Caracas

11/17/2024 06:02:00 PM |

Tem alguns estilos de filmes que tem de estar com muita disposição para conferir, pois ao misturar tempos na tela, junto com obras literárias sendo escritas e desenvolvidas, o resultado acaba ficando tão confuso que até quem está prestando muita atenção acaba se perdendo. E o longa que escolhi dar play hoje do Festival de Cinema Italiano no Brasil, "Caracas", tem bem essa pegada de misturar um romance sendo escrito com o autor acompanhando o desenvolvimento dos personagens como um amigo próximo, em algo meio conflituoso, porém belo de se envolver, aonde conhecemos uma Nápoles antiga aonde quase não se via negros e islâmicos, com um crescimento fora do normal e toda a vivência do personagem com a forma de vida escolhida e suas mudanças. Ou seja, é um filme meio que duplo, que facilmente é possível se perder, mas que tem uma certa segurança de estilo, aonde a trama flui bem, que agrada ao mesmo tempo que bagunça a cabeça de quem está assistindo.

O longa nos conta que Giordano Fonte é um escritor napolitano que vagueia por uma Nápoles que envolve e aterroriza, mas ao mesmo tempo fascina, uma cidade que ele não reconhece mais após muitos anos. Acompanhado por Caracas, um homem da extrema direita prestes a se converter ao Islamismo, ambos buscam uma verdade existencial que parece inalcançável. Giordano narra o amor impossível entre Caracas e Yasmina, enquanto atravessam uma cidade onde todos lutam para não se perder e encontrar salvação. No meio do caos, tanto Caracas quanto Giordano sonham em despertar de um pesadelo para um dia cheio de luz. 

Baseado no romance "Napoli Ferrovia" de Ermanno Rea, este é o segundo filme do ator Marco D'Amore como diretor, e ele ainda não encontrou bem um estilo próprio que pudesse ser chamado propriamente de seu, pois a trama aqui até tinha um certo potencial reflexivo e de envolvimento com o tema, porém ele acabou misturando tudo demais na tela, em algo que acaba sendo conflituoso demais, e até confuso demais, aonde o público e ele entram numa ode bagunçada que se perder no miolo e só se encontra aos poucos no final. Claro que dá para entender o que queria passar, mas a mistura é grande demais para valer todas a duração da trama.

Quanto das atuações, diria Toni Servillo soube entregar para seu Giordano Fonte uma pegada meio que introspectiva de redenção e de conhecimento pelo ambiente que é a cidade e suas mudanças, que até vemos um carinho marcante, porém ele em alguns atos parece meio bêbado e sem rumo, o que é um pouco estranho demais para a pegada da trama. O diretor Marco D'Amore agora visto pelo lado da atuação, fez seu Caracas meio que diferente de ambientação de modo que inicialmente parece uma pessoa, e conforme o filme vai fluindo muda de personalidade e até de visual, em algo que nao compromete a trama, mas que são estranhos de acompanhar. Ainda tivemos alguns atos com Lina Camelia Lumbroso com sua Yasmina bem entregue, ora como uma moça mais fechada, ora como uma drogada mais maluca, mas que se joga bem nos personagens e acaba agradando.

Visualmente o longa mostra Nápoles por diversos ângulos e épocas, trabalhando todo o mundo da revolta, da noite, dos jovens sem rumo provenientes dos orfanatos, alguns momentos de extrema direita ufanista, e também um pouco do islã, mas sem entrar em detalhes de nenhum dos frontes, meio como algo literário mesmo para o público ir montando a ideia.

Enfim, é um filme interessante de proposta, mas que não vai muito além em nenhuma das facetas que desejava mostrar, meio que bagunçando tudo para rumos falsos e íntegros, que não agrada nem desagrada, e que cada um deverá tirar suas próprias conclusões. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou agora para o Varilux, então volto mais tarde com outro texto, fiquem com meus abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...