jornada de Maximus, Lucius busca seguir seus passos para restaurar a glória perdida de Roma. Sendo uma sequência direta do aclamado filme de 2000, agora, Lucius luta não apenas pela sua vida, mas pelo futuro do império. Com o coração cheio de raiva e o destino de Roma em jogo, ele revisita seu passado em busca da força necessária para devolver ao povo a honra que um dia foi perdida.

Sei que a minha opinião crítica não vai bater com a de muitos amigos, afinal como já pontuei outras vezes, sou bem mais afim de uma grandiosa produção incrivelmente cativante do que apenas uma trama com diálogos e roteiros bem encaixados, então o que posso dizer do trabalho do diretor Ridley Scott é que ele me satisfez bem tanto no quesito épico monumental de produção, quanto com uma História bem entregue e possível de ter ocorrido na Roma antiga, aonde os embates eram bem resolvidos em batalhas, mas também rolavam muitas arquitetações nos bastidores políticos, e usando de uma forma marcante o roteiro de David Scarpa, o diretor deu voz aos seus personagens, conectou o original, e ainda deu perspectivas para uma possível continuação, não errando a mão como vem fazendo em seus últimos longas. Ou seja, é o famoso longa que mesmo que você não chegue no clima para ver, acaba se envolvendo e torcendo para que tudo ocorra e não acabe, pois queremos mais, e ocorrerá!

Quanto das atuações, sabia que o ator Paul Mescal era bom com tramas mais densas e mais fechadas, mas ainda não tinha ideia como se sairia com um personagem imponente tanto de personalidade quanto de ação, e o que ele fez com seu Lucius foi algo para que seu nome fique marcado da mesma forma que Crowe fez com Maximus, sabendo aonde se impor da melhor maneira para a câmera, pegando conexões e envolvimentos com todos os personagens ao seu redor, e principalmente não deixando que outros personagens passassem por cima de seu protagonismo, ou seja, foi o famoso herói que entrega o que precisa e agrada. Fazia tempo que em longas de ação não víamos um coadjuvante imponente ao ponto de ter muitas cenas próprias e as desenvolver com o primor necessário, e aqui Denzel Washington se colocou com um porte e com uma astúcia tão bem entregue que não é difícil aparecer nas listas de premiações, e como um tremendo ator que é, ele foi ousado de estilo e de personalidade ao ponto de vibrarmos com sua cena final. Outro que foi muito bem, mesmo não tendo tantas cenas para se impor foi Pedro Pascal com seu Marcus Acacius, de modo que trabalhou um general imponente e amado pelos cidadãos, mostrando um carisma suficiente para isso, mas nos momentos de maiores diálogos acabou ficando simples demais. Agora quem foi muito bem no quesito loucura foram Joseph Quinn com seu Imperador Geta e Fred Hechinger com seu Imperador Caracalla, de modo que soaram insanos, assustadores e cheios de personalidade em um ponto tão fora de si que lembrou bem muitos imperadores romanos reais. Ainda tivemos Connie Nielsen bem colocadas com sua Lucilla, mas sem ir muito além da conexão dos personagens dos dois longas, e uma última citação para Tim McInnernycom seu Thraex bem solto na tela; agora quem caiu muito bem na entrega foi Alexander Karim com seu Ravi presente e bem simbólico na trama como alguém livre que optou em ficar em Roma.

Visualmente a produção é gigantesca, com ambientes imponentes, um Coliseu lotado de figurantes, batalhas com macacos, rinoceronte, e até transformando a arena em um lago repleto de tubarões, aonde os pequenos cortes viravam um mar de sangue sendo devorados, ainda tivemos grandes atos dentro dos palacios, com festas regadas a ópio, comidas e muito vinho, um Senato liderado por um macaco e um louco, e ainda começando de cara por uma batalha de dominação recheada de bombas, flechas e tudo mais, ou seja, o pacote épico feito com muito sucesso, que ainda é fechado com vários cavaleiros prontos para uma sucessão marcante e bem liderada.

Um ponto que ficou bacana, mas senti a falta do estilo original forte foi a trilha sonora, que não teve tanta imposição como no longa antigo, mas isso não fez o longa perder o brilho, então o resultado ainda funcionou na tela, principalmente nos atos de fechamento.

Enfim, volto a dizer que essa está sendo uma opinião sincera de quem ama produções gigantescas que funcionem bem na tela junto da história, pois conhecendo muitos críticos que só analisam a história e os diálogos, acabarão reclamando de muita coisa e nem entrarão no clima que o filme pede, e sendo assim a recomendação que dou é para irem dispostos a uma entrega de presença imponente, que certamente irá sair bem feliz com tudo o que verá na telona, e claro a dica máxima é de conferir na maior tela possível da sua cidade, pois as batalhas merecem serem vistas dessa forma. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda vou conferir uma pré estréia hoje, então volto mais tarde com outro texto, fiquem por enquanto com meus abraços e até já.

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Tesouro (Treasure)

11/15/2024 05:20:00 PM |

Existem filmes que conseguem falar muito mais do que apenas o que está estampado na tela, aonde vamos trabalhando o conceito pelas reações dos personagens e também dos símbolos bem dispostos no conteúdo da história, e o longa "Tesouro", que estreia no próximo dia 21/11 nos cinemas, consegue trabalhar muito bem a essência de visitar um lugar aonde certamente muitos nem gostariam de passar na frente, mas que muitas vezes se veem necessários para passar à História para seus descendentes, de tal forma que a protagonista, que é jornalista e deseja saber mais sobre a vida dos pais que sobreviveram a Auschwitz, acaba viajando com seu pai para buscar conhecer essa memória, porém muito do que acontece na viagem acaba tendo fluxos mais marcantes e emocionais que vão muito além do que apenas uma viagem comum. Claro que o longa tem uma certa imposição presencial na tela, e também alguns atos enrolados, mas a necessidade toma a tela e consegue emocionar principalmente nos atos finais, fazendo valer demais a conferida.

