Não Tem Volta

11/26/2023 01:18:00 AM |

Já venho dizendo há um tempo que alguns diretores nacionais andaram vendo que não é só comédia escrachada e romance novelesco que funciona bem no nosso cinema, ousando trabalhar com algumas pegadas meio de ação e até colocando romances cômicos com pegada no miolo para funcionar na tela, e desde que vi o trailer de "Não Tem Volta" fiquei curioso pela sacada de trabalhar Rafael Infante não com um ar tão cômico e desenvolver algo que fugisse do estilo de esquetes que ele é tão famoso, e posso dizer que hoje após conferir o resultado foi muito bem trabalhado, não caiu para o lado novelesco, e principalmente souberam dar uma boa dinâmica para que o casal funcionasse e as loucuras de correr atrás de um assassino desconhecido fosse bem cheia de nuances. Claro que tem alguns elos apelativos, mas o filme brinca com eles, e dessa forma além de fugir do conceito novelesco, não fica tão preso à um gênero tão definido e assim sendo acaba funcionando bastante com sacadas divertidas, muita ação e um romance levemente adoçado, que é gracioso dentro do proposto.

O longa nos conta que Henrique não consegue superar a separação de Gabriela e, mesmo 1 ano depois, está tão devastado que é incapaz de se animar com mais nada, nem ninguém. Para acabar com o sofrimento, ele decide tirar a própria vida, mas como não tem coragem, contrata uma empresa de assassinos de aluguel que tem apenas uma única regra: Após a assinatura e o pagamento, a decisão NÃO TEM VOLTA. Porém, após assinar o contrato, Henrique e Gabriela se cruzam ao acaso e ela descobre que quer reatar a relação. Desesperado para descobrir quem será o seu carrasco, Henrique envolve-se em uma trajetória repleta de situações tensas e mirabolantes para se salvar e, finalmente, ficar com a mulher que ama.

Diria que o diretor César Rodrigues brincou bastante com o roteiro de Fernando Ceylão para que seu filme tivesse uma constância de movimentos, ficasse bem dinâmico e ainda divertisse sem precisar apelar, e ele optou em colocar tudo isso com um estilo próprio, de forma que não vemos um filme que se parece com qualquer outro, ao menos que seja lembrado assim de cara, e isso é bem bacana de ver no cinema nacional que geralmente copia muitos filmes estrangeiros, e posso até ser chato frisando isso, mas dou sempre os parabéns para os diretores ousados que saem do clichê novelesco, pois é muito incômodo colocar mil personagens em subgrupos que vão se interagindo e indo para rumos românticos melosos e chatos, então aqui o acerto foi rápido e bem interessante de ver, só não achei necessário dar a deixa para uma possível continuação, mas isso não atrapalha, então acaba valendo acabou sendo bem funcional e interessante de ver o resultado como um todo.

Quanto das atuações, volto a dizer que o filme se fecha bem nos protagonistas, não dependendo praticamente de nenhum coadjuvante para funcionar ou ter as devidas conexões, de tal forma que Rafael Infante se jogou por completo nas cenas de seu Henrique, brincou com piadas sem precisar ser exageradamente bobo, e funcionou dentro das sacadas que o filme precisava ter, utilizando trejeitos meio malucos e desesperados, sempre atento às movimentações de ambientes, e chamando muito da atenção para si, o que acaba agradando bastante. Manu Gavassi soube fazer com que sua Gabriela fosse bem interessante, tivesse vertentes e olhares cativos, mas principalmente fosse uma musa para o protagonista, de forma que a sacada dos vários ambientes e trejeitos que ele vai falando como ela era para o assassino é coisa que mostra quase realmente uma paixonite do personagem, e a atriz se desenrola bem fácil com tudo, ou seja, encaixou bastante no que o papel precisava. Ainda tivemos Diogo Villela como o tio do protagonista que é dono de um teatro, Roberto Bomtempo como o negociador da empresa de assassinos, Heraldo de Deus como o assassino baiano e Pietro Barana como o assassino gringo, mas sem grandes envolvimentos cênicos.

Visualmente a trama passeou por muitos lugares e ambientes, desde o teatro do tio, o apartamento do protagonista, alguns restaurantes e bares, festas malucas, um pouco da Bahia, e até uma sessão de fotos em um prédio elegante, e claro a oficina aonde o protagonista vai para contratar o assassino, tendo como elemento cênico principal os envelopes aonde são colocados a foto da vítima, de tal maneira que a equipe de arte nem foi tão gastona com o orçamento, trabalhando com poucos elementos, mas funcionando bem dentro da proposta deixando que os diálogos falassem mais do que tudo.

Enfim, é um filme bem feito, com um ar não tão rebuscado que funciona bastante, e diria que dava até para ir mais além se criassem um pouco mais de tensão no protagonista, mas aí recairia para outros vértices, então fica a dica para quem gosta de uma comédia romântica diferente do usual, tendo mais ação do que melação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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