Agora um fato bem interessante é que assim como a versão dinamarquesa, aqui também temos uma diretora e roteirista mulher, Catherine Breillat, pois conflitos de traição e abusos geralmente vemos sob a ótica masculina e já tinha até dito isso no texto do longa dinamarquês, e aqui diria ainda mais, falando que faltou atitude da diretora para que fosse além, e sei que ela tem, pois no seu filme "Uma Relação Delicada", ela foi imponente nesse sentido e criou muitas desenvolturas para que o filme tivesse uma boa pimenta na trama, o que não ocorre em ato algum aqui. Ou seja, a diretora fez algo muito simples e artificial na tela, de modo que fica tudo muito aberto e sem sal (quanto mais dizer pimenta!) para uma trama que podia ter ido muito mais além, ter problemas imponentes, ter uma pegada no flagra, e até quem sabe algo pior, e assim sendo não foi além de algo morno e cansativo.
Quanto das atuações, diria que Léa Drucker até trabalhou sua Anne com uma intensidade bem colocada e alguns trejeitos mistos entre sérios e por vezes tentando uma descontração no olhar, mas faltou a atriz ir mais além, mostrar uma desenvoltura na personalidade e se soltar mais, de tal maneira que até mesmo seu caso profissional pareceu algo jogado demais com as caras simples demais da atriz, e olha que sabemos que ela tem pegada pelo seu currículo, mas não mostrou isso no longa. Outro ponto bem controverso do longa ficou a cargo de Samuel Kircher com seu Théo, pois você não consegue classificar ele como um jovem problemático nem alguém que a protagonista possa sentir algo por ele, sendo "adolescente" demais para um papel que pedia um jovem quase adulto com pegada pelo menos, e dessa forma acabou ficando muito bobo na maioria dos atos. Agora sem dúvida Olivier Rabourdin entregou um corno com todas as letras com seu Pierre, sendo daqueles personagens que não enxergam um palmo a frente do seu olho, e como o papel pedia isso acabou fazendo bem os trejeitos, mas dava para dar um pouco mais de imposição ao menos na discussão com a esposa. E ainda tivemos Clotilde Courau com sua Mina, a irmã da protagonista que vê a cena em pleno flagra, faz um mini-escândalo, mas não explode, nem entrega nada que fosse chamativo o suficiente, de tal maneira que dava para ter ido além também.
Visualmente a trama mostra um pouco de uma casa de família rica, sem muitos detalhes, mostra alguns atos numa lagoa bem paradisíaco se não tivessem junto as crianças, alguns atos numa garagem/armazém, uma festa de aniversário, e claro alguns atos sexuais bem calmos sem grandes desenvolturas no quarto do rapaz e na rua, ou seja, quase não tendo ambientes marcantes nem elementos cênicos que funcionem, o que mostra uma trama bem barata também que não quiseram gastar para ao menos se impor com luxo pelo menos, deixando isso a cargo somente dos carrões da produção.
Enfim, é um filme que de cara já tinha colocado alguns pés atrás quando vi a programação do Festival Varilux, primeiro pelo fato dos franceses terem tantos bons roteiristas que não precisariam readaptar uma obra já sem grandes surpresas como é o original dinamarquês, e depois colocar um casa com tão pouca química que não chama atenção em nada, resultando em algo morno, que só não falo que é muito ruim, pois tem uma dinâmica que não chega a dar sono, mesmo sendo cansativo, e assim sendo só recomendo a conferida se não tiver mais nada para ver. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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