O longa narra a história da jornalista Ruth em uma viagem para a Polônia acompanhada de seu pai Edek. Sobrevivente do Holocasuto, Edek tomou uma decisão muitos anos atrás de deixar seu país de origem, esquecer seu passado e seguir em frente, não desejando confrontar o que passou. Bem-humorado, charmoso e extrovertido, ele aceita acompanhar Ruth nessa jornada inicialmente apenas para vigiá-la, fazendo então seu próprio roteiro divertido. Quando, entretanto, os dois vão visitar o antigo lar da família, o clima pesa e Edek passa a sabotar os planos da filha, que deseja conhecer os lugares onde ele viveu e cresceu antes do Holocausto. Entre conflitos geracionais e situações cômicas, pai e filha se conectam pela primeira vez, descobrindo histórias emocionantes e enfrentando um trauma familiar através do humor e da sensibilidade.

Diria que a diretora e roteirista Julia von Heinz soube segurar bem toda a tensão que o longa poderia ter, criando elementos mais "leves" dentro da temática de forma que tudo acaba tendo presença e desenvoltura, ao ponto que cada lugar visitado, cada briga entre o pai que tenta fugir dos momentos mais tensos, com a filha curiosa que quer levar mais do que apenas memórias da viagem, acabam mostrando o quanto de pesquisa essencial ela conseguiu fazer para que cada elo se impusesse na tela de uma maneira gostosa, mas que acerta o peito conforme vamos acompanhando tudo. Ou seja, sentimos na tela cada momento que certamente a diretora vivenciou para passar na tela, e assim mostrando critérios e sentimentos sem ficar corrido, nem se perder em emoções, deixando apenas para o finalzinho o ponto de choro de forma bem funcional.

Quanto das atuações, a escolha da protagonista Lena Dunham com sua Ruth foi muito bem acertada, pois ela conseguiu passar o sentimento de uma pessoa que não está como turista no país, mas sim alguém disposto a entregar e conhecer seu passado, de modo que teve atos compulsivos, atos emocionais e até elos de explosões, passando tudo no olhar, na expressão cênica e no envolvimento que tanto a artista quanto a diretora desejava passar, sendo um belo trabalho de essência e expressão visual que agrada bastante do começo ao fim. Da mesma forma Stephen Fry trabalhou seu Edek com muita imposição, tentando não passar o temor que estava sentindo durante todos os atos mais densos, trabalhando um pai mais bonachão e descolado com a filha, mas por dentro se segurando fronte a tudo o que rola, para explodir nos atos certos que marcaram bem o filme. Quanto aos demais, a maioria apenas passou conexões para os protagonistas, mas ainda assim vale destacar o taxista que praticamente virou da família que Zbigniew Zamachowski fez muito bem com seu Stefan, as duas senhoras intérpretes que acabaram grudando nos personagens vividas por Iwona Bielska e Maria Mamona, mas sem dúvida quem teve um pouco mais de presença foi Wenanty Nosul com seu Antoni Ulicz, invasor do apartamento antigo da família, e Tomasz Wlosok como o jovem funcionário do hotel que acaba sendo intérprete da garota com seu Tadeusz bem colocado no papel.

Visualmente a trama mostra uma Polônia ainda destruída nos anos 90, que é quando se passa o longa, vemos hotéis e pessoas que fazem tudo por dólares americanos, em determinado momento até a protagonista se sente dormindo suja e com piolhos pelo que fala no livro que está lendo, e claro vemos o "museu" do Holocausto com os galpões na maioria no chão com apenas restos de muros, mas que passam bem a sensação de tristeza. Ou seja, um road-movie não tão movimentado, mas bem simbólico com os elementos, principalmente no antigo apartamento que veem louças e roupas que eram da família do pai da protagonista, e também vários hotéis que passam bem o símbolo da antiga Polônia.

Enfim, é um longa de temática bem pesada, mas que acaba fluindo de maneira fácil, gostosa e interessante na tela, valendo muito a conferida nos cinemas logo que estrear no dia 21/11, e que certamente nos atos finais a emoção irá verter com tudo o que é apresentado, pois seguraram tudo até o último ato, e lá o peso cai. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da Califórnia Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine desse excelente filme, e volto mais tarde com outros textos, então abraços e até logo mais.

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O Sucessor (Le Successeur) (The Successor)

11/15/2024 02:20:00 AM |

Já estou quase chegando nos meus últimos filmes do Festival Varilux e achava que não iria aparecer uma trama que passasse tensão para o público e densidade cênica suficiente para que a história fluísse de um modo diferenciado, mas eis que hoje chegou a vez de "O Sucessor", que não apenas trabalhou o luto como algo complexo na vida de alguém que praticamente já tinha matado a pessoa de sua vida, mas que também colocou em cheque o sentir o luto pelo outro, ou melhor, pelo que fez de errado que poderia mudar todos os vértices, e o mais interessante da trama é que vemos todo o conflituoso trabalho que o protagonista tem para "resolver" o problema com a herança do pai, sem imaginar absolutamente nada de anormal, sendo claro sufocante pela dinâmica em si, mas ao entregar o vídeo de memórias no velório, aí você surta junto com o protagonista, pois não era apenas uma bomba, mas sim um kit explosivo completo, e claro que com isso, a sucessão é bem passada de pai para filho.

