Tesouro (Treasure)

11/15/2024 05:20:00 PM |

Existem filmes que conseguem falar muito mais do que apenas o que está estampado na tela, aonde vamos trabalhando o conceito pelas reações dos personagens e também dos símbolos bem dispostos no conteúdo da história, e o longa "Tesouro", que estreia no próximo dia 21/11 nos cinemas, consegue trabalhar muito bem a essência de visitar um lugar aonde certamente muitos nem gostariam de passar na frente, mas que muitas vezes se veem necessários para passar à História para seus descendentes, de tal forma que a protagonista, que é jornalista e deseja saber mais sobre a vida dos pais que sobreviveram a Auschwitz, acaba viajando com seu pai para buscar conhecer essa memória, porém muito do que acontece na viagem acaba tendo fluxos mais marcantes e emocionais que vão muito além do que apenas uma viagem comum. Claro que o longa tem uma certa imposição presencial na tela, e também alguns atos enrolados, mas a necessidade toma a tela e consegue emocionar principalmente nos atos finais, fazendo valer demais a conferida.

O longa narra a história da jornalista Ruth em uma viagem para a Polônia acompanhada de seu pai Edek. Sobrevivente do Holocasuto, Edek tomou uma decisão muitos anos atrás de deixar seu país de origem, esquecer seu passado e seguir em frente, não desejando confrontar o que passou. Bem-humorado, charmoso e extrovertido, ele aceita acompanhar Ruth nessa jornada inicialmente apenas para vigiá-la, fazendo então seu próprio roteiro divertido. Quando, entretanto, os dois vão visitar o antigo lar da família, o clima pesa e Edek passa a sabotar os planos da filha, que deseja conhecer os lugares onde ele viveu e cresceu antes do Holocausto. Entre conflitos geracionais e situações cômicas, pai e filha se conectam pela primeira vez, descobrindo histórias emocionantes e enfrentando um trauma familiar através do humor e da sensibilidade.

Diria que a diretora e roteirista Julia von Heinz soube segurar bem toda a tensão que o longa poderia ter, criando elementos mais "leves" dentro da temática de forma que tudo acaba tendo presença e desenvoltura, ao ponto que cada lugar visitado, cada briga entre o pai que tenta fugir dos momentos mais tensos, com a filha curiosa que quer levar mais do que apenas memórias da viagem, acabam mostrando o quanto de pesquisa essencial ela conseguiu fazer para que cada elo se impusesse na tela de uma maneira gostosa, mas que acerta o peito conforme vamos acompanhando tudo. Ou seja, sentimos na tela cada momento que certamente a diretora vivenciou para passar na tela, e assim mostrando critérios e sentimentos sem ficar corrido, nem se perder em emoções, deixando apenas para o finalzinho o ponto de choro de forma bem funcional.

Quanto das atuações, a escolha da protagonista Lena Dunham com sua Ruth foi muito bem acertada, pois ela conseguiu passar o sentimento de uma pessoa que não está como turista no país, mas sim alguém disposto a entregar e conhecer seu passado, de modo que teve atos compulsivos, atos emocionais e até elos de explosões, passando tudo no olhar, na expressão cênica e no envolvimento que tanto a artista quanto a diretora desejava passar, sendo um belo trabalho de essência e expressão visual que agrada bastante do começo ao fim. Da mesma forma Stephen Fry trabalhou seu Edek com muita imposição, tentando não passar o temor que estava sentindo durante todos os atos mais densos, trabalhando um pai mais bonachão e descolado com a filha, mas por dentro se segurando fronte a tudo o que rola, para explodir nos atos certos que marcaram bem o filme. Quanto aos demais, a maioria apenas passou conexões para os protagonistas, mas ainda assim vale destacar o taxista que praticamente virou da família que Zbigniew Zamachowski fez muito bem com seu Stefan, as duas senhoras intérpretes que acabaram grudando nos personagens vividas por Iwona Bielska e Maria Mamona, mas sem dúvida quem teve um pouco mais de presença foi Wenanty Nosul com seu Antoni Ulicz, invasor do apartamento antigo da família, e Tomasz Wlosok como o jovem funcionário do hotel que acaba sendo intérprete da garota com seu Tadeusz bem colocado no papel.

Visualmente a trama mostra uma Polônia ainda destruída nos anos 90, que é quando se passa o longa, vemos hotéis e pessoas que fazem tudo por dólares americanos, em determinado momento até a protagonista se sente dormindo suja e com piolhos pelo que fala no livro que está lendo, e claro vemos o "museu" do Holocausto com os galpões na maioria no chão com apenas restos de muros, mas que passam bem a sensação de tristeza. Ou seja, um road-movie não tão movimentado, mas bem simbólico com os elementos, principalmente no antigo apartamento que veem louças e roupas que eram da família do pai da protagonista, e também vários hotéis que passam bem o símbolo da antiga Polônia.

Enfim, é um longa de temática bem pesada, mas que acaba fluindo de maneira fácil, gostosa e interessante na tela, valendo muito a conferida nos cinemas logo que estrear no dia 21/11, e que certamente nos atos finais a emoção irá verter com tudo o que é apresentado, pois seguraram tudo até o último ato, e lá o peso cai. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da Califórnia Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine desse excelente filme, e volto mais tarde com outros textos, então abraços e até logo mais.

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