A sinopse nos conta que Arthur Berthier, um crítico de rock relegado às reportagens gerais após destruir um quarto de hotel, é ferido por um policial enquanto cobre a desocupação de um campo de migrantes. Nessa ocasião, ele se apaixona por Mathilde, a líder da associação Solidariedade Exilados. Querendo ajudar e agradá-la, ele concorda em abrigar Daoud, um jovem afegão, pensando que será por apenas alguns dias.
O mais engraçado no filme, é que todos os pequenos erros que vemos de falta de química tanto do jornalista com a líder da associação, quanto do mesmo jornalista com o refugiado que dá abrigo são pontos bem comuns de estreantes na direção, o que é o caso de Julie Navarro, pois acabam querendo focar em tantos detalhes que acabam se perdendo um pouco no principal que é a famosa direção de atores, que se não é bem trabalhada até entregam a história para o público, mas fica faltando uma convicção entre personagens e público. Ou seja, ela conseguiu trabalhar bem o tema, teve dinâmicas interessantes e bem bonitas de se ver, e consegue envolver tudo com uma faceta bem expressiva e rápida, sem ficar com muitas enrolações, mas faltou um pouco mais de atitude e carisma nos personagens para sair do "documental" seco e chegar no emocional "fictício", mas isso se aprende com o tempo, e como já mostrou personalidade, futuramente veremos boas tramas dela.
Quanto das atuações, foi bem bacana a personalidade que Benjamin Biolay escolheu para desenvolver com seu Arthur, de modo que ele trouxe a tona aqueles jornalistas mais velhos, mais galanteadores, que não se colocam dentro da idade real, que cheio de bons trejeitos e envolvimentos acabou chamando muito do filme para si e agradou, porém faltou ele abrir seu leque de conexão fosse com o rapaz que deu abrigo ou com a mulher que ficou apaixonado, pois aí sim tudo se conectaria melhor e agradaria ainda mais. Não sei como é a personalidade real de Camille Cotin, mas sempre vejo uma dificuldade de outros personagens se conectarem com ela na maioria dos filmes que faz, e aqui sua Mathilde tinha tudo para ter uma conexão mais envolvente, porém optou por ser imponente e mais chamativa dentro do estilo mais de liderança, e esqueceu que o filme tinha uma pitada romântica para ser explorada, mas ao menos fez bem o que se propôs a entregar. O jovem Amrullah Safi deu até boas nuances para que seu Daoud fosse singelo e bem determinado nas cenas, mas não criou explosões que fossem mais além, tendo apenas um ato mais emotivo no final, que poderiam ter trabalhado mais nessa essência para ser mais chamativo. Quanto aos demais vale leves destaques para Loula Bartilla Besse com sua Emily, Andranic Manet com seu Pablo, Saadia Bentaïeb com sua Cristine e Makita Samba com seu Hassan, mas todos tendo poucos atos para ir mais além na tela.
Visualmente a trama mostrou bem alguns conflitos entre policiais, agentes da prefeitura, refugiados e organizações de ajuda, tendo as famosas pancadarias, paradas e até uma grandiosa entrega de alimentos, mostrando também toda a produção e as ajudas da organização em algo fechado e bagunçado, mas bem disposto, também tivemos alguns atos dentro do jornal e a maioria dos momentos se passando dentro do pequeno apartamento do protagonista, bem bagunçado também de discos, que como ele diz é uma zona, mas uma zona organizada, sobrando ainda alguns atos em festas e um bom ato final na praia, ou seja, a equipe de arte foi mais simbólica do que explosiva de elementos, e assim sendo não foi tão além.
Enfim, é um filme bem trabalhado, que agrada pela essência e pela discussão proposta no tema, que tem uma boa pegada e poderia ter ido até mais além, mas como não temos como mudar os filmes, acaba valendo a indicação para ver ele no Festival Varilux. E é isso meus amigos fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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