A sinopse nos conta que feliz e realizado, Elias se torna o novo diretor artístico de uma renomada casa de Alta Costura francesa. Ao saber que seu pai, com quem não mantinha contato há muitos anos, faleceu de um ataque cardíaco, ele viaja para o Quebec a fim de resolver questões da herança. Lá, o jovem criador descobrirá que herdou algo muito mais complicado do que apenas o coração frágil de seu pai.

Se na estreia do diretor e roteirista Xavier Legrand já havia tecido ótimos elogios para ele, agora em seu segundo longa mostrou que não foi mero acaso ter conseguido uma indicação ao Oscar de curtas e depois chamar a atenção na estreia, pois aqui ele praticamente joga o espectador no papel do protagonista para pensar como reagiria caso encontrasse o que ele encontra ao limpar a casa do falecido pai, pois vemos desde o surto ao ver, a falta de ar, o pensar em ligar para a polícia, tentar dar um apagão, sair a caça e até dar sumiço, ou seja, tudo de muito errado apenas para não "sujar" o seu nome, sendo que a ligação para polícia acredito que teria sido a melhor ação, mas tudo bem, o diretor brincou com essas facetas e já simplesmente nós como público agora e não mais o protagonista achávamos que iria acabar tudo normal, mas aí vem o velório, e sinceramente não sei como o rapaz ficou ainda ali, tanto que o final do longa é aberto para você imaginar o que possa ter acontecido, mas novamente o diretor mostrou seu talento, e facilmente irá virar um dos queridinhos dos amantes de filmes de suspense franceses, pois tem estilo.

Quanto das atuações, posso dizer com certeza que Marc-André Grondin entregou um Ellias Barnès tão fora de si, que em um primeiro momento não desejava nem ir para o Canadá velar o pai, mas depois é surto em cima de surto, trejeitos desesperados e dinâmicas tão fora da casinha que no final nem dá para saber como aguentou tudo (ou melhor, será que aguentou?), mas isso mostrou uma boa direção de atores, fazendo com que ele fizesse algo completamente diferente de outros papeis de sua carreira. O foco do filme foi tão grande em cima do protagonista, que quase não sobra espaço para outros entregarem algo a mais, valendo destacar Yves Jacques com seu Dominique bem cheio de trejeitos tristes com a falta que o amigo lhe fará, trabalhando mais o velório dele do que o próprio filho, e conseguindo passar uma boa densidade dessa forma; também tivemos Laetitia Isambert-Denis com sua Janie, que nem conseguimos ver direito, apenas correndo muito, e os demais apenas ficaram prestando  pêsames para o protagonista e falando que eram muito fãs do designer de roupas, então nem valem a citação.

Visualmente o longa começa luxuosíssimo com um desfile da nova coleção de roupas do protagonista, com uma disposição em espiral do público com as modelos passando todas bem imponentes, vemos sessões de fotos para revistas, e toda a discussão de marketing mostrando que a vida do rapaz está decolando no momento (e isso talvez para mostrar suas atitudes aonde realmente importa no longa), para depois vermos ele no Canadá indo na funerária acertar detalhes, e depois o passeio pela casa do pai, aonde ele vê todas suas fotos de infância bem espalhadas, até chegar no porão e ver mais do que apenas uma adega com vinhos chiques, mostrando que a equipe de arte pensou muito em tudo para ser bem representativo, ainda tivemos uma floresta bem fechada e o velório tradicional com vídeos do falecido, músicas e tudo mais.

Enfim, é um filme com uma boa pegada de suspense, com uma tensão na medida certa, muito bem requintado visualmente, e que ainda faz o espectador pensar sem entregar atos "fáceis", ou seja, o pacote completo para quem gosta do estilo. Sendo assim vale com certeza a recomendação de conferida para todos, que só não vou dar uma nota melhor pois ficou um pouco alongado demais, que dava para ser mais sintético em alguns momentos, mas não cansa de forma alguma. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã, um pouco fora do Varilux com as estreias da semana, então abraços e até logo mais.


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Bolero - A Melodia Eterna (Boléro)

11/14/2024 08:25:00 PM |

Costumo dizer que gosto muito de ver biografias de famosos que conheço tão pouco, e embora o compositor tenha sido eternizado pela sua melodia mais curta (1 minutos repetido 17 vezes), a trama de "Bolero, a Melodia Eterna" acaba sendo viciante e bem trabalhado na tela, de modo que acaba também sendo bem repetitivo os atos e desenvolturas, mas com um resultado final imponente por parte da atuação centrada do protagonista. Ou seja, é um longa que talvez pudessem ser mais representativos para mostrar algo a mais que ele tenha feito em sua vida, porém como diz nos últimos atos, ficou marcado apenas pelos minutos compostos para os outros.

A sinopse nos conta que em 1928, nos vibrantes “anos loucos” de Paris, a dançarina Ida Rubinstein encomenda a Maurice Ravel a música para seu próximo balé. Enfrentando uma crise de inspiração, o compositor revisita os capítulos de sua vida – os desafios de seus primeiros anos, as marcas da Grande Guerra, o amor impossível por sua musa Misia Sert… e finalmente decide se dedicar à criação de uma obra-prima universal, o Bolero.

Diria que a diretora e roteirista Anne Fontaine teve uma ideia bem clara do que desejava entregar, que era a repetição dos fatos assim como a canção se desenvolve, e dessa forma seu filme acaba sendo meio preso demais, não que isso seja algo ruim, mas ficou faltando trabalhar mais dinâmicas e desenvolturas, afinal os anos 20-30 foram regados a festas loucas e tudo mais, porém ela ficou tanto em algo mais fechado que acabou não fluindo como poderia e deveria, deixando Ravel mais seco do que seu amor pela sua musa.

