O longa nos conta que logo após os acontecimentos em Extraordinário, o valentão Julian Albans, que fazia bullying com Auggie, deixou a escola Beecher Prep de uma vez por todas. Agora, começando em uma escola nova, o menino recebe a visita de sua avó Sara Albans. De volta de Paris, a senhora conta uma história que vai mudar a vida do garoto. Em plena Segunda Guerra Mundial, a avó conta sua história de quando era menina, da mesma idade que seu neto tem agora. Ela, judia, conta a história de suas dificuldades em uma França ocupada pelo nazismo e como sobreviveu ao holocausto quando um aluno que não conhecia direito arriscou tudo para dar a ela e seus pais a chance de sobreviver da guerra e dos guardas da SS. A notável história de compaixão e coragem contada por sua avó o transformará.
O diretor Marc Forster foi responsável pelo filme que elegi como um dos melhores da minha vida no ano passado ("O Pior Vizinho do Mundo"), e isso já lhe dá uma credencial extra para que eu vá ver seus próximos filmes esperando muito dele, e aqui ele trabalhou com uma precisão um pouco seca demais o roteiro de Mark Bomback baseado no livro de R.J. Palacio, pois diferente do que aconteceu no longa anterior que o garotinho tinha um carisma monstruoso para emocionar e envolver a todos, aqui os personagens até tentam ter carisma, mas não conseguem envolver com muita facilidade, e assim sendo o filme ficou um pouco inseguro no miolo. Claro que dava para talvez o diretor reduzir a quantidade de cenas dos jovens, mas isso diminuiria ainda mais o envolvimento da trama, então esse estilo um pouco alongado vai agradar mais quem não for assistir cansado, pois embora não tenha sentido o cansaço cênico, o resultado final tem alguns buracos que te puxam para isso. Ou seja, é um trabalho de direção honesto, mas bem longe dos outros filmes do diretor, que talvez tenha caído de paraquedas em uma produção não tão bem desenvolvida.
Como disse, faltou um pouco de carisma para que os personagens impactassem mais na tela, de modo que Ariella Glaser fez de sua Sara Blum uma jovem que demora demais para cair a ficha do caos que está vivendo, parecendo estar mais nas nuvens do que escondida dos nazistas, claro que essa alegoria mística veio do roteiro, mas talvez um pouco mais de desespero no olhar como fez nos atos que foge do outro garoto e também no começo quando foge do soldado, a colocaria com mais sentido para o público. Já o jovem Orlando Schwerdt trabalhou bem seu Julien Beaumier, porém sua simpatia foi gostosa e afetuosa de uma maneira que não deu tanto impacto quanto poderia, ao ponto que ficamos sempre esperando um algo a mais dele que não ocorre, parecendo uma falta de atitude mesmo do personagem, mas seus atos junto da garota transpareceram bem a paixão dele, e isso acabou agradando. Ainda tivemos bons atos com Gillian Anderson como Vivienne Beaumier e claro mesmo sendo irritante a postura dele Jordan Cramond trabalhou seu Jerome com atitude e uma boa entrega, ao ponto que chama atenção. Agora Helen Mirren como Sara velha e Bryce Gheisar com seu Julian Albans foram apenas para dar a conexão com o filme anterior, não importando tanto seus trejeitos na trama.
No conceito visual a trama brincou com as passagens temporais das estações usando alguns efeitos meio que forçados demais, dando uma certa artificialidade para o ambiente, mais parecendo tudo computacional sem nenhuma filmagem em ambientes reais, mas tivemos uma escola bem rústica e colocada no meio do nada, uma vila bem invadida pelos nazistas e a casa isolada do garotinho com o celeiro aonde a jovem viveu mais que um ano escondida, tendo um carro velho abandonado usado para os passeios da mente dos dois, em uma projeção bem bacana nas paredes do ambiente, claro que tivemos muitos elementos cênicos importantes como o pássaro, o caderno de desenho da jovem e as armas características da SS, ou seja, um trabalho cênico funcional para um resultado funcional.
Enfim, o longa talvez poderia ter ido mais além, ter desenvolvido mais rapidamente a paixão dos jovens, e criado um ambiente emocional maior para que o carisma acabasse sendo desenvolvido de um modo mais fácil, mas optaram por uma encenação mais contida para ser meio como a senhora contando tudo em detalhes para o neto, e assim pecaram em alguns pontos. Claro que não estou falando que não gostei do que vi, muito pelo contrário, pois achei bem gostoso de acompanhar, mas é um estilo que para mim funcionou, já para muitos poderá ser que se alongue demais na tela, o que não é bacana de ver. Então fica a dica para conferirem sem esperar nada do longa, muito menos uma conexão maior com o primeiro filme, pois a chance de se decepcionar é alta se esperar algo a mais do que um filme simples da época da caça aos judeus. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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