Ó Paí, Ó 2

11/25/2023 05:51:00 PM |

Costumo dizer que sequências que demoram muito tempo para serem lançadas perdem um pouco do brilho, pois o público além de esquecer a essência real da trama acabam se dissipando, mas como "Ó Paí, Ó 2" usou bem mais artifícios da série que foi vista depois do original de 2007, diria que trabalharam bem mais com essa pegada do que como um filme realmente, tendo boas sacadas em relação à cultura negra da Bahia, brincando bem com todo o estilo da apropriação de ideias e de imóveis, dando desenvolvimento de alguns personagens antigos e novos com algo até que bem colocado. Não digo que essa escolha tenha sido a melhor para o filme, mas ainda assim a trama tem uma pegada gostosa de ver que entrega uma boa desenvoltura, principalmente para quem curtiu o que viu no passado, e aqui trabalhando mais como um musical até entrega boas perspectivas que seguram o clima sem desrespeitar o original. Ou seja, não é nada muito brilhante, mas é bem feito e honra com a ideologia que queriam mostrar.

O longa marca o retorno de Roque, ao lado de uma nova geração de personagens, filhos dos moradores do velho cortiço no Pelourinho, que entram na luta pela causa negra de forma bem humorada e regada a música e poesia. Mais de uma década se passou e o cortiço de Joana continua carregado de festas, fofocas e confusões. Agora, Roque está prestes a lançar sua primeira música e acredita que vai se tornar um artista de sucesso. Dona Joana segue lidando com o luto pela perda de seus dois filhos e com a convivência conflituosa com os inquilinos. E Neuzão perdeu seu bar para uma turma de caráter duvidoso. O bairro se prepara para a festa de Iemanjá, enquanto lida com as polêmicas dos vizinhos.

Diria que a diretora e roteirista Viviane Ferreira soube brincar com o que Monique Gardenberg fez lá em 2007, e usar bem das formas de expressão atuais tão bem pautadas sobre o mercado negro que tanto é explorado e roubado por outras pessoas, usando de estilos modernos como o metaverso que acaba sendo tratado tanto pela tecnologia virtual, como em poesias na forma de Meta um Verso, e sabendo trabalhar essa desenvoltura a diretora até criou bons momentos na tela. Claro que toda essa ideologia é bem valorizada e mostrada na tela, mas com tudo bem solto interposto entre várias pequenas tramas que se conectam, parecendo mais uma série de vários pequenos capítulos aglomerados em um filme, que não chega a ser ruim, mas que dava para ter uma harmonia mais inteligente e interessante de ver na tela.

Quanto dos personagens, disse isso outra vez para um amigo que Lázaro Ramos nasceu para ser Roque, pois o personagem tem seu gingado, tem seu estilão, e aparentemente você vê que o ator se diverte por completo fazendo o papel, de modo que até seus "merchans" com grandes músicos da Bahia não soam cansativos e funcionam bem, ou seja, ele faz uma boa entrega e agrada. Ainda tivemos bons atos com toda a trupe do cortiço, valendo os destaques tradicionais de Érico Brás com seu Reginaldo bem engraçado, Tania Loko com sua Neuzão, Luciana Souza com sua Dona Joana, Lyu Alisson com sua Yolanda e até Dira Paes com sua Psilene aparecendo mais no finzinho da um bom tom para a trama, não sendo algo muito marcante, mas aonde todos se doaram para os momentos que precisavam fazer na tela.

Visualmente a trama volta ao Pelourinho com bons momentos de dança, música e claro confusões no cortiço que já vimos várias vezes, mostra uma festa de Yemanjá bem trabalhada, e um pouco das ruas da capital baiana, sem grandes destaques cênicos, mas usando bem do que tinha para valorizar cabelos, roupas, comidas e toda a comunidade negra, além do famoso aparelhinho de tecnologia da Meta.

Enfim, é um filme bem simples, que passa a mensagem que desejavam da apropriação cultural, usando de atos meio que bagunçados e soltos, mas que entretém dentro do esperado, então fica a dica para quem gostou da série, e claro do longa original de 2007, conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais uma obra nacional agora, então abraços e até logo mais.


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