Quanto das atuações, diria que Raphaël Personnaz foi bem preciso na entrega que fez para seu Maurice Ravel, de modo que trabalhou movimentos e dinâmicas imponentes como maestro e bem sérias como pessoa,não ponto de não vermos uma explosão que fosse, mas se o personagem era assim, fez muito bem. Doria Tillier foi muito graciosa e bela com sua Misia, de forma que acabou sendo até mais chamativa do que apenas musa para o maestro, mas sim para todos que conferirem, pois ela entrega demais na tela. E falando em anos malucos, Jeanne Balibar entregou muita desenvoltura para que sua Ida Rubinstein fosse bem maluca, cheia de presença com sua dança, e claro deixando o protagonista maluco com a entrega da composição. Ainda tivemos boas cenas comoventes e emocionantes de presença simbólica para o personagem com a Marguerite de Emmanuelle Devos, e a Madame Revelot de Sophie Guillemin, que fluem de uma forma gostosa de ver e Valéria até mais desenvolvimento com elas.

Visualmente a trama tem uma boa entrega cênica, mostrando bem os concertos, peças e óperas, tudo com um figurino bem imponente e clássico, dando um bom destaque para os sapatos envernizados que o maestro nem aparecia se estivesse sem, vemos festas interessantes, e também conseguiram dar boas presenças em ambientes mais diferenciados como uma fábrica para conseguir arranjos, e descansos a beira mar, de modo que a equipe de arte teve um bom orçamento, e fez bom uso dele.

Nem vou colocar o link da música, pois como é mostrado ao final do longa a cada 15 minutos no mundo alguém escuta, canta ou toca o Bolero de Ravel, então apenas cantarolem, senão vão ficar com ela na cabeça 

Enfim, é um excelente filme que poderia ser melhor se não fosse tão repetitivo como a música, mas ainda assim a imponência da canção e também a entrega do protagonista fazem valer a conferida, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Festival Varilux, e volto depois com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Apenas Alguns Dias (Quelques Jours Pas Plus) (Just a Couple of Days)

11/14/2024 01:22:00 AM |

Infelizmente por ser algo que não deveria ocorrer com ninguém em nenhum país, mas felizmente por gerar muita discussão e com isso muitos bons filmes, veremos nos próximos anos muitas tramas envolvendo refugiados políticos ou de guerras, pois é algo que não dá para tapar os olhos e aceitar sem discutir nem que seja num filme simples. E o longa "Apenas Alguns Dias" entra em cheio no tema, mostrando bem de forma ampla alguns personagens que trabalham voluntariamente para ajudar essas pessoas na França, colocando no miolo a história de um jornalista para dar algumas quebras e não ficar uma trama tão pesada, o que acaba funcionando nesse sentido, só faltando um pouco mais de química para o casal protagonista emocionar melhor, pois no restante o longa consegue ter densidade e chamar atenção para o tema complexo.

A sinopse nos conta que Arthur Berthier, um crítico de rock relegado às reportagens gerais após destruir um quarto de hotel, é ferido por um policial enquanto cobre a desocupação de um campo de migrantes. Nessa ocasião, ele se apaixona por Mathilde, a líder da associação Solidariedade Exilados. Querendo ajudar e agradá-la, ele concorda em abrigar Daoud, um jovem afegão, pensando que será por apenas alguns dias.

O mais engraçado no filme, é que todos os pequenos erros que vemos de falta de química tanto do jornalista com a líder da associação, quanto do mesmo jornalista com o refugiado que dá abrigo são pontos bem comuns de estreantes na direção, o que é o caso de Julie Navarro, pois acabam querendo focar em tantos detalhes que acabam se perdendo um pouco no principal que é a famosa direção de atores, que se não é bem trabalhada até entregam a história para o público, mas fica faltando uma convicção entre personagens e público. Ou seja, ela conseguiu trabalhar bem o tema, teve dinâmicas interessantes e bem bonitas de se ver, e consegue envolver tudo com uma faceta bem expressiva e rápida, sem ficar com muitas enrolações, mas faltou um pouco mais de atitude e carisma nos personagens para sair do "documental" seco e chegar no emocional "fictício", mas isso se aprende com o tempo, e como já mostrou personalidade, futuramente veremos boas tramas dela.

Quanto das atuações, foi bem bacana a personalidade que Benjamin Biolay escolheu para desenvolver com seu Arthur, de modo que ele trouxe a tona aqueles jornalistas mais velhos, mais galanteadores, que não se colocam dentro da idade real, que cheio de bons trejeitos e envolvimentos acabou chamando muito do filme para si e agradou, porém faltou ele abrir seu leque de conexão fosse com o rapaz que deu abrigo ou com a mulher que ficou apaixonado, pois aí sim tudo se conectaria melhor e agradaria ainda mais. Não sei como é a personalidade real de Camille Cotin, mas sempre vejo uma dificuldade de outros personagens se conectarem com ela na maioria dos filmes que faz, e aqui sua Mathilde tinha tudo para ter uma conexão mais envolvente, porém optou por ser imponente e mais chamativa dentro do estilo mais de liderança, e esqueceu que o filme tinha uma pitada romântica para ser explorada, mas ao menos fez bem o que se propôs a entregar. O jovem Amrullah Safi deu até boas nuances para que seu Daoud fosse singelo e bem determinado nas cenas, mas não criou explosões que fossem mais além, tendo apenas um ato mais emotivo no final, que poderiam ter trabalhado mais nessa essência para ser mais chamativo. Quanto aos demais vale leves destaques para Loula Bartilla Besse com sua Emily, Andranic Manet com seu Pablo, Saadia Bentaïeb com sua Cristine e Makita Samba com seu Hassan, mas todos tendo poucos atos para ir mais além na tela.

