Os Enforcados

8/14/2025 01:19:00 AM |

Quem der só uma leve revirada nas minhas postagens vai achar rapidamente a seguinte frase que escrevo aos montes: "não vá conferir o filme com expectativas", e o que eu faço? Vejo algum filme que imagino algo, crio milhares de teorias, e pronto, lá vou me desapontar com algo que não foi ruim, muito pelo contrário, mas que esperava tanto pelos atores, pelo diretor e pela temática em si, que acabou o filme "Os Enforcados" e a sensação que tive é que ficou faltando aquele algo a mais que estava esperando. Claro que muitos verão de uma perspectiva diferente e irão tirar diversas conclusões sobre cada assunto mostrado na tela, e de certo modo muito do que vemos no longa, mesmo sendo ficção, tem um bom embasamento dentro do mundo dos jogos ilegais e dos "mafiosos" nacionais, porém o diretor optou por um estilo um pouco novelesco demais, aonde a trama acabou ficando solta e necessária de muitos elos, o que no final acabou ditando um ritmo acelerado sem causar o impacto que poderia com o fechamento. Volto a frisar que não é ruim, pois tem pegada e dinâmicas interessantes, mas com pouquíssimos ajustes viraria um filmaço de suspense policial.

O longa nos mostra que Regina e Valerio estão felizes no relacionamento e levam uma vida descontraída na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Mas desde a morte do pai de Valerio, o maior mafioso da cidade, eles procuram uma saída do ninho de vespas criminosas que é o negócio da família. Mas ao mesmo tempo, o casal também têm despesas e dívidas para quitar e o tio de Valerio, Linduarte insiste que o sobrinho assuma o negócio. Numa noite acidental, os dois encontram uma solução para o problema: matar o tio e vender o negócio. Mas ao fazer isso, mergulham ainda mais na violência da qual queriam escapar.

Lembro da sessão especial que tive junto do diretor Fernando Coimbra quando ele lançou seu primeiro longa "O Lobo Atrás da Porta", pois a trama ali foi tão marcante e intensa que você sentia o peso da mão do diretor e roteirista no que desejava entregar, e acredito que foi justamente isso o que faltou para que sua nova obra ficasse marcante, afinal a violência gráfica aqui predominou bem mais forte que na sua trama de 2013 que era bem mais psicológica, porém aqui dava para ele ter trabalhado bastante com o psicológico dos protagonistas para que isso fluísse mais sem precisar colocar tantas dinâmicas soltas. Ou seja, é fácil notar que aqui o diretor teve um cuidado maior para que a trama fosse tensa sem ser pesada como casualmente são as circunstâncias do mundo do crime nacional, mas talvez por ter conhecido já duas ótimas obras dele, esperava que aqui ele fosse mais além.

Outro grande fator que fez minhas expectativas irem para o alto foi o fato de Leandra Leal voltar a ser dirigida pelo ator, afinal ela sempre mostrou a qualidade de suas interpretações, e aqui ela se jogou fazendo bons trejeitos para sua Regina, sendo bem intensa e marcante, principalmente nos atos finais, mas floreou demais nos traquejos novelescos, e assim sendo ficou um pouco abaixo do que poderia, mesmo agradando com o que fez. E claro um dos melhores atores nacionais se chama Irandhir Santos, pois sabe fazer de qualquer papel seu ficar chamativo, de modo que aqui seu Valerio até tem pegada e consegue impactar em alguns bons atos, mas faltou convencer mais nas dinâmicas finais, ficando frouxo como a mulher tanto falou dele durante as cenas encapuzado. Ainda tivemos outros bons personagens soltos com Stepan Nercessian, Irene Ravache e Ernani Pires, de modo que sobrou para Thiago Tomé e Pêpê Rapazote para segurar as dinâmicas secundárias.

Visualmente o longa foi muito bem ambientado em uma mansão em reforma, e o terror mental na cabeça da protagonista vendo a mancha na parede a todo momento foi bem intenso, fora a lambança da cachorrinha pisoteando no sangue e andando pela casa, enquanto ela limpa o quarto, tivemos alguns atos interessantes na quadra da escola de samba, e atos bem intensos num porto com contêineres, e na cena junto dos demais bicheiros já dava para imaginar o desfecho que ocorreria no próximo almoço, ou seja, a equipe de arte funcionou bem nas cenas e dinâmicas entregues, principalmente a matança do ato final. 

Enfim, é um filme interessante, que certamente poderia ser muito melhor e mais impactante, mas que acabou ficando exageradamente novelesco, e assim tivemos alguns atos desnecessários que acabaram comprometendo um pouco no resultado completo da trama. Ainda assim vale a recomendação para conferir as boas atuações à partir do dia 14/08 nos cinemas, e quem curte o estilo novelesco até pode ser que não reclame tanto quanto eu, desde que veja sem esperar muito dele. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Paris Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais. 


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