A sinopse nos conta que feliz e realizado, Elias se torna o novo diretor artístico de uma renomada casa de Alta Costura francesa. Ao saber que seu pai, com quem não mantinha contato há muitos anos, faleceu de um ataque cardíaco, ele viaja para o Quebec a fim de resolver questões da herança. Lá, o jovem criador descobrirá que herdou algo muito mais complicado do que apenas o coração frágil de seu pai.
Se na estreia do diretor e roteirista Xavier Legrand já havia tecido ótimos elogios para ele, agora em seu segundo longa mostrou que não foi mero acaso ter conseguido uma indicação ao Oscar de curtas e depois chamar a atenção na estreia, pois aqui ele praticamente joga o espectador no papel do protagonista para pensar como reagiria caso encontrasse o que ele encontra ao limpar a casa do falecido pai, pois vemos desde o surto ao ver, a falta de ar, o pensar em ligar para a polícia, tentar dar um apagão, sair a caça e até dar sumiço, ou seja, tudo de muito errado apenas para não "sujar" o seu nome, sendo que a ligação para polícia acredito que teria sido a melhor ação, mas tudo bem, o diretor brincou com essas facetas e já simplesmente nós como público agora e não mais o protagonista achávamos que iria acabar tudo normal, mas aí vem o velório, e sinceramente não sei como o rapaz ficou ainda ali, tanto que o final do longa é aberto para você imaginar o que possa ter acontecido, mas novamente o diretor mostrou seu talento, e facilmente irá virar um dos queridinhos dos amantes de filmes de suspense franceses, pois tem estilo.
Quanto das atuações, posso dizer com certeza que Marc-André Grondin entregou um Ellias Barnès tão fora de si, que em um primeiro momento não desejava nem ir para o Canadá velar o pai, mas depois é surto em cima de surto, trejeitos desesperados e dinâmicas tão fora da casinha que no final nem dá para saber como aguentou tudo (ou melhor, será que aguentou?), mas isso mostrou uma boa direção de atores, fazendo com que ele fizesse algo completamente diferente de outros papeis de sua carreira. O foco do filme foi tão grande em cima do protagonista, que quase não sobra espaço para outros entregarem algo a mais, valendo destacar Yves Jacques com seu Dominique bem cheio de trejeitos tristes com a falta que o amigo lhe fará, trabalhando mais o velório dele do que o próprio filho, e conseguindo passar uma boa densidade dessa forma; também tivemos Laetitia Isambert-Denis com sua Janie, que nem conseguimos ver direito, apenas correndo muito, e os demais apenas ficaram prestando pêsames para o protagonista e falando que eram muito fãs do designer de roupas, então nem valem a citação.
Visualmente o longa começa luxuosíssimo com um desfile da nova coleção de roupas do protagonista, com uma disposição em espiral do público com as modelos passando todas bem imponentes, vemos sessões de fotos para revistas, e toda a discussão de marketing mostrando que a vida do rapaz está decolando no momento (e isso talvez para mostrar suas atitudes aonde realmente importa no longa), para depois vermos ele no Canadá indo na funerária acertar detalhes, e depois o passeio pela casa do pai, aonde ele vê todas suas fotos de infância bem espalhadas, até chegar no porão e ver mais do que apenas uma adega com vinhos chiques, mostrando que a equipe de arte pensou muito em tudo para ser bem representativo, ainda tivemos uma floresta bem fechada e o velório tradicional com vídeos do falecido, músicas e tudo mais.
Enfim, é um filme com uma boa pegada de suspense, com uma tensão na medida certa, muito bem requintado visualmente, e que ainda faz o espectador pensar sem entregar atos "fáceis", ou seja, o pacote completo para quem gosta do estilo. Sendo assim vale com certeza a recomendação de conferida para todos, que só não vou dar uma nota melhor pois ficou um pouco alongado demais, que dava para ser mais sintético em alguns momentos, mas não cansa de forma alguma. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã, um pouco fora do Varilux com as estreias da semana, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...