Visualmente a trama mostrou bem alguns conflitos entre policiais, agentes da prefeitura, refugiados e organizações de ajuda, tendo as famosas pancadarias, paradas e até uma grandiosa entrega de alimentos, mostrando também toda a produção e as ajudas da organização em algo fechado e bagunçado, mas bem disposto, também tivemos alguns atos dentro do jornal e a maioria dos momentos se passando dentro do pequeno apartamento do protagonista, bem bagunçado também de discos, que como ele diz é uma zona, mas uma zona organizada, sobrando ainda alguns atos em festas e um bom ato final na praia, ou seja, a equipe de arte foi mais simbólica do que explosiva de elementos, e assim sendo não foi tão além.

Enfim, é um filme bem trabalhado, que agrada pela essência e pela discussão proposta no tema, que tem uma boa pegada e poderia ter ido até mais além, mas como não temos como mudar os filmes, acaba valendo a indicação para ver ele no Festival Varilux. E é isso meus amigos fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Daaaaaali! (Daaaaaalí!)

11/13/2024 07:50:00 PM |

Sinceramente estava com muito medo do que veria no longa "Daaaaaali!", mas se tem um estilo que os franceses dominam é o tal da comédia do absurdo, pois tudo acaba fluindo de uma forma tão maluca e abstrata, que só assim seria possível retratar de uma forma cômica e icônica uma possível entrevista com Salvador Dali, e meu medo sumiu na primeira cena, para rir depois do começo ao fim com toda a entrega dos personagens, toda a desenvoltura conflituosa na tela, e toda a abstração funcional que nos é mostrado no longa. Ou seja, é daqueles filmes que você certamente se lembrará quando te perguntarem qual o filme mais maluco que você já gostou de ver, e a resposta vai vir na hora com todos os "a"s do título!

O longa nos mostra que uma jornalista francesa encontra o icônico artista surrealista Salvador Dalí em várias ocasiões, para um projeto de documentário cuja realização se revela bem difícil e cheia de surpresas.

O mais engraçado é que tivemos dois filmes abstratos do diretor e roteirista Quentin Dupieux nesse ano no Festival Varilux, e em ambos ele conseguiu trabalhar de formas tão diferentes, que nem parece o mesmo comandante, de modo que aqui ele acabou brincando demais com sotaques, com a percepção temporal e até mesmo o próprio estilo ousado e abstrato do pintor, não deixando margens para que virasse um filme simples de ver na tela, tendo pegada e intensidade, e principalmente podendo não deixar tudo muito redondinho, de forma que mesmo quando você acha que acabou ele ainda brinca mais algumas vezes com você, ou seja, um trabalho ousado, porém extremamente cômico e divertido na medida certa, mostrando que é um diretor para ficarmos bem atentos.

Quanto das atuações, Anaïs Demoustier trabalhou com uma boa simpatia para que sua Judith Rochant fosse interessante, mesmo sendo bem insossa como uma jornalista, e a pegada de colocar isso como pauta funciona demais com os trejeitos escolhidos. Tirando Didier Flamand como Dali velho, não consegui identificar que hora era Edouard Baer, Jonathan Cohen, Gilles Lellouche ou Pio Marmaï fazendo o papel de Salvador Dalí, e isso é algo brilhante e muito bem colocado na tela, que acaba agradando por todos serem bem excêntricos e funcionais nos traquejos e trejeitos expressivos, ou seja, deram show na tela. Ainda vale destacar Éric Nagar como Padre Jacques e Ken Samuels como Cowboy, pois suas cenas foram incríveis dentro do contexto da trama.

Visualmente a trama não podia ter outra estética senão tudo bem próximo do surrealismo do pintor, com personagens esquisitos, corredores intermináveis de um hotel, animais em quartos, TVs antigas, entrar com um carro na praia, além de muitos objetos bem coloridos, mas sem sair da base centrada, ou seja, é daqueles filmes que a equipe de arte elaborou muito bem tudo o que precisava no roteiro e não mudou uma vírgula de lugar, e assim sendo acaba agradando bastante.

Enfim, fazia tempo que não ria tanto em uma comédia de festivais, pois sempre acabam sendo boas sacadas, mas não algo que fizesse uma diversão completa, então recomendo com certeza essa loucura para todos conferirem. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Festival Varilux, então abraços e até daqui a pouco.


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O Último Judeu (Le Dernier Des Juifs) (A Nice Jewish Boy)

11/12/2024 09:34:00 PM |

Costumo ver que atualmente temos três tendências no mercado de filmes em festivais, os que procuram ser fortes e densos demais, aonde o conflito impera, choca ou causa algo no espectador; ou então recai para algo simples e bonitinho que tenta por vezes fazer com que as lágrimas escorram pelo rosto do espectador; ou então é daqueles que são apenas jogados, não se importando com o que o público ache, e seja feliz. Claro que existem exceções, porém tem acontecido isso demais, e quando o longa fica dentro do segundo estilo, muitas vezes andam segurando demais a densidade dramática, o que acaba ficando por vezes um filme bobinho demais, como é o caso do longa do Varilux de hoje, "O Último Judeu", que você fica esperando ir para algum rumo, sair da base simples, ou talvez ter algum ponto de quebra maior, mas não ocorre, de tal forma que cheguei a pensar até que ele acabaria bem antes da cena de fechamento que é o que salva o filme, mas ficou algo narrado demais, mostrando um jovem sem grandes desenvolturas, e que acaba ficando tudo muito sem rumo, valendo apenas mesmo a cena dele vendendo pro senhorzinho (que é divertida e bem colocada) e o ato de liberação da mãe.

