Herege (Heretic)

11/16/2024 03:02:00 AM |

Tem alguns filmes que vejo o trailer no cinema e fico com muita vontade de conferir logo, pois deixa aquele gostinho de não entregar o que é realmente, e um que fez isso comigo nas últimas semanas foi "Herege", que infelizmente a Diamond não manda cabines fora das capitais, então o jeito foi esperar até a data da estreia, ou no caso da pré-estreia antecipada nos cinemas como foi o caso, e meus amigos, era exatamente o tipo de filme que eu desejava ver na tela, pois não chega a ser um terror de deixar o público tenso, mas em compensação os personagens, saem de cena até suados com a discussão acalorada sobre religião que o protagonista propõe. Aí vão vir os mais carolas falar que o longa tá falando mal de tal religião, e blá blá blá, e já lhe respondo que não foi essa a intenção dos diretores, mas sim propor algo que já falei muito quando fiz meu TCC que foi um documentário sobre o tema, que quem quiser ver, tem aqui no site mesmo, que é o fator de crença como o longa trabalha ou fé como prefiro falar, e a conclusão do longa, embora aí sim parta para o terror mesmo, é que só existe uma religião com a mesma base, e aí é que o caos reina, pois para a protagonista também chegar nessa conclusão vemos na tela praticamente uma aula monstruosa de teologia com um Hugh Grant inspiradíssimo. Ou seja, independente da sua religião, ou se você não curte tramas de terror, dê a chance para o longa, pois não vai fazer você ficar sem dormir, não vai passar mal, nem vai pular com sustos repentinos, mas lhe garanto que você sairá da sessão ao menos pensando em tudo o que verá, e aí é que está o maior terror de todos.

A sinopse nos conta que Paxton e Barnes são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed, um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.

Diria que novamente os diretores e roteiristas Scott Beck e Bryan Wood ("65 - Ameaça Pré-Histórica") me surpreenderam, pois fui conferir o longa esperando ver algo mais macabro, mais cheio de cenas fortes, e não esperando uma aula de teologia diferenciada, aonde duas moças sofreram para confrontar alguém que estudou muito mais do que elas sobre várias religiões e não só uma. E dessa forma, os diretores souberam ser bem ousados na proposta, discutindo um tema que facilmente os fariam ser queimados em praça pública alguns anos atrás (se não acontecer hoje também com a forma que o mundo está!), mas que não omitiram de forma alguma sua opinião na tela, e foram precisos com tudo, tendo claro um final simbólico, mas que quem prestou atenção em tudo o que é falado durante o filme vai entender direto, e assim sendo a trama ficou perfeitamente bem dirigida, só talvez dava para reduzir um pouco mais o começo da trama, mas não é algo que atrapalha.

Quanto das atuações, dei uma fuçada no perfil de Hugh Grant, e acredito que esse foi seu primeiro filme de terror/suspense, e isso é um ponto que me deixou também muito intrigado quando vi o trailer, afinal estamos acostumados com ele fazendo personagens cômicos, ou mais descontraídos dentro de uma produção, e aqui seu Sr. Reed até tem trejeitos simpáticos, e uma desenvoltura mais aberta, mas os testes que propõe com as garotas e tudo o que faz ali é algo bem mais denso e psicótico, e ele conseguiu convencer muito bem dentro da proposta do personagem, ou seja, foi uma escolha ousada dos diretores, mas que acabou acertando bastante na tela. Já as duas jovens Sophie Thatcher com sua irmã Barnes e Chloe East com sua irmã Paxton, cada uma segurou muito bem os trejeitos de todos os tipos expressivos, passando de uma euforia envolvente no começo achando que iriam converter o senhorzinho tão rapidamente quanto falavam sobre métodos contraceptivos e filmes pornô no começo do filme, depois mudando para uma confusão espiritual sem conseguir entender o que estava acontecendo ali, para depois entrar o medo e o desespero da morte iminente, além claro de Chloe East ainda ter mais algumas dinâmicas com um ar investigativo bem preciso, ou seja, foram bem no que tinham de entregar. 

Visualmente a equipe de arte montou uma casa labirinto de primeiro nível, com muitos ambientes que foram pouco explorados pelo que é mostrado na maquete, mas cheio de situações bem encaixadas, elementos cênicos religiosos misturados com música e jogos, muitos livros, velas, luzes e um porão meio que misturado com um silo, de modo que tudo aparentou ser apenas simples elos, mas tiveram muito mais presença nos detalhes que acabam valendo se permitir analisar e entrar no clima que a equipe montou.

Enfim, é mais um tremendo filmaço de terror/suspense nesse ano, que surpreendeu bastante pela ideia e pela execução, não sendo algo simplesmente jogado na tela, aonde muitos irão refletir e outros apenas acharão tudo estranho, mas a essência predomina e vão futuramente pensar em tudo o que viram e quem sabe chegarão a conclusões maiores. E é isso meus amigos, que feriado foi esse de três ótimos filmes, que nem lembro quando aconteceu isso comigo, então deixo a dica para todos irem conferir nos cinemas, lembrando que ele estreia oficialmente no dia 21/11, de forma que nessa semana está apenas com poucos horários já que é pré-estreia. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com muitos outros textos, então abraços e até breve.


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