A trama mergulha nas raízes do icônico Luiz Gonzaga do Nascimento, explorando a identidade do compositor e a sua história como retirante do Sertão nordestino. Aonde passeia pela infância e adolescência do artista, mostrando as referências culturais e religiosas que o levaram a escrever canções simbólicas e marcantes. Um retrato não só de um marco da cultura brasileira, mas das tradições sertanejas de um nordeste rico e complexo que o formaram como artista.
É engraçado no final do longa passam vários desenhos que acredito serem provenientes dos storyboards ou de cenas do longa, e aparecem várias escritas cena não utilizada no final, e por serem diretores e roteiristas estreantes em longas, Diogo Fontes e Marcos Carvalho acabaram cortando demais no resultado final, de modo que seu longa tem uma pegada emotiva, mas falta aquele conteúdo intenso que poderia funcionar melhor, ou seja, faltou a experiência de uma condução maior para que o protagonista se destacasse ainda mais, sem precisar deixar os secundários quase que apagados. Não digo que o mesmo filme nas mãos de algum grandioso diretor traria vértices diferentes, afinal a história escolhida por não mostrar o sucesso grandioso de Gonzaga foi uma opção, mas com poucos ajustes e menos cortes, o resultado poderia ser melhor pautado na tela.
Quanto das atuações, sem dúvida alguma o destaque ficou para Kayro Oliveira que entrega o Luiz Gonzaga na infância, com sua mãe segurando ele ao máximo ao seu redor para não sofrer com o preconceito das crianças mais ricas do patrão da fazenda, e o jovem mostrou ritmo tanto com a sanfona em mãos, quanto sem ela com movimentos e um carisma incrível na entrega, ou seja, se jogou no personagem e foi muito bem no que fez. A juventude do rapaz ficou a cargo de Wellington Lugo que diria que ficou meio que fechado demais nos trejeitos, praticamente o inverso do garotinho, mas teve dinâmicas intensas e chamou bem para si nos atos mais complexos. Já Chambinho do Acordeon acredito que cortaram demais suas cenas, pois praticamente aparece em cena mesmo como o protagonista já adulto em dois ou três atos, e isso acabou ficando falho. Ainda vale destacar as participações de Tonico Pereira como um padre, Luiz Carlos Vasconcelos como um cangaceiro e o humorista Batoré fazendo um líder de tropa de viajantes que humilha o jovem personagem, e muitos outros bons atores locais que participaram da produção.
Visualmente o longa foi bem profundo e marcante no interior do interior do sertão, mostrando a vida difícil em uma casinha isolada, os momentos na casa grande do padrinho e patrão dos pais, uma vila simples com sua feirinha tradicional, e muitas cenas pelos morros e caminhos por onde o jovem passou, sendo algo bem detalhado de elementos sutis para mostrar bem a pobreza da família, e todo o vértice da juventude e tudo mais.
Enfim, é um filme que tem suas sutilezas e consegue chamar atenção com o que entrega, mas que dava para ir muito além para realmente mostrar a densidade de Luiz Gonzaga, e principalmente como virou o ícone do estilo, usando claro o personagem adulto. E é isso meus amigos, indico ele com algumas ressalvas, sendo um bom filme, e fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais dicas.
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