A sinopse nos conta que aos 27 anos, Bellisha leva uma vida tranquila como se fosse um pequeno aposentado: frequenta cafés, vai ao mercado e passeia pela cidade. Ele mora com a mãe, Giselle, que raramente sai e acredita que ele está firmemente integrado na vida profissional. Tudo muda quando Giselle percebe que são os últimos judeus do bairro. Ela está convencida de que chegou a hora de partirem também. Bellisha prefere ficar e, para tranquilizar sua mãe, finge que está planejando a partida deles.

Claro que o motivo principal do longa não decolar realmente fica em ser a estreia do diretor e roteirista Noé Debré em longas, pois com uma maturidade maior certamente ele conseguiria fazer não só as duas cenas que falei terem uma participação maior na trama, como saberia tirar proveito de muitos outros momentos que acabam sendo quase que jogados na tela (principalmente as de tentativa de conexão com os demais jovens e garotos do bairro, meio que em uma tentativa de colocar a idade mental do rapaz para baixo), e assim sendo o filme não flui devidamente, ficando básico demais. Não digo que o mesmo roteiro nas mãos de um diretor mais experiente funcionaria melhor, mas ao menos não necessitaria de tanta narração, nem de sínteses rápidas para atos que poderiam ser mais desenvolvidos. 

Quanto das atuações, o jovem Michael Zindel soube se jogar por completo com seu Ruben Bellisha, de modo que se divertiu, fez boas entregas, praticamente um garotão mimado solto pela vida, sem grandes anseios ou algum sonho, mas com trejeitos carismáticos ao ponto de não incomodar o público, pois facilmente é o tipo de personagem que ou você ama ou odeia, e o seu jeitinho casual acabou sendo dos bem colocados. Agnès Jaoui trabalhou bem sua Giselle, fazendo aquela mãe fechada na dela, bem simples, tradicionalmente judia, cuidando do seu bebê de 26 anos, de forma que talvez pudesse ter uma presença maior, mas os atos que apareceu teve bom contato visual e chamou atenção. Quanto aos demais, vale dar leves destaques para o primo do protagonista que Solal Bouloudnine entregou bem ligado no 220, cheio de personalidade e colocando atos cômicos bem encaixados, e Eva Huault com sua Mira, que num primeiro momento não entrega, mas depois descobrimos ser casada e ter filhos, como um envolvimento até que meio infantil com o protagonista, mas que funciona para a proposta do longa.

Visualmente o longa trabalhou bem um bairro bem gentrificado, aonde antigamente era mais populoso de judeus, e agora está com tudo mais misturado com praticamente todos saindo dali e sobrando somente o jovem e sua mãe, um apartamento simples, porém bem bagunçado, principalmente depois que a mãe resolve querer mudar, e começa a juntar tudo suas coisas, e claro depois do assalto, algumas vendas na rua, compras em feiras e mercadinhos, e algumas idas na central de judeus, mas sem grandes atos para representar bem toda a religião, ou seja, a equipe de arte economizou bastante.

Enfim, é um filme simples demais para um tema que talvez pudesse render mais, mas que não é ruim de assistir, e mesmo tendo muita narração não cansa o espectador, então quem gostar de filmes mais tranquilos sem grandes desenvolturas é capaz de curtir a ideia da trama. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra (Mickey's Mouse Trap)

11/12/2024 03:45:00 PM |

Cada dia que passa estamos vendo mais filmes malucos com os personagens fofinhos e famosos que conhecíamos desde a nossa infância já que as companhias andam perdendo seus direitos de anos, e isso pode ser algo bem ruim, afinal o resultado nem sempre dá muito certo. Dito isso, já vimos alguns outros personagens da nossa infância virando serial killers nos últimos anos, e agora chegou a vez do famoso Mickey Mouse em preto e branco da abertura dos filmes mais antigos da Walt Disney com o longa "Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra", que estreia na próxima quinta 14/11 nos cinemas do país, trazendo um ser incorporando no dono de uma casa de diversões, que coloca a máscara do personagem e sai matando alguns jovens bobos que estão comemorando um aniversário no ambiente. Claro que filmes slasher não possuem muito sentido, e raramente tentam explicar alguma coisa sem explicação para o público, mas aqui nem se deram o trabalho disso acontecer, tendo uma jovem presa descrevendo para os investigadores o que aconteceu no local aonde ela foi encontrada como única sobrevivente, porém até aí vai, tudo acontece como uma matança bem boba com personagens que nem tentam correr do bicho estranho, mas o que quebrou esse que vos digita é o fator "acabou o rolo de filmagem, desliga a câmera e vamos embora" ou como muitos chamam, vamos desligar tudo e quem sabe na continuação explicamos, pois o filme simplesmente para em determinada cena, não mostrando nem se os outros três que estavam enquadrados sobreviveram (e por que não estão sendo interrogados se estão em choque como falam em determinado momento do interrogatório da garota), ou então fizesse algo a mais como é dado a jogada na cena pós-crédito, mas isso só ocorrerá quando fizerem o segundo filme, que está previsto para o ano que vem!

A sinopse nos conta que é o aniversário de 21 anos de Alex, mas ela está presa no fliperama em que trabalha, no turno da noite. Então, seus amigos decidem surpreendê-la, mas um assassino mascarado vestido como um personagem de desenhos animados decide jogar com eles um jogo que ela deve participar para sobreviver. Assim, um a um, os jovens ficam frente a frente com o seu destino, até que é a vez de Alex. Quem sobreviverá?

