Making Of

11/11/2023 08:53:00 PM |

Vejo muitas pessoas perguntando como é fazer cinema, como é lindo esse mundo de contos de fadas e mentiras, mas muitas vezes as pessoas nem imaginam o quase enfarte que os produtores e diretores enfrentam com falta de verba, com atores dando chiliques de atores, equipe bebendo e tudo mais, de forma que o longa "Making Of", que pode ser conferido no Festival Varilux de Cinema Francês, entrega bem essa dinâmica, numa bagunça coordenada que diverte bem dentro da proposta, de modo que alguns vão achar tudo estranho demais, outros não vão entender bulhufas, mas que de certo modo agrada bastante, não sendo algo brilhante de ver, mas que tem uma certa ousadia do diretor em criar algo que misturasse a filmagem de um filme baseado em uma história real de uma fábrica e seus operários sendo filmado, aonde a vida pessoal da equipe e do filme em si passasse a acontecer coisas do mesmo estilo do que estavam filmando... Eu sei que muitos irão ler a última frase e se confundir por completo, mas essa era a ideia, e claro, o filme.

A sinopse nos conta Simon, um diretor experiente, começa a rodar um filme sobre a luta dos trabalhadores para salvar sua fábrica. Mas nada sai como planejado. Sua produtora deseja reescrever o final, sua equipe entra em greve, sua vida pessoal está em ruínas; e para piorar as coisas, o ator principal é um desagradável egocêntrico. Joseph, um jovem que deseja entrar na indústria do cinema, aceita dirigir o making of. Ele leva seu papel muito a sério e começa a capturar toda a confusão, provando que o making of pode às vezes ser bem melhor que o próprio filme!

Diria que o diretor e roteirista Cédric Kahn teve tanta ousadia para criar essa bagunça com tanta ênfase, e principalmente fazer isso funcionar na tela, pois muitos vão acabar não entendendo nada da trama, mas dá para pegar a ideia e rir bastante, pois ele soube usar um pouco da comédia do absurdo dentro da proposta, sendo direto em alguns pontos e conflitando em outros como parte da ideia mesmo, pois como já disse outras vezes, o cinema é algo conflituoso e confuso, e a proposta do diretor funciona usando esse estilo de pegada que encaixa e tem vez na tela.

Quanto das atuações, diria que o diretor Simon que Denis Podalydès entrega foi perfeito, sendo criativo, surtado e a beira de um enfarte, trabalhando olhares tristes por desejarem cortar seu roteiro, por faltar dinheiro, e passando bem a ideia de paixão pelo que está fazendo mesmo que morra no set, e assim o resultado de seus atos até se confundem um pouco com a do verdadeiro diretor do longa que vemos, e isso é demais. Stefan Crepon trabalhou seu Joseph com um estilo interessante de ver, afinal era apenas um figurante e virou diretor do making of do filme, tendo um caso com a protagonista do filme, brigando e tudo mais, com olhares bem tradicionais de quem quer trabalhar com cinema e acabou de começar nessa vida maluca, ou seja, se saiu bem no que o papel pedia. Jonathan Cohen entregou bem seu Alain/Jim como um ator egocêntrico, cheio de firulas, mas bem ruim de trejeitos, e claro que o verdadeiro ator fez bem os erros para que isso aparecesse bastante na tela. Souheila Yacoub trabalhou sua Nadia/Oudia com uma personalidade nem de estrela, mas também tendo boas nuances, ao ponto que consegue chamar bastante atenção em seus atos. Como sou produtor também, fiquei com dó da produtora Viviane que Emmanuelle Bercot entrega com perfeição, se desesperando com tudo, sem dinheiro, ninguém lhe atendendo, descabelada, caindo mas mentiras, e claro surtando, e a atriz fez bem demais tudo.

Visualmente a trama é completamente maluca, tendo uma fábrica de pano de fundo para o filme que está sendo rodado, mas mostrando mais os bastidores em hotéis, pensões e todo o aparato de filmagens, tendo os camarins, tendas de refeições, e casas de alguns verdadeiros operários da antiga fábrica, isso além de alguns momentos bem colocados em reuniões com os produtores e também com a família do diretor através de sessões virtuais.

Enfim, é um filme bem engraçado para quem é da área, mas que funciona também para quem não conhece esse mundo maluco, não sendo algo brilhante, mas que tem estilo e agrada, valendo a indicação para quem quiser ver a produção de um filme bem bagunçado e praticamente sem o dinheiro para acabar as filmagens. E é isso pessoal, fico por aqui hoje no Festival Varilux, mas vou ver a estreia da semana agora, então abraços e até logo mais.

PS: Não encontrei trailer nem pôster para o filme, se alguém achar, mande via mensagem que ajudará bastante!



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