O diretor Jamie Bailey tem um estilo gore em sua formatação, tendo alguns longas bem pesados, e outros mais jogados na tela, e aqui com o roteiro de Simon Phillips, que faz também o papel de Mickey, ele acabou brincando na tela com a ideia de um personagem sair das telas e incorporar alguém para sair matando, até que é algo possível de se imaginar nesses tipos de rituais ou coisas do tipo, mas apenas pela imagem de um projetor acabou ficando meio bizarro de se pensar, mas isso não vem ao caso, afinal não vamos discutir de onde proveio o mal, porém a discussão ficou a cargo do editor do longa que também é o diretor por um acaso, que resolveu picar sua história em duas partes para tentar lucrar mais, e dessa forma deixou tudo jogado com o fechamento desse longa, e isso pesou forte para quem estava até curtindo a matança, afinal essa nova geração é tão boba e preguiçosa que as conversas numa festa acabam ficando chatas demais, então estava satisfatório ver cada um sendo pego. Ou seja, sem um ar de psicopatia ou qualquer outra coisa, o filme era algo bacana até parar, mas fazer o que, são coisas do ofício, e por incrível que pareça, nem os diálogos jogados me incomodaram tanto quanto isso, então bola pra frente, e vamos ver o que vai rolar no ano que vem.

Quanto das atuações, minha vontade é falar que todos são tão chatos e previsíveis, que até torcemos para o Mickey dar fim em todos o mais rápido possível, de modo que Simon Phillips começou de uma maneira bem artificial como o dono do fliperama, mas depois que botou a máscara do personagem saiu bem melhor com os traquejos com a faca do bolo na mão. A jovem Mackenzie Mills fez uma gótica meio que estranha com sua Rebecca, estando presa dando o depoimento sem muita vontade, trabalhando um ar meio que macabro, que quem sabe se sairá melhor na continuação, mas faltou para ela motivação e não foi muito além. Teoricamente a aniversariante é a protagonista, mas Sophie McIntosh não fez muito para que sua Alex não fosse "menos" chatinha na tela, tendo vários jovens apaixonados por ela tentando aparecer, e a atriz nem foi além para dar alguma nuance a mais. Quanto aos demais é melhor nem falar muito, pois todos que estão dentro da festa são fracos demais, e os dois investigadores fizeram algo tão artificial que chega a ser irritante, então que o Mickey pegue eles logo também.

Visualmente a trama teve até uma pegada meio que oitentista interessante com muitos jogos bacanas no ambiente de festa, sendo até bem grandioso, com jogos de realidade virtual, pistas de escalada, jogos eletrônicos e tudo mais, além de muita bebida num lugar onde tradicionalmente não teria bebidas. A sacada do bicho ser algo meio que projetável que se teletransporta de um lugar para o outro não ficou muito explicativa, mas serviu para que o personagem estivesse cada hora em um lugar, porém acho que a equipe comprou pouco sangue falso para utilizar, de modo que dava para ter cenas mais chocantes como tradicionalmente ocorre, ou seja, alugaram um bom espaço, mas não foram muito além. Já a delegacia parecia mais uma masmorra abandonada do que algo policial mesmo, então o baixíssimo orçamento fez o serviço.

Enfim, é um filme que entrega bem a base desse estilo de tramas de matança sem muito sentido, mas que faltou um pouco mais de explicação de como o personagem saiu da tela, faltou um pouco mais de personagens menos idiotas para termos algo mais intenso, faltou sangue para realmente cair para o lado mais gore de terror, e principalmente faltou darem um final funcional, pois da forma que acabou jogado ficou mais irritante do que tudo. Sendo assim, diria que recomendo ele apenas para esperar a continuação e ver no que vai dar, sendo mediano demais no sentido de trama quebrada, então fica a dica para quem quiser ver o Mickey de assassino conferir ele nos cinemas do país a partir do dia 14/11. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo o pessoal da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e volto mais tarde com outras dicas de filmes, então abraços e até lá.


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O Bom Professor (Pas De Vagues) (The Good Teacher)

11/12/2024 12:06:00 AM |

Já está virando moda o famoso filme de linchamento por falas ou situações erradas, e infelizmente uma das profissões que o pessoal anda tendo que tomar o maior cuidado com o que faz na sala são os pobres professores, pois hoje qualquer detalhe o aluno já pode levar para outro lado, e aí o caos reina, pois depois que entrou no limbo acusatório não tem mais volta, e não tenho nada nesse sentido, mas é um dos estilos de filmes que anda me dando certos gatilhos de raiva com os personagens, mas isso é um detalhe pessoal. Ou seja, a base do longa "O Bom Professor" é a padrão que um pobre professor fez um comentário simples e tão bobo, mas os coleguinhas meteram na azucrinação, e pronto, a garota joga na coordenação que foi assediada, a família é do crime, e tudo que o pobre professor tenta resolver na base da pedagogia da errado, ao ponto que você fica na espera de um dos três vértices de alguém vai morrer, se matar ou surtar, e o resto é história para contar. Claro que por ser um filme francês o final e o miolo acabam sendo bem diferenciados, mas ainda assim segue bem o estilo.

A sinopse nos conta que Julien é professor em um colégio. Jovem e dedicado, ele tenta criar um vínculo com sua turma, dando atenção especial a alguns alunos, incluindo a tímida Leslie. Esse tratamento diferenciado é mal interpretado por alguns alunos, que começam a suspeitar das intenções do professor. Julien é então acusado de assédio. O boato se espalha rapidamente, e tanto o professor quanto a aluna se veem presos em uma situação delicada. Mas diante de uma escola que corre o risco de pegar fogo, só há uma palavra de ordem: sem tumulto...

O diretor Teddy Lussi-Modeste soube trabalhar muito bem sua base, ao ponto que criou diversas possibilidades para que tudo desse errado para o protagonista, que ninguém pudesse ajudar fazendo algo útil realmente, e a cada conflito passado, ele apenas ia incrementando todas as situações, ou seja, usou o texto de uma história real que aconteceu e acontece quase todo santo dia em algum lugar desse planeta, ainda mais no mundo pós-pandemia aonde qualquer coisa é motivo para um conflito, e amarrou todas as pontas possíveis que seriam satisfatórias em algum ato para ajudar, e as reduziu, enquanto todos os demais vértices que poderiam dar muito errado, foi lá e amplificou, para claro deixar o espectador irritado, o que acaba funcionando bem. Claro, se o filme fosse de outra nacionalidade, ou veríamos algo muito bonitinho ou algo explosivo para pior, mas como é francês, brincaram bem com toda a base e funcionou para o que desejavam.

Quanto das atuações, o filme é inteiro de François Civil que já a algum tempo vem sendo um grande nome do cinema francês, tendo seus altos e baixos, mas sempre conseguindo se destacar por fazer personagens bem variados e interessantes de acompanhar, e aqui seu Julien tem uma personalidade meio que frouxa demais, sendo muito bom moço, sem ter grandes explosões, tentando levar tudo na base da pedagogia, o que nem sempre é a melhor forma, mas segurou a barra, fez trejeitos intensos, e fechou com uma forma explosiva, porém digna dentro de tudo o que poderia acontecer, e sendo assim funcionou demais. Quanto aos demais, vale leves destaques para o namorado do protagonista que Shaïn Boumedine entregou com traquejos emocionais bem colocados, e também para a garotinha que Toscane Duquesne fez com sua Leslie vendo que errou, mas não tinha mais como fugir, fazendo a tradicional cara de decepção gigante com ela e com tudo, mas que também não foi muito longe.

Visualmente a trama não foi muito além, afinal nem tinha motivos para isso, ficando bem mais na sala de aulas tradicional, na sala de professores aonde algumas discussões acontecem, na coordenação e no apartamento do protagonista, tendo uma ou outra cena no pátio da escola e na saída, mas tudo bem básico funcionando mais dentro da densidade escolar mesmo.

Enfim, é um bom filme, que entregou o que precisava para impactar, passar sua mensagem e causar, sem grandes firulas, nem opções de rumos (seja para o lado básico ou para o pior), ficando no meio do caminho e não sendo ruim por isso, então recomendo ver sem estar no seu dia revoltado, e para os amigos professores verem com cautela para não estourar gatilhos, apenas como dica para pensar em como falar qualquer coisa nesse mundão de hoje. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais longas do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.


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1874 - O Nascimento do Impressionismo (1874: La Naissance de L'Impressionnisme)

11/11/2024 08:00:00 PM |

Hoje vou falar bem pouco do filme "1874 - O Nascimento do Impressionismo", pois ele é daqueles que funciona muito mais em uma aula de História da Arte, do que como cinema, sendo algo que vai mostrar como foi a primeira exposição coletiva dos pintores impressionistas, como eram seus trabalhos e concursos que não passavam, suas opções e por aí vai, em algo narrativo e bem cansativo, aonde tentaram colocar alguns atores como os pintores para dar algumas de suas falas mais marcantes, mas sem ir para lugar algum, ou seja, fiquei no final esperando receber a prova para falar alguns nomes de quadros e citar pintores famosos da época como se fosse um vestibular realmente, então para quem for professor de arte, esse é o filme que tem de ter debaixo do braço para mostrar para seus alunos, mas os demais, não é aqui que você irá se interessar pelo tema.

A sinopse nos conta que em 1874, Monet, Renoir, Degas e seus colegas organizaram sua primeira exposição coletiva de forma independente. Este documentário de ficção revive a história desses jovens pintores que se rebelaram contra o academismo de sua época, traçando o surgimento da revolução impressionista.

Diria que os diretores Julien Johan, Hugues Nancy fizeram um bom trabalho de pesquisa, conseguiram deixar os artistas bem parecidos com os verdadeiros pintores, e montaram uma aula completa de História da Arte sobre o Impressionismo, mas esqueceram de dar o conteúdo cinematográfico, pois o público que vai ao cinema não quer ouvir por 90 minutos a falação e "slides de PowerPoint" com os quadros, e assim sendo a trama pecou bastante nesse sentido.

Claro, que dentro da proposta ele cumpriu o papel que desejava mostrar, mostrando que pesquisaram bastante, conseguiram imagens em altíssimas qualidades para o projeto, e brincaram com a representação dos pintores fazendo suas artes no campo e nos seus estúdios, tudo de uma forma bucólica e bem cheia de palavreados bonitos de ouvir, mas precisavam lembrar que cinema não é apenas isso, e assim sendo faltou aquele algo a mais que prendesse o espectador, e não o fizesse dormir, pois me senti como se estive nas minhas aulas de educação artística aonde a professora não parava de falar mostrando quadros e mais quadros, pintores e mais pintores, e ao sair da aula já nem lembrava mais o que tinha visto, e sendo assim é um formato errado de se fazer.

Enfim, é um projeto que teve sua entrega, que muitos talvez vão gostar, mas que como disse no começo recomendo para os professores de arte usarem em suas aulas, e nada mais, pois passa longe de ser um filme como deveria para ser chamado assim. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas ainda verei mais um longa hoje do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.

PS: A nota é pelo projeto em si, pelos quadros bonitos e pela tentativa em si de fazer ficção com os atores vestidos de pintores da época, mas só.


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